Capitulo 1
Passou um ano, um ano de vários concertos, uma ano de fama e um ano de aulas e de exames para a Micaela. Era dia 21 de Junho e era o último dia de aulas da Micaela. Os corredores da escola da Micaela, em Lisboa, estavam estranhamente desertos. Nem um som ecoava no interior do bar. Não se via ninguém subir apressadamente as escadas, não havia ninguém a correr nos corredores. O único som que se podia ouvir era dos professores a darem as suas aulas habituais. A turma onde se encontrava a Micaela estava a ter aula de Inglês, mas claro que ninguém ouvia a professora. Vários alunos, incluindo a Mimi, olhavam de 5 em 5 minutos para o relógio de parede. Quando finalmente a Mimi olhou pela octogésima vez (ou mais vezes), reparou que os ponteiros indicavam 14:58. Faltavam 2 minutos para saírem daquela aula triste e cansativa. A professora de Inglês é que estava completamente alheia ao facto de nenhum aluno lhe estar a prestar atenção.
– Vocês, depois de acabarem este ano em paz e sossego, lembrem-se que têm de se lembrar sempre do que vocês aprenderam na escola. – Dizia ela.
A Micaela olhou para a colega que estava ao lado dela na mesa que era a amiga Patrícia e viu que esta estava a olhar pela janela com um ar sonhador.
– Dêem largas aos vossos sonhos e façam a escolha correcta, mas antes disso aproveitem os dias quentes do verão. – Dizia a professora.
A Mimi deu um encontrãozinho no braço da Patrícia, a ver se ela acordava e disse:
– Estás a ouvir o que a professora disse agora? Será que endoideceu de vez? Claro que endoideceu, ela já devia saber que nós vamos aproveitar o verão.
A Patrícia ficou espantada.
– Tu ainda estás a ouvir a professora?
– Os disparates dela sim.
A Patrícia olhou para o relógio de parede.
– Falta um minuto. O futuro está a começar. – Disse ela à Mimi.
Quando começaram a faltar 50 segundos para o toque, os alunos começaram a se mexer nas cadeiras e a pensar: “O verão está a começar, o nosso futuro temos de pensar”.
Trimmmm! A campainha tocou e todos os alunos da escola saíram das salas e começaram a correr para ir ter com o verão. Chegou a hora de dizer adeus à escola.
A Mimi e a Patrícia encaminharam-se para os seus cacifos quando a Patrícia disse:
– O teu futuro já está feito. O meu é que nem por isso.
– Anima-te. – Pediu a Mimi.
– A Mariana e a Teresa vão te buscar, não é? – Perguntou a Patrícia.
– Sim.
– Era bom se pudessem cantar uma música para nós.
Uns rapazes da turma delas ouviram o que a Patrícia tinha acabado de dizer e concordaram:
– É verdade, tens de cantar, nem que seja uma música.
A Micaela sorriu.
– Vamos fazer os possíveis.
Entre risos e conversas, todos se dirigiam para o portão da escola, assinando também os livros de curso. A Micaela dirigia-se para perto das suas colegas da banda com a sua colega de turma, Patrícia. Quando finalmente se encontraram junto das colegas da Micaela, a Patrícia não perdeu tempo e informou:
– Nós queríamos que vocês cantassem uma música para nós. Será que é possível?
A Micaela arregalou os olhou para a Patrícia, como se estivesse a mandar calá-la. Contudo, a Patrícia não percebeu.
– Era boa ideia. – Respondeu a Teresa à pergunta da Patrícia, alegremente.
– Já viram os jornais? – Perguntou a Mariana.
– Sim. Os 3+3 estão na primeira página e o título é sempre parecido a: “3+3 ganham de novo”. – Respondeu a Patrícia, alegremente.
A Micaela sorriu, mas não foi um sorriso de contentamento, foi mais um sorriso de como se tivesse sido desprezada.
– Onde é a espécie de palco? – Apressou-se a Teresa.
“O quê?” – Pensou a Micaela. Ela estava tramada, agora teria de cantar perto das pessoas e o pior é que teria de cantar para os colegas da sua turma. Um terror.
– É ali. – Respondeu a Patrícia à pergunta da Teresa, apontando.
– Então vamos lá.
Encaminharam-se para lá e pegaram nos microfones que já estavam ligados e anunciaram:
– Vamos cantar agora uma música que foi escrita pelos rapazes da banda.
Começaram a cantar, sem som claro e todos os alunos da escola aplaudiam, como se o som da música estivesse presente. Embora estivessem só as raparigas da banda a cantar, os alunos batiam palmas. O pequeno espectáculo estava fantástico. Depois de ter acabado a canção, lançaram a correr para fora do portão da escola a caminho do verão, da liberdade e do futuro.
Capitulo 2
Uma semana depois, os 3+3 estavam prontos para voltarem para o Algarve, mas o editor tinha aparecido em casa deles para lhes dar uma notícia importante.
– Têm de apanhar o avião para a Índia, acho que este verão não vai ser passado no Algarve.
O Pedro não queria acreditar no que estava a ouvir.
– O quê?
– É isso que vos estou a dizer. Há um realizador que vos quer no seu filme de Bollywood e ele é Português, embora pensem que ele possa ser indiano.
A Teresa gritou de entusiasmo. O editor fez uma cara triste.
– Só há um problema.
As caras de entusiasmados dos 3+3 passaram a caras de preocupados.
– Qual é o problema? – Quis saber o Carlos.
– Só as raparigas é que podem viajar.
Olharam-se uns para os outros com caras tristes.
– É a vossa oportunidade de serem estrelas de cinema. – Continuou o editor.
A Micaela, com cara triste, respondeu:
– Não vamos.
E dizendo isto foi arrumar as suas malas para ir para o Algarve. A Mariana foi ter com ela.
– Mas não vamos o quê? Vamos sim.
– Têm de pensar depressa, o realizador quer uma resposta dentro de 24 horas. – Avisou o representante.
– Dê-mos um minuto, nós temos de falar. – Pediu o Luís.
– Está bem. – Respondeu o editor.
Eles foram para a cozinha para falarem mais à vontade, enquanto o editor estava à espera da resposta deles na sala.
– Então?! Isto é a nossa grande oportunidade. – Disse-lhes a Mariana.
– Nossa? – Perguntou o Carlos – Que eu saiba vocês é que vão para Bollywood.
– E que eu me lembre, no ano passado, quando andámos no Algarve, prometemos que esta banda não iria acabar. – Relembrou o Luís.
– Mas é a oportunidade dos 3+3 se tornarem estrelas internacionais. – Disse a Teresa.
– Também estás de acordo com a Mariana, Teresa? – Perguntou o Pedro.
– Claro que estou, nós queremos ser estrelas. – Respondeu a Teresa.
– Nós não. Vocês é que querem ser estrelas, vocês é que vão para Bollywood. – Disse o Luís.
– A banda vai estar sempre connosco, Luís. E vocês vão ser conhecidos na Índia, porque nós vamos falar de vocês. – Explicou a Mariana.
– Estás a falar a sério? – Quis saber o Carlos.
A Mariana fez um sim com a cabeça.
– Vendo bem, esta até pode ser a nossa oportunidade. – Disse a Micaela.
– Ou o nosso destino. – Acrescentou o Pedro.
– Então, vamos para a Índia. – Gritaram as raparigas.
– Ainda bem. Estava a ver que me assustavam. Amanhã de manhã trago-vos novidades. – Disse o editor.
– Está bem, adeus. – Disseram eles.
O editor saiu da casa dos 3+3.
Capitulo 3
Nessa noite, a Mariana e a Teresa sonharam com a ida à Índia, mas os rapazes e a Mimi tiveram pesadelos. Se antes eles tinham a mesma opinião, agora estava a ser diferente. Tudo estava a alterar-se. Os quatro reviravam-se na cama e acordavam com frequência.
Quando finalmente os ponteiros do relógio bateram para as 7:00 é que os quatro acabaram por conseguir cair no sono, mas agora já era tarde, tinham de se levantar. Vestiram-se, tomaram o pequeno-almoço e esperaram, com ansiedade, a visita do editor. Quando a Teresa ia sentar-se numa cadeira é que bateram à porta. Foi à porta e abriu-a. Era o representante. Todos olhavam para ele com emoções iguais, eles queriam saber desesperadamente as novidades. O editor tinha um sorriso estampado no rosto o que queria dizer que, a princípio, as novidades que ele tinha não eram más.
– Bom-dia, meninos! Dormiram bem? – Perguntou o editor.
– Alguns sim. – Respondeu o Pedro, com um sorriso, mas depois perdendo-o – Outros não.
– Então? Têm de se alegrar. – Pediu o editor.
– Ai é? Se tiver novidades más, pode nos dizer. – Disse o Carlos, sarcástico.
– Não tenho novidades más. – Garantiu ele.
– Então quais são as novidades que tem? – Perguntou a Mariana, alegre.
– Parece que as raparigas não são as únicas que vão viajar.
Os rapazes não estavam a acreditar no que estavam a ouvir.
– O quê? – Perguntou o Luís.
– Também vamos para a Índia? – Quis saber o Pedro, a sorrir.
O editor negou com a cabeça e os rapazes perderam o sorriso.
– Não fiquem assim, vão para os Estados Unidos. – Disse o representante.
– O quê? Estados Unidos? Fazer o quê? – Perguntou o Carlos, sem conseguir acreditar.
– Querem que vocês protagonizem um filme de musical. – Respondeu o editor.
Os 3+3 olharam uns para os outros com caras de parvos. Não estavam a acreditar no que estava a acontecer. Os rapazes da banda num lado e as raparigas no outro? Mas como iriam fazer alguma coisa para a banda continuar? Era impossível. Mas eles sabiam que era a grande oportunidade de mostrarem ao mundo o seu potencial para estrelas de cinema e os rapazes aceitaram o convite.
– Amanhã cada um de vocês vai para o avião e vai seguir o seu caminho, depois das gravações vocês voltam. – Disse o editor.
Eles não estavam a acreditar. Despedidas? Eles não iriam aguentar. Mas tinha de ser para lutarem pelos seus sonhos. O editor, depois das despedidas, saiu da casa deles.
Capitulo 4
Nessa noite, a Micaela estava sozinha no seu quarto quando bateram à porta. Era o Luís que, ao vê-la deitada na cama a olhar para o tecto, com um olhar sonhador, foi sentar-se ao lado dela. Via-se que no rosto da Micaela estada descrito o vazio.
– Porque não vais lá para a sala ter connosco? Estamos a divertirmo-nos. – Disse ele.
Percebia perfeitamente que a Micaela estava preocupada com qualquer coisa.
– Não me apetece. – Respondeu ela, com uma cara triste.
O Luís tentou de novo. Ela teria de lhe dizer a razão por que ela estava assim.
– Não vais sequer despedir-te de nós amanhã?
A Micaela olhou para ele. Afinal ele sabia a razão por ela estar triste. Ao princípio, ela hesitou, mas não querendo responder à pergunta, fez outra.
– Achas que... a banda vai terminar de vez, Luís?
– Terminar de vez acho que não! – Respondeu ele, para desanuviar o ambiente. Depois, com um ar sério, disse – É possível que as pessoas pensem que os 3+3 vão acabar, mas acho que não vão.
– Sinto que isto não passou de uma perda de tempo. – Admitiu ela.
– Mas valeu para seguirmos os nossos sonhos. – Disse ele.
A Micaela sorriu ao olhar para ele, mas, depois de desviar o olhar, ficou triste.
– Mas vamos ficar cada um por seu lado. Já não é um por todos e todos por um.
– Isso é se nós deixarmos.
A Micaela sorriu.
– Tens a certeza?
O Luís fez um sim com a cabeça.
– Obrigada.
O Luís sorriu.
– Vais lá para a sala?
Nesse momento, são interrompidos pela Teresa e pala Mariana.
– Podemos falar com a Mimi? – Perguntou a Mariana.
– Sim. – Respondeu o Luís, sorrindo para a Micaela e depois, levantando-se da cama, saiu.
A Micaela perguntou:
– O que querem?
A Teresa fechou a porta e foi ter com a Mimi.
– Se estás aqui, porque tens medo que a banda acabe, acho que estás com azar.
– O quê? – A Micaela não estava a acreditar.
– Sim, Mimi, não tenhas esperanças. – Disse a Mariana, indo também ter com ela.
– Vocês ouviram a minha conversa com o Luís, não foi? – Quis saber a Micaela.
– Não, só supúnhamos que estavas aqui por causa da banda. – Respondeu a Teresa.
– Sabem que mais? Acho que isto foi uma perda de tempo, se vocês não queriam que eu tivesse a ideia de fazer uma banda, diziam-me. – Despejou a Micaela, de uma vez por todas.
– Nós, ao princípio, não quisemos, mas tu perguntaste aos rapazes e eles disseram que sim. – Relembrou-lhe a Teresa.
– E foi aí que quisemos também entrar. – Acrescentou a Mariana.
– Foram sinceras quando nos disseram que queriam entrar para a banda? – Perguntou a Mimi.
A Mariana e a Teresa olharam uma para a outra, depois virando-se para a Micaela, a Teresa disse:
– Eu só quis entrar para poder ser famosa. – Admitiu.
– E eu só quis entrar para depois de sermos estrelas em Portugal, sair da banda e tentar ser dançarina. – Admitiu também a Mariana – Por isso é que te pedi para tu não recusares o convite, porque o teu sonho é ser actriz, Mimi. Embora houvesse esse teu sonho de fazer uma banda.
– Mas acima dos meus sonhos, está a amizade entre amigos, entre grupo. Se conseguir seguir o meu sonho e não ter sequer nenhum amigo para me apoiar é como se não valesse nada o que eu fiz. Percebem? – Perguntou a Micaela, a despejar tudo o que tinha dentro da alma.
A Mariana e a Teresa estavam boquiabertas.
– Nós percebemos. – Respondeu a Mariana.
– Vamos sair. Até já. – Disse a Teresa.
– Até já.
Capitulo 5
A noite foi mal passada, pois não conseguiram dormir. O novo dia apareceu. Os 3+3 vestiram-se e foram para o aeroporto. Quando chegaram ao aeroporto, começaram as despedidas (a pior parte).
– Boa sorte! – Disseram uns para os outros.
A Mimi foi falar com o Luís em particular.
– Agora os caminhos dos 3+3 vão se separar. – Disse-lhe ela.
– Fica tranquila, quando acabarmos as gravações voltamos a Portugal. Vamo-nos ver em breve.
– Só espero que o “em breve” não seja muito tempo.
Eles voltaram para perto dos amigos e despediram-se.
– Até breve.
Embarcaram nos aviões e foram de viagem para o futuro. As três raparigas traziam poucas malas: as três não, a Mimi e a Mariana, pois a Teresa trazia montes de malas. Era a roupa, a maquilhagem, os cremes hidratantes para as mãos, entre outras coisas menos importantes. A Mariana e a Mimi até comentaram uma com a outra, porque é que a Teresa levava tanta coisa se iam para outro país e os costumes eram completamente diferentes.
Quando se instalaram nas cadeiras do avião, começaram os comentários acerca do novo país que iam visitar.
– Vai ser tão bom não passar o verão no Algarve. – Comentou a Teresa.
– Pois é. – Concordou a Mariana.
– Acho que isto foi tudo um erro. – Disse a Micaela.
– Tens de pensar agora no teu futuro. – Avisou a Mariana.
– E, de preferência, sozinha. – Disse a Teresa.
– Eu não posso pensar sozinha, nós éramos um grupo.
– Mas as ideias mudam e as pessoas também. – Explicou a Teresa.
– As pessoas já não se vão lembrar dos 3+3, o grande grupo. Isto vai acabar. – Disse-lhe a Mariana.
No outro avião, a conversa dos rapazes também era quase a mesma: o Luís pensava que a ida aos Estados Unidos era um erro e o Carlos e o Pedro tentavam-no mudar de ideias.
***
Quando o avião para a Índia aterrou, as raparigas pegaram nas malas e entraram num carro que as levaria à cidade onde decorreriam as gravações. Na Índia estava sol, para surpresa da Teresa que pensava que na Índia o tempo era chuvoso. Aí, Mimi relembrou-lhe o tempo em que em Geografia davam os países e tudo relacionado com os mesmos.
A viagem de carro demorou pouco tempo e as raparigas estavam perto do hotel onde ficariam hospedadas durante o período em que estariam a gravar. A Teresa não resistiu em mandar um comentário:
– Este hotel é lindo e deve ter serviço de quartos, sim porque nós vamos ser importantes.
– Claro que sim. – Concordou a Mariana.
As três amigas entraram no hotel e seis homens pegaram nas malas das três raparigas para as levar para o quarto. Ao chegarem ao quarto, elas ficaram deslumbradas. O quarto era lindíssimo.
– Sinto-me uma pessoa rica. – Disse a Mariana.
– É lindo! – Exclamou a Mimi.
A Teresa também ficou deslumbrada.
– Pois é – Depois, virando-se para os homens que levavam as suas malas – Cuidado com isso. É importante.
A Mariana e a Micaela riram uma para a outra.
Nos Estados Unidos, os rapazes também já estavam dentro do hotel. O hotel também era lindo...
O novo futuro estava a chegar.
Capitulo 6
Era de noite e a Micaela estava a olhar para o céu pela janela do seu quarto. A Mariana e a Teresa foram ter com ela.
– Então? O que se passa? – Perguntou a Teresa.
– Estou a pensar na banda. – Respondeu a Mimi.
– Não penses mais nisso. – Pediu a Mariana.
Nesse momento, uma estrela cadente aparece no céu e elas, à pressa, pedem um desejo.
***
Nos Estados Unidos, os rapazes estavam a fazer exactamente o mesmo: a pedir um desejo... mas com uma pestana.
***
Na Índia, a Mimi, depois de ter pedido o desejo à estrela, levantou-se e foi à casa de banho. Lavou a cara e escovou o cabelo. Via-se que ela estava triste. A Mimi pensava que a banda tinha acabado de vez. Olhou para o espelho e chegou a admitir a ela mesma que estava mal, muito mal. E não tinha a certeza só psicologicamente, fisicamente estava a ver no espelho a cara de uma estranha que para ela se mostrava ao princípio, agora já se notava que a cara parecia-lhe familiar e foi aí que se lembrou: há um ano atrás, antes de conseguir formar a banda, os altos e baixos da banda e o pior... os pesadelos. Arrepiou-se e chorou baixinho para que a Mariana e a Teresa não a ouvissem.
Quando finalmente parou, saiu da casa de banho e foi ter com as amigas. Agora, ela já não queria saber se existia banda ou não, o que sabia era que iria lutar pelo seu futuro, qualquer que fosse o desafio. Sendo assim, olhou para a Mariana e disse-lhe:
– Obrigada.
A Mariana e a Teresa olharam uma para a outra.
– Porquê? – Perguntou a Mariana, sem perceber.
– Por acreditares em nós. Se não fosses tu, nunca estaríamos aqui. Foste fenomenal.
– Sabes que eu faço tudo para nos mantermos unidas. – Respondeu a Mariana, olhando de relance para a Teresa.
– Estão prontas para os novos planos? – Mudou a Teresa, de assunto.
– Sim. Já sabes o horário do ensaio? – Perguntou a Mimi.
– Os horários. – Emendou a Teresa.
– Mas são muitos? – Perguntou a Mariana.
– Alguns. – Respondeu a Teresa, a rir-se – Se não nos despacharmos chegamos atrasadas, portanto vamos dormir.
Capitulo 7
A noite das raparigas foi cheia de sonhos, enquanto a manhã dos rapazes nos Estados Unidos foi cansativa. Já estavam a gravar as primeiras cenas e o realizador não lhes facilitava a vida. Quando eles fizessem um passo em falso ou uma expressão facial que não era satisfatória, eram obrigados a repetir a cena. O realizador também não tirava os olhos deles, corrigindo-os sempre que faziam alguma coisa mal. Se o Carlos não tocasse bem uma nota musical, o realizador dizia-lhe para melhorar. E se o Pedro não fizesse uma boa expressão facial, o realizador mandava-o fazer a cena de novo, até que conseguisse.
Mas, quando havia pausas, eles sabiam bem o que iriam fazer: divertir. O Carlos e o Pedro divertiam-se muito, às vezes até demais, mas o Luís andava sempre a pensar na banda. Depois de se ter feito a pausa, o realizador, antes de se pôr a começar a gravar outra vez, disse:
– Têm de se esforçar, senão não vão conseguir o protagonismo.
– Espere. O senhor disse conseguir? – Perguntou o Luís, sem perceber.
– Sim. Não pensem que vão ficar os três protagonistas.
– Mas pensávamos que iríamos fazer um filme juntos. – Disse o Pedro.
– Juntos? Eu não quero um filme com três rapazes protagonistas.
– Então o editor mentiu-nos. – Disse o Carlos.
O Luís, ao ouvir aquilo tudo, saiu. Lembrou-se de como tudo aquilo começou e de como queriam ser estrelas de cinema. Agora, para lutar pelo seu sonho, tinha de competir com os seus amigos. Sabia que agora para ele não serviria de nada continuar naquelas gravações. Se tinha de competir com os amigos pelo papel principal, então preferia não competir.
O Carlos e o Pedro foram ter com ele.
– Acho que aquilo que pensávamos que era um sonho passou a ser um pesadelo. – Disse-lhe o Pedro.
– O pior de tudo é que as raparigas devem estar melhor que nós. – Disse o Carlos.
O Luís olhou para eles.
– Começo a pensar que, definitivamente, os 3+3 acabaram.
O Carlos e o Pedro baixaram as cabeças.
– E acho que a nossa amizade também vai acabar. – Acrescentou o Pedro.
– Eu vou desistir. – Disse-lhes o Luís.
O Carlos olhou para o Luís, como se ele fosse maluco.
– Estás bem?
– Nunca estive melhor. – Respondeu-lhe ele.
– Tu não podes desistir tão facilmente, é o teu sonho. – Disse o Pedro.
– Mas eu não quero perder a vossa amizade, rapazes. – Explicou o Luís.
– Nós também já perdemos muita coisa, Luís. Mas a nossa amizade é a única que não se vai perder, podes ter a certeza. – Disse-lhe o Pedro.
O Luís sorriu.
– Obrigado. Assim já posso ganhar.
O Carlos e o Pedro olharam para ele.
– É que nem pensar.
Capitulo 8
Em Bollywood, no dia seguinte, as raparigas foram para o local das filmagens.
– Nem acredito que está a acontecer! – Exclamou a Teresa.
Quando entraram, foram recebidas pelo realizador.
– Olá! O vosso editor falou de mim de certeza, não foi? – Perguntou ele.
– Sim. – Responderam as raparigas.
– Sou o Mário e vocês as famosas Mariana, Teresa e Micaela, certo?
– Sim. Mas a mim trata-me por Mimi. – Disse a mais nova das raparigas, a sorrir.
Ele sorriu e deu apertos de mão às raparigas.
– Ainda bem que vieram. Vamos?
Elas fizeram um “sim” com a cabeça.
– O filme vai ser com música e tem pequenas misturas de traição com amizade e amor. – Continuou ele.
– Adoro filmes românticos. – Disse a Teresa, a olhar para o realizador.
As raparigas repararam no olhar apaixonado da Teresa para o realizador e riram-se.
– Este aqui é o Jaime, o co-protagonista. – Disse o realizador, trazendo o homem consigo.
A Mariana olhou para ele, boquiaberta. A Teresa e a Mimi riram-se.
– O co-protagonista? – Perguntou a Mariana, quase que hipnotizada.
– Sim, sou. Estou ansioso por trabalhar convosco. – Respondeu ele, a olhar para a Mariana.
– Eu também. – Disse a Mariana.
A Mimi e a Teresa riram-se.
– Andem, meninas, já estamos prontos. – Disse o realizador, levando-as.
Elas obedeceram e seguiram o realizador. Quando entraram na sala, uma mulher apareceu.
– Vocês chegaram atrasadas. Será possível que até pessoas de outros países chegam atrasadas?
O realizador explicou-lhes quem era a mulher.
– É a Carolina. Ela é coreógrafa.
A Mariana arregalou os olhos.
– Ela é a nossa coreógrafa.
– Meninas, vamos! Temos muita coisa para fazer. – Disse a Carolina.
As raparigas seguiram-na.
– Estas pessoas que estão aqui são bailarinos. O Mário disse que vocês também são excelentes bailarinas, por isso não devem ter problemas em nos acompanhar na dança. Estão prontas? – Perguntou ela.
As raparigas fizeram um sim com a cabeça. A mulher começou por fazer uns passos de dança e as raparigas tentaram copiar, mas sem êxito.
– Desculpa, mas nós nunca fizemos isto antes. – Admitiu a Teresa.
– Notou-se. – Respondeu a mulher, séria.
– Achas que não sabemos dançar? – Perguntou a Mariana, a ficar zangada.
– Eu vou pôr-vos a dançar bem, fiquem tranquilas. – Respondeu a coreógrafa, virando-se depois para os bailarinos – Pessoal, temos de explicar mais devagar.
– Já chega! – Disse a Mariana, ficando mais zangada e aproximando-se mais da coreógrafa.
As amigas notaram que a Mariana estava zangada e travaram a raiva dela.
– Calma! Ela é a coreógrafa. – Disse a Teresa – E nós temos de aprender.
– Sim, mas aqui ninguém me diz que não sei dançar. Mostra os teus passos. Eu vou seguir. – Disse a Mariana.
Depressa conseguiram aprender os passos e a coreógrafa rendeu-se.
– Enganei-me, desculpem. – Pediu ela.
– Não faz mal. – Disse a Mariana.
O produtor, nessa altura, chegou.
– Sou o Artur, o produtor do filme e vocês? – Perguntou ele, a dar apertos de mão às raparigas.
– Somos as protagonistas do filme, as raparigas da banda 3+3. – Disse a Teresa.
– Protagonistas?
Nesse momento, o realizador aparece e o produtor fala-lhe.
– Mário, no guião não está lá só uma protagonista?
O realizador sentiu-se bloqueado.
– Ah... sim.
– Então porque vieram três?
As raparigas não estavam a acreditar no que estava a acontecer.
– Nós as três não éramos para vir? – Perguntou a Mimi.
– Não. O guião ficou só com uma protagonista – Respondeu o produtor – Decidimos não mudar o guião.
– As raparigas são fantásticas, andam numa banda e cada uma tem aquilo que nós queremos. – Disse o realizador.
– A sério?! – Perguntou o produtor.
– Sim. – Respondeu o Mário.
– Então elas que façam o desafio e eu escolho a melhor. – Disse o produtor.
– O quê? Vamos lutar pelo mesmo papel? – Perguntou a Mimi, sem conseguir acreditar.
– Sim. – Respondeu o produtor.
– O realizador sou eu. – Defendeu-se o Mário.
– Então se queres as raparigas, dá-me três rapazes. Se não os tiveres, só vai haver uma rapariga. Adeus! – Disse o produtor Artur.
O produtor saiu e as raparigas ficaram destroçadas.
– Não acredito nisto. – Disse a Teresa.
– Não podes ficar só com uma. – Disse a Mariana para o realizador.
– Somos um grupo, tu escolheste as raparigas dos 3+3, não uma. – Disse a Mimi.
– Eu sei. Desculpem. – Disse o realizador.
– Vamos embora. – Disse a Mariana.
As raparigas foram-se embora e o realizador ficou a vê-las falarem entre si.
– Isto não deu em nada. – Disse a Mariana.
– Os 3+3 acabaram mesmo. – Disse a Mimi.
As raparigas foram para casa tristes, pois tinham perdido o seu sonho.
Capitulo 9
Era de noite nos Estados Unidos e o Luís, para passar o tempo, ligou para a Mimi para saber novidades. A Mimi atendeu a chamada.
– Olá, Luís, tudo bem?
– Não. O nosso realizador queria que eu, o Pedro e o Carlos competíssemos para o papel principal do filme.
– O nosso produtor também. – Disse-lhe a Mimi.
– Produtor?!
– Sim, é uma longa história. – Disse a Mimi.
– Vocês vão competir umas com as outras? – Quis saber o Luís.
– Acho que não, vamos desistir. Ou vamos as três, ou não vamos. – Respondeu ela – E vocês?
– Nós vamos. Mas a nossa amizade vai continuar. – Disse o Luís.
– Têm sorte.
– Ainda tens esperanças quanto aos 3+3? – Perguntou-lhe o Luís.
– Acho que não, Luís, já não tenho forças. – Respondeu-lhe ela.
– Pois. Acho que a banda vai acabar mesmo.
– Sim.
– Tenho de ir dormir. Adeus. – Disse ele.
– Adeus.
Desligaram os telemóveis. Os dois estavam com um ar triste.
Capitulo 10
A Mariana e a Teresa foram ter com a Mimi.
– Então? – Perguntou a Teresa.
– Os rapazes também estão na mesma situação que nós. – Respondeu ela.
– Eles vão competir? – Quis saber a Mariana.
– Sim. – Respondeu a Mimi.
– Eles cá não vão ter a mesma sorte. Nós não vamos competir.
– Meninas, desculpem por nos ter metido nesta confusão – Disse a Mariana – Teresa, fica tu com o papel. Tu és rica, os teus pais são ricos e querem o melhor para ti.
A Teresa negou com a cabeça.
– Não, deve ser a Mimi. Ela é uma actriz fantástica.
– Não. O Mário quer a Teresa, de certeza absoluta. – Disse a Mimi.
– O quê? Eu? – Perguntou a Teresa, sem perceber.
– Ele não olha para nós. Ele está apaixonado por ti. – Disse a Mimi, a sorrir.
– Isso não é verdade. – Defendeu-se a Teresa.
– O pior é que tu também gostas dele e ainda namoras. – Disse a Mimi.
– Namoro? Com quem?
A Mimi ficou triste.
– Ah. Já não te lembras do Pedro.
A Teresa lembrou-se.
– Ah. Sim lembro-me, desculpa.
– Se vocês já não pensam neles, então acabem tudo. – Aconselhou a Mimi.
– E tu, Mimi? – Perguntou a Mariana.
– Eu ainda namoro com o Luís.
– A distância não vos vai separar? – Perguntou a Mariana, com dúvidas.
– Acho que não.
– Nós podemos entrar todas nisto, neste filme de loucos. – Disse a Teresa.
– Nós não podemos passar esta oportunidade. – Disse a Mariana.
– Então vamos lá fazer a competição. – Aceitou a Mimi.
– Atenção, de forma justa. – Avisou-lhes a Mariana.
As raparigas fazem um “sim” com a cabeça.
Capitulo 11
Era de dia nos Estados Unidos e os rapazes estavam a ter problemas com a competição.
– Luís, pára de fazer essa cara, Pedro, estás a desafinar e Carlos, as notas musicais não encaixam bem. – Disse o realizador.
O realizador estava zangado.
– Vocês não estão a dar o vosso melhor, rapazes, começo a ficar chateado.
– Desculpe, nós só precisamos de uma pausa para termos mais energia. – Pediu o Carlos.
– Vão lá. Daqui a 10 minutos recomeçamos.
Os rapazes saíram da porta de gravações e começaram a falar.
– Isto está a correr mal. – Disse o Pedro.
– Daqui a pouco, nenhum de nós recebe o papel. – Disse o Carlos.
– Eu começo a ter saudades de Portugal. – Admite o Luís.
– Eu também.
– Mais um.
– As raparigas devem estar muito melhor que nós, não é, Luís? – Perguntou o Pedro.
– Não. O produtor do filme só quer uma rapariga. – Respondeu ele.
– O quê? Eles estão loucos. – Disse o Carlos.
– Mas elas não vão competir. – Explicou ele.
– Elas vão para o Algarve? – Perguntou o Carlos.
– Não sei. E parem com as perguntas. – Pediu o Luís.
– Está bem, desculpa.
– Vamos continuar a competir. Já passaram 10 minutos.
E lá foram eles para o inferno da competição.
Capitulo 12
De noite, a Mimi ligou ao Luís e disse-lhe que elas iam competir, mas de forma justa, para alívio dele. Mais tarde, ela saiu do hotel e foi passear. Um homem sabedor, ao vê-la passar pensativa, perguntou:
– Está a ter dúvidas?
– O quê? Eu? Não. – Depois. ficando séria – Talvez.
– Por vezes o que desejamos não é o que precisamos. Não perca o presente por ansiar tanto o futuro. Compreende?
– E se eu tiver medo do meu destino?
– A vida provoca mudanças, mas as coisas importantes estão sempre connosco.
– Pois, e eu não sou grande fã de mudanças.
– As mudanças acontecem, quer goste ou não. Vejo que já passou por muito na vida. Por isso sabe muito bem que, quando as coisas estão mal, não ficam assim para sempre.
A Mimi sorriu.
– Obrigada!
E dizendo isto, afastou-se. O homem tinha lhe ensinado muito.
Capitulo 13
A Mariana tinha sido convidada por Jaime para um jantar. E estavam a conversar sobre o filme.
– Eu sempre tive jeito para dançar. Sempre foi o meu sonho desde pequena.
Jaime sorriu.
– E tens jeito?
– Sim. Tenho criado coreografias novas.
– Isso é bom! Vai lutando pelos teus sonhos.
– Eu tenho um sonho.
– Qual é?
– Quero ser protagonista do filme do Mário.
– E porque não vais à luta?
– É complicado... só há um papel e nós as raparigas dos 3+3 o queremos.
– Pois, é mesmo complicado.
Eles continuaram a conversar por mais umas horas.
Capitulo 14
Depois da saída, Mariana viu Jaime no dia seguinte com a coreógrafa Carolina. Ele não tinha jeito nenhum para a dança.
– Vamos fazer uma pausa. – Disse a coreógrafa.
Os bailarinos saíram.
– Só podem estar a brincar comigo. – Disse a Mariana.
– O que foi? – Perguntou ele.
– Não consegues ensaiar!
– Eu não tenho jeito para isto. Tenho medo de fazer figura de parvo.
– Porquê? Tu és a grande estrela de cinema.
– Tenho medo! Eu escondo um segredo.
A Mariana olhou para ele.
– Nunca beijei uma rapariga.
Ela riu.
– Eu já te vi a dar beijos, nos filmes.
– Sim, para as câmaras, mas nunca a sério. Nunca fora das câmaras.
– Isso é estranho, mas é romântico.
– Achas?
Ela sorriu.
– Mariana, ajuda-me.
– O quê?
– Ajuda-me nisto da dança.
– Não, não!
Ela ia embora, mas ele agarrou-a.
– Se me ajudares na dança, eu ajudo-te na audição.
Ela olhou para ele, indecisa.
– Já te vi dançar, posso ajudar-te a mostrar ao mundo o que fazes.
***
Entretanto, a Teresa estava com o Mário, o realizador.
– Vais reescrever o guião para três protagonistas, ou não?
– Tem que ser, mas não sei se consigo fazer isso.
A Teresa baixou a cabeça.
– O que farias se durante toda a tua vida pensavas que não serias capaz? – Perguntou ele.
A Teresa não respondeu.
– Temos de viver angustiados com essa pergunta na cabeça. Eu quero seguir o meu sonho e é o que vou fazer.
Capitulo 15
De noite, a Mariana encontrou-se com a coreógrafa Carolina e ficaram as duas a passear e a conversar.
– Vocês lidam bem com o facto de lutarem pelo mesmo papel? – Perguntou a Carolina.
– Sim! Somos grandes amigas e confiamos umas nas outras e nenhuma de nós vai trair isso só para obter o papel no filme.
– E a vossa banda?
A Mariana suspirou.
– Em princípio está acabada.
– Quanto à banda, não consigo te ajudar, mas quanto ao filme, vê-se que nunca trabalhaste em Bollywood.
A Mariana olhou para a Carolina, com um olhar inquisidor.
– Tu queres ser uma estrela?
A Carolina riu.
– Eu já sou uma estrela.
A Mariana olhou espantada para ela.
– Mas caí na decadência. Desisti! Agora sou simplesmente professora de dança e crio passos de dança para musicais e concertos. Percebi que gosto apenas de ajudar, não de ser a estrela. Representar, cantar, dançar... sempre gostei muito de dançar, mas só isso.
A Carolina olhou para trás.
– Olha, é o Jaime!
A Mariana olhou para onde a Carolina olhava e viu um placar com a cara dele. Os olhos dela brilhavam.
– Ele está aqui?! Até aqui? Como placar? – Suspirou.
– Eu sei que gostas dele, Mariana.
A Mariana negou com a cabeça.
– Mas eu não posso!
– Porquê?
– Porque eu devia estar a namorar com o Carlos.
– O da banda?
– Sim. Além disso, ele é a estrela. Eu sou uma bailarina em fuga. Ele nunca iria querer sair comigo.
– Isso não importa, Mariana. Além disso, quando estás na pista de dança, nota-se que és uma estrela.
A Carolina pôs-lhe a mão no ombro.
– Se gostas do Jaime, luta por ele. Talvez o teu namoro com o Carlos tenha sido só um amor de adolescentes. O Jaime é mais velho e tu estás a deixar a menina que há em ti e estás a tornar-te uma mulher, os amores mudam, talvez seja a tua vez de mudar.
A Mariana ficou a pensar no que a Carolina disse.
Capitulo 16
De manhã, a Teresa recebeu uma chamada do Mário para sair. Por incrível que pareça, a Mimi foi com ela. Combinaram um passeio de barco. Chegando lá, a Mimi, vendo o local, perguntou à Teresa:
– Tens a certeza de que me convidou?
– Claro. Não é uma saída a dois, nem nada que se pareça. Anda lá, ele está ali.
A Teresa ia à frente e a Mimi respirava fundo. Tinha a certeza que ia se sentir excluída.
– Ainda bem que pudeste vir.
– Olá! – Eles abraçaram-se.
– Não podia deixar de vir. – Disse a Mimi, também abraçando-o.
– Ouçam, lamento imenso aquela confusão com o Artur.
– Compreendo perfeitamente. – Disse a Teresa.
– Compreendes? – Ele sorriu.
– Sim. Arranjarás uma solução e farás o filme como queres.
Ele sorriu para ela e deu-lhe a mão.
– Anda.
A Mimi sorriu para o vazio.
– Não se preocupem comigo. Eu fico bem. Neste barco. Sozinha.
Enquanto ia pelo barco, Mimi tentava dizer-lhes adeus. Foi em vão. Ao longe, viu a Mariana e o Jaime que iam a passar por ali. A Mimi suspirou. Elas encontraram novos namorados e ela ficava cada vez mais sozinha.
Saiu do barco e decidiu sair dali. Ao caminhar, Mimi recebeu uma chamada. Era do Luís. Decidiu não atender.
Capitulo 17
Horas mais tarde, o Mário foi ter com o Artur, o produtor, ao seu escritório.
– Sabe, Artur, aquele cenário não era o que tinha em mente. Nada corresponde.
– Tu tens de aprender como funcionam as coisas no mundo real. Eu conheço-te há mais de 8 anos, rapaz. Conheço os teus pais e tu tens de aprender.
– Eu estudei. Eu sei como se faz isto.
– Ai sim? Então porque não crias tu o cenário?
– Só preciso de tempo.
– Tempo? Tempo é algo que não tens e o dinheiro, daqui a nada, também não.
O Mário queria falar com o Artur, mas este não lhe dava hipótese.
– Por isso, se não começas a filmar para a semana, vou pôr um fim a este filme.
Finalmente, o Mário conseguiu falar.
– O título mudou: Em vez de "Uma Rapariga Estrangeira” coloquei “A vida de uma rapariga estrangeira na Índia”.
– Correcto! E se não tratas de tudo, o novo título será o seguinte: “A vida desgraçada de uma rapariga estrangeira sem Mário”.
E dizendo isto, saiu do seu escritório, deixando o Mário pensativo.
– Eh! Espere, Artur.
O Mário alcançou o produtor. O produtor não parou de andar ao seu ritmo, fazendo com que o Mário continuasse a andar.
– Por favor, Artur. O cenário do palácio na altura do casamento é uma desgraça. Não consigo arranjá-lo numa semana. E os estúdios?
O Artur não parou de andar.
– O que é que tem? Se estiver livre, muito bem, senão acaba-se já o filme.
As três amigas ouviam a discussão ao lado do Jaime e da Carolina. O Artur parou de andar por momentos e olhou para o Mário.
– Se não realizares este filme, considera-te um incompetente.
E continuou a andar.
O Jaime perguntou:
– Não temos estúdios?
O Mário encaminhou-se com as quatro raparigas e o Jaime para uma mesa. A Mimi, ao sentar-se, disse:
– Parece que a audição foi anulada.
– Então ouviram... não consigo arranjar um lugar numa semana. E de graça. O Artur vai cancelar o filme. Tenho a certeza.
A Teresa ficou cabisbaixa.
– Está na hora de marcar as passagens de volta. – Disse a Mimi.
– Não podes ir já para casa, ainda não conheces nada na Índia. – Disse o Jaime para a Mariana.
A Carolina disse:
– A minha família tem um espaço em que de dois em dois anos convida toda a gente conhecida e dão uma festa e é neste ano e nesta altura que voltamos a comemorar.
A Carolina olhou para o resto do grupo.
– Aliás, vocês estão convidados.
– Eu não posso ir. Só tenho uma semana para as audições, ensaios e para encontrar um local. – Disse o Mário.
– Mário, a minha família pode disponibilizar o espaço, é enorme e confia em mim, é um dos melhores locais para encontrares um sítio de rodagem. É um local lindo quando enfeitado, isso te garanto e talvez até te arranje uma espécie de palácio. Podes lá fazer as audições, os ensaios. Eu usava esse espaço para dançar com os coreógrafos, mas pode ser vosso, para o teu filme.
As caras das raparigas e do Jaime iluminaram-se. O Mário olhou admirado para a Carolina.
– Obrigado.
A Teresa bateu palmas.
– Que entusiasmante!
O Artur gritou ao Mário de longe.
– Porque é que falas com as meninas? Não tens cenário e só tens uma semana.
– Estamos a... a fazer planos. Vamos à procura de locais.
– Planos? O que percebes tu disso? Eu vou contigo.
E continuou a caminhar. O grupo suspirou. Estavam livres do produtor exigente... por enquanto.
Capitulo 18
De noite, as três amigas falavam no quarto.
– Tens falado com o Luís, Mimi? – Perguntou a Teresa.
– Não.
A Teresa e a Mariana olharam espantadas uma para a outra.
– Como? Eu ouvi bem? Mas vocês não falavam? – Perguntou a Mariana.
– Sim, mas eu decidi não falar mais com ele.
– Porquê?
– Porque vocês já têm namorados e...
A Teresa interrompeu-a.
– O Jaime e o Mário não são nossos namorados.
A Mimi olhou para as amigas com um olhar zangado.
– Mas vocês gostam deles. Está mais que provado que vocês esqueceram o Pedro e o Carlos.
– Sim, Mimi, mas o Pedro e o Carlos são crescidos, eles sabem que nós já não temos qualquer relação. – Disse a Teresa.
– Além disso estamos a deixar de ser meninas, para passarmos a ser mulheres. O Pedro e o Carlos são, talvez, os nossos amores da adolescência. O Jaime e o Mário são mais crescidos, mais velhos. – Disse a Mariana.
– Se tu gostas do Luís, continua com ele, Mimi. Nós sabemos que tu nunca mais olhaste para nenhum rapaz com os mesmos olhos que olhaste para o Luís. – Concluiu a Teresa.
– Vamos dormir. – Disse a Mimi, deitando-se.
A Teresa e a Mariana olharam para a Mimi com um olhar atento e preocupado. Estaria a renunciar de novo à sua felicidade?
***
Os rapazes também não estavam bem.
– Eu estou preocupado. – Disse o Luís, falando com os amigos.
– Porquê? – Perguntou o Pedro.
– Liguei para a Mimi e ela não atendeu.
– Deve estar ocupada. – Respondeu o Carlos.
– Mas ela atendeu sempre as minhas chamadas.
– Talvez ela não conseguisse atender agora. – Disse o Carlos.
– A Teresa e a Mariana também não ligam para nós. – Disse o Pedro.
– Vocês têm consciência que já não têm qualquer relação amorosa com elas? – Perguntou o Luís.
– Sim, nós acabámos as nossas relações definitivamente. – Disse o Carlos.
– Mas a tua relação com a Mimi não acabou, Luís. – Disse o Pedro.
– Talvez até tenha terminado.
– Não digas disparates, Luís. – Disse o Pedro.
O Luís sorriu.
– Vamos lá! Acho que já ouvi o realizador.
E lá foram eles trabalhar.
Capitulo 19
Depois de uma noite meio conturbada, as três amigas preparam-se para irem ao espaço da família da Carolina com o Mário, o Jaime, a Carolina e o Artur. Quando iam colocar as malas no carro, a Mimi reconheceu o homem que tinha falado com ela e disse-lhe adeus. Ele sorriu-lhe. E lá foram elas ao seu destino. Pelo caminho, a Teresa ia conversando com o Mário.
– Porque querias ser realizador?
Ele sorriu.
– Quando era pequeno, os meus pais levavam-me muito ao cinema. Às vezes, íamos ver os filmes do Artur e era incrível só de pensar que ele tinha tornado tudo aquilo realidade. Ele criou aquelas belas histórias. Ele era o meu produtor preferido. Conheço-o há 8 anos. É ele que toma conta de mim no trabalho. Agora quando leio um guião, consigo, na minha cabeça, vê-lo. Os personagens e os lugares. Quero que o mundo inteiro veja os meus filmes.
Ela sorriu.
– Eu percebo, sinto o mesmo quando canto. Parece que viajo.
– Pois é.
Ele sorriu.
– É a melhor sensação do mundo. E só me apetece partilhá-la. – Disse ela, olhando para ele.
Eles chegaram e nem acreditaram no que estavam a ver. Era enorme.
– Eu não vos disse! – Disse a Carolina, saindo do carro e dirigindo-se à família.
Estava toda a gente a dançar e a tocar. O produtor estava espantado.
– Andem, vamos de barco até ao palácio. – Disse a Carolina.
Enquanto eles iam andando, viam a paisagem linda. Quando avistaram o palácio, nem puderam acreditar, era enorme e muito bonito.
– Aquele palácio é mesmo teu? – Perguntou a Mimi à Carolina.
– É dos meus pais e é uma “amostra” de palácio. – Respondeu ela.
O Artur, que estava ao telemóvel, não resistiu e exclamou:
– Uau!
Eles saíram do barco e entraram no palácio. Aí, a Carolina recebeu as ordens da mãe que o almoço já estava pronto e lá foram eles.
– Lamento que o meu marido esteja fora em negócios, mas estamos contentes por festejarem as festas connosco. – Disse a mãe da Carolina.
– Obrigado. – Disseram todos.
– Nunca imaginei que, um dia, o Jaime e o Sr. Artur se sentassem à nossa mesa.
– É uma honra. – Disse Artur.
Todos bateram palmas.
– E outra coisa. Hoje preparei alguns pratos vindos do país da nacionalidade das meninas.
Elas sorriram.
– E fez muitíssimo bem. Obrigada. – Disse a Mariana.
O Jaime sorriu para a Mariana.
– É incrível. É tal e qual o palácio que eu precisava para o filme. Obrigado. Será que podemos filmar aqui? – Perguntou o Mário para a Carolina.
– Claro. Não prevejo que a minha mãe vos tire daqui, até porque é uma honra para ela ter aqui à sua frente o Jaime. – Respondeu ela, a sorrir.
– Obrigado!
O dia no palácio correu muito bem.
Capitulo 20
O dia seguinte tinha chegado. O dia da audição tinha chegado. A Mimi recebeu no seu quarto a visita inesperada da Carolina.
– Olá!
– Olá!
– Eu exigi uma condição por ter sido a salva vidas do filme do Mário.
– Qual?
– Que tu fosses a protagonista.
A Mimi não estava a acreditar. Ela fez isso?
– O quê?
– Não te zangues.
– Mas porque fizeste isso?
– Ainda não percebeste?! A Mariana está a tentar ser protagonista com a ajuda do Jaime e a Teresa com a ajuda do Mário.
A Mimi não estava a acreditar. E o jogo de forma justa? Não estava a ser cumprido? A Carolina foi-se embora e o telemóvel da Mimi tocou. Era de novo o Luís... e, de novo, não atendeu. Decidiu ir ter com a Carolina.
Capitulo 21
A Mariana estava a dançar no corredor, quando o Jaime apareceu-lhe à frente.
– Olá! Sabias que adoro ver-te dançar?
Ela parou de dançar e olhou para ele.
– Olá! Não, não sabia.
– Queria te convidar para sair um dia destes, mas primeiro quero te ver a ganhar a audição.
Ela sorriu.
– O Artur é que sabe.
– Eu sei, mas é bom treinar. Porque não treinas agora comigo?
– Acho que é isso mesmo que vou fazer. Tenho de me exercitar.
Ela olhou para o lado e viu a Mimi e a Carolina a conversarem e, do outro lado, a Teresa e o Mário. Ela achou estranho.
– O que é aquilo?
– A Carolina, por ter dado um lugar para as filmagens, agora pode ajudar alguma de vocês a ser protagonista do filme. O alvo dela foi a Mimi e a Mimi não se importou que ela lhe ajudasse.
– Elas disseram que iam fazer jogo limpo.
– A Teresa e o Mário? Eles são namorados.
A Mariana olhou espantada para ele.
– São?
– Toda a gente acha que sim.
A Mariana respirou um pouco fundo.
– E porque não me disse?
– Se calhar não queria que soubesses. Quando ela ficasse com o papel, ias achas que tinha sido justo. – Disse ele.
– A Mimi não pode namorar com ninguém, porque gosta do Luís, por isso pegou apoio na Carolina. Já percebi tudo.
– Esquece isso e vem ensaiar.
E lá foram eles.
Capitulo 22
Com a Teresa e o Mário.
– Achas que é um bom local para a cena do casamento? – Perguntou ele.
– Claro que sim. É uma sala muito romântica. – Respondeu a Teresa.
Ele olhou para ela.
– Pára de olhar assim para mim. O jogo é justo.
– Está bem... então não sabes que a Carolina falou comigo e disse para eu escolher a Mimi para protagonista. E também a Mariana tem o seu jogo com o Jaime.
A Teresa olhou para ele.
– Mas não sou eu que escolho, é o Artur.
– Mas nós prometemos umas às outras.
– Parece que só tu estás a cumprir. A Mariana e a Mimi não permitem que nada se atravesse no caminho. Agora tenho de ir. Hoje é um dia complicado.
– A Mariana e o Jaime ensaiam juntos?
– Acho que sim, ele está a ajudá-la a preparar-se para a audição que é daqui a pouco.
Ela baixou a cabeça.
– Eu já te disse, Teresa, só tu é que estás a fazer jogo limpo. Até depois.
Ele saiu e ela ficou a pensar em tudo o que aconteceu. Ela não estava a acreditar.
Capitulo 23
Entretanto, a Mariana e o Jaime estava a treinar juntos.
– Para quem não tinha jeito para dançar, até estás muito bem. – Disse ela.
– Dançar contigo facilita as coisas.
Eles sorriram um para o outro. Enquanto dançavam, o Artur e o Mário estavam a observá-los.
– Eles ficam bem juntos. Devíamos escolher a dançarina. – Disse o Artur.
O Mário seguiu-o.
– Artur, tem de ouvir a Teresa cantar. Acredito que ela é a ideal.
Enquanto falavam, a Mimi ouvia a conversa dos dois. Quando não os conseguiu ouvir, foi observar a Mariana e o Jaime. Nesse momento, o seu olhar foi “chocar” com os olhos da Teresa, que também os observava. Elas automaticamente saíram dali.
Capitulo 24
Era a hora da audição e elas apareceram no sítio correcto. O ambiente estava pesado.
– Com que então, Mimi, como vão as coisas com a tua nova amiga? – Perguntou a Teresa.
– Como assim? – Perguntou ela, sem perceber.
– Desejaste que a Carolina te comprasse o papel do filme? -perguntou a Teresa.
– O quê? Eu nunca...
– Poupa-nos. – Disse a Mariana.
A Teresa olhou para a Mariana.
– E tu és melhor? Nada, nem ninguém, te separava do Jaime.
– Tens muito que falar então, vindo da miúda que se lançou aos braços do realizador! – Disse a Mariana meio irónica.
– Isso não tem nada a ver. – Defendeu-se a Teresa.
– Veremos agora na audição. – Disse a Mariana.
O Jaime, o Mário e a Carolina tinham chegado com o Artur, nesse momento.
– Meninas, quem é a primeira? – Perguntou o Artur.
Começou a Teresa a cantar, seguiu a Mariana na dança e a Mimi a representar uma peça de teatro. Enquanto elas se esforçavam para ter o papel, os rapazes e a Carolina iam convencendo o Artur a escolher a rapariga que eles estavam a apoiar. O Artur chegou, por momentos, a mandá-los calar, pois era uma confusão completa. Falavam todos ao mesmo tempo. No final, Artur levantou-se da cadeira onde estava sentado, bateu palmas e disse:
– Maravilhoso, maravilhoso... agora percebo porque querias as três. – Disse ele para o Mário.
O Artur continuou.
– Maravilhoso. Mas continuamos sem poder escolher três.
Elas suspiraram.
– Por isso, o papel vai para...
Estava um grande silêncio e uma ansiedade total.
– Mariana!
A Mariana sorriu. A Teresa olhou para ela.
– Grande surpresa.
E saiu.
– Pois... Parabéns – Disse a Mimi – Foi jogo limpo, certo?
Elas foram embora, seguidas pela Carolina. O Mário estava visivelmente abatido. O Jaime agradeceu ao Artur. Pegou no guião e deu à Mariana.
– Parabéns!
Ela estava triste.
– Obrigada.
O Jaime notou-a triste, mas não lhe disse nada. A Mariana foi para o seu quarto.
– Eu não posso lutar contra elas. Elas eram minhas amigas... e ainda são. Eu tenho que ir falar com elas.
Capitulo 25
A Mariana encontrou as amigas no corredor.
– Meninas, desculpem. Eu... eu acredito que eu sou capaz, mas sozinha eu não vou aguentar. Preciso de vocês. Tenho saudades do tempo dos 3+3. Do tempo em que os 3+3 eram um grupo.
– Desculpa o que eu disse. Tu foste óptima. – Disse a Mimi.
– Nem eu. Tu dançaste muito bem. – Disse a Teresa.
– Obrigada, mas fomos todas boas. Não importa o que aconteça, para onde vamos, ou o que fazemos. As mudanças são inevitáveis, mas seremos amigas para sempre.
Elas sorriram.
– Vamos sentir tantas saudades tuas. – Disse a Mimi.
– Não vão nada.
– O quê?
– Porquê? – Perguntou a Teresa.
– Não vou aceitar o papel, não quero perder a vossa amizade.
Elas abraçaram-se.
– E os rapazes? – Perguntou a Teresa.
A Mariana suspirou.
– Tenho saudades deles. Acho que devíamos continuar com a banda, ou melhor, recomeçar.
– Não. – Disse a Mimi.
– Mimi, eu e a Teresa já não temos nada com o Pedro, nem com o Carlos, mas tu tens de resolver as coisas com o Luís e nós temos de voltar com a banda.
A Mimi suspirou.
– Primeiro falem com os vossos “supostos” namorados. – Disse, fazendo aspas com os dedos.
A Mariana e a Teresa riram.
Capitulo 26
A Teresa foi ter com o Mário.
– Então, vão as três embora?
Ele já suspeitava.
– Um papel no filme não vale a destruição de uma amizade. – Disse ela, se sentando ao lado dele.
– Tenho de começar a escrever, não sei como escrever uma história de amor, sem amor.
– Acho que está na hora de enfrentares o Artur e fazeres o filme que queres fazer. E, se não conseguires, talvez este não seja o filme que devias fazer.
– Mas Teresa... e se esta for a minha oportunidade?
– Esta não é a tua oportunidade, se não for o filme que queres fazer.
A Teresa sorriu para ele.
– Não desistas do teu sonho.
Ele agarrou-lhe a mão.
– Podes não ser a minha protagonista no ecrã, mas podias assumir esse papel na vida real.
Eles beijaram-se.
– É pena teres de me aguentar ainda por um bom tempo.
Eles riram.
***
Com a Mimi e a Carolina.
– Desculpa a confusão. Eu pensava que elas talvez estivessem a ajudarem-se a elas próprias.
– Não faz mal. Carolina. Tu tentaste me ajudar à tua maneira.
– A Mariana vai desistir?
A Mimi afirmou com a cabeça.
– Então boa sorte para o vosso futuro e do vosso antigo grupo.
– Obrigada.
E ela saiu. deixando uma Mimi pensativa.
Capitulo 27
O Jaime estava com a Mariana.
– Vocês vão para casa? Vais desistir do papel?
– Sim, é melhor assim. Desculpa.
Ele sorriu.
– Não há problema.
Houve uns segundos de silêncio.
– E a tua banda?
– O que tem?
– Vais voltar com a banda? O Carlos...
Ela sorriu.
– Eu e o Carlos acabámos e ainda estamos, eu e as outras, a pensar.
Ficaram calados.
– Disseste que me ias convidar para sair depois da audição.
Ele sorriu para ela.
– Queres sair comigo?
– Não quero parecer muito entusiasmada. mas sim.
Eles sorriram um para o outro.
A Mimi olhou para a Mariana e para o Jaime e sorriu. Lembrou-se do Luís. Suspirou. Ele não merecia o que ela estava a fazer e decidiu ligar-lhe. Foi o atendedor de chamadas que lhe recebeu.
– Luís... desculpa não ter atendido as tuas chamadas. Estive a pensar e acho que as novas relações da Mariana e da Teresa me deram a volta à cabeça. Tenho saudades tuas. Telefona-me quando quiseres, prometo que atendo.
Ela terminou a chamada.
Capitulo 28
As três amigas encontraram-se de novo.
– Tenho pena do Mário. – Disse a Mimi.
– Porquê? – Perguntou a Teresa.
– Quem vai ser a estrela do filme dele?
A Mariana e a Teresa olharam uma para a outra. Elas tinham uma ideia em mente. Acabaram a conversa com a Mimi e a Teresa ligou ao Carlos. Ele rapidamente atendeu.
– Olá!
– Olá, Carlos! Está tudo bem?
– Sim e com vocês?
– Também está tudo bem. Como vão as coisas aí nos Estados Unidos?
– Não estão. Voltámos para Portugal. Falámos com o representante e acabou tudo para nós.
– É uma pena, mas... trouxe-vos um convite.
– Diz.
– Na Índia aconteceram muitas coisas.
A Teresa começou a contar da audição e de tudo o que elas passaram.
– E pensámos que o Luís e a Mimi pudessem ser os protagonistas.
– Uma boa ideia! Obrigada, Teresa. Dentro de dois dias estamos ai.
– Está bem.
– Até logo.
– Até logo.
Eles desligaram a chamada.
– E então? – Perguntou a Mariana curiosa.
– Eles vêm para cá!
– Eu vou falar com o Jaime, acho que ele vai compreender.
– Está bem.
Capitulo 29
Um dia passou e, de manhã, os três rapazes chegaram à Índia. Eram 12:00 quando chegaram ao palácio.
– Olhem quem chegou! – Exclamou o Carlos, a entrar.
– Sempre apareceram. – Disse a Teresa a abraçar o Carlos.
– Olá, Carlos! – Saudou a Mariana.
– Olá, Mariana, tudo bem? – Perguntou ele, abraçando-a.
A Mimi tinha ouvido as vozes e foi ver quem era.
– Oh meu Deus! São vocês?
– Olá, Mimi! – Exclamaram o Pedro e o Carlos.
– Olá! – Era o Luís.
A Mimi foi a correr ter com ele e abraçou-o.
– Estava com saudades tuas!
– Eu ouvi a tua mensagem.
O Jaime, o Mário, a Carolina e o Artur apareceram.
– Vocês é que são os famosos rapazes dos 3+3? – Perguntou o Jaime.
– Somos! – Respondeu o Carlos, estendendo a mão.
– Eu sou o co-protagonista do filme, Jaime, também namorado da Mariana.
O Carlos sorriu.
– Tem calma! Eu e a Mariana acabamos em bem.
O Jaime riu.
– Eu sou o Mário e o realizador. Esta é a Carolina, a coreógrafa e este é o produtor do filme, o grande Artur.
O Pedro deu um aperto de mão ao Artur.
– Sou um grande fã seu.
– Obrigado!
– Tu deves ser o ex namorado da Teresa. – Supôs o Mário.
– Sim, sou o Mário, o mais recente.
Eles riram.
– Parem! Isto está a causar muito mal-estar a mim e à Mariana. – Disse a Teresa.
Todos se riram.
O Mário olhou para o Artur.
– Porque é que estás a olhar assim para mim?
– Encontrámos os protagonistas ideais para o filme.
– E o Jaime?
– Eu fico como personagem secundária. – Respondeu o próprio Jaime.
– Que conversa é essa?
– Foram a Mimi e o Luís que conseguiram provar que o amor à distância funciona. – Disse o Mário.
– O quê? Eu? Não.
– Mimi, é a tua oportunidade de ser actriz. – Disse a Teresa.
– Sim, Mimi. – Concordou a Mariana.
– Foram vocês que criaram tudo, não foram?
Elas sorriram.
– A Teresa canta e a Mariana faz a coreografia com a Carolina. E, se quiser, ainda teremos músicas dos 3+3. – Continuou o Mário.
– Mas o público não quer uns fugitivos da música, quer estrelas. – Disse o Artur.
– Eles são estrelas e eu vou prová-lo – Disse o Mário – Este é o meu filme e a minha única oportunidade – Olhou para os amigos – Por isso, vou fazer aquilo que acredito.
O Artur ficou espantado. O Mário olhou de relance para a Teresa depois para o Artur.
– Vou fazer um grande filme!
O Artur sorriu.
– Assim é que é falar como um realizador a sério!
A Mimi suspirou.
– Vamos lá! – Rendeu-se.
– Muito obrigada, prometemos que não o vamos desiludir. – Disse a Teresa.
O Artur olhou para o Mário.
– Vejamos do que és capaz.
– Eh! Vamos fazer o filme.
A Teresa cantou, a Mariana e a Carolina coordenaram as coreografias e o Pedro e o Carlos cantaram também. A Mimi e o Luís fizeram os protagonistas e o Jaime uma das personagens secundárias. Houve ainda uma música dos 3+3 a ser incluída no filme. Eles brilharam.
Os 3+3 não eram os mesmos, eram mais fortes. A banda podia não continuar, mas a amizade entre eles ficaria para sempre. A Índia foi o lugar em que concretizaram os seus sonhos e saberiam que eles seriam estrelas. E eles tinham a certeza que guardariam todas essas memórias no fundo dos seus corações... para sempre.
Este sim, será o verdadeiro final de um grupo de amigos que andavam “À busca de um sonho”
Fim de À Busca de um Sonho II
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