Olá, Pessoal!
Hoje vem textinho reflexivo.
Começou Setembro, o mês da conscientização (ou conscienlização) para a saúde mental. Este mês é um dos meses mais falsos do ano, só perdendo para Dezembro, onde temos o Natal e todos querem que a gente fique em família quando somos uns antissociais e/ou a família é tóxica. Ironia atrás de ironia!
Eu gosto de ser sagitariana, mas detesto fazer aniversário 10 dias antes do Natal, no meio da correria de se ser obrigado a comprar presente quando nos outros dias do ano as pessoas estão a lixar-se para os outros.
Mas um Sagitariano não deveria ficar triste com o Natal, eles vibram com a magia. O triste é que o meu mapa astral está carregadinho de Capricórnio. Eu sou mesmo conhecida por ter um coração de pedra, só não nasci no dia de Natal para comprovar que o meu sol era o mesmo signo.
Mas, enfim, voltando a Setembro porque ainda faltam três meses para o Natal... Chegámos ao Setembro Amarelo, onde toda a gente decide importar-se com a saúde mental dos outros (ou até mesmo da sua). Chegámos ao mês em que todos dizem que depressão é uma doença, enquanto que nos outros meses do ano, depressão é falta de Deus, depressão passa rezando-se.
Se a depressão passasse rezando-se, não haveria um ateu no mundo, seus crentes de plantão. Porque se há pior doença, é a doença que não se vê.
A pessoa pode morrer de doença prolongada, ou de ataque cardíaco, mas quem morre devido à depressão, nunca é levado a sério, não sei se perceberam isto. É desvalorizado.
Nós sabemos quem morre devido à depressão. Temos vários casos de artistas que se matam, mas todas as pessoas levam para a bebida. Sim, a depressão leva à bebida, mas a bebida não é a causadora.
Temos jovens a morrerem devido a desafios online e a maioria dos pais coloca a culpa nos desafios, ou de quem os criou, do que coloca a culpa na depressão. Jovens com a saúde mental intacta não participam destes desafios. Isto é unânime entre todos os psicólogos e psiquiatras no mundo inteiro, não é opinião pessoal, é algo que todos os médicos especialistas em saúde mental no mundo dizem.
Mas a culpa não é dos pais, ou só dos pais que estão desatentos, a minha geração quando estudava na escola também parecia perdida quanto a saúde mental. Eu, por exemplo, andei num psicólogo quando não precisava, e quando eu realmente achei que precisava, não o tive. E tudo isto na escola. Confesso que a própria escola levou-me a criar um certo preconceito com estes médicos psicólogos durante algum tempo.
Com 10 anos tive o meu primeiro ataque de ansiedade, pedi aos meus pais para me levarem ao médico, fiz tudo quanto era exame, porque achava que tinha um problema de coração (até porque tenho historial na família), porém nada acusou nos exames. Só anos mais tarde percebi que o meu problema não era físico, mas sim mental. A ansiedade, afinal, também se demonstra de forma física.
O mais irónico é que o povo desvaloriza durante 11 meses a saúde mental quando, na verdade, pode até ser mais importante do que a saúde física. Se algo nos doer fisicamente, de certa forma, há quem consiga se abstrair dessa dor com a ajuda da mente. Se a dor é mental, até fisicamente nos pode doer. E o pior é que a nossa própria mente não pode tirar-nos essa dor, porque já vem dela. Então, basicamente, o cérebro é que manda nisto tudo!
Quem é que ainda tem a audácia de comentar que a depressão é algo fácil, é só rezar, é só dormir que passa?! E agora surge quem acha isso e comenta um "Diana, és muito jovem para isso". E eu respondo: "Provavelmente, já tive depressão". Mas percebi a tempo. Quando percebi que tinha perdido o gosto por escrever. Sim, houve uma época em que perdi o gosto por escrever e eu escrevia todos os dias. Parei um dia porque estava cansada, desvalorizei. Parei o segundo dia, estava cansada, desvalorizei. Sete dias passaram sem eu escrever nada. Nesse sétimo dia, pensei que não era cansaço. E foi aí que eu percebi... um dos sintomas da depressão é perder o gosto de algo que se tinha.
Com a tristeza nós ainda funcionamos, mas com a depressão deixamos de funcionar. E eu parei de escrever durante sete dias. Percebi também a minha falta de socialização. Fiquei sem coragem para fazer nada. Acordar de manhã e pensar "Eu quero dormir mais, não quero me levantar agora". Hoje em dia já sei que se eu não escrever, é porque estou à frente da porta da depressão. E, dependendo se eu percebo rápida a minha situação ou não, vejo-a de porta fechada ou aberta. Se estiver aberta é pior, porque ela já nos quer receber.
Mas pior ainda é se entramos e fechamos a porta. Mas só em Setembro é que ligam para isso. Só em Setembro é que acham que é doença.
Infelizmente, Setembro é o segundo mês mais falso do ano.
Viva o Setembro Amarelo!
Não sabia disto sobre Setembro
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