Vemos constantemente atletas a serem alvo de insultos racistas por parte de adeptos, porém, desta vez, o caso alastrou-se chegando até ao estrangeiro.
O jogo de domingo entre o F.C. Porto e o Vitória de Guimarães foi um momento vergonhoso. O futebolista Moussa Marega foi insultado por adeptos e quis sair de campo.
Créditos: Jornal Económico |
Muitos defendem de que "Portugal não é um país racista" e que são "coisas sem importância".
Claro que Portugal é um país racista. O tempo do Salazar já foi, mas ainda temos a mentalidade.
E ser humilhado é uma "coisa sem importância". Faz sentido se não for você a pessoa humilhada.
Mais engraçado do que isto (que não é, na verdade, nada engraçado, mas enfim...) é existirem pessoas contra o racismo que defendem que o tempo do Salazar deveria voltar. Devo lembrar que no tempo do Salazar não existia racismo pelo simples facto de que nem sequer existiam pessoas negras no país. Ou melhor, continuava a existir racismo, porque Salazar não permitia pessoas negras no país, existia um racismo de um modo "fechado". Os nossos avós já devem ter falado de que encontrar uma pessoa de raça negra naquela época era quase 99% impossível. Apenas se via, algumas vezes, perto do Hospital do Ultramar, que hoje é o Hospital Egas Moniz (coisas que já ouvi dizer).
Mas não, vamos insistir de que Portugal não é um país racista. Que algumas pessoas não chamam "macaco" a uma pessoa de pele negra, que, na verdade, aperta a mão a um negro, ou que dá trabalho a uma pessoa de cor escura.
Tirando um pouco o contexto do futebol, todos nós, em algum momento das nossas vidas vemos situações de racismo, frases xenofobas, discriminação... Isso existe. Não vamos fechar os olhos para isso.
Deixem-me partilhar uma situação em que me vi envolvida:
Há uns anos tive uma colega negra, vinda de Angola, e eu era das poucas pessoas que conversava com ela. Era uma jovem muito simpática, mas bastante tímida. Tinha vindo de Angola para Portugal naquele ano, era um país novo para ela. Tentei ajudá-la a integrar-se e apresentei-lhe alguns amigos meus. Lembro-me de uma vez caminhar com ela na rua, íamos almoçar juntas e ver uns quatro rapazes a comentarem sobre a cor de pele dela. Se até eu me senti mal por isso, acredito que ela tenha sofrido mais na época.
Mais engraçado do que isto (que não é, na verdade, nada engraçado, mas enfim...) é existirem pessoas contra o racismo que defendem que o tempo do Salazar deveria voltar. Devo lembrar que no tempo do Salazar não existia racismo pelo simples facto de que nem sequer existiam pessoas negras no país. Ou melhor, continuava a existir racismo, porque Salazar não permitia pessoas negras no país, existia um racismo de um modo "fechado". Os nossos avós já devem ter falado de que encontrar uma pessoa de raça negra naquela época era quase 99% impossível. Apenas se via, algumas vezes, perto do Hospital do Ultramar, que hoje é o Hospital Egas Moniz (coisas que já ouvi dizer).
Mas não, vamos insistir de que Portugal não é um país racista. Que algumas pessoas não chamam "macaco" a uma pessoa de pele negra, que, na verdade, aperta a mão a um negro, ou que dá trabalho a uma pessoa de cor escura.
O preço da luta pela dignidade (de uma pessoa negra) e pela igualdade (querida por uma pessoa branca) nunca foi tão alto...
Olá, Diana.
ResponderEliminarAo ver a postagem, fui pesquisar para entender sobre o caso, pois deve ter sido noticiado nos jornais daqui, mas nos últimos dias e tempos não tenho acompanhado muito aos telejornais e não sabia do ocorrido abominável, entretanto me mantenho sempre informada através da internet.
Por tudo o que vi e li na postagem, como pessoa negra que sou, é que eu reforço o meu pensamento e digo que precisamos todos nos envolver mesmo e lutarmos contra o racismo; no esporte então, é uma questão ainda mais indispensável. Não podemos parar, se pararmos o preconceito vai permanecer, é só lutando contra que conseguiremos nos conscientizar e conscientizar uns aos outros, descolonizar nossas mentes e diminuir a discriminação.
Não diria que ocorrências como a que descreve são abomináveis. Penso, até, que uma bem estruturada e solidamente formada pessoa de outra cor se sentirá tentada a um sorriso de pena pelos autores. Coisas destas parecem-me, antes, profundamente tristes e denunciadoras, mais do que de racismo, da alarvidade parola que por aí grassa, endémica na cultura 'tuga' da maioria dos portugueses.
ResponderEliminarPondo de parte as paixões e as tendências, procurei refletir, de forma isenta e objetiva, sobre o tema em gosto de a convidar a visitar e comentar.
Outros temas sociais são abordados no separador "Sociedade", que poderá querer consultar.
Votos de uma boa semana!