Hoje deixo-vos a segunda parte do conto Longas Palavras Perdidas, dividido em algumas partes.
OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.
Longas Palavras Perdidas (Parte 2)
"Eu cresci em volta de alguns negros que não eram meus camaradas" - Letra da música.
Música:
A vida dele não era realmente um mar de rosas. Nasceu num bairro problemático. A polícia surgia a cada duas horas. A mãe quase jazia na sala com a parteira ao lado a gritar "força!". Ele nasceu quase negro (e era de raça branca). Passou dois dias no hospital. Ao terceiro dia saiu porque a mãe não teve mais dinheiro para pagar as despesas. Eles eram pobres. A mãe trabalhava como doméstica numa casa de ricos. Ele vendia droga com os colegas. Quase foi preso quando fez quinze anos, mas não tinha idade suficiente para ir para o xadrez e fez serviço comunitário durante cinco meses enquanto ia para a escola durante a manhã. Aos dezoito anos foi realmente preso após desacatos com colegas negros. Havia vinganças, promessas mal pagas. A droga e os seus males. Mas ele nunca consumiu. Ele não era um "agarrado", ele apenas vendia para pagar as contas e ajudar a mãe.
Apaixonar-se foi o seu pior erro. A jovem não tinha sequer a vida dele. Era uma riquinha mimada, filha dos patrões da mãe dele.
Se ele soubesse do seu erro mais cedo, teria sido tudo mais fácil...
"Eu sou o mesmo quando tudo dá certo. Eu sou o mesmo quando tudo dá errado" - Letra da música.
Música:
Aquela manhã depois da escuridão foi péssima para ela. A confirmação que ela deu ao seu seio familiar e de amigos foi chocante. Violação. O culpado? Ele. O rapaz que vivia no bairro pobre. Não é possível. Mas era. Para a família dela. A jovem afirma que foi violada pelo namorado. O namorado nega, mas recentemente começou a aceitar que o fez. Diários tristes e melancólicos começaram a surgir. Não apenas com palavras dela. Ele também tinha um caderno onde falava sobre tudo. A vida é cruel. Ambos sabiam disso.
– Tens que deixar esse rapaz. Ele é um violador. – Disse a mãe dela, vendo a jovem deitada na cama do seu quarto a chorar.
– Eu gosto dele.
Ela estava triste. Mas a mãe acreditava que ela ia superar.
Já ele... não acreditou. Não quis acreditar. A mãe soube da violação e deu-lhe um estalo. Não tinha sido essa a educação que ela lhe deu. O pai tinha morrido num tiroteio meses antes dele nascer. Ele tinha que respeitar a alma do pai. Ele tinha que ser um rapaz sério. Ele poderia traficar para sobreviver, mas nunca deveria tocar com um dedo numa mulher. Ele tocou. Ele tocou e durante muito tempo negou para si mesmo e para os outros. A "conspiração marada" tinha falhado. Os "amigos" não eram amigos. Ele tinha violado a namorada. Como? Ele não se lembrava. Pois, está explicado. Drogas. Ele começou a consumir.
Espero que tenham gostado!
Aqui já temos o narrador. Conseguiram saber mais um pouco sobre a vida dos dois.
O que estão a achar?
A próxima parte será postada em breve!
Aqui já consegui saber um pouco mais da história dos protagonistas.
ResponderEliminarNessa segunda parte também eu pude sentir o texto bem elaborado, bem escrito, bem trabalhado (não que na parte anterior não tenha sido ou sentido, mas aqui pude sentir mais ou melhor). Tanto, que achei alguns trechos poéticos!