Hoje é o Dia Internacional do Livro Infantil e vim falar-vos sobre a saga Os Cinco da autora britânica Enid Blyton.
De certeza que uma das memórias que todos nós temos enquanto leitores infantis e infanto-juvenis é de ter lido esta saga. E se não leu, não teve infância.
Recentemente os livros de Enid Blyton ganharam destaque na banda desenhada, os conhecidos quadradinhos.
O projeto foi dado a três franceses, que começaram o trabalho, fazendo surgir o primeiro livro da coleção "Os Cinco e a Ilha do Tesouro", onde os irmãos Júlio, David e Ana vão passar as férias do verão em casa da tia Clara, conhecendo a prima Zé e o cão da jovem, Tim.
Fico feliz por ver esta saga ser retratada em banda desenhada.
Foi graças a estas personagens que várias gerações de jovens procuraram passagens secretas em todos os cantos das suas casas, sonharam encontrar tesouros e prender bandidos.
Já sobre a autora, Enid Blyton, há alguns meses li algumas notícias que diziam que a Casa da Moeda britânica recusou fazer moeda comemorativa pelo facto de Blyton ter sido “racista, xenófoba e homofóbica”.
Isto ocorreu no 50.º aniversário da morte da autora que criou também a personagem Noddy.
A escritora portuguesa Alice Vieira que escreveu uma biografia chamada "O Mundo de Enid Blyton" falou na época que "os escritores deixam livros, o mau feitio é com eles".
A escritora portuguesa, que chegou a falar com a filha mais nova de Blyton, Imogen Smallwood, com fãs e com jornalistas que estudaram a vida da britânica, defendeu a romancista.
É certo que nas suas investigações e pesquisas para puder publicar a biografia, a autora descobriu uma mulher "terrível", que passou a vida a escrever para crianças, mas não as suportava. Enid escrevia a maior parte do tempo e a filha mais nova só soube que tinha mãe aos 10 anos.
A autora portuguesa defende que a moeda era para comemorar o trabalho de Blyton e não a sua vida pessoal. A escritora britânica levou os jovens a ler e isso é realmente uma coisa incrível, até mesmo nos dias atuais.
Semelhante a uma outra biografia lançada por Nadia Cohen em 2018, Blyton esteve envolvida em escândalos sexuais que mancharam a sua reputação. A ama que Enid contratou para cuidar das suas duas filhas tornou-se sua amante, após ver o seu casamento com o primeiro marido ruir devido a uma traição por parte dele.
E também no cinema a atriz Helena Bonham Carter, que interpretou Blyton para uma série da BBC, confessou sentir-se surpreendida com a história de vida da autora.
Mas, no fundo, será que importava saber a vida pessoal da autora? Será que realmente importa? Ou só importa todo o seu legado enquanto escritora?
Oi, Diana!
ResponderEliminarEssa é a postagem que eu disse que estava procurando em seu blog.
Aqui no Brasil temos um problema parecido a respeito dos livros de Monteiro Lobato. Algo que é possível ver não só nos livros que ele escreveu como nos livros que ele traduziu. Por enquanto, talvez, pois já há escritores brasileiros (pelo menos, que eu saiba; podem haver estrangeiros envolvidos no caso também!) que resolveram reescrever as histórias do autor, substituindo os termos racistas que ele usou por outros não-racistas. Eu mesma fico com um pezinho atrás ao ler os livros que ele traduziu sobre se o autor original da obra "disse"/escreveu aquilo mesmo ou se foi só algo que Monteiro Lobato modificou à maneira dele, acrescentou ali e que não tinha nada a ver com a história, se era só mesmo um preconceito bobo da parte dele. No livro Pollyanna mesmo, por exemplo, que eu estou relendo e transcrevendo para o blog a partir de uma tradução dele, isso tem acontecido muito depois que eu fiquei inteirada a respeito do modo preconceituoso como ele conduzia personagens negros e personagens brancos sobre os negros nos livros dele e de um livro eugenista que ele tentou publicar nos Estados Unidos, mas foi recusado pelas editoras de lá (ainda bem!), por várias editoras, aliás; tenho tido atenção redobrada para não deixar nada preconceituoso e racista ir ao ar; já encontrei algumas coisas duvidosas lá que, sem um senso crítico, passam despercebidas aos nossos olhos.
Na época dessa postagem eu quis comentar a respeito, relacionando o caso da autora em questão com o caso de Monteiro Lobato aqui do Brasil, mas eu ainda não tinha uma opinião formada sobre o assunto, como ainda não tenho, e na época eu não sabia o que e como comentar.
Talvez o meu comentário não tenha sido tão bom, mas me senti melhor preparada para falar a respeito agora e munida de certo conteúdo e bagagem sobre o assunto do que dois anos atrás.
No caso da autora europeia, eu não sei, porque não a conheço bem e nunca li nenhum livro dela para dizer por meio disso pelo menos ou com propriedade, vi falar dela pela primeira vez nesta sua postagem (ao mesmo tempo em que na época, eu ia usar uma imagem de um site de imagens gratuitas da internet contendo alguns livros dela em um post em meus blogs, mas vendo a sua postagem eu desisti; lembro que eu até cheguei a inserir e publicar a imagem junto com a postagem, se estou correta, mas ao ver a sua postagem logo depois, questão de algumas horas ou dias, eu retirei a imagem do ar, troquei por outra!), então eu não me sinto no direito de opinar. Mas no caso de Monteiro Lobato, eu acho que isso importa, sim, porque ele não apenas se mostrou preconceituoso em suas ações, mas em sua escrita; ele deixou transparecer isso em suas histórias e livros.
Aqui uma matéria sobre o livro com ideias eugenistas que Monteiro Lobato tentou publicar nos EUA.:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-53115152
Um abraço com votos de ótima semana pra você! 🌸🌸🌸
~Cartas da Gleize. 💌