terça-feira, 26 de maio de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 6)

Olá, Pessoal!
Deixo-vos hoje a sexta parte do conto Longas Palavras Perdidas.
Tenho lido as vossas "apostas" sobre o que acham do mistério. Todos estão a falar da violação... Não vou dizer nada acerca disso, fiquem com a sexta parte que terá mais algumas revelações.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.

Longas Palavras Perdidas (Parte 6)

"Longas palavras perdidas" - Letra da música.

Música:





– Quem é ela? – Perguntou Rafael, o ex namorado da rapariga, a uma enfermeira.
– Mariana.
Ele pareceu surpreendido. Não fazia ideia que a ex estaria naquela cama de hospital. As notícias até ele correram mais devagar.
– E têm visto o João aqui?
– O namorado dela?
– Eles não são namorados.
– Sim, temos visto um rapaz. Parece bastante deprimido. Também tem surgido uma outra jovem. Joana.
– Ah, essa é uma ex amiga dela. Ela ajudou o meu amigo a reduzir a pena.
A enfermeira afirmou com a cabeça.
– A rapariga vai recuperar? – Ele voltou a perguntar.
– Ela está em coma, não sabemos.
– Mas ela parece feliz.
– Há estudos que comprovam que as pessoas durante o coma estão a sonhar. É provável que ela esteja a ter bons sonhos.
– Longas palavras perdidas. Quando acordar nada do que ela sonhou vai acontecer.
– Não seja pessimista.
– Não sou pessimista, senhora enfermeira, estou a ser realista.
A enfermeira sorriu, afastando-se de seguida.

"Eu não consigo encontrar palavras para falar" - Letra da música.

Música:





– A Mariana continua em coma? – Perguntou um amigo a Rafael.
– Sim. Ninguém sabe até quando.
Eles bebiam num café do bairro.
– A riquinha ficou assim por causa do João?
– Sei lá, meu. Ela já não era boa da cabeça. Acabou por terminar comigo por causa de nada.
– De nada? Ela quase morreu.
– Tiroteios há sempre por aqui durante a noite. Ela veio comigo porque quis.
– Ela veio contigo porque és um idiota. É diferente. E ela é ingénua. Isso viu-se perfeitamente.
Rafael bebeu um gole da sua bebida.
– Eu não acredito que ela tentou o suicídio por causa daquele gajo. – Lamentou ele.
– Existem doidas para tudo. E tu já sabias o que te esperava. Todos viram como foi a relação dela com o João.
– Olha, nem quero falar sobre isso.
– Mas vais continuar a visitá-la?
– E digo-lhe o quê? Vou ficar a olhar para ela a ter o seu sonho romântico com o João?
O amigo riu-se.
– Bem visto.

"Dizem que o ódio foi enviado" - Letra da música.

Música:





– Olha só como a vida é irónica. – A rapariga falava com ódio na voz. Era Joana, a jovem que ajudou João a sair mais cedo da cela. Ela não era amiga de Mariana. Desde que foi traída pela colega de turma no quinto ano que a jovem ganhou raiva por ela. A vingança corrompeu-lhe o coração.
Mariana estava serena, ligada a máquinas. Existia um "pipi" irritante.
– Espero que apodreças aí mais tempo.
Mariana continuava serena. Ninguém sabia se ela ouvia as outras pessoas. Ninguém sabe se alguém em coma ouve realmente outra pessoa.
Joana é filha de um guarda prisional e da mesma classe social de Mariana. As possibilidades dela poder salvar um criminoso são grandes. Ela leva o trabalho do pai como ajuda para as suas armas contra a ex amiga.
Antes de sair do quarto de hospital, depois de dar uma última olhadela a Mariana, ainda falou:
– Nunca vou deixar-te ir...

Glossário:
Meu - linguagem entre jovens portugueses que substitui o nome próprio.
Gajo - rapaz.


Espero que tenham gostado!
Nesta parte é revelado o nome da personagem principal: Mariana. E também o nome da ex amiga da Mariana: Joana.
A vida pessoal de Joana também já foi um pouco revelada, assim como o forma como surgiu a rivalidade entre Joana e a antiga amiga.
Será que estão a entender mais alguma coisa?
A próxima parte será postada em breve!

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 5)

Olá, Pessoal!
Hoje comemora-se o dia do Autor Português. Sendo eu portuguesa, decidi postar esta quinta parte do conto hoje.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.


Longas Palavras Perdidas (Parte 5)

"Eu fiz com distâncias. Eu fiz com motivos. Eu fiz com perguntas" - Letra da música.

Música:




Dias mais tarde, João foi visitar um velho amigo na prisão. Ali contou-lhe sobre a seu regresso à liberdade.
– Eu vi-a novamente. – Desabafou ele.
– A rapariga?
O velho amigo do João era mais velho do que ele. Já devia ter passado dos quarenta anos. Já aparentava alguns cabelos brancos. Poucos, mas persistentes. Ele ajudou o rapaz nos piores momentos.
– Ela terminou com um amigo meu. Ficou apavorada com o tiroteio que houve no bairro.
– Aquela não é a vida dela. Não é feita para estar ali.
– Eu sei. E ela deveria saber no dia em que eu decidi terminar com ela.
– Tu não terminaste com ela.
– A violação foi uma armação desse meu amigo. Foi ele quem a violou, não fui eu. Eu terminei com ela antes que a história da violação fosse confirmada.
– João, tu tens que seguir com a tua vida para a frente, não tens que olhar para trás. Estás em liberdade, tens que recomeçar a tua vida do zero.
– E vou para onde? Mal consigo trabalho. Sou um ex presidiário. Além disso tenho que ajudar a minha mãe.
– A tua mãe consegue sobreviver sozinha. Esqueceste-te que ficaste aqui cinco anos? – João ficou calado – Tens que recomeçar a tua vida, amigo. Tens que esquecer essa rapariga. Ela agora já entendeu que está a viver uma vida que não é confortável para ela.
– Mas se ela soubesse...
– Se ela soubesse o quê?
– Se ela soubesse a verdade. Se ela soubesse que não fui eu.
– E vais dizer o quê? Ela não te vai ouvir.
– Talvez pela amiga dela que me ajudou.
– Aquela que conseguiu que ficasses aqui dentro apenas cinco anos? Tu sabes que ela não é realmente amiga da rapariga, não sabes?
– Eu sei, mas eu podia tentar.
– Olha, tu é que sabes.
O homem tinha razão. Apenas o João sabia o que fazer.


"Porque nós somos estranhos quando o nosso amor é tão forte?" - Letra da música.

Música:





O amor é realmente cruel. O rapaz foi a casa dela cheio de coragem. Mas que tristeza. A pobre rapariga ficou ainda mais frustrada e amedrontada. Gritos, choro, pedidos de desculpas que não valeram nada, e, no fim, apenas conversa estagnada. Ele arrependeu-se. Ela... bem, ela... acabou no hospital.
Tentativa de suicídio.

"Eu quero alguém que me ame por quem eu sou" - Letra da música.

Música:





Ser aceite em sociedade sempre foi o maior sonho do João, mas ele sabia que as coisas não eram assim tão simples. Dizer que vivia num bairro já era um duro golpe. A rapariga também lhe tinha dado um outro golpe. Uma menina rica, de boas famílias, tinha perdido a confiança nele. Não que ela fosse o mais importante... bem, na verdade até era. Ela devia ser a primeira a olhar para ele com outros olhos, tendo em conta que era a primeira a viver fora da "comunidade". Ele só queria alguém que gostasse dele por quem ele era, não que olhasse para ele como um criminoso.
Ele fracassou bastante... Sempre foi assim.

"Eu vejo-te" - Letra da música.

Música:





Na cama do hospital tudo parecia negro, mas nos sonhos dela tudo era magia. Ao lado do João, ela conseguia viver feliz. Agora ela estava calma, em paz. Ela vivia através dele e ele vivia através dela. Sendo um sonho ou não, ela só queria que aquilo nunca terminasse. Ela agora conseguia viver no bairro, sentir-se bem ali, conseguia ver através dos olhos dele. Conseguia ver o lado bom daquele lugar. Agora via a vida de outra forma...
Que sonho...
Mas era apenas isso... Um sonho.


Espero que tenham gostado!
Muita coisa aconteceu nesta quinta parte. Tentativa de suicídio, sonho... Já conseguiram entender alguma coisa? Algum mistério?
A próxima parte será postada em breve!

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 4)

Olá, Pessoal!
Hoje deixo-vos a quarta parte do conto Longas Palavras Perdidas.
Espero que gostem!

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.


Longas Palavras Perdidas (Parte 4)

"Andei por tantas ruas e lugares, passei observando quase tudo, mudei, o mundo gira num segundo" - Letra da música.

Música:




Ele caminhou por todos os lugares novamente. As ruas estavam na mesma. Nada tinha mudado em cinco anos. A polícia continuava a fazer visitas ao bairro, tiroteios surgiam a cada noite... Como é que a vida lá fora tinha continuado igual? Em cinco anos ele mudou, mas o bairro dele... A tristeza ficou marcada no rosto do rapaz. Nada tinha mudado. Nada. Absolutamente nada. Um antigo amigo aproximou-se, após uma primeira visita ao bairro.
– Já saíste? – Perguntou ele, sério.
– Sim, Filipe.
– Liberdade condicional?
– Não. Estou em liberdade. Mesmo em liberdade.
– Ouvi que tens feito rap no xadrez.
– Sim, espero conseguir encontrar uma editora.
– Tu sabes que temos uma editora aqui. Vais fugir dos teus amigos?
– Eu sei o que vocês fizeram. – O rapaz fez uma pausa – Como soubeste disso?
– Disso o quê?
– Do rap.
– A tua mãe contou a toda a gente. Está toda contente com o seu menino músico. – O amigo riu-se. Não era um riso sincero. Ele estava a querer brincar com o rapaz.
– E eu serei.
O ex amigo olhou sério para ele.
– Tu andaste a fumar erva lá dentro, ou o quê?
– Não se pode fumar lá dentro. – Respondeu, inocente.
– Não me faças rir. Ela passa lá dentro sim.
– Que eu saiba nunca estiveste preso.
– Estive sim, por tráfico de droga. Acabei em prisão domiciliária.
O rapaz afirmou com a cabeça, entendendo.
– Voltaste a falar com a miúda?
– Nunca mais falei com ela. – O rapaz ficou sério.
– Fazes bem. Depois de teres sido preso, ela acabou por ficar aqui com um outro gajo.
– Quem?
– O André. – O amigo bufou – Toda armada em não me toques e no fim acaba na cama com outro gajo daqui do bairro. Sabes que ela anda a ser falada por aqui, não sabes?
– Não.
– A tua mãe não te disse nada?
– Eu preferi que ela não me falasse nada.
– Acho que fizeste bem. Podias ficar mais marado. Mas ela anda por aqui a rondar com ele. Ainda namoram. Acho eu.
O rapaz afirmou com a cabeça.
– Fica bem, João.
O ex amigo afastou-se. O rapaz não disse nada. Ele sabia que as palavras eram falsas. Olhou para o céu. Estava a escurecer. Vinha chuva. Decidiu ir para casa. A sua casa.


"Para aqueles que se assustam facilmente, sugerimos que afastem-se agora" - Letra da música.

Música:




– Olha só o que fizeste! – Gritava a jovem ao namorado.
– Podemos ir até a minha casa, está mais perto.
A rapariga tinha o sumo derramado na sua camisola. Estava mais quente dentro do carro. Ela não quis ir até casa dele, mas não teve outra opção. No meio do caminho, a rapariga começou a sentir-se insegura. Ouviam-se vozes violentas na rua abaixo, a rua onde estava a casa do namorado. Ela parou, amedrontada.
– Vamos mesmo para lá? – Perguntou ela.
– Porquê?
– Estou a ouvir muito barulho.
– A esta hora da noite acontece sempre. Não te preocupes.
Pois. Ela deveria ter-se preocupado. Dois gangs rivais começaram aos tiros quando eles entraram na rua. Ela ainda conseguiu ver João, o ex namorado, a sair de casa. Ele também a viu. O namorado dela ficou parado, sem fazer nada. João chamou-o.
– Rafael? Leva-a daqui. Não queres morrer.
O rapaz concordou e levou a rapariga para longe da rua, levando-a novamente para o carro.
– Acho que é melhor trocares de roupa em tua casa. Eu levo-te lá.
Ela só afirmou com a cabeça, mas estava apavorada. Durante a noite mal conseguiu dormir. A vida ia escapar-lhe das mãos.

"Sinto-me tão claustrofóbica aqui" - Letra da música.

Música:





No dia seguinte, após conversar com uma amiga decidiu dar um fim. Ela não conseguia voltar àquele bairro. Decidiu terminar com o namorado. Foi uma conversa dura e fria. Diferente do João, ele não compreendeu. Palavras sérias, uma discussão, mas cada um decidiu seguir o seu caminho. Quando se viu sozinha novamente no seu quarto teve vontade de chorar. E foi o que fez. Chorou durante alguns minutos. A vida foi realmente cruel com ela. Sentia-se claustrofóbica por algum motivo. Talvez por sentir-se encurralada no bairro, não se sentir bem naquele lugar, de não pertencer àquele lugar. Que vida triste.

"Não, não é a escola que dita os meus códigos" - Letra da música.

Música:





A escola não está preparada para ensinar todos os jovens. Os de classe alta, os de classe média alta, os de classe média, os de classe média baixa e os de classe baixa. Na verdade, o ensino não é dado a todos por igual. Ainda há um certo medo quando se passeia num bairro social. Ainda há medo dos tiroteios, dos negros, das rusgas, de se ir preso. Ainda há uma sensação de vergonha quando alguns jovens que vivem no bairro comentam que vivem no bairro. Ainda há preconceito. Ainda há amargura. Ainda há ódio. Ainda há quem feche os olhos à taxa de suicídio de jovens que vivem em bairros sociais. Ainda existe o medo de tudo o que se é diferente.
Quando é que isso mudará?
Não se sabe.
Ninguém sabe.

Glossário:
Miúda - Garota (PT/BR).


Espero que tenham gostado!
Já sabemos o nome do personagem principal: João. Filipe é um "amigo" dele. André é o novo namorado da jovem... Ou seria Rafael?
A próxima parte será postada em breve!

domingo, 17 de maio de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 3)

Olá, Pessoal!
Hoje deixo-vos a terceira parte do conto Longas Palavras Perdidas.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.


Longas Palavras Perdidas (Parte 3)

"Não quero nenhum gangsta" - Letra da música.

Música:




Dias mais tarde, ela decidiu confrontá-lo. Foi uma conversa infeliz e dura. Ele continuou a negar a violação e ela desistiu dele.
– Nós não somos iguais. – Dizia ela.
Ele falava de uma "conspiração marada" que fez com os "amigos".
– Bastante conveniente. – Falou ela.
– Mas é verdade. – Continuava ele.
A verdade é que a conversa foi a conclusão de tudo. Eles terminaram, cada um seguiu o seu caminho. Ela foi seguida por um psicólogo e ele foi preso novamente. Quinze anos de prisão. Acabou por ter pena reduzida por uma "amiga" da ex namorada. Cinco anos. A jovem nem quis acreditar quando viu a pena reduzida.
Ele sairia da prisão aos trinta e um anos. Já ela continuaria dentro de uma prisão para sempre.
Eles eram realmente de mundos diferentes. Nem queria acreditar que tinha namorado com ele. Ele conseguiu encantá-la com as palavras bonitas, as flores, os jantares... Até a descrição sobre a vida cruel dele encantou-a. Que ingénua. Sim, ela foi. Ela pensou que seria um conto de fadas, como o filme da Disney "A Dama e o Vagabundo". Foi tudo uma mentira. Depois daquele momento triste ela só pensava em ter realmente amor na sua vida e não uma página vazia cheia de mentiras.


"Este é o primeiro dia do resto da minha vida" - Letra da música.

Música:




Ele passou os cinco anos na prisão a criar rimas. Histórias sobre a sua vida foram escritas à mão, com uma letra redonda. Os violadores não passam muito tempo no xadrez, mas ele conseguiu manter-se vivo por lá com a ajuda do hip hop. Ao fim de um mês já tinha criado respeito por entre os colegas. Uma vida dura, diziam eles. Mas o rapaz não queria saber de opiniões. Ele conseguiu encontrar uma nova vida. Uma vida diferente. Uma vida que ele desconhecia.
A mãe via melhorias na vida dele. O desgosto era imenso, via-se no rosto da pobre mulher, mas conseguia ver-se também um misto de orgulho. O seu filho querido tornou-se um rapper e contava a sua vida sem mentiras.
A prisão fez bem à vida dele... Aos trinta e um anos saiu da prisão. Livre. Quer dizer, livre falando da prisão. Na verdade, ele já se tinha libertado há muito tempo. Engraçado como os amigos do bairro nunca foram realmente seus amigos, mas sim os colegas de cela. A vida é uma ironia.
"Este é o primeiro dia do resto da minha vida" - Sussurrou ele para si mesmo.
Sim, era.

Glossário:
Xadrez - Prisão

(P.S - Possibilidade de não entendimento da linguagem popular).


Espero que tenham gostado!
Afinal, muita coisa passou, o rapaz foi mesmo preso após a violação...
A próxima parte será postada em breve!

17 de Maio de 2009

Olá, Pessoal!
O dia 17 de Maio de 2009 foi o começo de tudo isto. Foi o começo deste blogue, desta "experiência" que hoje completa 11 anos.

Tudo começou pela minha professora de Educação Visual do 8º ano, Maria João (penso eu que esse foi o ano, o nome da professora eu lembro-me com toda a certeza e a disciplina também). Começar a conhecer o Blogger foi uma experiência bastante enriquecedora, embora, na época, tenha criado um blog com assuntos sobre História e não sobre o que eu escrevia a papel e caneta.

Antes de 2009 eu escrevia unicamente a papel e caneta e passava depois tudo a computador, lembro-me do cansaço que tinha em passar todas aquelas páginas a computador. Mas enfim... não é a minha forma de escrever que estou a festejar neste dia.

Os primeiros comentários foram de colegas de turma. Os seguintes, foram de amigos de colegas, colegas de colegas e por aí adiante.
2009 foi o ano da descoberta, conhecia pessoalmente todas as pessoas que comentavam no blogue, eu própria tentava mexer como deve de ser, procurar como cativar os leitores.

Terminei "Uma Vida de Sombra" neste primeiro ano, sem saber o que me esperava.
O ano de 2010 foi muito bom. Novas pessoas surgiam e os primeiros leitores vindos do Brasil também, ou seja, de outro país. Ainda hoje mantenho contacto com alguns leitores desta época e é muito bom saber que ainda hoje consigo relembrar estes bons momentos da época de ouro do Blogger.

Não nego que em 11 anos de blogue não existiram momentos difíceis. A melhor época deste blogue foi durante o momento em que as histórias "A Escola do Terror" e "Encontro com o 666" andavam a ser postadas, entre 2010 e 2012.
Em 2013 com o novo projeto "O Colégio Interno" os leitores começaram a desaparecer. O final do ano foi a primeira quebra, a primeira queda.
Em 2014 com o projeto "Uma Vida Eterna" consegui alguns novos leitores, os antigos começaram um pouco a desaparecer. Houve uma mudança no blogue. Mas com um novo projeto as coisas acabaram por ruir novamente. Houve uma segunda quebra no fim deste ano.
2015 foi o ano mais feio para mim numa forma pessoal. A inspiração estava muito em baixo e isso acabou por se revelar no blogue. A boa notícia foi o lançamento do primeiro livro.
2016 foi um ano de trabalho e indecisões.
2017 já foi um ano de aprendizagem. Um ano bom.
2018 e 2019 foram anos bonitos, calmos para o blogue. Devo dizer que consegui uma nova leitora, Rose Gleize. E aproveito para agradecer o facto de se manter presente.
2020 não sei o que me espera, mas até agora está a ser bonito. Um post está com bastantes visualizações e alguns comentários. Um ano em que tenho escrito bastante, não sei se é algo mais dramático devido ao que estamos a viver, mas é um ano de muita escrita.

Em 11 anos o blogue passou por muitas mudanças. Passou por altos (2010 - 2012), passou por baixos (2013 - 2014), eu própria influenciei o blogue com o meu estado de espírito (2015). Já pensei em excluí-lo, mas tenho tanta coisa aqui, tanto trabalho construído, tanta coisa criada, tanta memória.

Não sei até quando eu irei mantê-lo, mas enquanto ainda me sentir bem, ele aqui estará.

Hoje celebro o aniversário deste lugar. Obrigado a vocês por o manterem vivo!

Termino este post com um pequeno texto que vi há dias divulgado no Facebook da Rose Gleize, a pessoa que conheci há bastante pouco tempo, mas que está presente por aqui. Este texto é do autor Raul Drewnick.

Passo a citar:
"Alimentar um blog por muitos anos é como manter um cachorro. No início, o blogueiro e os leitores se encantam com o filhote alegre e com suas travessuras. Depois a repetição vai se tornando monótona e os latidos começam a incomodar. Na penúltima fase, o cão, o blogueiro e os leitores já mal se podem ver. E, no fim, os leitores julgam que já demonstraram suficiente piedade pelo cachorro e pelo blogueiro, os dois agora doentes, e esquecem-se educadamente de ambos, deixando que morram anonimamente, um entregue às pulgas, outro às moscas."
Blogue do autor: Raul Drewnick Blogue.

Concordo completamente com este pequeno texto. Este texto é exatamente o que tem acontecido com o meu blogue e, igual a um cão que amamos, mantê-lo-ei até... sei lá... algum dia.


Música que ouço no momento: Rascal Flatts - Bless The Broken Road (sim, country, também ouço em momentos em que preciso de escrever!)

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 2)

Olá, Pessoal!
Hoje deixo-vos a segunda parte do conto Longas Palavras Perdidas, dividido em algumas partes.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.


Longas Palavras Perdidas (Parte 2)

"Eu cresci em volta de alguns negros que não eram meus camaradas" - Letra da música.

Música:


A vida dele não era realmente um mar de rosas. Nasceu num bairro problemático. A polícia surgia a cada duas horas. A mãe quase jazia na sala com a parteira ao lado a gritar "força!". Ele nasceu quase negro (e era de raça branca). Passou dois dias no hospital. Ao terceiro dia saiu porque a mãe não teve mais dinheiro para pagar as despesas. Eles eram pobres. A mãe trabalhava como doméstica numa casa de ricos. Ele vendia droga com os colegas. Quase foi preso quando fez quinze anos, mas não tinha idade suficiente para ir para o xadrez e fez serviço comunitário durante cinco meses enquanto ia para a escola durante a manhã. Aos dezoito anos foi realmente preso após desacatos com colegas negros. Havia vinganças, promessas mal pagas. A droga e os seus males. Mas ele nunca consumiu. Ele não era um "agarrado", ele apenas vendia para pagar as contas e ajudar a mãe.
Apaixonar-se foi o seu pior erro. A jovem não tinha sequer a vida dele. Era uma riquinha mimada, filha dos patrões da mãe dele.
Se ele soubesse do seu erro mais cedo, teria sido tudo mais fácil...


"Eu sou o mesmo quando tudo dá certo. Eu sou o mesmo quando tudo dá errado" - Letra da música.

Música:




Aquela manhã depois da escuridão foi péssima para ela. A confirmação que ela deu ao seu seio familiar e de amigos foi chocante. Violação. O culpado? Ele. O rapaz que vivia no bairro pobre. Não é possível. Mas era. Para a família dela. A jovem afirma que foi violada pelo namorado. O namorado nega, mas recentemente começou a aceitar que o fez. Diários tristes e melancólicos começaram a surgir. Não apenas com palavras dela. Ele também tinha um caderno onde falava sobre tudo. A vida é cruel. Ambos sabiam disso.
– Tens que deixar esse rapaz. Ele é um violador. – Disse a mãe dela, vendo a jovem deitada na cama do seu quarto a chorar.
– Eu gosto dele.
Ela estava triste. Mas a mãe acreditava que ela ia superar.
Já ele... não acreditou. Não quis acreditar. A mãe soube da violação e deu-lhe um estalo. Não tinha sido essa a educação que ela lhe deu. O pai tinha morrido num tiroteio meses antes dele nascer. Ele tinha que respeitar a alma do pai. Ele tinha que ser um rapaz sério. Ele poderia traficar para sobreviver, mas nunca deveria tocar com um dedo numa mulher. Ele tocou. Ele tocou e durante muito tempo negou para si mesmo e para os outros. A "conspiração marada" tinha falhado. Os "amigos" não eram amigos. Ele tinha violado a namorada. Como? Ele não se lembrava. Pois, está explicado. Drogas. Ele começou a consumir.


Espero que tenham gostado!
Aqui já temos o narrador. Conseguiram saber mais um pouco sobre a vida dos dois.
O que estão a achar?
A próxima parte será postada em breve!

terça-feira, 12 de maio de 2020

Longas Palavras Perdidas (Parte 1)

Olá, Pessoal!
Começa hoje o conto Longas Palavras Perdidas, dividido em algumas partes.
Hoje deixo-vos a primeira parte.

OBS: Fiquem atentos ao narrador e tentem entender o mistério o mais rápido que conseguirem.
Avisando ainda que apenas os excertos/trechos escolhidos das músicas foram a inspiração para aquela pequena parte do conto.


Longas Palavras Perdidas

"Por que nós gostamos tanto de magoar?" - Letra da música.

Música:



A vida é realmente irónica. A gente magoa os outros sem saber a consequência que isso terá para a outra pessoa... e para nós também. Há uns dias, semanas, meses fiz um erro. Vários, na verdade, contando a minha curta vida. Vinte e seis anos de erros. Vinte e seis anos de quebras, de perdas. A vida é curta para pensar no passado, dizem. Mas a vida também deveria ser curta para errar. A vida seria melhor se fosse passada sem sofrimento, sem desgosto, sem morte. Quer dizer, a morte até que poderia estar presente, porém sem mágoa, sem traição, sem dor. Quer dizer, talvez só no momento da morte. Eu já não sei o que estou a dizer...
A única coisa que eu queria era ter uma vida melhor, uma vida sem dramas, queria que a minha vida  fosse como um filme de comédia... Mas isso... Se a gente pudesse pedir...
Mas, pelo menos, por agora, só queria que a pessoa que tanto gosto olhasse para mim de outra forma. Não nesse sentido, até porque já a tenho... ou tinha se não fosse o meu erro. E nem um ano de namoro fiz. Mas, também, se realmente terminámos nem durou cinco meses. Parece cliché, mas os nossos mundos são completamente diferentes. Nunca deveria ter feito parte de uma conspiração marada com os meus "amigos" e feito essa pessoa sofrer.
Mas eu nunca penso... nunca pensei...


"Ignorância é a tua nova melhor amiga" - Letra da música.

Música:



Nós não somos iguais. Eu sei de onde vieste, tu sabes de onde eu vim, nascemos e fomos criados em lugares distintos. Eu sei que foste tu quem errou, tu sabes que foste tu quem pisou no lugar errado, mas acabas a dizer que a culpa é minha. Dizes que sou uma pessoa cruel, dizes que não gostas de mim, mas ainda há algumas semanas dizíamos ser amigos e ainda chegámos a escrever os nossos nomes em sangue. Não quero mais "sentir" a tua dor, não quero mais ter que ouvir as tuas opiniões. Tenho que seguir a minha vida da minha maneira. Ontem olhaste para mim com estranheza, como se eu fosse alguém desconhecido. Sabes que isso dói? Mas acho que já me preparei. São sempre os mesmos truques. Eu cresci. Espero que tenhas percebido isso... Ou então não.
De qualquer forma, vou agir como uma adulta, seguir a minha vida e quando te voltar a ver na rua só te vou dizer: "Foi um prazer conhecer-te", porque, no fundo, eu não te conheço. hoje não te conheço. Nem tu a mim. Mas de uma coisa ambos sabemos. Nós não somos iguais.


Espero que tenham gostado!
Nesta primeira parte, o narrador não está presente temos apenas a apresentação das personagens principais e os seus pensamentos.
Como entenderam na apresentação, a parte do romance entre eles não foi escrito (de forma propositada).

A próxima parte será postada em breve!

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Longas Palavras Perdidas (Programação)

Olá, Pessoal!
Decidi fazer este post a mostrar os dias em que este conto será postado.

O conto será dividido em 15 partes.

Deixo a programação:
Parte 1 - Terça-Feira, 12 de Maio.
Parte 2 - Quinta-Feira, 14 de Maio.
Parte 3 - Domingo, 17 de Maio (aniversário do blogue).
Parte 4 - Quarta-Feira, 20 de Maio.
Parte 5 - Sexta-Feira, 22 de Maio.
Parte 6 - Terça-Feira, 26 de Maio.
Parte 7 - Segunda-Feira, 1 de Junho.
Parte 8 - Sexta-Feira, 12 de Junho.
Parte 9 - Sexta-Feira, 19 de Junho.
Parte 10 - Segunda-Feira, 22 de Junho.
Parte 11 - Domingo, 28 de Junho.
Parte 12 - Quinta-Feira, 2 de Julho.
Parte 13 - Terça-Feira, 7 de Julho.
Parte 14 - Segunda-Feira, 13 de Julho.
Parte 15 - Quinta-Feira, 23 de Julho.

Link com todas as partes do conto: Domingo, 26 de Julho.

Espero que gostem deste novo conto.

terça-feira, 5 de maio de 2020

Dia Mundial da Língua Portuguesa

Olá, Pessoal!
Hoje comemora-se pela primeira vez o Dia Mundial da Língua Portuguesa e decidi deixar aqui um pequeno texto.

Hoje é o dia das pessoas que conhecem a palavra saudade, hoje é o dia da língua de Camões.

O português é falado por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes, ou seja, 3,7% da população mundial.

É a língua oficial dos nove países-membros da CPLP (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste) e Macau, bem como a língua de trabalho ou oficial de um conjunto de organizações internacionais como a União Europeia ou o Mercosul.

Neste dia foi criado um desafio pelo instituto Camões, pela Porto Editora e pelo Plano Nacional de Leitura chamado "Contos do Dia Mundial da Língua Portuguesa" onde os alunos de português podem escrever um conto inédito, de uma a três páginas.

Como neste dia temos que celebrar em casa, a celebração é feita via Internet onde várias personalidades desde as letras à música vão participando no canal Youtube do Camões.

sábado, 2 de maio de 2020

Livro Solidário "À Volta da Fogueira"

Olá, Pessoal!
Num momento difícil das nossas vidas decidi ajudar onde sei melhor.
Foi com muito prazer que participei nesta iniciativa criada pela Emporium Editora. Com a compra deste livro estaremos a apoiar o SNS no combate ao COVID-19.



"Porque contagiante deve ser o agradecimento a quem heroicamente de nós cuida, “À Volta da Fogueira” é a resposta solidária de dezenas de autores que, mesmo em tempo de pandemia pelo COVID-19, aceitaram o desafio de transformar os seus contos, poesias e reflexões em donativos para apoiar o Sistema Nacional de Saúde.
Organizada pela Emporium Editora, a presente coletânea reúne trabalhos literários enviados por mais de 100 escritores, uma obra singular que ficará, para autores e leitores, como um marco de um tempo dramático para o qual ninguém estava preparado." - Elisa Lopes Antunes (Emporium Editora)

No interior encontrarão o meu conto. Curtinho, onde evidencio as nossas avós que hoje são o grupo de risco.

Em PRÉ-VENDA até ao dia 7 de Maio:


sexta-feira, 1 de maio de 2020

Longas Palavras Perdidas - Novo conto especial 11 anos blogue

Olá, Pessoal!
Maio é o mês de aniversário do blogue e decidi escrever um pequeno conto.
Este conto foi um desafio para mim porque não escrevi como se fosse algo solto, um pensamento livre da minha mente.
Quem conheceu o blogue no seu começo (2009/2010) sabe que existia um especial chamado Música da Semana que era postado todos os fins de semana. Acabei por abandoná-lo após o falecimento do meu avô, mas ainda há pessoal que se lembra.
Por esse motivo, eu decidi dividir o conto em pequenas partes usando como inspiração excertos/trechos (PT/BR) das letras das Músicas da Semana que foram escolhidas naquela época por vocês, leitores. Usando toda a letra e a lista por ordem em que foram escolhidas o conto não ficaria muito bom, não havia sequer possibilidade de o escrever, por esse motivo, e para obedecer a ordem da lista, decidi apenas pegar em pequenos excertos/trechos para que o conto fizesse sentido.
Foi um desafio, mas consegui fazê-lo.

O conto tem o nome "Longas Palavras Perdidas" e é um mistério. Irei postar dividindo por partes, deixando o excerto que foi usado como inspiração e "base" e ainda a música (que acaba por não fazer sentido pensando na letra como o seu todo, porém vocês terão o nome da música).

Deixo-vos ainda algumas mais informações:

Longas Palavras Perdidas (2020)
Sinopse (na verdade é apenas uma breve apresentação): Dois jovens de mundos diferentes apaixonam-se. As famílias e os amigos não gostam desta aproximação e deste romance, mas eles conseguem contornar a situação durante algum tempo... até que algo acontece mudando a vida de ambos.
Género: Mistério.
Conto.

Aproveito para dizer que sendo um mistério, vocês têm que estar atentos em algumas coisas. Há bastante coisa que vai sendo escondida aos leitores e queria que me fossem dando as vossas opiniões.
O tipo de narrador é bastante diferente do que o que eu costumo usar. Ele está bastante presente, conhece a vida das personagens, sabe um pouco mais do que vocês, leitores, porém falta-lhe alguma "peça" que encaixe para que o mistério esteja realmente resolvido. Tenham alguma atenção também a ele.

Espero que gostem!

OBS: O visual do blogue também mudou devido à aproximação do aniversário.