Olá, Pessoal!
Deixo-vos mais um texto curto.
Especialistas dizem que os criativos são mais propensos a sofrerem de ansiedade e depressão. "Os artistas são muitas vezes pessoas mais sensíveis, sentem mais intensamente as emoções. Isso acontece geralmente com escritores, poetas, músicos, atores".
Olhei para a notícia e tive necessidade de rir. Já percebi porque suava das mãos com regularidade, porque sentia um peso no peito, porque me sentia doente. O meu problema não era físico.
Conviver com a ansiedade é algo que levo comigo desde criança. Não sou extrovertida, pareço paciente, mas o meu nervosismo é engolido para dentro de mim mesma. A primeira crise de ansiedade passei sozinha. Achei que ia morrer. Nunca contei a ninguém.
Mãos suadas sempre tive, exceto quando ficava com febre. Que ironia! Quando o meu corpo ficava doente, os meus "sintomas" de ansiedade desapareciam.
Fui a um psicólogo na escola. Não entendi porquê. Não me fez nada.
Mais crises de ansiedade. Em nenhuma delas eu revelava. Às vezes sentia vontade de chorar no meio da sala, mas ia para o quarto calmamente para que ninguém me visse. O meu quarto foi testemunha de muita coisa. De todas as crises, na verdade. Uma vez fiquei uma hora inteira no quarto só a tentar ficar calma e poder sair sem que ninguém percebesse. Às vezes ainda sentia as minhas mãos a tremerem, aí percebia que tinha saído cedo. Tinha que voltar para o meu quarto novamente. "Respira fundo três vezes e vai!", dizia para mim mesma. Mas começava a dar medo. Caminhar naquele corredor que levava aos quarto durante a noite sozinha era melhor e mais fácil. Ficar sozinha era mais fácil. Ter que sorrir, caminhar e chegar à sala era difícil. Ter que conviver é difícil. Tornei-me apática. Quanto mais quente o clima fica, mais nervosa me encontro. O inverno é tão mais fácil passar. Será que tenho uma ansiedade sazonal que ataca mais durante o verão?
Um dia tive um crise de ansiedade no meio da sala. A única. Todos me viram. Tinha acabado de sair no meio de uma claustrofobia, confinada entre uma parede e uma pilha de roupa, juntamente com uma máquina de lavar roupa. As mãos e as pernas tremeram, chorei feita uma idiota, senti frio. M*rda, viram-me! Não tinha tempo para chegar ao meu quarto e desabar ali. Tive que parar, sentada numa cadeira da mesa da sala, com a cabeça entre as mãos, a tentar conter-me. A aflição da minha avó deixava-me ainda mais nervosa. Não devia ter acontecido aquilo. E jurei para mim mesma que nunca mais iria acontecer na frente dela. Nunca iria mais acontecer na frente de ninguém, até porque ninguém entende. Quer dizer... o meu pai soube no exato momento o que estava a ter assim que me viu... Ele é ansioso... Mas hoje em dia... Sei lá... Passaram anos.
O que é sentir ansiedade? No meu caso, é sentires as mãos suadas, sem nem teres calor, na verdade sentes frio, tremeres as mãos ou as pernas, sentires o coração a bater depressa, como se estivesses a ter um ataque, mas não estás, sentires dores físicas, mas perceberes que o problema não está no teu corpo, mas na tua mente. Quando passa a crise, sentes exatamente isso: Foi a tua mente, não o teu corpo. Ótimo, não vais morrer!
Mas... e pensamentos suicidas? Não há? Estamos a falar de depressão agora, vamos ter calma! Mas, calma como, se a pessoa é ansiosa? "Vamos ter calma", repetes três vezes, se for preciso. Procuras ajuda no doutor Google. M*rda, estou depressiva! Não posso, o meu pai é só ansioso, ele sabe o que é uma crise de ansiedade. Por que não falas com ele? Ele já não tem isso, idiota! E ela começa a discutir com a mente dela por ser tão estúpida. Quem vai te ajudar? Sei lá, o psicólogo da escola achava que iria fazer alguma coisa, quando eu era apenas vítima de bullying e não tinha nada. A mente sacode a cabeça de forma negativa. Estás por tua conta, jovem! Tu sabes que os comprimidos vão deixar-te dependente, tu és muito nova para isso. Vamos com calma!
E ia para a cama dormir depois das 2 da manhã porque antes disso eu não adormecia. "Tu não trabalhas, por isso é que não dormes logo", diziam. É verdade, por esse motivo é que ia tarde. Engolia choro no meio da sala, desabava no meu quarto. Escrevia, não chorava. Se chorava, não escrevia. Sim, talvez a arte tenha ligação. Calma, está a ajudar-me! Ah, que bom! Talvez por pouco tempo...
"Especialistas dizem que os criativos são mais propensos a sofrerem de ansiedade e depressão".
Então talvez seja isso, sofro de ansiedade por ser criativa.
P.S - Texto retirado de um projeto que estou a reescrever. Uma das personagens é bastante parecida comigo. E sim, também sou criativa e a sofrer de ansiedade. Normal... ou uma estupidez para os céticos.
Oi, Diana.
ResponderEliminarMuito bom o relato da sua personagem. Muito bem selecionadas as palavras e escrito o texto.
Eu já tinha ouvido alguém, um conhecido meu, falar sobre a depressão sazonal, mas não sabia que a ansiedade e a depressão podiam atacar em tempos mais quentes também, pensei que era só em tempos mais frios. Bom saber. Vivendo, lendo e aprendendo.
Ish! Nem percebi que estava fora da minha conta através da qual costumo comentar por aqui. Sou eu, a Rose Gleize. Vou refazer o comentário com a minha conta. Pode excluir esses comentário em anônimo depois.
EliminarOi, Diana.
ResponderEliminarMuito bom o relato da sua personagem. Muito bem selecionadas as palavras e escrito o texto.
Eu já tinha ouvido alguém, um conhecido meu, falar sobre a depressão sazonal, mas não sabia que a ansiedade e a depressão podiam atacar em tempos mais quentes também, pensei que era só em tempos mais frios. Bom saber. Vivendo, lendo e aprendendo.