domingo, 28 de junho de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 11)

Olá, Pessoal!
Deixo-vos a parte 11 do conto Longas Palavras Perdidas.
Pelo que estou a ler, ainda não conseguiram descobrir o mistério, mas continuem a deixar as vossas "apostas" porque esta parte também irá revelar muita coisa.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.

Longas Palavras Perdidas (Parte 11)

"Eu amo a maneira que mentes" - Letra da música.

Música:




– Porque estás aqui?
O rapaz virou-se para o homem de meia idade.
– Dizem que matei um homem.
O homem olhou para os colegas de cela.
– E mataste?
Ele encolheu os ombros.
– Dizem que sim, mas não matei.
O homem riu-se.
– Todos dizem isso. Todos dizem que nunca mataram. Eu vou fazer vinte e dois anos aqui dentro. Matei dois homens. E tu? O que fizeste?
– Não fiz nada. – O rapaz olhou para a cela, sério.
O homem decidiu calar-se, mas riu-se do rapaz, assim como os colegas. O rapaz estava preso pelo homicídio de um vizinho do bairro. O nome do presidiário era conhecido por Mariana: André. O rapaz que diziam ter sido seu namorado.


"É o momento da verdade e o momento para mentir" - Letra da música.

Música:




Aquela noite foi totalmente... péssima. André juntamente com outros amigos do bairro e João quiseram enganar Mariana. João não era realmente apaixonado pela jovem. Queria o dinheiro dela, assim como Joana tinha dito ao polícia. Tudo foi um arranjo para que João parecesse o "salvador da pátria" e que salvasse a rapariga de uma tentativa de violação.
Vale contar que a violação não aconteceu, mas foi tentada por André, o jovem agora preso. A verdade é que os "amigos" dele quiseram vingar-se também do amigo e fizeram com que ele fosse acusado de uma tentativa de violação. A Mariana nunca soube realmente o que aconteceu. Nunca acordou do coma.
Já Rafael... Rafael apenas soube, mas não esteve presente no local. O rapaz sempre se justificou que nunca imaginou que isso fosse acontecer, mas a verdade é que se culpa pelo que aconteceu a Mariana.
O triste é que ela sempre preferiu o João, que queria realmente o dinheiro dela, a ele.

"Eu vou erguer as minhas mãos para o ar" - Letra da música.

Música:




O cemitério estava vazio àquela hora da manhã. Rafael estava em frente à sepultura de Mariana. Com as mãos nos bolsos do casaco, parecia pensar bem nas palavras.
– Sei que qualquer coisa que fosse dizer tu não acreditarias. – Começou ele – Mas a verdade é que nunca fiz parte daquela ideia assombrosa. Soube pelo João, soube pelo André, soube por todos eles, mas nunca acreditei que isso fosse realmente acontecer. Além disso, o João era o teu namorado, certo? Quem iria suspeitar? – Fez uma pausa – Que burro! Claro que eu deveria ter suspeitado. Eu sei que estava com a Joana nessa época e sei que não confiavas em mim, mas eu deveria ter olhado por ti. A Joana sabia defender-se, mas tu não. – Ele fez mais uma pausa – Queria que soubesses que, pelo menos, eu estive a sério contigo. Eu não queria o teu dinheiro. Nunca o quis.
Ele respirou fundo e afastou-se. Antes de sair do cemitério, ainda olhou para o céu e, em pensamento, ainda sussurrou: "Desculpa".


Espero que tenham gostado!
Para quem achava que a Mariana ainda estava viva... Bem, ela morreu mesmo. Ao que parece.
A violação a Mariana parece que nunca ocorreu, mas André quis. E João não era assim tão apaixonado pela jovem.
O mistério ainda não tem as pontas todas ligadas. Deixem aí as vossas "apostas".

A próxima parte será postada em breve!

quarta-feira, 24 de junho de 2020

365 DNI Vs 50 Shades of Grey

Olá, Pessoal!
Hoje faço uma pequena comparação entre os dois livros mais conhecidos de Dark Romance.
Será que são assim tão semelhantes?


O Personagem Masculino:

O Christian é um CEO, um homem multimilionário.
O Massimo é um homem com alto escalão na Máfia.
Ambos estão acostumados a terem tudo o que querem. A gostar, a ter em sua posse. Christian tem em sua posse uma jovem virgem, enquanto Massimo tem uma mulher adulta e dona de si mesma.
Os personagens são bastante semelhantes.


A Personagem Feminina:

A Anastasia é uma estudante virgem. Pura e inocente. E também o objeto de desejo de um dos homens mais poderosos do mundo.
A Laura é uma personagem mais experiente e não falo só em questões de idade.
A Anastasia é descrita como uma personagem fraca, no momento em que mais as pessoas desejam que os escritores engrandeçam as suas personagens femininas.
A Laura, mesmo sendo mais experiente, a ação da história, todo o enredo, acaba por enfraquecer a personagem porque é sequestrada.


O Enredo:

O livro 365 DNI tinha que ser um pouco mais... vou usar a palavra quente. E até tinha que ser, ou seria algo incrédulo. Nem que fosse pensando na Laura, uma mulher mais experiente. Vale falar que a autora Blanka recebeu demasiadas críticas das feministas e até de mulheres em geral por deixar Massimo e Laura juntos, já que ela foi sequestrada e passa a imagem de ter síndrome de Estocolmo.
Aliás pelas redes sociais há leitores que comparam o enredo de 365 DNI ao livro/filme da Disney Beasty and The Beast (A Bela e o Monstro/A Bela e a Fera - PT/BR). A Bela também é mantida em cativeiro. Não vou terminar o pensamento que deixo aqui, porque daria spoiler, mas a autora dá uma reviravolta na saga.
Falando de 50 Shades of Grey (50 Sombras de Grey/50 Tons de Cinza - PT/BR), o Christian vai mudando durante a série de livros. No fim, ele apaixonou-se por ela e ficaram felizes.
Falando de enredo, existem algumas mudanças.


O Passado das Personagens:

Acho que esta questão é a que tem mais diferença. O Christian teve um passado marcado por abusos psicológicos e físicos. A mãe dele trabalhava como prostituta e era viciada em drogas.
Talvez o facto de Massimo ser apenas um mafioso, tenha pesado na mente da autora Blanka.

Termina aqui a comparação.
Também tinham o mesmo pensamento que eu?

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 10)

Olá, Pessoal!
Hoje deixo a parte 10 do conto Longas Palavras Perdidas.
Tenho lido os vossos comentários. Posso dizer que estão todos um pouco longe de desvendar o mistério, mas tenho gostado de saber as vossas apostas/ideias.
Esta parte é ainda mais reveladora.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.


Longas Palavras Perdidas (Parte 10)

"Eu não me lembro do momento que eu tentei esquecer. Eu perdi-me" - Letra da música.

Música:



– A sério que queres fazer isso? – O amigo estava surpreso.
– Sim.
– Mas tu ainda gostas dela?
– Não, meu, mas ela sabe o que eu fiz. E eu também sei o que ela fez.
– Ela matou mesmo a Mariana?
Rafael não respondeu à pergunta. Continuou, simplesmente.
– Ela roubou. O pai nunca soube nada. Ela fazia pequenos furtos.
O amigo afirmou com a cabeça, compreendendo.
– Tentei esquecer do momento em que ela quis roubar dentro da prisão onde o pai trabalhava.
– Ela quis isso?
– Sim. Por causa de mim ela descobriu tudo o que se passava neste bairro. Diferente da Mariana, ela conseguia viver aqui.
– O pai dela é guarda prisional. Ela sabe viver no meio de bandidos.
– Pois sabe. – Rafael fez uma pausa – Ela sabe tudo por causa de mim. Acabei por ser mais violento e viver mais no crime por causa dela. Eu não era assim. Eu roubava, mas não era algo sério.
O amigo riu-se.
– Sim, tu mudaste um bocado, sim.
– Eu não mudei. Eu perdi-me. Perdi-me por causa dela. Perdi-me ao tentar esquecer do momento em que ela me pediu para fazer algo mais ilegal ainda. E perdi-me também quando eu tentei lembrar-me do que esqueci.


"Eu jogo até eu cair, eu brilho até eu cair" - Letra da música.

Música:




A fama parece ser efémera, mas não quando se morre. Os artistas parecem ser eternos quando morrem. A vida na terra é que é efémera, no céu tudo parece para sempre. O Rafael sempre pensou nisto. Rappers como Tupac Shakur e Notorious B.I.G. continuavam a ser eternos. As suas músicas continuavam a passar nas rádios, de forma esporádica, mas sempre lá presentes. Um artista que acabe no limbo é esquecido. Um artista que se envolva nas drogas é esquecido. Mas um artista que morre, de forma trágica ou não, será sempre lembrado. A morte será, no fim, uma bênção? Ele não sabia como responder a essa pergunta, talvez porque nunca tinha morrido.
Mas ele sabia de uma coisa: A fama é apenas efémera se não lutares, se não caíres em más tentações. Porque até na morte estás no topo.

"Cuidado com as minhas rimas, ainda te dá um enfarte." - Letra da música.

Música:



– Já saíste?
– Sim, Filipe.
– Liberdade condicional?
– Não. Estou em liberdade. Mesmo em liberdade.
– Ouvi que tens feito rap no xadrez.
– Sim, espero conseguir encontrar uma editora.
– Tu sabes que temos uma editora aqui. Vais fugir dos teus amigos?
– Eu sei o que vocês fizeram. – Pausa – Como soubeste disso?
– Disso o quê?
– Do rap.
– A tua mãe contou a toda a gente. Está toda contente com o seu menino músico.
– E eu serei.
– Tu andaste a fumar erva lá dentro, ou o quê?
– Não se pode fumar lá dentro. – Respondeu, inocente.
– Não me faças rir. Ela passa lá dentro sim.
– Que eu saiba nunca estiveste preso.
– Estive sim, por tráfico de droga. Acabei em prisão domiciliária.
Pausa.
– Voltaste a falar com a miúda?
– Nunca mais falei com ela.
– Fazes bem. Depois de teres sido preso, ela acabou por ficar aqui com um outro gajo.
– Quem?
– O André. Toda armada em não me toques e no fim acaba na cama com outro gajo daqui do bairro. Sabes que ela anda a ser falada por aqui, não sabes?
– Não.
– A tua mãe não te disse nada?
– Eu preferi que ela não me falasse nada.
– Acho que fizeste bem. Podias ficar mais marado. Mas ela anda por aqui a rondar com ele. Ainda namoram. Acho eu.
O rapaz afirmou com a cabeça.
– Fica bem, João.
O Rafael abanou a cabeça. Ele lembrava-se agora claramente desta conversa. O Filipe era ele. Rafael Filipe. Ele tinha falado com o João quando ele saiu da prisão. O André foi um outro rapaz que namorou com Mariana. A Joana tinha razão.


Espero que tenham gostado!
A conversa entre João e Filipe (Rafael) aconteceu na parte 4, para quem quiser reler. A conversa apenas foi copiada para esta parte 10.
Ou seja, o Filipe é, na verdade, o Rafael. Não há uma outra personagem, sempre foi ele. Já tinham descoberto isto?
A verdade já está toda exposta, falta ligarem os pontos.
O que pensam que é?

A próxima parte será postada em breve!

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 9)

Olá, Pessoal!
Deixo-vos a parte 9 do conto Longas Palavras Perdidas.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.


Longas Palavras Perdidas (Parte 9)

"Isso é culpa das revistas. As Maries, as Claires, as Marie-Claire" - Letra da música.

Música:



– De certa forma. – Ela respondeu.
– Há alguma coisa que devemos saber?
Ela voltou a encolher os ombros.
– Não sei. Não está apenas a investigar a mim?
– Não. Há mais um rapaz do bairro. Ele também teria razões para matar a menina Mariana.
– Quem? – Ela pareceu surpreendida.
– Conhece alguém chamado Rafael?
Ela riu-se.
– O Rafael? Nem pensar! Ele gostava da Mariana.
– Gostava?
– Ainda gosta. Acho eu.
– Por que diz isso?
– Porque eles já namoraram. Ele era apaixonado por ela.
– Sabe que o amor não é algo bom. Pode se tornar algo obsessivo.
Ela afirmou com a cabeça.
– Oh, eu sei.
– Então entende.
– Mas, sabe senhor agente, eu acho que ele não faria isso. Ela era rica. Ele até podia não gostar dela, mas iria querer continuar com ela apenas por causa do dinheiro.
O agente confirmou com a cabeça.
– Sabe como é – Ela continuou – As revistas de fofocas e de penteados. Aquelas revistas não chegam apenas às mansões. Há várias raparigas no bairro que também as compram. Talvez não sejam de uma marca realmente conhecida, mas eles vendem.
O agente olhou atentamente para Joana.


"Sentimentos fortes. O que posso fazer?" - Letra da música.

Música:




– Sabe, Joana, a menina parece saber sobre o bairro. Como tudo funciona, o que as raparigas leem...
– Eu conheço algumas coisas. Você sabe que o meu pai é guarda prisional.
– Sim, mas eu pensava que só conhecia alguma coisa dentro das prisões, não o que se passava dentro de um bairro problemático.
– A Mariana foi minha amiga.
– Pelo que eu sei, não durante muito tempo.
– Ela enganou-me, senhor agente.
– Certo – O agente afirmou com a cabeça – Isso faria de si a principal suspeita.
– Que seja. Pode até prender-me.
– Não vai sequer defender-se? Ou oferecer resistência?
– Por que o faria? Ir presa é o menor dos meus problemas.
O agente olhou surpreendido para Joana.
– Todos sabem da minha inimizade para com a Mariana. Fui eu que ajudei o João a sair mais cedo em liberdade. Todos o sabem.
– Confirma, então, que o fez?
– Que fiz o quê? Que ajudei o João? Sim, eu fiz isso.
– E a matar a Mariana?
– Seria o maior prazer. Tenho um enorme ódio por ela. Um sentimento forte. Igual ao amor.
O agente não pôde contar um sorriso. A jovem falava como se nada fosse acontecer.

"Eu poderia usar um sonho, ou um génio, ou um desejo para voltar a um lugar muito mais simples que este" - Letra da música.

Música:




– Que dia de merda. – O amigo de Rafael sentou-se ao lado dele no degrau de uma rua do bairro.
Rafael olhava para as estrelas.
– Já sabes da novidade? – Perguntou o amigo.
– O quê? – Ele continuou a olhar para o céu.
– A Joana foi presa.
Ele baixou o olhar para o amigo. Estava sério.
– Já sei.
– Soubeste como?
– Já toda a gente aqui do bairro sabe.
– Não mintas. Só eu sabia disso.
– E como é que tu soubeste?
– A mãe do João contou à minha mãe.
– Então eu soube pela minha mãe.
– A tua mãe não sabia. – O amigo apanhou-o na mentira.
– Soube... – Mentir não valia a pena. Ele decidiu contar a verdade – Soube pelo pai da Joana.
O amigo olhou surpreendido para ele.
– Como?
– Todos conhecem o pai da Joana.
– O pai da Joana é guarda prisional, nunca falaria com um gajo como tu.
– Talvez falasse.
– O que é que tu estás a dizer?
– Eu e a Joana já tivemos juntos.
O amigo abriu a boca de espanto. Agora tudo fazia sentido. Rafael voltou a olhar para o céu.
– Só queria estar noutro lugar neste momento.
– Onde?
– A falar com a Joana.


Espero que tenham gostado!
Mais uma revelação: Rafael e Joana já namoraram.
Neste momento toda a verdade já foi exposta, mas está toda dividida em partes. Algumas personagens não sabem de tudo e nem o narrador. Já conseguiram unir o mistério?
A próxima parte será postada em breve!

quarta-feira, 17 de junho de 2020

O Outro Lado da Literatura: Preconceito

Olá, Pessoal!
Depois de uma primeira parte sobre escritores hipócritas (LINK), venho com a segunda parte.
Se achavam que a pior parte já tinha chegado, ou que hipócritas existem em qualquer trabalho, deixem-me colocar-vos chocados.

Que o mundo é preconceituoso, isso já sabemos, mas no mundo literário colocam-nos dentro de "potes".
Somos rotulados e levados apenas a escrever um único género literário, só olhando para a nossa fisionomia.



És negro? Tens que escrever sobre o Apartheid, ou romances dramáticos com um protagonista negro. Ou seja, tens que falar sobre a tua luta (já que os outros não podem falar por ti). Ou melhor, se és branco e tens um protagonista negro vais ser olhado de lado e "massacrado".

No preconceito literário somos rotulados pelos géneros que escrevemos e, muitas vezes, somos vistos como uns marginais.

Vamos a alguns exemplos:

Género: Romance Juvenil
Como o autor é visto: Jovens de 15 anos que começam com as fanfics* usando casais conhecidos, ou adultos de 30 anos que ainda não cresceram e apenas mudaram os nomes dos personagens. Ouvem cantores pop desta geração e passam o tempo a reclamar da vida, ou a revelarem os seus crushes nas redes sociais.

Género: Romance Erótico
Como o autor é visto: Se for mulher é virgem, ou foi mãe adolescente. Se for homem, enganem-se se acham que é uma pessoa sexualmente ativa, na verdade ainda não saiu do armário, é homossexual. Elas ouvem cantoras pop e revelam os seus crushes, que muitas vezes são atores de Twilight ou 50 Shades of Grey e eles escondem-se para ouvir Justin Bieber, ou Charlie Puth (cantores pop da nossa geração).

Género: Ficção Científica
Como o autor é visto: Estes são fãs de Guerra das Estrelas e Game of Thrones e falam constantemente da atriz Emília Clarke, além de ouvirem rock do pesado. George R. R. Martin é o mestre deles.

Género: Fantasia
Como o autor é visto: Ouvem rock gótico, tipo Evanescence e Nightwish. São ótimos desenhadores, acreditam em bruxas e têm uma alma criança. Normalmente, estes autores também são designers.

Género: Drama
Como o autor é visto: Ouvem rap, são uns revoltados com a vida e criticam tudo nas redes sociais. Interiormente, têm problemas com autoestima. Este "grupo" de autores são os que mais têm problema com as críticas. Choram para dentro.

Género: Mistério/Suspense (eu entro neste "pote")
Como o autor é visto: São pessoas frias, calculistas e com pouca empatia. Nas redes sociais pouco falam, deixam uns likes, mas é só. De vez em quando deixam um link de uma música: um rock.

Género: Policial (eu entro também neste "pote")
Como o autor é visto: Podia ser polícia, mas não é. As pessoas têm medo dele porque parece andar armado. Sabe tanto sobre o corpo humano e como matar que é um solitário. Não se sabe o que ele ouve, lê, ou vê. Ninguém sabe as suas preferências.

Género: Terror (também entro neste "pote")
Como o autor é visto: Fã de Stephen King, o seu mestre, não deixa que ninguém fale mal. O seu quarto está cheio de posters do autor, a estante também está cheia de livros dele. Um pouco arrogante. Ninguém quer falar mal das suas histórias porque parece que fez pacto com o Diabo.

Género: Comédia
Como o autor é visto: É o segundo "grupo" de autores depressivos, só perdendo para os autores de drama. Podem escrever cenas que façam rir, mas, na verdade, são depressivos. Gostam de fugir da vida real dramática. A diferença é que eles usam a ironia em vez do drama nas suas histórias. Na convivência com outras pessoas, respondem de forma irónica, parecendo uns arrogantes, diferente dos autores de drama que são dramáticos na vida real.

Estes são os autores traçados pelos preconceituosos de acordo com os géneros que escrevem.



Voltando um pouco atrás, quando falei que alguns escritores têm preconceito linguístico, deixem-me dizer que é uma realidade. Pior que alguns vão até mais longe e criticam quem usa o antigo acordo ortográfico, isto falando dos autores portugueses. Há quem ache que usar o antigo acordo ortográfico é ir contra uma amizade, ou ligação entre Portugal e Brasil. Autores portugueses e brasileiros vêem-se a lutar contra a diferença na forma como usam o "você" e o "tu" (quando na verdade apenas os leitores deveriam procurar o que ler, o que eles mais gostam e se sentem confortáveis).
Entendi esta situação mais tarde, em 2014, quando comecei a fazer uma parceria com uma autora brasileira. Essa parceria ainda não foi concluída, mas quando comecei a entrar nos bastidores da literatura brasileira entendi que a ligação entre Portugal e Brasil nos bastidores do mundo literário não era assim tão calma. Ambas entendemos o preconceito a vir até nós pelo simples facto de uma ser portuguesa (eu) e a outra brasileira (ela). Diziam que a nossa história não iria ser lida porque estava escrita em duas formas de português. A língua portuguesa é universal, amigos! Mas o povo não quer ouvir.



Indo para outra forma de preconceito temos o preconceito entre autores independentes e dos que estão com alguma editora.
Se és independente, falas mal dos autores que têm uma editora, se estás numa editora falas mal dos autores independentes. Gostam muito de falar que ser independente é que é bom, ou vice-versa (e muitas vezes até é mentira porque os livros dessas mesmas pessoas que falam isto continuam sem serem vendidos).
Mas mesmo dentro da lista dos autores independentes e dos que estão com uma editora existe preconceito e inveja.
Se és independente e tens um colega também autor independente, vais gostar de dizer que os teus livros se vendem bem porque és ótimo em marketing e em vender o teu "peixe". Causas inveja, mas tu também tens inveja porque ouves o teu colega dizer que vende 500 livros por mês. A inveja é l*xada, já diziam os nossos avós.
Se pertences à editora X, também gostas de dizer ao teu amigo escritor da mesma editora que estás melhor do que ele porque o teu livro está na primeira página do site da editora. O irónico é que o outro vende mais do que tu.

E autores que escrevem algo polémico? Há quem não faça a distinção entre o autor e a pessoa. O facto de escrever sobre racismo, não significa que seja racista. A autora Rose Gleize escreveu isto no seu blogue "Cada um segue sua jornada na vida. Cada um escreve o que quiser" (Post: Aqui). Na verdade, cada um deve ter a liberdade de escrever o que quiser, mas será sempre criticado de alguma forma.
O preconceito sempre estará presente nas nossas vidas de qualquer forma...

No próximo post irei falar sobre designers, leitores beta e os problemas em que eles se envolvem no mundo da literatura.


* Fanfic -  É uma narrativa ficcional, escrita e divulgada por fãs inicialmente em fanzines impressos e posteriormente em blogs, sites e em outras plataformas pertencentes ao ciberespaço, que parte da apropriação de personagens e enredos provenientes de produtos mediáticos como filmes, séries, quadradinhos, etc. Portanto, tem como finalidade a construção de um universo paralelo ao original e também a ampliação do contato dos fãs com as obras que apreciam para limites mais extensos (Via Wikipedia).

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 8)

Olá, Pessoal!
Hoje temos a parte 8 do conto Longas Palavras Perdidas.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.


Longas Palavras Perdidas (Parte 8)

"Isso vem naturalmente, vem naturalmente" - Letra da música.

Música:




– Joana Matias, é suspeita da morte de Mariana Bettencourt. – O polícia entrou no café onde estava Joana a almoçar com os pais.
– Desculpe, como assim? – Quis saber o pai da jovem.
– Senhor Matias, a sua filha esteve no quarto de hospital da menina Mariana. Tudo indica que foi ela quem matou a jovem Mariana Bettencourt.
Os pais de Joana estavam chocados, mas ela parecia serena. Sabia o que tinha feito.
Era inevitável. Ela sabia que iria presa. Ela sabia que isso viria naturalmente.


"Eles podem dizer qualquer coisa. Eu farei qualquer coisa. Nenhuma dor é para sempre" - Letra da música.

Música:



Joana estava bastante calma. Esteve durante todo o caminho até à esquadra. Ela sabia o que tinha feito. Ela não quis negar. Os pais iriam ficar desiludidos, mas isso não era um problema dela. Sempre quiseram ver a filha como uma santa, como alguém que não errava, como alguém que não era humana. Ela também já estava cansada disso. Estava cansada de lhe fazerem uma imagem perfeita. Eles agora podiam dizer qualquer coisa, podiam pensar qualquer coisa. Ela também apenas fez qualquer coisa. A surpresa iria passar. Nenhuma surpresa é para sempre. E a dor também iria passar. Nenhuma dor é para sempre.
Ficar presa era o menor dos seus problemas.

"Quem diz aproximação, diz angústia, pois os problemas não vêm sozinhos" - Letra da música.

Música:



– Ele sabia que os problemas dele estavam apenas a começar quando ele começou a falar com ela. – Explicou-se Joana ao polícia.
– Porquê?
– Mas não via? Ou não queria ver? Não é você e os seus colegas que estão sempre a fazer rusgas ao bairro? A Mariana é uma menina rica. Ela e o João simplesmente não davam certo.
– A menina Joana gostava do João?
– Eu. – Ela riu-se – Claro que não. Eu detesto-o. Detestava-os aos dois.
– Então porque trouxe o rapaz para esta conversa?
– Porque ele foi quem a levou à ruína. E, na verdade, também foi ela quem o levou ao mesmo sitio.
– Por que acha isso?
– Está óbvio. Está bastante óbvio. A sociedade não quer aproximações entre pessoas de diferentes classes sociais. Eles gostaram um do outro, apaixonaram-se, a sociedade fez pressão à relação deles, eles terminaram e foi daí que surgiram as angústias, os afastamentos. E os problemas que eles tiveram dentro da relação foram levados para fora da relação.
– Parece entender sobre isso.
Ela encolheu os ombros.
– Sei algumas coisas.
– Como sabe? Também passou algum tempo naquele bairro?
Joana olhou séria para o polícia. Sim, ela passou.


Espero que tenham gostado!
Já estão a entender alguma coisa? A Mariana realmente morreu? A Joana foi realmente a culpada? Qual será o segredo da Joana?
Quais são as vossas "apostas"?

A próxima parte será postada em breve!

terça-feira, 9 de junho de 2020

Novo livro de Stephenie Meyer - Midnight Sun

Olá, Pessoal!
Chegou 13 anos depois (ao que parece ela começou a escrever em 2007) o livro que se falava há anos, Midnight Sun.
Até aqui tudo bem. É incrível ver que um autor terminou finalmente de escrever um livro, porém a Stephenie Meyer não é uma escritora qualquer. Um qualquer outro escritor estaria a ser crucificado pelos leitores pelos anos de espera, a Stephenie está a receber parabéns e a ser aplaudida de pé.

Mas há coisas boas nisto. Finalmente os leitores (e, na verdade, qualquer pessoa que viu os filmes) vão finalmente saber o que pensava o Edward quando viu a Bella na aula de química (ou sei lá que aula era aquela). O ar enojado dele... enfim... aquela cena cinematográfica lastimável.
Mas vamos finalmente saber os pensamentos do vampiro (finalmente).

Capa do livro. Créditos: Vulture.com

A capa do livro lembra Twilight, talvez seja um plágio dela mesma, o que, nesse caso, não é mau.

Se irei ler? Provavelmente sim. Se terá adaptação? Não vejo a Kristen Stewart e o Robert Pattinson a regressarem, mas tudo pode acontecer, no entanto fazer uma adaptação com novos atores seria estranho.

Vou esperar pata ver o que vai acontecer, até lá, por favor, crucifiquem a autora. Não sejamos preconceituosos. A Stephenie demorou 13 anos a escrever isto. Um outro escritor se demorar uma semana a postar o capítulo X ou Y, ou se um segundo livro de uma trilogia demorar meses a ser editado já é olhado de lado. Vamos lá ser justos. Ou os leitores falam mal da demora de todos os autores, ou simplesmente nem se pronunciem. Fica mal.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

O Outro lado da Literatura: Escritores Hipócritas

Olá, Pessoal!
O que pude aprender nestes onze anos (e conto desde 2009 porque foi quando comecei a conhecer outros autores) é que o mundo da literatura não é um mar de rosas. Há um outro lado que poucos conhecem.
Há uns dias perguntei no meu Facebook se gostariam de ver algum texto sobre escritores hipócritas. Todos pareciam gostar da ideia. E aqui estou eu!

Nos bastidores do mundo literário existem várias cobras, que se tentam engolir umas às outras para poderem chegar a algo que eu ainda não sei bem o que é.
Este seria um tipo de assunto que eu falaria de forma privada para alguém mais chegado, porém, como sou conhecida pelas críticas irónicas, decidi trazer isto a público. No fim de contas, o mundo literário está cheio de cobras e se vais falar sobre elas, ainda aparece uma para te "morder".
Mas aqui estou eu para falar a todos os leitores o que se encontra no mundo literário nos bastidores e como isso afeta a história que chega para vocês vinda de editoras, Wattpad, Amazon e etc...




E aqui está o Jim Carrey a representar-me, enquanto junto um amontoado de factos que vão provar o quanto este mundo literário está cheio de escritores hipócritas e como a cada dia surgem mais. É engraçado como escrevo mais depressa isto que a morte de uma personagem, incrível!
Não vou citar nomes por motivos de... enfim, represálias. Vai que ainda tenho a casa incendiada por "fãs zangados".
E aproveito para dizer que irei apenas ilustrar este post com gifs, tendo em conta a ironia e a crítica existente.

Sabem quando os autores surgem a pedir a bloggers/blogueiros (PT/BR) para fazerem críticas/resenhas aos seus livros? Muitos deles são pagos para o fazerem. Em vários grupos de escritores (e leitores) do Facebook vemos vários blogues literários cheios de críticas e alguns falam sem papas na língua e doa a quem doer. É cada crítica (Meu Deus!). E o pior de tudo é que na maioria das vezes esses leitores estão certos.
Qual é a reação de um escritor "comum"? "Vou ter que ver isso", ou "Não concordo, mas ok" ou ainda "Está certo".
Qual é a reação de um escritor hipócrita? "És um/a péssimo/a crítico!", "Exclui o blogue", "Não sabes fazer críticas".
Entendo o lado do blogger/blogueiro, afinal ele pagou para ler um livro e quer que o mesmo o agrade. Claro que se isso não acontece ele vai ficar irritado e não vai recomendar a familiares, colegas ou amigos e muito menos vai falar bem das páginas só porque o escritor é novo no mercado e tem que dar uma força.
E é claro que há muito escritor que fica irritado. Afinal o livro é o seu bebê, ele esforçou-se para escrever, é o trabalho dele, mas não passa tudo de um monte de palavras que não estão a inspirar o leitor (Vale lembrar que a minha pessoa já teve um blogger que reagiu ao meu primeiro livro com o gif da Glória Pires a dizer "Não sou capaz de opinar" e a minha reação foi bastante simples. Não mandei a leitora ir para um lugar, por exemplo).

No meio disto tudo ainda surgem aqueles autores que reclamam de leitores (não apenas de bloggers/blogueiros) que não gostaram dos seus livros. Sim, leram bem.



O leitor é obrigado a gostar da revisão que o escritor pagou para alguém fazer. O barato sai caro, é o que dizem por aí. O leitor é obrigado a gostar da história sem pés nem cabeça. O leitor é obrigado a não falar nada se o livro não o agradou, afinal é só ele parar de ler e calar-se.

E no fim ainda temos escritores a reclamarem de quem não concorda com o leitor e ainda falam em alto e bom som. Ou seja, aqueles escritores amigos falsos que a gente tem.
Há escritores a serem julgados pelas suas opiniões políticas, sociais, etc... Ou seja, não tem nada a ver com o livro.
Os leitores leem o trabalho antes de criticar, o escritor hipócrita fala antes de ler, até porque ele nem vai pagar pelo livro do colega.

Depois ainda temos nos grupos de escritores aqueles (e aquelas) que se dizem com muito preconceito linguístico, mas se lermos o livro deles percebemos que os erros ortográficos até são de cair o queixo ao chão. Sem contar com aqueles que criticam a capa de um livro, ou tentam achar semelhanças para gritarem que é plágio de alguma coisa deles. Mas aqui eles esquecem-se que podem estar a criticar o designer e não o escritor. Mas deixo isto para outro post.



Quando o escritor passa a ter mais leitores, começa a ser deixado de lado por colegas autores. Ou seja, a partir do momento em que uma pessoa começa a escrever e mostra que escreve, já entra na concorrência. Como se o leitor apenas lesse um único livro até ao fim da vida.
Os escritores que têm mais leitores não querem ajudar os escritores que começam agora porque têm medo da concorrência, ou estão perdidos no meio da sua revisão da história, ou da divulgação ou ainda a falar mal da capa, ou da história do outro. Enquanto isso, o outro escritor que começa agora está perdido a querer ajuda quando não há nenhuma pessoa boa a levantar o braço e a ir ajudar. Eles não sabem onde ir, o que dá certo e o que dá errado, não têm dicas absolutamente nenhumas.

Sem contar que há aqueles que gastam o seu tempo a juntarem os "fãs" para destruírem a "carreira" do colega que apenas começou no ano passado a lançar livros.
Eu não sei de onde eles tiram tempo para isso. Estou a escrever todos os dias, tenho que atualizar o blogue, escrever contos, revisar outros projetos, escrever mais posts informativos para o Grupo Fábrica de Histórias (porque eu gosto de ajudar) e ainda quero dormir sete horas por noite.
Se alguém souber o segredo deles, por favor revele e partilhe com o povo.

Termino aqui o post sobre escritores hipócritas depois de ter feito dois resumos, de ter perdido o rascunho todo perfeitinho e ter que o escrever novamente do início. Pois é. As cobras devem ter percebido que ia deixar aqui a verdade exposta.



No próximo post irei falar sobre preconceito, talvez. Mas não é sobre o preconceito racial. Seria o preconceito linguístico, talvez xenófobo e ainda o preconceito entre escritores independentes e dos que pertencem a alguma editora.

terça-feira, 2 de junho de 2020

Racismo e homofobia - A autora explica

Olá, Pessoal!
Há uns dias tive uma conversa com algumas pessoas sobre a situação que está a ocorrer nos Estados Unidos sobre a morte de George Floyd. No meio da conversa fui questionada sobre a razão de não ter me pronunciado sobre isso quando várias pessoas traziam a hashtag #BlackLivesMatter. O facto de não me pronunciar nas redes sociais não quer dizer que seja racista. Prefiro atuar de forma pessoal e direta do que mostrar apenas apoio nas redes sociais.

Mas a situação que me leva a trazer este assunto para o blogue é quando essas mesmas pessoas me chamaram racista porque a única personagem negra que eu criei era homossexual e ainda morreu no fim. Ou seja, para justificarem o facto de eu não me pronunciar sobre o caso dos Estados unidos, usam o conto que escrevi.

O conto em questão é "Matando os Preconceituosos Demónios" que podem lê-lo, ou relê-lo AQUI.

Capa do conto

O conto foi escrito em 2017 e só agora me vi questionada sobre a real crítica presente.
Para quem me conhece na forma de escrever: Sim, o título foi uma resposta, o título foi uma crítica, o título até pode ter sido uma ironia... Mas não foi para quem vocês pensam (ou algumas pessoas pensam).
O Micael é um personagem negro e homossexual e, por isso, não o coloquei num enredo perfeito.

Não sei qual será o comentário dos leitores de raça negra, mas gostaria de ter a resposta dos meus leitores e até de novos leitores. O conto está ainda lá e continuará online para que todos leiam.

Deixo-vos um pequeno excerto do conto para que entendam a quem fiz a crítica: "... Nunca deixou que o maltratassem fosse por ser homossexual, fosse por ser negro".

Leio todos os comentários.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 7)

Olá, Pessoal!
Fiquem com a sétima parte do conto Longas Palavras Perdidas.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.

Longas Palavras Perdidas (Parte 7)

"Eu nem preciso rimar agora, a minha vida está feita... Eu sou podre de rico" - Letra da música.

Música:




Um mês passou. Rafael ouvia música com alguns amigos do bairro. Fumavam cigarros, bebiam e jogavam cartas. Uma música reconhecida começou a ser ouvida. Rafael foi o primeiro a reconhecê-la, mas não quis falar. Um dos amigos olhou para ele.
– A música do João.
Rafael respirou fundo, enquanto os outros ficaram surpreendidos. Era um rap. Um rap dele a passar na rádio.
– Sim. É dele. – Respondeu o Rafael.
– O puto tinha razão... – Falou um dos amigos.
Os amigos pareciam contentes. A música do João na rádio. O João estava a tornar-se conhecido. Que lindo! Um rapaz do bairro. Quem diria...
Para Rafael, a situação não era boa. O João sempre foi uma sombra na sua vida. Também ele tinha sonhos. Também ele tinha ambições. Também ele queria ser rico, queria cantar, queria ser reconhecido. Por que é que ele não era? E por que é que o João é?


"Não há nenhuma garantia que esta vida é fácil" - Letra da música.

Música:




A mãe do João estava emocionada enquanto ouvia a música do filho a passar na rádio. Estava orgulhosa do seu menino. Ela foi a primeira pessoa a acreditar nos seus sonhos, a acreditar nas suas ambições. Enquanto cortava um tomate para fazer uma salada para o almoço, viu-se a chorar. Um choro feliz. Um choro de orgulho. A vizinha surgiu em frente da sua janela assim que a música dele acabou de tocar.
– Parabéns, vizinha. Acabei de ouvir. O seu filho está um homem.
– Ele sempre me dizia que ia conseguir. E eu sempre acreditei nele.
– Fez bem, querida. Fez bem. – A vizinha afirmou com a cabeça. Também parecia orgulhosa de saber que um rapaz do bairro tinha conseguido sair daquela vida, daquela rotina. – Sabe, isto é muito bom para o bairro.
– Eu sei. – A mãe do cantor limpou uma lágrima que caía.
– A sério. É realmente muito bom.
– Eu sei. – Ela repetiu.
– E não ligue para as invejas. Sei que irá haver entre os amiguinhos dele, mas você é respeitada, vizinha.
– Eu sei.
A vizinha despediu-se com a desculpa de ir terminar o almoço. A mãe do João voltou a ter atenção ao tomate. Estava mesmo orgulhosa do seu menino.

"Acende e apaga as luzes" - Letra da música.

Música:





A jovem continuava em coma. Imagens bonitas passavam pela cabeça dela. Flashes rápidos sobre como seria a sua vida com o ex namorado João. Deitados na relva de uma casa com lago. Só mesmo um sonho porque na vida real seria praticamente impossível.
– Queria poder ficar aqui mais tempo, mas tenho que voltar para casa.
– Porquê?
Ela levantou-se e sacudiu as calças que estavam sujas com alguma relva.
– A minha mãe vai ficar preocupada.
– Ela sabe que estás aqui. Além disso, estamos a pensar no nosso casamento.
Calma... Casamento? Ela está a sonhar com casamento? Quantos meses é que ela já anda a sonhar? Há quanto tempo ela namoraria com ele?
– Sim, mas é preferível que ela esteja por perto. Temos que pensar no meu vestido de noiva.
Ele levantou-se da relva também.
– Ok, eu levo-te a casa.
– Não precisas.
– Não há possibilidade de negares. Que tipo de genro seria eu se agora aparecesses sozinha em casa? Eu teria a imagem de um idiota.
Ela riu-se.
– Então anda.
Eles encaminharam-se até ao carro dele. Um mercedes de 2010. Ele teria dinheiro para comprar um mercedes? Como?
Eles chegaram depressa a casa dela. Em segundos, devo confessar. Isto é apenas o sonho dela!
A mãe pareceu despreocupada ao ver a filha e ainda abraçou o futuro genro. Isto só mesmo em sonhos. Os pais dela detestavam o rapaz.
Mais flashes... Na verdade, no mundo real o quarto do hospital ficou negro. Tinham acabado de apagar as luzes.

"Assustada, andando em círculos. Estou debaixo da terra" - Letra da música.

Música:



A Joana chegou novamente ao quarto de hospital no dia seguinte para rever a ex amiga. Mentia constantemente aos enfermeiros chamando Mariana de amiga. A jovem continuava em coma, mas os médicos estavam esperançosos que ela iria acordar em breve.
– Já me disseram que vais acordar em breve. Que triste destino o teu. Podias ficar aí mais tempo. Podias ficar aí todos os teus dias.
Joana fez um ar sério enquanto olhava para o rosto sereno de Mariana.
– Vou ter que me meter nisto também. Sempre tenho.
Ela olhou em redor do quarto. Uma almofada em cima do cadeirão ao lado da cama prendeu-lhe o olhar. Deu a volta à cama e agarrou no objeto. Voltou novamente o olhar para o quarto. Viu a porta. Viu o rosto de Mariana. Era o melhor momento. Joana colocou a almofada na cara de Mariana e ela sentiu-se a sufocar. Um dos aparelhos começou a fazer apenas um "pi" continuado.
De seguida, Joana saiu dali.

Glossário:
Puto - rapaz (Linguagem popular entre jovens portugueses).


Espero que tenham gostado!
A Joana matou a Mariana?!
Será que conseguiram fazer a distinção entre os sonhos da Mariana e a realidade?
já resolveram o mistério?
A próxima parte será postada em breve!