domingo, 26 de julho de 2020

Longas Palavras Perdidas

Olá, Pessoal!
Aqui têm todos os links do conto "Longas Palavras Perdidas", juntamente com a breve apresentação e a capa.

Capa do conto


Longas Palavras Perdidas (2020)

Breve apresentação: Dois jovens de mundos diferentes apaixonam-se. As famílias e os amigos não gostam desta aproximação e deste romance, mas eles conseguem contornar a situação durante algum tempo... até que algo acontece mudando a vida de ambos.

Género: Mistério.

Tipo: Conto.


Partes do conto:


Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Parte 5

Parte 6

Parte 7

Parte 8

Parte 9

Parte 10

Parte 11

Parte 12

Parte 13

Parte 14

Parte 15



Boa leitura!


quinta-feira, 23 de julho de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 15 - Final)

Olá, Pessoal!
Deixo-vos a última parte do conto Longas Palavras Perdidas.
Deixarei um resumo no final para que todos entendam o mistério.


Longas Palavras Perdidas (Parte 15 - Final)

"Eu guardo a tua foto e eu sei que ela me faz bem" - Letra da música.

Música:





– Eu vi-a novamente. – Desabafou ele.
– A rapariga?
João falava com um velho amigo da prisão.
– Ela terminou com um amigo meu. Ficou apavorada com o tiroteio que houve no bairro.
– Aquela não é a vida dela. Não é feita para estar ali.
– Eu sei. E ela deveria saber no dia em que eu decidi terminar com ela.
– Tu não terminaste com ela.
– A violação foi uma armação desse meu amigo. Foi ele quem a violou, não fui eu. Eu terminei com ela antes que a história da violação fosse confirmada.
– João, tu tens que seguir com a tua vida para a frente, não tens que olhar para trás. Estás em liberdade, tens que recomeçar a tua vida do zero.
– E vou para onde? Mal consigo trabalho. Sou um ex presidiário. Além disso tenho que ajudar a minha mãe.
– A tua mãe consegue sobreviver sozinha. Esqueceste-te que ficaste aqui cinco anos? – João ficou calado – Tens que recomeçar a tua vida, amigo. Tens que esquecer essa rapariga. Ela agora já entendeu que está a viver uma vida que não é confortável para ela.
– Mas se ela soubesse...
– Se ela soubesse o quê?
– Se ela soubesse a verdade. Se ela soubesse que não fui eu.
– E vais dizer o quê? Ela não te vai ouvir.
– Talvez pela amiga dela que me ajudou.
– Aquela que conseguiu que ficasses aqui dentro apenas cinco anos? Tu sabes que ela não é realmente amiga da rapariga, não sabes?
– Eu sei, mas eu podia tentar.
– Olha, tu é que sabes.
Esta conversa e outras entre João e um amigo da prisão foram ouvidas e assistidas pelo pai de Joana, o guarda prisional. Ele contou à filha que ficava a saber de tudo o que se passava dentro daquelas celas. Rafael soube dessas conversas. Rafael e Joana davam-se bem. Namoraram. Namoraram na época em que Mariana e João também estavam juntos.
Após a tentativa de suicídio de Mariana, João quis visitar Mariana ao hospital. Ele apenas tinha contado ao amigo da prisão que tinha intenções de matar Mariana. Estava com raiva dela o ter colocado na prisão.
Rafael voltou para casa e pegou numa foto dele com a ex namorada. Ele estava tão arrependido. Nessa noite adormeceu de cansaço.


"Não tenho inveja daquilo que não serve para nada" - Letra da música.

Música:



No dia seguinte, Rafael voltou a falar com Joana na prisão.
– Já percebi tudo. – Começou ele por dizer.
Ela sorriu.
– Já sabes?
– O André contou-me. Eu entendi. O João quis matar a Mariana e o André soube e por isso é que o matou. Mas tu tinhas todas as suspeitas a recaírem sobre ti.
– Eu sei.
– Tu tinhas inveja dela.
– Inveja dela? Eu não tenho inveja de coisas que não servem para nada. Ela era ingénua demais. Ela morreu porque era ingénua.
– O teu pai é guarda prisional. És diferente.
– Eu sei, mas ela podia ter pensado melhor nas coisas. Eu nunca tive inveja dela. Eu sempre tentei ajudá-la.
– Sempre? Tu fizeste com que a pena do João fosse reduzida.
– Mas isso foi muito antes, Rafael. Eu tentei salvar a Mariana da morte. Acabei por salvar a Mariana da morte e acabei indo presa pela morte dela. No fim, o culpado não pode fazê-lo.
– O André já o fez.
– E fez muito bem.
– Porque não apagaste as tuas digitais no quarto?
– Não iria valer de nada. – Ela fez uma pausa – Eu só queria que ela continuasse no quarto, continuasse em coma. Eu só queria que ela ficasse ali. Seria melhor do que a morte. Mas eu sei que ela iria sonhar que eu é que a mataria algum dia. Talvez por isso é que aqui estou. Mas eu estou bem. Sou a filha do guarda prisional. Nada de mal me vai acontecer.

"Tu só tens que olhar com os teus próprios olhos" - Letra da música.

Música:




Rafael sorriu para Joana.
– Obrigado.
– Não me agradeças. Eu fiz muitos erros na vida. Talvez aqui eu esteja a pagá-los, mas estou bem.
– Eu só me arrependo de não ter salvado a Mariana.
– Tu não sabias. Tu não podias fazer nada. Foste o último a saber que ela estava no hospital.
Houve uns segundos de silêncio.
– Ela realmente gostava de ti. Acredito que os sonhos que ela tinha não eram com o João.
– Como é que sabes disso?
– Vai a casa dela. Todas as meninas ricas escrevem em diários. Só tens que olhar com os teus próprios olhos. Não era pelo João que ela tinha uma paixoneta, era por ti.
– Por mim?
– Sim.
Ele despediu-se de Joana e decidiu ir a casa de Mariana. Ele acreditaria que os pais dela não lhe abrissem a porta, mas a mãe provavelmente já conhecia as palavras dentro do diário da filha e abriu-lhe a porta com gosto.
– Sê bem vindo, Rafael. Eu sabia que virias quando soubesses a verdade. A Mariana queria que eu te entregasse isto.
Ela ofereceu-lhe duas folhas do diário da filha.
– O João pode ter se tornado um bom cantor depois de morto, mas tu conseguiste o que ele sempre quis: o amor da Mariana. Fica com isso, querido.
– Obrigado.
Ele despediu-se da mãe dela e caminhou até casa, com as duas folhas. Iria lê-las e guardá-las no coração. No quarto, sentou-se na sua cama e começou a ler. Ela escreveu diretamente para ele.

"Rafael,
Provavelmente vais pensar que nunca gostei de ti e que foste trocado sempre pelo João. Provavelmente vais dizer que deste tudo de ti e eu não dei nada... que eu não te dei nada. Havia uma razão para ter terminado a relação: O João tinha saído da prisão. Não queria que nada acontecesse contigo. Eu não gostava do João. Quer dizer, até gostei, mas ele violou-me. Descobri que o João nunca gostou de mim e que só queria o meu dinheiro. Por isso é que ele saiu da prisão a querer vingança. Ele veio ter comigo dizer isso. Eu estava contigo e não podia deixar que fosses prejudicado. A situação está a deixar-me esgotada, o João quer vingar-se de qualquer maneira... Por isso é que escrevo isto. Sei que algum dia irás ler. Não sei se serei eu a entregar-te isto, ou qualquer outra pessoa, mas acredito que irás ler. O João é obcecado por mim, nem a sua fama de rapper o inibe. Sei que algum dia irás entender a minha decisão em deixar-te. Quero que saibas que te amo. Não amo o João, é a ti que amo. Irei sempre proteger-te. Fica bem, por favor, e não fiques perto do João. E, por favor, lembra-te sempre que é a ti que amo.
Beijos, meu amor,
A tua Mariana".

Na outra folha encontrava-se poemas de autores famosos, reescritos pela letra dela, que descreviam o romance dos dois. Rafael reparou no poema de Camões: "O amor é fogo que arde sem se ver...".
Os sonhos dela na cama do hospital poderiam ter sido com o João, ou com ele. Ele nunca iria ter como saber. Mas de uma coisa ele sabia: as palavras dela no diário eram verdadeiras. Poderiam apenas ser longas palavras perdidas, mas para ele significavam o mundo.


Espero que tenham gostado do conto!
Deixo o resumo: Mariana e João namoravam, Joana e Rafael também. A suposta violação ocorreu, porém não foi André, um amigo de João e Rafael, mas sim João. João acaba preso, Mariana denunciou-o. João fica cinco anos na prisão, sai com redução de pena devido a Joana, que sabia das conversas entre João e um colega da prisão com a ajuda do pai dela, guarda prisional (na época, João contava ao colega que amava Mariana, ou seja Joana quis ajudar o antigo casal a rever-se). João sai da prisão e Mariana, que namorava com Rafael naquela altura, (mas que já havia tido um romance com André) tenta o suicídio ao rever João. João vai ver Mariana ao hospital, Rafael é o último a saber da hospitalização de Mariana, a agora ex namorada. João vai falando com um amigo da prisão e o pai de Joana ouve, comentando isso com a filha. Joana acaba por saber que João quer matar Mariana no hospital para se vingar de ter estado preso e confronta-o. João, entendendo que foi descoberto, mata Mariana deixando as impressões digitais de Joana no quarto. Joana não foi inteligente ao ponto de apagar as suas impressões digitais e acaba presa pelo "suposto" homicídio de Mariana. Afinal, tinha todos os indícios de ter sido ela a assassina. Joana e Mariana não se davam bem, mesmo pertencendo à mesma classe social (o motivo da inimizade não foi contada pois foi há muitos anos). André, ao saber da morte de Mariana, entende que foi João quem a matou. Nesta altura, João já era conhecido por ser rapper. André acaba por balear João, que era seu amigo. André acaba preso pelo homicídio de João. João acaba se tornando conhecido como rapper e as suas músicas vão parar às rádios. Rafael, que realmente gostava de Mariana, não entendeu nada do que aconteceu e durante várias partes o narrador apenas surge a falar pela "mente" de Rafael. No fim, o mistério é totalmente exposto por Joana e André a Rafael. Rafael descobre que Mariana, afinal, gostava era dele, mas João era um obcecado por ela e, por esse motivo, Mariana nunca conseguiu aproximar-se de Rafael após a saída de João da prisão. Mariana tentou o suicídio não porque gostava de João, mas pela obsessão que ele tinha por ela e pela impossibilidade de chegar a Rafael e ser feliz com ele. No fim, Longas Palavras Perdidas refere-se às palavras que Mariana queria dizer a Rafael e não pôde devido à relação abusiva com João.

Gostaram do conto?

terça-feira, 21 de julho de 2020

Podcast Jornal da Fábrica

Olá, Pessoal!
É com muito prazer e satisfação que vos apresento o Podcast Jornal da Fábrica, do grupo Fábrica de Histórias, onde sou moderadora.


Pela primeira vez, revelo a minha (bonita) voz!

Lá no Grupo Fábrica de Histórias eu, os restantes moderadores e a ADM temos um calendário de datas especiais e a ideia do podcast acabou por surgir.
E ontem, 20 de Julho, começou a proposta nova: Podcast Jornal da Fábrica.

Neste primeiro podcast falamos um pouco de nós mesmos e no tema personagens femininas que deveríamos odiar (mas amamos).

Aproveitem para fazer um café ou um chá e deliciem-se!

Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=-6e6epUU-y8
Spotify: https://open.spotify.com/show/0MtjU5zana9bizEybm3XwN
Soundcloud: https://soundcloud.com/fabrica…/jornal-da-fabrica-episodio-1
Podbean: https://fabricadehistorias.podbean.com/

Até um próximo!

terça-feira, 14 de julho de 2020

Dia Mundial da Liberdade de Pensamento

Olá, Pessoal!
Hoje, 14 de Julho, comemoramos o Dia Mundial da Liberdade de Pensamento. A data foi escolhida pela referência ao dia da queda da Bastilha, prisão política em Paris, que deu inicio à Revolução Francesa. Pouco tempo depois foi aprovada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, e, com isso, assegurado alguns direitos: "Todo homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião" e "Todo homem tem direito à liberdade de expressão".



Decidi comemorar aqui no blogue e fazer este post pois este blogue é livre, as pessoas podem fazer as suas sugestões, dar opiniões, sem barreiras ou tabus.
Também devemos lembrar que nos encontramos numa democracia, em que o poder é exercido pelo povo e na qual todos têm o direito e dever de participar das decisões políticas. Isso torna este dia essencial e especial.

Vamos aproveitar este dia para lembrar também que a liberdade de pensamento passa por respeitar a opinião do outro e saber conviver com as diferentes ideias.

Hoje é com orgulho que faço este post, a celebrar esta data tão importante nas nossas vidas!

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 14)

Olá, Pessoal!
Deixo-vos a parte 14 do conto Longas Palavras Perdidas.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.

Longas Palavras Perdidas (Parte 14)

"Eu poderia fechar os olhos para sonhar" - Letra da música.

Música:




De repente, algo assombroso passou pela mente de Rafael enquanto passava a toalha pelo cabelo, a fim de secá-lo. O André matou Mariana?
No dia seguinte ele foi à prisão visitar André. Ele nem parecia surpreendido pela chegada do amigo. Fazia tempo que eles não se viam. Desde que ele tinha ido preso. Mas ele sabia que Rafael viria. Ele sabia que ele viria para saber a verdade. Para ter respostas.
Rafael não perdeu tempo. Quando se viu frente a frente com André começou a falar.
– Já falei com a Joana.
– Sobre?
– Sobre a morte da Mariana. Ela pareceu-me dizer que não foi ela quem a matou.
– Faz três meses da morte da Mariana, Rafael. Três meses.
– Sim. Eu sei. E o que isso quer dizer?
– Quer dizer que alguém que deveria pagar já pagou.
– Foste tu quem a matou?
André riu-se.
– Achas que fui eu? Não tens mais ninguém a quem culpar? Tu sabes a verdade, Rafael. Tu estiveste lá.
– Estive?
André apenas olhou para ele.
– Tu podias ter tentado violá-la, também lá estavas.
– Encontravam sémen do João. Eu não tive nada a ver com isso. Não sou violador, Rafael. O João era. Além de obcecado por dinheiro, pelo dinheiro dela, era violador. Qualquer um de nós podia fechar os olhos para sonhar com ela, mas o João fez pior que isso.


"Abre logo essas garrafas" - Letra da música.

Música:




Três meses. Rafael voltou para casa com essa ideia na cabeça. Mariana morreu há três meses. A Joana está presa há já algum tempo. Impressões digitais dela estavam espalhadas pelo quarto. Mariana foi estrangulada com uma almofada. Mariana provavelmente sonhou com isso enquanto esteve em coma. A Joana era e sempre foi a principal suspeita. Não havia mais o que pensar. Ou havia?
Recuou no tempo. Rafael lembrou-se da sua conversa com João sobre a tentativa de violação. Estavam numa discoteca. Foi aí que ele soube que o João realmente não gostava da Mariana. Ele queria pregar-lhe uma partida.
– Tentativa de violação? Estás louco? – Lembra-se de lhe ter dito com um ar chocado.
Claro que o ar chocado dele não surtiu efeito em João e nem nos amigos. André também parecia contente ao ouvir a ideia de João. Tudo uma loucura. No fim ainda teve que ouvir falar sobre cerveja como se todos estivessem felizes. Decidiu afastar-se, atordoado. Ao longe, reparou numa rapariga.

"Não ligo para os invejosos" - Letra da música.

Música:




A Joana também estava presente na discoteca. Ele aproximou-se dela e começaram a falar. A conversa parecia banal, mas depressa Rafael falou-lhe sobre a ideia de João e dos amigos dele. Ela pareceu rir-se, mas não era um riso de alguém feliz. Parecia tentar apagar um ar enojado.
– Tens que ter cuidado. – Outra frase que Rafael lembra-se com clareza.
– Porquê?
– Talvez aquilo não se torne apenas uma ideia.
No dia seguinte, acreditando nas palavras de Joana, decidiu ir até casa da Mariana, mas os pais dela nem sequer quiseram abrir-lhe a porta. Havia uns rumores de que Rafael era um rival de João. Ela não queria encontrar-se com um rival do namorado. Sim, naquela época João era namorado dela. Rafael ainda tentou vê-la sair de casa e alertá-la. Ela ainda ouviu sobre a tentativa de violação, mas ela virou-lhe as costas. Claro que quando isso aconteceu, ela ficou depressiva e pediu desculpa ao rapaz, mas antes disso ter acontecido, Mariana ainda lhe disse que tinha medo dele, de João. E de Rafael também.
– A Joana também disse para teres cuidado.
Falar da Joana era ainda pior para Mariana.
– Não ligo para os invejosos. – Como se namorar com o João desse inveja. Bem... Mariana pensava que Joana gostava de João.

"Até os anjos têm os seus planos perversos" - Letra da música.

Música:



Rafael ainda foi falar com André novamente na prisão. Ele continuou a insistir de que André é que matou Mariana.
– Tu estás louco? – André riu-se. – Eu sabia que tinha razão.
– Tinhas razão no quê?
– A Joana pensava que ias conseguir repor a verdade no bairro, mas não passas de um idiota.
Rafael sentiu-se ofendido.
– Eu quero entender.
– Sabes uma coisa? Estás a falar com o gajo errado, amigo. Eu não matei a Mariana. Nunca mataria a Mariana. Aliás, estou aqui há um mês e sempre falei bem com a Joana.
Rafael ficou calado.
– Eu soube da morte da Mariana pelo João. – André revelou. Rafael continuou calado. – Fui eu que soube primeiro da morte da Mariana. Fui eu que soube pelo João que estavam lá digitais da Joana no quarto.
– Como?
– Isso só a Joana te pode dizer, mas acho que tu sabes disso. Tu sabias disso. Ela disse-me que tu sabias.
– E o que fizeste depois?
– Depois dele me ter revelado isso?
Rafael afirmou com a cabeça. André nem pensou.
– O assalto.
Aquela arma guardada e escondida nas calças de André tinha sido abençoada. Aquele tiro tinha sido bem dado.
Ele não se sentia culpado. Ele sabia que foi o melhor que fez. Ele ficou calado. Assim como esteve com Mariana. Quer dizer, tanto Rafael como André esconderam tudo. André tinha a sua própria verdade, Rafael também tinha a sua própria verdade. Mas ambos não sabiam toda a verdade.
No fim de contas, a vítima era a pessoa que tinha mais dinheiro ali. E também era o mais armado em santo. João. André tinha baleado João no peito. Um tiro certeiro e ele estava morto. Rafael estava lá. Rafael viu. André ajudou Mariana.


Espero que tenham gostado!
O mistério está todo exposto e praticamente ligado.
André matou João após saber da morte de Mariana. André foi preso pelo homicídio de João. Joana está presa pelo "suposto" homicídio de Mariana.
Pensavam nisto?

A próxima parte (e última) será postada em breve!

terça-feira, 7 de julho de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 13)

Olá, Pessoal!
Deixo-vos o conto Longas Palavras Perdidas.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.


Longas Palavras Perdidas (Parte 13)

"Estou a libertar-me, não estás a ver?" - Letra da música.

Música:



No dia seguinte, o Rafael foi visitar a Joana na prisão. Ele parecia decidido. Ela sorriu ao perceber um novo olhar nos olhos do antigo namorado.
– Eu sabia que virias. – Começou ela por dizer.
– Era isso que tu querias, não era?
Ela não respondeu. Ele continuou.
– Tu sempre tentaste manipular-me. Agora percebo isso.
– Nunca te manipulei. Só tentei dar-te a minha opinião, Rafael. Tu devias pensar pela tua cabeça.
– Tu sempre tentaste deitar as culpas em outras pessoas para os teus erros.
Ela estendeu os braços.
– Eu estou aqui dentro, Rafael. Eu agarrei a culpa da morte da Mariana.
– Porque foste tu quem a matou.
Ela ficou parada, apenas a olhar para ele.
– Não foste? – Ele perguntou.
Ela continuou calada.
– Joana, tens de me contar a verdade.
Ela finalmente recomeçou a falar.
– Tens que começar a olhar por ti mesmo, Rafael. Tu tens a chave da verdade. Só tu.
Ele respirou fundo.
– Já sabes que o André está preso?
– Sim, sei.
Houve uma pequena pausa.
– Acho que tenho que pensar por mim mesmo. – Falou ele.
Ela afirmou com a cabeça.
– Fazes bem. Até porque tens que repor a verdade.


"É hora de uma pequena vingança" - Letra da música.

Música:



Ele ficou a olhar para ela, sério.
– Acabaste de dizer que não mataste a Mariana? – Ele falou como se fosse uma pergunta, mas nem ele tinha a certeza se tinha sido uma pergunta ou uma afirmação.
– Eu disse que agarrei a culpa da morte da Mariana.
– Então não a mataste.
Ela encolheu os ombros. Estava séria.
– Tu não gostavas da Mariana.
– Sim, isso era público.
– Tu tinhas todos os motivos.
– Sim, tinha.
– Então podias ter sido tu. Tu querias vingar-te dela.
– E eu vinguei-me. Com a morte dela.
– Pois.
Ele parecia sem saber o que pensar. Ela só queria que ele tivesse a melhor decisão.

"Lembro-me de cada flash" - Letra da música.

Música:



Rafael voltou para casa a pensar na conversa com a Joana. Se a rapariga levou as culpas pela morte da Mariana, isso significa que não foi ela quem a matou. Isso significa que alguém está livre. Isso significa que alguém saiu impune.
Enquanto tomava banho ficou a repensar em todos os momentos antes e após a ida de Mariana para o hospital. O João ficou preso, ela entrou numa depressão, ela namorou com ele, ela terminou com ele, o João manipulou-a, ela acabou por tentar suicidar-se, ela entrou em coma. O André continuou a fazer alguns assaltos. Ele tentou ver a Mariana no hospital e viu muitas vezes Joana a ir lá.
Bem... o André também lá esteve.
E o João. Mas o João não pode ser contabilizado.
No fim de contas era impossível pensar nele.


Espero que tenham gostado!
O mistério irá terminar na próxima parte. Será que entenderam tudo agora?

A próxima parte será postada em breve!

domingo, 5 de julho de 2020

Desafios Literários Fábrica de Histórias

Olá, Pessoal!
Vocês devem saber que eu sou moderadora do Grupo do Facebook Fábrica de Histórias (com muito prazer!).
Eu e os restantes moderadores e a ADM temos pensado em alguns especiais para o grupo mexer um pouco e vim aqui divulgar dois desafios (não nos deixem ficar mal, por favor!).

Deixarei aqui as regras abaixo:



1) Microconto Songfic - Devem escrever um microconto de até 500 palavras baseado em qualquer música que vocês gostem, de qualquer estilo. Não é para colocar o trecho/excerto da música no meio da história em separado. O trecho/excerto pode aparecer como epígrafe, mas devem se basear na letra para escrever a vossa história.




2) Conto com protagonista idoso - Devem fazer um conto de 500 a 6.000 mil palavras sobre personagens que já estejam na terceira idade, relembrando que o dia dos avós é no fim do mês.

Regras:
1) Você pode participar dos dois desafios com quantas histórias quiser, mas só será premiado(a) com uma.
2) Respeite o tema e o limite de cada proposta;
3) Respeite as regras da plataforma em que postar as sua(s) história(s); aceitaremos histórias publicadas em todos os sites, incluindo blogs e sites pessoais.
4) Prazo de inscrições: 04 de Julho a 31 de Julho de 2020.
5) A história pode estar dividida em capítulos (no caso dos contos) desde que não ultrapasse o limite máximo e esteja marcada como concluída no dia 31.
6) A moderação do grupo pode participar, mas apenas para incentivar a comunidade. Nenhum admin ou moderador será premiado.

Premiação:
Selos de primeiro, segundo e terceiro lugares para cada proposta e divulgação especial no grupo e na página.

Para participar: Grupo Fábrica de Histórias
A página do grupo: Página Fábrica de Histórias

Avisando que não irei participar, mas ficarei a divulgar estes dois desafios durante o meu tempo livre.

Boa sorte!

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 12)

Olá, Pessoal!
Deixo-vos a parte 12 do conto Longas Palavras Perdidas.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.


Longas Palavras Perdidas (Parte 12)

"Neste cruel jogo infantil não há um amigo para chamar o nome dela" - Letra da música.

Música:




Ele caminhou, desamparado, pelas ruas. A vida tinha sido tão cruel para ele. Preso por tráfico de droga. Sendo o causador da morte de uma pessoa. Se ele soubesse que a Joana iria matar a Mariana nunca teria deixado a rapariga andar assim, sem ser vigiada. Que tremendo idiota!
Em vez de a ajudar, deixou o João tornar o coração dela mais frágil, deixou que ela sonhasse com ele, deixou que tudo isso acontecesse à sua frente. Namorar com a Joana também não deveria ser a melhor ideia, mas enfim... Agora não se podia voltar atrás. Estava tudo feito.


"Amor nenhum" - Letra da música.

Música:




Ele poderia ficar triste. Ele poderia ficar revoltado. A Mariana poderia ter gostado dele, poderia ter entendido que ele é que era a pessoa certa. Mas preferiu o outro. Preferiu aquele que a levou à morte. A vida dele poderia ser uma merda, mas ela não sabia nada sobre ela. Ele já foi ao inferno e voltou, foi preso, fumou umas ervas estranhas. Hoje as noites dele são passadas a ler uma bíblia às escondidas dos colegas. Ele pensava mais do que esquecia. O dinheiro sempre fala mais alto do que fazer mal a um gajo que vive no bairro com eles. Eles até podiam querer pô-lo na cadeia novamente, mas ele sairia como uma fera.
No fim de contas, ele já não tinha amor nenhum. A única que podia mudá-lo era ela. Mariana. E essa morreu.

"Quando o silêncio é rei o resto é dispensável" - Letra da música.

Música:




Ele chegou a casa e abriu um pequeno caderno. Começou a escrever.

"Poderia ter te dito o que sentia. Poderia ter te dito o que se passava à minha frente. Mas preferi ficar calado. Preferi ver-te a morrer do que salvar-te. Eu sei que sempre olhavas para mim a querer esquecê-lo. Não sei que feitiço é que ele te mandou, mas gostaria de o ter tido para que pudesses hoje estar viva. Tínhamos tantos gestos esquecidos que reconhecíamos de cor. Queria que tivesses dado um tempo e foi isso que pedimos, um tempo juntos e apenas nós. Queria apenas que tivesses visto a minha mão carinhosa e estendida para ti. Talvez hoje as coisas fossem diferentes. Eu nunca estive longe, eu não esquecia. Peço desculpa por ter-te deixado cair. Agora sobra o silêncio. Quando o silêncio é rei o resto é dispensável, não é? Não é?"

"Em pé na tua frente a dizer que lamento muito por aquela noite" - Letra da música.

Música:



Várias boas memórias dos dois surgiu na mente de Rafael. Bons momentos. Momentos em que ele a levou até a um restaurante chinês e ambos quase morreram com o picante. Momentos em que ele a presenteava com flores. Momentos em que eles visitavam museus e exposições. Ela gostava disso, embora ele não soubesse nada daquilo. Para ele ver uma pintura de Salvador Dalí não lhe dizia nada, mas ela ficava sempre maravilhada.
Mas também lhe passaram as más memórias. Quando ela o culpou de quase morrer quando sabia que ela era alérgica a nozes. Quando ela deitou umas flores que ele lhe tinha dado para o lixo com a desculpa que tinham morrido. Quando ela ficou triste por ele não ter comprado o anel caríssimo de uma marca que ela adorava. Mas ele era apenas um gajo do bairro. Ela era uma rapariga rica.
Mas nada importava agora. A única coisa que importava era viver em frente. Viver em frente e esquecer o passado.
No fim de contas já não poderia ficar em pé na frente dela para lhe dizer que lamentava muito por aquela noite.
Já nada valia a pena, porque a morte tinha feito o seu trabalho.

"Eu voo como papel" - Letra da música.

Música:



Aquele assalto. Aquele assalto que ele iria fazer com o João e com outros "amigos". Aquilo foi a melhor resposta. É certo que a Mariana morreu, mas aquilo levou à morte de uma pessoa insignificante. Pelo menos ninguém esteve presente para perceber que alguém conseguiu tornar-se reconhecido fora do bairro.
Ele não se importava. Não se importava minimamente. Aquela arma guardada e escondida nas calças de André tinha sido abençoada. Aquele tiro tinha sido bem dado.
Ele não se sentia culpado. Ele sabia que foi o melhor que fez. Ele ficou calado. Assim como esteve com Mariana.
No fim de contas, a vítima era a pessoa que tinha mais dinheiro ali. E também era o mais armado em santo.

"A verdade está confusa, mas as mentiras estão claras" - Letra da música.

Música:



Joana, presa, pensava sobre o que tinha feito. A verdade estava a sair debaixo do tapete e ela sabia que o Rafael iria trazê-la a público. As mentiras sempre foram claras para todos, mas a verdade sempre foi confusa. Talvez agora, com a prisão dela, a verdade pudesse ser revelada. Ela sabia que podia contar com ele.
O Rafael iria restaurar a verdade. Ele iria trazer a verdade sobre o João a público.

***

Na prisão, André pensava na mesma coisa. O Rafael iria finalmente tomar uma atitude. Não ficaria calado. Ele iria finalmente trazer a verdade. O João não sairia impune. Não na verdade dos homens.


Espero que tenham gostado!
Uma parte mais depressiva e dramática. A Mariana está morta e há culpas para dar.
Ideias sobre o que é o mistério?
E alguém entendeu aqui alguma revelação? Não está muito exposta, mas...

A próxima parte será postada em breve!