quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Reflexão + Mudanças

Olá, Pessoal!

 Começo por dizer que este texto é grande e vai demorar algum tempo para vocês o lerem, mas é importante para mim expressar isto e também para vocês que estão desse lado a usufruir de serviços, ou até mesmo atentos e próximos dos projetos em que faço parte. Aproveito para pedir desculpa a alguém que se ofenda com as minhas palavras, é apenas o que eu sinto, e tem o valor que tem.


 
 Ontem foi o meu aniversário e tive um momento de reflexão sobre a minha vida até àquele momento. Estou quase a chegar à chamada "década dos intas" e algumas vezes já li pessoas dizerem que estive dedicada a 100% a trabalhar arduamente na minha “carreira” de escritora, ou de podcaster, ou de profissional na área da literatura. Há quem me admire, há quem se inspire em mim, talvez pensando que eu sempre fui atrás dos meus sonhos, porém eu não me orgulho de nada do que eu fiz até agora.

 Olhar para trás e reconhecer que estive 12 anos no meio literário assusta-me, porque percebo que não fiz nada. Eu comecei a “escrever” (coloco aspas porque foi quando realmente comecei a levar algo mais "a sério", obviamente que já escrevia antes) em 2006. Ou seja, há 15 anos que escrevo. Em 2009 criei o blogue, expus-me ao mundo e comecei a analisar/resenhar obras literárias. Ser reconhecida, inicialmente, no Blogger como “a autora da história ‘A Escola do Terror’” não é algo de que me orgulhe hoje, se é que alguma vez me orgulhei. Depois tornei-me “a autora da história ‘Encontro com o 666’”, que virou “Encontro com o Passado” na versão publicada, tornando-se no segundo livro de uma duologia.

 Enquanto resenhista, fiz parte de dois projetos: Flawless Fanfic, onde estive de 2010 a 2014 (aliás, 2014, foi o ano da extinção do projeto), e Críticas de Fanfics, onde estive entre 2013 e 2017. Foram ótimas experiências, algumas polémicas, mas não me orgulho porque não achei importante.

 Não me interpretem mal, mas hoje olho para trás e não me orgulho de nada disto. E até, devo confessar, algumas coisas me envergonham. Não falo de polémicas em que me envolvi devido a análises literárias que escrevi, obviamente que me envergonho das que fiz no começo, mas ao longo destes 12 anos aprendi muito e soube como escrever uma análise justa e empática. Na verdade, é exatamente isso que me chamam “uma resenhista justa e empática”, foi o que algumas pessoas comentaram ontem, enquanto me desejavam um feliz aniversário. Mas, voltando ao que eu falava, envergonho-me de ter sido uma jovem inocente quando lancei o primeiro livro, por exemplo. Perdi a conta do número de pessoas que eu chamava de amigas e que perdi contacto em 2015. Comecei a ver o outro lado do mercado editorial/literário e fiquei triste. Existem coisas boas, mas também existem coisas péssimas.

 Eu não vou mentir, eu gostei de lançar dois livros, eu gostei de resenhar, continuo a gostar disso, no entanto não reconhecer a dor e o esgotamento que vivi seria uma falsa representação da minha trajetória. Contudo, poucos sabem disso.

 Ao longo destes 6 anos em que conheci e estive próxima do mercado editorial, pude conhecer muitas pessoas, algumas incríveis, outras nem tanto. Fui descobrindo o bom e o mau. Dediquei algum tempo a conhecer o meio, a aceitá-lo, a sanar algumas feridas que o lançamento do primeiro livro me deu. Aliás, a razão pela qual eu não publico mais nenhum livro desde 2017 é exatamente devido a essa ferida que me lançaram em 2015 com o lançamento do primeiro livro. É uma ferida que ainda não sei se fechou.

 Continuei presente no meio literário, tornei-me podcaster, trouxe conteúdo, tornei-me colaboradora de uma revista e este ano pude criar uma outra. Deu-me experiência. Mas tudo isto não me orgulha. Sinto que nada fiz de importante, ou, pelo menos, de interessante. Sinto que luto por algo em que só eu luto. Sinto que estou do lado de fora. Sinto-me perdida, basicamente. E uma das piores coisas que pode acontecer ao ser humano é perder-se.

 Por esse motivo, mudanças vão acontecer em 2022. A Revista Rabisca terá um fim ainda no próximo ano. Foi uma experiência enriquecedora e que gostei bastante. Foi um sonho que concretizei por breves momentos. Quando 2022 chegar, eu e a minha parceira nesta aventura iremos falar mais sobre isto. Quanto à Revista Perpétua, vou afastar-me. E em Fevereiro de 2022 irei sair do projeto Fábrica de Histórias. Vou terminar todos os meus compromissos: Resenhas e artigos. Não aceitarei mais obras para resenhar após a chegada do novo ano.

 Por muito que goste, não importa o quanto me dou, nada faz muito sentido se o meio não me der o retorno financeiro esperado, ou ansiado. E, não importa em que país lusófono estamos, se Portugal, Brasil ou Angola, em todos estes países o meio literário não tem um grande retorno financeiro.

 Sentir-me perdida, mesmo gostando do que faço, é triste. Às vezes, ficava nervosa com tudo isto. Punha demais em mim, quando não recebia nem metade, ou achava que punha. Talvez, por não receber nem metade, acho que não dou nada. Ou seja, é aquela frase “Só somos dignos quando damos”.

 2022 será um ano de mudança, ou eu espero que seja. Será um ano onde, talvez, eu me sinta realizada. Aproveitem para deixar sugestões para os últimos temas do podcast Chá de Dezembro. Atendo todas as sugestões, incluindo temas polémicos. Podem mandar mensagem privada, se preferirem.

 Aproveito para agradecer a todas as pessoas com quem conversei e me relacionei devido à Rabisca, às editoras parceiras, ao carinho e profissionalismo de todas elas.

 Também quero agradecer ao pessoal da Revista Perpétua, e também ao staff da Fábrica de Histórias. Foi um prazer trabalhar com vocês. Mas as despedidas serão melhor dadas mais à frente.

 E também quero agradecer a todos os leitores, a todas as pessoas admiradoras do meu trabalho, mesmo não sabendo nada do que acontecia “nos bastidores”.

 A partir de 2022, serei apenas uma leitora, e não mais uma resenhista. Em Fevereiro de 2022 deixarei de ser podcaster. E em 2022 (não sei ainda ao certo o mês), deixarei a Revista Rabisca.

 Espero encontrar-me e realizar-me. Esta é uma despedida, e não sei se terá volta.

 Obrigada a todos!

2 comentários:

  1. Oi, Diana.
    É isso aí! Temos que ser rápidas em perceber quando algo está errado e não está nos ajudando naquilo que a gente esperava que ajudasse e termos a coragem para mudarmos logo. Que bom que você percebeu isso logo e fará mudanças.
    Em 2022 eu também espero acertar o passo da minha vida. 🙂

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    Respostas
    1. Oi, Rose!
      Obrigada, é verdade :)

      Será difícil, mas irei ter que fazer isso pela minha saúde mental.

      Boa semana!

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