sexta-feira, 22 de maio de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 5)

Olá, Pessoal!
Hoje comemora-se o dia do Autor Português. Sendo eu portuguesa, decidi postar esta quinta parte do conto hoje.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.


Longas Palavras Perdidas (Parte 5)

"Eu fiz com distâncias. Eu fiz com motivos. Eu fiz com perguntas" - Letra da música.

Música:




Dias mais tarde, João foi visitar um velho amigo na prisão. Ali contou-lhe sobre a seu regresso à liberdade.
– Eu vi-a novamente. – Desabafou ele.
– A rapariga?
O velho amigo do João era mais velho do que ele. Já devia ter passado dos quarenta anos. Já aparentava alguns cabelos brancos. Poucos, mas persistentes. Ele ajudou o rapaz nos piores momentos.
– Ela terminou com um amigo meu. Ficou apavorada com o tiroteio que houve no bairro.
– Aquela não é a vida dela. Não é feita para estar ali.
– Eu sei. E ela deveria saber no dia em que eu decidi terminar com ela.
– Tu não terminaste com ela.
– A violação foi uma armação desse meu amigo. Foi ele quem a violou, não fui eu. Eu terminei com ela antes que a história da violação fosse confirmada.
– João, tu tens que seguir com a tua vida para a frente, não tens que olhar para trás. Estás em liberdade, tens que recomeçar a tua vida do zero.
– E vou para onde? Mal consigo trabalho. Sou um ex presidiário. Além disso tenho que ajudar a minha mãe.
– A tua mãe consegue sobreviver sozinha. Esqueceste-te que ficaste aqui cinco anos? – João ficou calado – Tens que recomeçar a tua vida, amigo. Tens que esquecer essa rapariga. Ela agora já entendeu que está a viver uma vida que não é confortável para ela.
– Mas se ela soubesse...
– Se ela soubesse o quê?
– Se ela soubesse a verdade. Se ela soubesse que não fui eu.
– E vais dizer o quê? Ela não te vai ouvir.
– Talvez pela amiga dela que me ajudou.
– Aquela que conseguiu que ficasses aqui dentro apenas cinco anos? Tu sabes que ela não é realmente amiga da rapariga, não sabes?
– Eu sei, mas eu podia tentar.
– Olha, tu é que sabes.
O homem tinha razão. Apenas o João sabia o que fazer.


"Porque nós somos estranhos quando o nosso amor é tão forte?" - Letra da música.

Música:





O amor é realmente cruel. O rapaz foi a casa dela cheio de coragem. Mas que tristeza. A pobre rapariga ficou ainda mais frustrada e amedrontada. Gritos, choro, pedidos de desculpas que não valeram nada, e, no fim, apenas conversa estagnada. Ele arrependeu-se. Ela... bem, ela... acabou no hospital.
Tentativa de suicídio.

"Eu quero alguém que me ame por quem eu sou" - Letra da música.

Música:





Ser aceite em sociedade sempre foi o maior sonho do João, mas ele sabia que as coisas não eram assim tão simples. Dizer que vivia num bairro já era um duro golpe. A rapariga também lhe tinha dado um outro golpe. Uma menina rica, de boas famílias, tinha perdido a confiança nele. Não que ela fosse o mais importante... bem, na verdade até era. Ela devia ser a primeira a olhar para ele com outros olhos, tendo em conta que era a primeira a viver fora da "comunidade". Ele só queria alguém que gostasse dele por quem ele era, não que olhasse para ele como um criminoso.
Ele fracassou bastante... Sempre foi assim.

"Eu vejo-te" - Letra da música.

Música:





Na cama do hospital tudo parecia negro, mas nos sonhos dela tudo era magia. Ao lado do João, ela conseguia viver feliz. Agora ela estava calma, em paz. Ela vivia através dele e ele vivia através dela. Sendo um sonho ou não, ela só queria que aquilo nunca terminasse. Ela agora conseguia viver no bairro, sentir-se bem ali, conseguia ver através dos olhos dele. Conseguia ver o lado bom daquele lugar. Agora via a vida de outra forma...
Que sonho...
Mas era apenas isso... Um sonho.


Espero que tenham gostado!
Muita coisa aconteceu nesta quinta parte. Tentativa de suicídio, sonho... Já conseguiram entender alguma coisa? Algum mistério?
A próxima parte será postada em breve!

1 comentário:

  1. Bom dia, Diana.
    Não sei se eu desvendei o mistério todo, mas eu tinha pensado exatamente que a violação fizesse parte do mistério, principalmente quando li a parte 3 e cheguei ao final daquela mesma postagem onde você pareceu assoprar: "Afinal, muita coisa passou, o rapaz foi mesmo preso após a violação...". Ali ficou mais claro para mim. Porém, pensei que o caso envolvendo a violação tivesse se dado de outra maneira, mas entendi agora ao ler essa parte do conto que foi o amigo dele, o que não passou por minha cabeça, causando assim surpresa em mim.
    Se há mais alguma coisa que faça parte do mistério, acho que ainda não desvendei o mistério. Está difícil. :)
    Espero a próxima parte.

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