sábado, 18 de janeiro de 2014

À Busca de Um Sonho I (Parte 1)

(Observação da autora no dia 28/09/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "À Busca de Um Sonho I". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Capitulo 1

Era uma vez três raparigas em que a loura chamava-se Mariana, a morena chamava-se Micaela Miranda, mas era tratada por Mimi e uma ruiva que se chamava Teresa. As três raparigas tinham grandes defeitos e grandes sonhos: a loura adora roupa e o seu maior sonho é ser dançarina, a morena é muito esquecida e adorava ser conhecida em todo o mundo como actriz e a ruiva detesta perder e adorava que as pessoas reconhecessem o seu talento para a música. Estas talentosas raparigas têm 17, 16 e 19 anos, respectivamente, e vivem em Lisboa. Estão prestes a viajar para o Algarve, pois é verão e querem aproveitar o sol.

***

Numa linda manhã, em casa da Teresa, elas estão a falar dos planos que estão a querer fazer para o Algarve.
– Meninas, ouçam lá, o que acham de... – A Mariana fez suspense – Como é verão, irmos para o Algarve?
– Acho espectacular. – Respondeu a Teresa.
– Eu não sei. – Disse a Mimi – Vamos para onde?
A Mimi virou-se de repente para a Mariana e para a Teresa. Elas suspiraram e a Mariana relembrou-a.
– Algarve, Mimi.
– Ah, desculpem, esqueci-me. – Desculpou-se.
– Tu esqueces-te sempre. – Disse-lhe a Teresa.
– Pois é, desculpem.
– Então querem ir para o Algarve? Mais propriamente Vilamoura? – Quis saber a Mariana.
– E os nossos pais? – Perguntou a Mimi.
– Eles aceitam e, além disso, a Teresa vai connosco, como ela é maior de idade, pode tomar conta de nós, se fizermos asneira.
A Teresa fez uma cara horrorizada.
– Não me vou fazer de babysitter.
– Mas nós vamos portarmo-nos bem, não vamos? E tu não vais tomar conta de nós, nós é que vamos tomar conta umas das outras. Entendido?
– Assim está melhor. – Disse a Mimi – Algarve, aqui vamos nós!
Fizeram as malas, pegaram no descapotável do pai da Teresa e nos seguranças que o pai da Teresa fez questão de lhes dar e lá foram elas de viagem para o Algarve.

Capitulo 2

A viagem das três amigas correu muito bem e elas, passadas quatro horas, já estavam no hotel onde a Mariana já tinha feito a inscrição. Foram à recepção e foram atendidas por uma senhora muito simpática.
– Os meus pais fizeram uma inscrição neste hotel na semana passada.
–  Deixe-me ver, se faz favor. – Pediu a senhora.
Esperaram que a senhora desse uma vista de olhos nas marcações.
– Aqui está! É a menina Mariana, certo?
– Sim. Os meus pais puseram em meu nome.
– Podem passar. É o quarto nº 10.
Mas a senhora, ao ver três homens atrás das meninas, chamou-as.
– Meninas, quem são estes três senhores?
– São os nossos seguranças. – Respondeu a Mariana.
– Mas o hotel tem seguranças para as meninas, se quiserem.
– Não, deixe estar, confiamos mais nestes três senhores e, além disso, eles nem vão ficar hospedados neste hotel. – Explicou a Mariana.
– Ai não? – Perguntou, admirada, a senhora.
– Não, vão ficar num hotel perto daqui a vigiarem-nos, caso nos aconteça alguma coisa. – Explicou, de novo, a Mariana.
– Está bem. Podem ir.
E lá foram elas para o quarto nº 10.

Capitulo 3

Depois de desmancharem as malas e de comerem um grande almoço, foram para a piscina do hotel.
– Que bom, Mariana. Foi bom tu marcares o verão de nós as três no Algarve. – Disse a Mimi.
– Sim, agora vai ser só sol e mar. – Concorda a Teresa.
– Eu já sabia que vocês iriam dizer isso.
– Ainda tinhas dúvidas? – Perguntou, admirada, a Teresa.
– Não. Além disso, foi por uma razão especial que eu escolhi o Algarve.
– Qual? – Perguntou a Mimi.
– O Algarve tem montes de lojas de roupa.
– O quê? Acho que tu não conheces muito bem o Algarve. O Algarve é onde há mais piscinas e praias. – Esclareceu a Teresa.
– Então como é que os Algarvios têm roupa? – Perguntou a Mariana.
– Existem lojas de roupa no Algarve, mas são poucas. – Esclareceu a Mimi.
– Ui, ainda bem que conheço uma loja de roupa aqui perto, porque se não estava tramada. – Lamenta-se a Mariana.
Puseram as suas toalhas nas espreguiçadeiras e deitaram-se, a Teresa pegou nos seus óculos de sol e foi “passar pelas brasas”, a Mariana também pegou nos seus óculos de sol, mas foi “trabalhar para o bronze” e a Mimi pegou no seu livro e começou a ler. Não faltou muito até o descanso delas acabar, pois chegaram três rapazes (um louro e dois morenos) que estragaram.
– Olá, meninas! – Cumprimentou o louro.
O louro trazia nas mãos um copo com água que o entornou e caiu precisamente em cima da Teresa.
– Ah! – Gritou ela.
Tirou os óculos de sol e olhou para os três rapazes.
– Quem fez isto? – Perguntou ela, zangada.
– O Pedro. – Respondeu um dos morenos.
– Peço desculpa. Ele é o Luís e o Carlos. – Disse o louro.
A Mariana interrompe.
– Olá! Eu sou a Mariana.
– E eu sou a Micaela Miranda, mas prefiro que me chamem de Mimi, é a minha alcunha. E vocês, como se chamam?
– Sou o Luís e ele o Carlos. – Disse o moreno.
– Deixem estar, a Mimi é muito esquecida. – Explicou a Mariana.
– Pois sou, desculpem.
– Eh, ninguém se importa por mim? – Interrompeu a Teresa.
– Ela é a Teresa. – Disse a Mariana ao Luís e ao Carlos.
– Vocês vão ver seus idiotas, vocês acabaram com o meu sono. – Disse ela ao ir-se embora.
– Ela sente-se bem? – Perguntou o Pedro.
– Desculpem, ela é assim, acha-se a melhor. E quando ela se zanga, ainda é pior. – Esclareceu a Mariana – Então, vocês são de cá?
– Sim. – Respondeu o Carlos.
– E vocês? – Perguntou o Pedro.
– Não, somos de Lisboa. – Esclareceu a Mimi.
– Viemos só para ficar no verão, depois vamos outra vez para Lisboa. – Concluiu a Mariana.
– Ai vamos? – Perguntou a Mimi.
– Sim, Mimi. – Relembrou-a a Mariana.
– Então que sejam bem vindas e que se sintam em casa. – Disse o Luís.
– Obrigada. – Agradeceram as duas raparigas.
– Nós moramos no quarto nº 11, se precisarem de ajuda é só pedir. – Disse o Carlos.
– Obrigada na mesma. – Agradeceu a Mariana.
– Temos de ir embora, adeus. Até à próxima. – Disse o Pedro.
– Até à próxima. – Responderam as duas amigas.
Os três rapazes afastaram-se e as duas amigas começaram a falar.
– Temos de ir ter com a Teresa. – Disse a Mariana.
– Pois é, anda. – Disse a Mimi, ao pôr a mão na testa acabando de se lembrar da Teresa.
Lá foram as duas raparigas ter com a Teresa.


Capitulo 4

Entretanto o Pedro, o Carlos e o Luís estavam no seu quarto a falar.
– Bem, a ruiva é uma maluca. Desculpem dizer isso, mas é verdade. – Disse o Carlos – É mais maluca que eu.
– Não falem mal dela. – Defende o Pedro.
– Pedro, não me digas que estás apaixonado por ela? – Perguntou o Luís.
– Não estou nada. – Negou ele – Vocês só dizem disparates.
– Pode não ser disparate. – Disse o Carlos.
– Mas o que estão a dizer é um disparate. – Defendeu-se o Pedro.
– Está bem, pode ser que seja um disparate, mas até não ser um disparate, ainda falta muito. – Riu-se o Luís.
– Vocês são burros, não percebem nada disto. – Disse o Pedro.
– Pois, pois inventa desculpas. – Disse o Carlos, a rir.
– Não são desculpas. Algum de vocês teve uma namorada? – Perguntou o Pedro.
– Eu tive, mas acho que não chegou a ser minha namorada, foi na primária. – Disse o Luís.
– Sem ser a namorada da primária. – Excluiu o Pedro.
– Ela se calhar não chegou a ser minha namorada. – Disse o Luís.
– Tu disseste se calhar, portanto também podia ser. – Explicou o Pedro.
– Percebi, continua.
– Sem ser a da primária, que namoradas tiveram mais? – Perguntou o Pedro.
– Nenhuma. – Respondeu o Carlos pelos dois (o Luís).
– Muito bem e eu? – Continuou o Pedro.
– Tu não tiveste nem uma. – Disse o Carlos, a rir.
– Já estão a perceber onde eu quero chegar?
– Tu disseste-me um dia que querias ir para França, mas o que isso tem a ver com as namoradas? – Perguntou o Carlos, ainda sem perceber nada.
– Ainda não perceberam.
– Eu percebi. – Disse o Luís.
– Muito bem, é o seguinte, Carlos: Eu não posso gostar da Teresa, eu nunca tive uma namorada, até posso ser homossexual.
– Não digas isso. – Assustou-se o Luís.
– Acham que eu podia apaixonar-me por vocês?
– Não sei, nunca se sabe. – Disse o Carlos, também assustado.
– Vocês são os meus melhores amigos, não os ia trair.
– Uf! Ainda bem. – Disse, aliviado, o Luís, enquanto ria.
– Já estou a ver tudo, isso é um “filme” que tu estás a preparar para nós esquecermo-nos do caso da Teresa, não é? – Quis saber o Carlos.
– Não, meus amigos, estou a dizer a verdade.
– Pois, pois. – Desconfiou o Luís.
– Vocês estão a falar de mim e, então, de vocês os dois não falam?
– Falar de quê? – Quis saber o Luís.
– Da Mariana e da Mimi.
– Não se passa nada. – Disse o Luís.
– Ela é tão querida, simpática, tem uns longos cabelos louros bonitos, é uma boneca de porcelana.
O Carlos estava a pensar alto e, ao ouvirem aquilo tudo, o Luís e o Pedro começaram a rir à gargalhada. O Carlos, ao ver que eles estavam a rir, perguntou.
– O que se passa?
– Ainda perguntas o que se passa? Meu Deus, Carlos, tu estavas a pensar alto. – Disse o Luís.
– O que é que eu disse de mal? – Perguntou o Carlos, com medo de saber o que estava a pensar.
– Ai, ai é o que digo, acho que é este ano que vamos “desencalhar o barco”. – Disse o Pedro.
– “Desencalhar o barco”, como assim? – Perguntou o Carlos.
– É uma maneira de expressão, quer dizer ficarmos com uns amores.
– Não estou a perceber ainda. – Disse o Carlos.
– Vamos ficar com namoradas.
– O quê? Não vamos nada. Eu não vou, agora vocês não sei. – Disse o Luís.
– Luís, Luís, quando é que tu mudas de ideias? – Perguntou o Pedro.
– Quando me apaixonar de verdade.
Foi ter à sua cama, deitou-se e começou a dormir. O Carlos e o Pedro ficaram a olhar para o Luís a ver se ele dizia alguma coisa, mas como não disse uma única palavra, eles fizeram a mesma coisa que ele.

Capitulo 5

A Mariana e a Mimi tinham ido ao seu quarto ver onde estava a Teresa e encontraram-na no sofá a escrever no seu diário.
– Teresa, não devias estar na piscina? – Perguntou a Mariana.
– Devia, mas uns ignorantes estragaram-me a tarde.
– Eles não estragaram a tarde, eles até foram simpáticos. – Disse a Mariana.
– Isso é o que tu dizes, Mariana, mas a verdade é que não gostei deles e aquele que me dá mais raiva é o louro.
– É o Pedro. Mas ele já é assim, um trapalhão. Como eu já sou esquecida. – Disse a Mimi.
– Pois, Mimi, mas tu não nos prejudicas.
– Prejudico sim, ainda agora esqueci-me que depois do verão íamos de volta para Lisboa.
– Isso não é nada de grave, Mimi.
– Como queiras, Teresa.
– Mimi, a Teresa está é apaixonada. – Comentou a Mariana para a Mimi, a ver se a Teresa embirrava.
– Não estou nada, ele é um parvo. – Disse a Teresa.
– Pois é. – Disse a Mariana, a rir-se.
– E tu, estavas a olhar para o Carlos, ou quem seja ele.
– Eu? Não. – Disse a Mariana.
– Vocês estão apaixonadas, vocês estão apaixonadas! – Cantarolou a Mimi.
– Ah ah ah! E tu também, Mimi. – Disse-lhe a Teresa, com cara de má.
– Não estou não. – Negou a Mimi.
– Estás sim. Luís. – Disseram a Mariana e a Teresa, ao mesmo tempo.
– Não estou nada. Vocês nem fazem uma pequena ideia do que se está a passar.
– Tu é que sabes. – Disseram a Mariana e a Teresa.
A Mimi mudou de assunto.
– E que me dizem de fazermos uma banda?
– Não sei se sabes, mas a única que sabe cantar sou eu. – Disse a Teresa.
– Está bem, mas vamos tentar.
– Eu não alinho. – Disse a Mariana.
A Mimi olhou esperançosa para a Teresa, mas sem sucesso.
– Também não alinho.
A Micaela ficou descontente.
– Está bem.
A Mimi deitou-se na sua cama e olhou para o tecto com um olhar triste e sonhador, esperando que as amigas alinhassem na sua ideia e cantassem juntas, mas a ideia não teve êxito. Micaela sonhava com o sucesso do grupo, com as amigas a receberem prémios, com álbuns no mercado a fazerem sucesso, com tudo o que a vida do estrelato pode ter.
A Micaela sentiu-se triste pelas amigas não quererem cantar com ela e achou estranho que a Mariana e a Teresa não quisessem cantar. Da Mariana, Mimi tinha algum receio que ela não aceitasse o convite, pois ela não sabe cantar, mas da Teresa foi um choque. Mimi nunca pensou que a Teresa pudesse recusar o convite, pois a amiga adoraria ser conhecida como cantora em todo o mundo. Agora, Mimi tinha de esquecer a ideia e descansar sem música e dança. Com este pensamento, acabou por adormecer, sob o olhar da Mariana e da Teresa que a viam a dormir.

Capitulo 6

A Mimi não sabe ao certo quanto tempo esteve a dormir, pois ela é uma esquecida, só sabe é que acordou às 5:00 com uma dor de barriga imensa, pois não comia desde as 15:00 do dia anterior . A Mariana e a Teresa disseram que dormiu 14 horas, mas Mimi não acredita, pois ela não é muito dorminhoca. Mimi e as amigas prepararam-se para começar um novo dia em grande.
– Toca a andar, vamos à piscina! – Gritou a Mariana, para as duas amigas.
– Eu só te digo uma coisa – Disse a Teresa, avançando para a Mariana – Se encontrar aqueles falhados na piscina, vou de volta para casa.
– Está bem, mas não esperes que avancemos atrás de ti e que eu e a Mimi estejamos a perder a piscina e o sol por causa de uns rapazes que te andam a chatear. – Respondeu-lhe a Mariana, já farta que a Teresa fale mal dos três rapazes.
A Teresa não pensava que a Mariana lhe desse esta resposta, pensava mais que ela lhe dissesse: "Oh, não são os três rapazes, é só um rapaz que te anda a chatear. O novo amor da tua vida”, mas Teresa pensou mal.
– Já estou pronta, meninas, e já agora, Teresa, se os rapazes tiverem lá é uma boa oportunidade para falares com eles e arrumares tudo em pratos limpos. – Aconselhou a Mimi.
– Acho que vou fazer isso. Obrigada pelo conselho, Mimi, e agora vamos para a piscina.
As três amigas saíram do quarto nº 10 e foram pelo corredor fora até à piscina. Na piscina, estavam lá os três rapazes deitados nas espreguiçadeiras e muito animados. A Mariana e a Mimi olharam de relance para a Teresa e a Teresa, ao notar que as amigas estavam a olhar para ela, fez um sim com a cabeça. A Mariana e a Micaela foram ter com os rapazes com passos largos. Os rapazes ao verem-nas perguntam-lhes:
– Então, raparigas, tudo bem? – Perguntou o Pedro.
– Sim, está tudo bem e com vocês? – Perguntou a Mariana.
– Também. Teresa, o Pedro quer dizer-te uma coisa. – Disse o Luís.
– Diz. – Pediu a Teresa, olhando para o Pedro.
– É o seguinte: Desculpa por aquilo que fiz ontem, foi um erro, eu não devia ter feito, mas como sou um trapalhão, deixei cair o copo. Desculpa.
A Teresa olhou para a Mariana e a para a Mimi e depois virou-se para o Pedro.
– Estás desculpado. Além disso eu nem sequer fiquei muito zangada, mas é óbvio que ao principio fiquei fula. – Disse ela, a rir-se.
– Desculpa, mais uma vez.
– Já chega de desculpas por hoje. Será que podemos sentarmo-nos ao pé de vocês? – Perguntou a Teresa.
Os rapazes olharam uns para os outros.
– Sim, podem. – Disse o Carlos.
As raparigas pegaram numas espreguiçadeiras e sentaram-se ao lado dos rapazes.
Quando as raparigas se deitaram, os rapazes começaram a querer pôr a conversa em dia.
– Estão a descobrir bem os segredos do Algarve? – Perguntou o Luís.
– Os segredos do Algarve? Não me digam que o Algarve tem mais lojas de roupa do que eu pensava? – Quis saber a Mariana.
– Não. Quem tem mais lojas de roupa é Lisboa, por enquanto. Mas vocês ainda não descobriram os segredos do Algarve? – Continuou o Luís.
– Não. O que é? – Perguntou a Mimi.
– Vocês ainda não saíram do hotel? – Perguntou o Carlos, surpreendido.
– Não, ainda não, porquê? – Tentou saber a Mariana.
– Estão livres hoje à tarde? – Perguntou o Pedro.
– Sim, estamos. – Respondeu a Teresa.
– Então vão connosco passear pelas ruas do Algarve. – Disse o Pedro.
– A sério? Fariam isso por nós? – Perguntou a Micaela.
– Sim, têm de saber bem o Algarve para conhecerem as coisas boas da vida. – Disse o Carlos.
– A que horas combinamos? – Quis saber a Mimi.
Os rapazes olharam uns para os outros, o Luís deu uma hora e o Carlos respondeu:
– Às 16:00, que vos parece?
– Óptimo, encontramo-nos na recepção. – Respondeu a Teresa.
A conversa dos três rapazes e das três amigas continuou por longas horas, mas as 12:00 tiveram de sair da piscina, pois o sol já estava a aquecer demais. Recolheram para os seus quartos e esperaram pelas 16:00.

***

As 16:00 não tardaram a chegar e as três amigas foram as primeiras a chegar à recepção.
Minutos mais tarde chegaram os rapazes com caras tristes, pois queriam estar a esperar pelas raparigas e não as raparigas a esperarem por eles. Os rapazes começaram a desculpar-se e as raparigas aceitaram as desculpas e começaram o passeio.
Primeiro foram ver as lojas de roupa, porque a Mariana tinha feito uma chinfrineira.
Depois foram aos restaurantes, viram as ementas para esse dia e compraram gelados.
A seguir, foi a vez das praias, como não haveria deixar de ser, o melhor que o Algarve tem. De seguida, viram outras lojas e, no final de terem visto tudo sobre Vilamoura, ainda foram de novo para a piscina do hotel onde estavam hospedados. A tarde das três amigas e dos três rapazes correu bem e nem a Teresa ficou zangada com o Pedro. No final da tarde, despediram-se e foram de volta para os quartos de hotel onde, horas mais tarde, sonharam com o dia mais animado da vida deles.

Capitulo 7

A manhã do dia seguinte das três amigas e dos rapazes correu bem. Levantaram-se da cama, vestiram-se e encontraram-se de novo na piscina do hotel. Conversaram mais um pouco e às 12:00 saíram, pois não queriam apanhar um escaldão. À tarde aproveitaram as horas livres e foram comprar gelados e passear fora do hotel onde estavam.
Regressaram ao hotel por volta das 19:00 e ainda ficaram na piscina durante uma hora. Às 20:00 despediram-se e regressaram para o quarto. No quarto do hotel, as três raparigas comentavam sobre o dia que passaram com os três rapazes.
– O que acharam dos rapazes? – Perguntou a Teresa.
– Eles são muito simpáticos. – Respondeu a Mariana.
– E tu, Mimi? O que achaste deles? – Quis saber a Teresa.
– Eles são muito simpáticos. – Fez um olhar para a Teresa, como se se tivesse lembrado de alguma coisa – Teresa, quem é que faria alguma coisa por nós?
– Os nossos pais.
– Sem serem os da nossa família.
– Ninguém.
– Agora já não é “ninguém”, os desconhecidos Pedro, Luís e Carlos fizeram alguma coisa por nós.
– Ai fizeram? – Perguntou a Teresa, admirada.
– Sim, Teresa, fizeram, mostraram-nos o Algarve.
– Achas que isso é “fazer alguma coisa por nós”?
– Sim, Teresa, eu concordo com a Mimi. Eles ajudaram-nos a integrarmo-nos no Algarve. – Disse a Mariana.
– Mas eles não fizeram nada por nós.
– Por acaso fizeram, se eles não nos mostrassem o Algarve, ainda estávamos só a passear no hotel. – Disse a Mimi.
– Nós somos aventureiras, iríamos ver o Algarve, pelo menos eu sou aventureira.
– Então porque é que não recusaste o convite? – Quis saber a Mariana.
– Porque não queria ficar sozinha no hotel.
– Então não és aventureira porque se fosses, estarias a descobrir os segredos do Algarve e não terias medo. – Disse a Mariana.
– Eu não disse que tinha medo. – Avisou a Teresa.
– Então pelas tuas palavras pareceu que tinhas. – Disse a Mariana.
– Meninas chega, não é preciso estarem a discutir por três rapazes. – Avisou a Mimi.
– Nós não estamos a discutir por três rapazes. – Gritou a Teresa.
– Então não discutam.
– Posso fazer uma aposta contigo, Mimi? – Pediu a Teresa.
– Sim, podes.
– Para eu ter a certeza que fariam alguma coisa por nós, pede-lhes alguma coisa, pode ser?
– Claro. Vamos ver quem ganha a aposta.
– Boa ideia! Assim pedias aos rapazes se podiam fazer uma banda contigo. – Disse a Mariana.
– O quê? – Perguntou a Mimi, baralhada.
– Sim, Mimi, um dia disseste-nos se podíamos fazer uma banda contigo, mas, como nós recusámos, eu recusei mesmo, porque não sei cantar, mas a Teresa podia cantar, porque ela sabe, mas não sei o que lhe deu. – Explicou a Mariana.
– Pois é, já me lembro, vou perguntar-lhes.
– Exacto, faz isso, sempre quero ver o que eles dizem. – Disse a Teresa.
– Meninas, agora vamos jantar. – Pediu a Mariana, já com fome.
O dia correu depressa, as três amigas jantaram, viram televisão, leram e às 23:00 prepararam-se para irem para a cama. A Mimi foi a primeira a adormecer, pois queria que o dia seguinte passa-se depressa e que contasse o seu convite aos rapazes e que eles aceitassem e assim ganhava a aposta que fez com a Teresa. Não que a Mimi gostasse de ganhar, mas queria sempre ganhar à Teresa, pois a Teresa adorava ser a melhor em tudo e não queria que ninguém “passasse-lhe à frente”. Assim, Mimi rezou para si mesma a fim de os rapazes aceitarem o seu convite.

Capitulo 8

No dia seguinte, quando a Micaela abriu os olhos, notou algo diferente. O cortinado estava puxado para o lado e via-se o sol. O sol parecia que lhe estava a dar os bons-dias e a dizer que hoje ela iria triunfar.
Levantou-se, foi à janela, abriu-a e viu o sol lindo e com uns raios de luz que lhe iluminavam a cara. Não sabe ao certo quanto tempo ficou a observar o sol, o que sabe é que quando ficou com fome, foi à cozinha onde a Teresa e a Mariana já tinham feito o pequeno almoço.
– Bom dia!
– Bom dia. – Responderam a Mariana e a Teresa.
– Quem é que pôs o cortinado para o lado? – Quis saber a Mimi.
– O do quarto? – Perguntou a Teresa.
A Mimi fez um sim com a cabeça.
– Fui eu, porquê? – Quis saber a Teresa.
– Por nada, só acho que deves puxar os cortinados para o lado todos os dias.
– Porquê todos os dias? – Perguntou, surpreendida, a Mariana.
– Por nada, ou melhor, adoro a claridade.
A Mimi sabia que se não respondesse à pergunta que a Mariana e a Teresa tinham perguntado que ficavam desconfiadas. A Mimi, claro que não quis contar a verdade, pois assim a Teresa fazia uma gritaria e ficava irritada. Então Mimi resolveu mentir. Assim que viu o seu pequeno almoço na mesa das refeições, foi sentar-se e começou a tomá-lo apressadamente, pois o dia prometia que seria um êxito. Ela sentia-se animada para ir para a piscina e isso assustava-a. Sabia que não era só por perguntar aos rapazes se queriam fazer uma banda com ela. Se quisesse ser honesta consigo mesma, tinha consciência de que estava apressada por chegar à piscina, porque iria encontrar um dos rapazes, o Luís, o que era uma verdadeira parvoíce para ela.
Devia tentar evitá-lo, pois não queria que a Mariana e a Teresa notassem. Estava convencida que seriam “cão e gato”, pois os mundos são completamente diferentes (pelo menos, pensava ela) por conseguinte, não devia estar ansiosa por vê-lo neste dia.
Depois de comer o pequeno almoço, Mimi e as amigas prepararam as coisas para irem para a piscina. Enquanto que a Teresa pensava na aposta que tinha feito com a Mimi, a Mimi estava a pensar no Luís.
Para Mimi, o dia estava a ser um pesadelo e nada do que o sol tinha dito parecia ser verdade. Tentou a todo o custo tirar o Luís da cabeça, pensando na escola, em Lisboa e se tinha a certeza que no seu interior era a mesma que na cidade.
Talvez tivesse a certeza desta realidade e talvez se devesse ao facto de ser uma novidade no Algarve. Possivelmente, a sua falta de memória era encarada como sendo uma “princesa em apuros”. Seja como for, a Micaela queria fazer amigos no Algarve, mas parece que os três rapazes que apareceram na vida dela e das amigas não são as pessoas mais indicadas.
A Micaela travou os seus pensamentos, pois já estava a avistar os três rapazes na piscina.
– Olá, meninas! – Cumprimentaram os rapazes.
– Olá! – Disseram elas.
– A Mimi quer perguntar-vos uma coisa. – Disse a Teresa.
A Teresa olhou para a Mimi e depois para os rapazes.
– O que é? – Quis saber o Luís.
– Ah, eu tenho uma proposta para vocês. – Disse ela.
– Qual é? – Perguntou o Pedro.
– Queriam fazer uma banda comigo?
Os rapazes olharam uns para os outros com um sorriso nos lábios. Eles queriam fazer uma banda, mas não queriam fazer a banda sozinhos e então adoraram o pedido da Mimi.
O Carlos adorava ser um grande compositor e o Pedro e o Luís queriam ser reconhecidos pelas suas vozes.
Assim, os rapazes olharam para a Mimi e depois o Luís falou:
– Por mim, eu aceito o convite.
A cara de receio de Micaela transformou-se numa cara de tristeza, não que se calhar tivesse ganhado à Teresa, mas se os outros dois rapazes recusassem, a vida da Mimi vai tornar-se um inferno.
“Maldita a hora que quis fazer uma banda, agora se os outros recusarem tenho de cantar com o Luís. Ai! Que faço?” - Pensava ela para si mesma. Mas tentou deixar de pensar nisso e olhou para os outros dois rapazes.
– E vocês? Aceitam? – Quis saber ela.
– Sim. – Respondeu o Pedro.
– Eu também aceito. – Disse o Carlos.
A Teresa fez uma cara horrorizada, pois parece que tinha perdido a aposta. Enquanto que a Micaela tinha uma cara de alivio, pois não ficaria a cantar só com o Luís.
– Óptimo, podemos começar amanhã? – Perguntou a Mimi.
– Espera lá. Nós também podemos ir para a banda? – Quis saber a Teresa.
– Mas tu e a Mariana tinham dito que...
A Mariana interrompeu a Micaela.
– Nós sabemos o que tínhamos dito, mas mudámos de ideias.
– Tudo bem, podemos fazer uma banda nós os seis. Que vos parece? – Perguntou a Micaela, aos rapazes.
– Óptima ideia. – Respondeu o Luís, continuando – Começamos hoje às 16:00, pode ser?
– Sim. – Respondeu a Mariana.
– Eu e o Pedro compomos a letra, o Carlos compõe a música e vocês cantam. – Explicou o Luís.
– Só há um pequeno problema. – Disse a Teresa.
– Qual é? – Perguntou o Carlos.
– Eu sou a única que sabe cantar. A Mariana é dançarina e a Mimi representa, é aquilo que elas sabem fazer melhor e eu também.
– Tive uma ideia! A Mariana podia ser a coreógrafa! – Exclamou o Pedro.
– De certeza que a Mariana deve ter passos de dança fixes. – Comentou o Carlos.
– Não são nada de especial. – Disse ela, sorrindo levemente.
– Se vocês dizem que é o que sabes fazer melhor, então faz! Impressiona-nos! – Disse-lhe o Carlos.
– E a Micaela, o que faz? – Quis saber a Teresa.
– De certeza que a Micaela deve saber compor letras de músicas. – Disse o Luís.
– Sim, na verdade ela tem um caderno amarelo em que escreve lá versos. – Comentou a Teresa.
– Não digas isso. – Gritou a Mimi, tapando a boca à Teresa.
– A sério? Adoraria ver! – Exclamou o Luís.
– Não é nada. – Disse-lhe a Micaela.
– Estás a mentir, de certeza que se eu visse acharia um máximo. – Disse-lhe o Luís.
– Até posso ser má. – Avisou a Micaela.
– Também pode ser, mas até seres ainda falta um longo caminho. – Disse o Luís.
– Óptimo. O coro é essencial. – Comentou o Pedro.
– Ai, se o meu pai souber, vai ficar super contente e irá de certeza trazer-me 50 fotógrafos. – Comentou a Teresa.
– 50 fotógrafos? O teu pai só conseguia trazer-te 50 fotógrafos se fosse rico, assim pagava aos fotógrafos e eles viriam cá. – Disse o Pedro.
– E o meu pai é rico.
– Mas não é famoso. Ou é?
– Pois, isso já não.
– A sério? O teu pai é rico? Ele trabalha? – Perguntou o Carlos.
– É bancário.
– E tu vens para o Algarve? Devias era passar férias noutro lado mais chique. – Disse-lhe o Luís.
– Eu gosto do Algarve por ter muitas praias, ter grandes vivendas e existir calor.
– Está bem. Começamos hoje às 16:00? – Perguntou o Luís.
– Sim. – Respondeu a Mariana pelas amigas.
– Comecem a prepararem-se, vamos ensaiar. – Avisou o Carlos.
– Está bem. – Concordaram as três raparigas – Adeus.
Despediram-se, e as raparigas foram para o hotel enquanto que os rapazes foram passear nas ruas da vila. Enquanto as raparigas vinham de volta para o quarto, a Micaela andava a pensar na banda e no Luís.
“Será que a banda vai ser um sucesso? Será que fiz mal em fazer uma aposta com a Teresa? Será que vou conseguir evitar o Luís?” - Pensava ela. Teria ela a certeza de que no seu interior estava completamente mudada? Antes a Mimi não pensava nestas coisas, pensava antes na escola e nas notas. Agora os seus pensamentos eram outros. Será que estava a ficar maluca? A única coisa que teria a certeza é do sol e nisso ela nem sabe se ainda é um sonho ou é realidade. A Micaela adoraria que fosse ignorada, pois assim não pensava em ninguém e estava livre de fazer as suas maluquices.
Chegaram ao quarto e a Micaela foi ao seu caderno amarelo de versos e começou a escrever o que iria na sua alma, enquanto que a Teresa via televisão e a Mariana começava no seu quarto a inventar passos de dança.
A Micaela, enquanto escrevia no caderno, ia chorando e como não estava ninguém no seu quarto (até tinha a porta fechada) deixou-se ficar a chorar...
Quando acabou de escrever os versos, fechou o caderno amarelo e foi ter com as amigas.

Capitulo 9 

As 16:00 chegaram depressa e as amigas foram ter com os rapazes na piscina. Finalmente eles apareceram primeiro que elas.
– Já chegámos. Vamos começar? – Perguntou a Teresa.
– Tu não estavas a pensar que íamos fazer ensaios aqui, ou estavas? – Quis saber o Pedro.
– Por acaso até estava. E olhem uma coisa, se vocês têm medo das pessoas que estão aqui, fará se tivermos num espectáculo com milhões de pessoas a assistir ao concerto.
– Até estarmos a dar um concerto, ainda falta trabalharmos muito. – Avisou o Luís.
– Vamos ensaiar no nosso quarto. – Disse o Carlos.
– Vamos lá. – Disse a Mariana, avançando.
Voltaram para trás e foram os seis para o quarto nº 11. Quando entraram no quarto, a sala parecia que tinha levado um furacão em cima. Estava tudo espalhado por todo o lado: ténis espalhados, meias no chão.
– Não liguem ao quarto, nós sabemos que está um chiqueiro. – Disse o Luís.
– Ainda bem que têm consciência disso. – Disse a Teresa.
As raparigas começaram a ver as letras das músicas que o Luís e o Pedro fizeram. Depois, as raparigas viram o sons que o Carlos tinha feito e adoraram. Depois de todas as ideias serem vistas, começaram a trabalhar em conjunto. A Micaela, o Pedro e o Luís compunham as músicas e a Teresa fazia-os companhia, enquanto que a Mariana e o Carlos faziam a coreografia e o som. A primeira música foi finalizada às 22:00, despediram-se e as raparigas foram para o seu quarto. Depois de regressarem ao quarto, as três amigas começaram a comentar como foi a tarde passada com os rapazes.
– O que acharam da música? – Perguntou a Teresa.
– Achámos bem. Se continuarmos assim, ainda vamos ser profissionais. – Comentou a Mariana.
– Eu também gostei. – Concordou a Micaela.
– Amanhã continuamos! – Exclamou a Mariana.
– Pois é, acho que estas férias vão ser animadas. – Disse a Teresa.
– Pois vão.
– Que se passa, Mimi? Não parece que estejas contente. – Perguntou a Mariana.
– Eu estou bem. – Respondeu a Micaela, tentando esforçar-se por fazer uma cara feliz.
– Nós conhecemos-te e tu não estás bem. – Disse a Teresa.
– É a minha vida. Desde que conheci os rapazes que sinto que o meu coração e o meu cérebro não estão bem.
– O que aconteceu? – Quis saber a Teresa.
Então a Micaela contou-lhes tudo. Contou-lhes do sol que lhe sorria e que lhe dizia que iria triunfar, falou dos pensamentos que tinha do Luís e da banda e mostrou-lhes os versos que ela tinha escrito neste dia. A Mariana e a Teresa ouviam tudo com muita atenção e faziam caras admiradas quando a Micaela falava-lhes do sol. No final da história, a Mariana e a Teresa olharam uma para a outra e depois olharam para a Micaela e começaram a dar as suas opiniões.
– Bem, isto é um bocado... mau. – Disse a Teresa.
– O sol falou contigo? – Perguntou a Mariana.
A Micaela fez um sim com a cabeça. Mimi estava a deixar cair lágrimas pela cara e tinha o seu olhar no chão.
– Mimi, tu tens uns pensamentos mesmo terríveis. – Continuou a Teresa – Pensaste no sol a dar-te os bons-dias e a dizer que irias triunfar, depois veio a história dos pensamentos sobre o Luís e da banda e depois a perguntares-te se eras a mesma que em Lisboa. Não estarás a ficar maluca? Desculpa dizer-te isto, mas acho que estás a pensar demais nas coisas.
– Eu acho que tenho de ir para o hospital. – Disse a Micaela.
– Não precisas de ir para o hospital, estas coisas acontecem até a mim. Pelo menos, a parte de tu pensares no Luís. – Negou a Mariana.
– Tu também pensas no Luís? – Quis saber a Micaela.
– Eu não penso no Luís, penso no Carlos, também penso que deveria evitá-lo, mas no fundo não sei porquê. Também acho que sou maluca ao pensar nele, mas eu estive a pensar e acho que... estamos apaixonadas.
– Vocês? Apaixonadas? E eu? – Perguntou a Teresa.
– Não sei, Teresa. Mas se eu e a Mimi pensamos neles a toda a hora então... – Disse a Mariana.
– Calma, não é a toda a hora, às vezes eu penso na banda. – Interrompeu a Micaela.
– Sim, eu também.
– A não ser que a Teresa também pense neles? – Perguntou a Micaela.
– Não penso “neles”, penso no Pedro, mas eu acho que é raiva o que sinto.
– A ti, tem de ser mesmo raiva. – Gozou a Mariana.
– Vamos dormir. – Pediu a Mimi, a rir-se da piada da Mariana.
Enquanto a Teresa e a Mariana estavam a deitar-se, a Mimi foi a uma pequena gaveta que estava na sala e tirou um comprimido ben-u-ron, pois estava com dores de cabeça. De seguida, foi para a cama enquanto que a pouco e pouco a dor iria passando e ela ia adormecendo. Foi a primeira noite que sonhou com o Luís e a milésima noite que sonhou com a banda.

Capitulo 10 

No sonho da Mimi, o Luís estava a cantar com o Pedro, a Teresa, o Carlos e a Mariana. A Mimi estava de fora e a vê-los triunfar. Os cinco estavam a receber prémios e estavam em tour pelo mundo a receber carinhos dos fãs de todas as idades. O Luís e a Mimi eram rivais e disputavam quem recebia mais prémios, sim porque a Mimi era conhecida em todo o mundo por ser uma grande actriz. Muitos anos depois quem tinha ganho a disputa era a Mimi e agora o Luís estava a querer matar a Mimi. A Mimi via o Luís como se fosse um diabo com uma capa vermelha á frete e preta atrás e com uns enormes dentes.
Agitada, acordou a meio da noite e não conseguiu voltar a adormecer durante aquilo que lhe pareceu um longo tempo. Umas horas mais tarde, a Teresa estava a acordar pois tinha tido um pesadelo com o Pedro. Mimi pediu à Teresa que falasse do seu pesadelo e ela contou que ela estava entre as grades, presa, e que o policia era nada mais nada menos que o Pedro. Era acusada de ter agredido um policia, o Pedro e foi presa. Umas horas depois acordou a Mariana que tinha tido também um pesadelo com o Carlos. O dia das raparigas foi de pesadelos e elas não conseguiram dormir e teriam medo de voltar a dormir no dia seguinte com receio de que os pesadelos sejam maiores. Neste dia, para desânimo das raparigas, os seus pesadelos foram os centros das atenções delas e tentaram que á frente dos rapazes não os mostrassem tanto. As três amigas tomaram o pequeno almoço e foram ter com os rapazes á piscina. Quando chegaram os rapazes já estavam á espera delas. Foram os seis para o quarto dos rapazes e começaram a compor músicas. Ás 13:30 já tinham composto mais uma música. A letra tinha a ver com o verão e com as piscinas e com o sol. De seguida despediram-se e as raparigas foram para o seu quarto almoçar e à tarde estaria combinado que iriam compor mais uma música. O almoço das raparigas foi bife com batatas, elas comeram depressa pois era um prato que gostavam. Depois de comerem, foram de novo ao quarto dos rapazes. Cumprimentaram-se e começaram a compor mais músicas. Às 18:00 concluíram outra música e foram fazer uma pausa. Foram á piscina e começaram a fazer planos para a banda. Passaram 10 minutos na piscina e depois regressaram ao quarto dos rapazes para comporem outra música. A terceira música foi concluída às 23:30. De seguida as raparigas estavam prontas para se irem embora mas o Carlos queria propor uma saída com a Mariana. A Mariana olhou para a Teresa e para a Mimi e depois para o Carlos e disse-lhe que tinha aceitado a proposta. As raparigas foram finalmente para o quarto e comentaram sobre o dia.
– O que acharam do dia? – Quis saber a Teresa.
– Eu achei mal porque não consegui dormir. – Respondeu a Mimi.
– Isso nós não conseguimos mas o dia até foi agradável. – Disse a Mariana, a sorrir.
– Pois Mariana a ti foi porque o Carlos convidou-te para sair! – Exclamou um pouco chateada a Teresa.
– Isso é verdade. – Afirmou a Mariana.
– Meninas vocês não têm medo de adormecer? – Perguntou a Mimi com medo.
– Eu tenho. – Respondeu a Teresa com um arrepio.
– Eu já não. – Respondeu a Mariana a sorrir de novo.
– Eu já não te vou perguntar mais nada que tenha a ver com pesadelos ou com rapazes. – Decidiu a Teresa.
– Está bem, vou para a cama. – Disse a Mariana.
A Mariana foi deitar-se na cama enquanto que a Teresa e a Mimi estavam a arranjar coragem para irem dormir.
– Que fazemos? – Quis saber a Mimi.
– Vamos dormir. – Respondeu a Teresa.
– E os pesadelos? – Perguntou a Mimi.
– Tentamos dormir.
– Mas como fazemos isso?
– Fácil. Viramo-nos de costas e tentamos dormir de novo. – Explicou a Teresa.
– Não sei se consigo.
– Eu acho que vais conseguir e eu também, até amanhã.
– Até amanhã.
A Teresa deitou-se e a Mimi seguiu-a com o olhar. Quando a Teresa meteu a cabeça na almofada e puxou os lençóis para cima de si, Mimi parou de olhar para ela. Mimi sentiu-se bem para ela era agradável estar só, não ter de sorrir e pareceu contente. Era um alivio olhar a lua cheia deste dia através da janela e deixar escapar algumas lágrimas. Não estava com disposição para chorar muito. Reservaria até que estivesse na cama, ao pensar no dia seguinte. Mimi sentia-se bem por a Mariana estar feliz mas também estava triste pois deixaria de ter pessoas que pensassem como ela. Pensava que mais cedo ou mais tarde a Teresa iria dar-se bem com o Pedro e ela assim ficava sozinha a pensar pois não lhe caberia na cabaça dar-se bem com o Luís. Ela, que pensava que tinha um feitio difícil e que não sabia ao certo como é que a Mariana e a Teresa a aguentavam. Antes de conhecer a Mariana e a Teresa, Mimi pensava que nunca iria encontrar amigos verdadeiros pois não era capaz de se integrar por pensar que seria má em todas as disciplinas, bem em educação física era mais difícil pois era má aluna, agora em ciências era muito boa. A Micaela tinha medo que lhe chamassem a protegida da professora de Ciências. Em Lisboa era uma rapariga muito rotulada pelos colegas. Quando estavam em educação física chamavam-na de “franga”, quando estavam em ciências chamavam-na de “a crânio”, por ser muito boa aluna e depois fora das aulas era chamada de “ignorante”.

***

A Micaela não dormiu bem na noite passada mesmo depois de ter chorado. De manhã só pensava na banda e no Luís. Através da janela, conseguia ver um sol lindo e a dar-lhe uns bons-dias de novo como fazia quase todas as manhãs. Era a segunda vez que se tinha levantado da cama mais tarde que a Mariana e a Teresa. Tomou o pequeno almoço devagar para surpresa da Mariana e da Teresa pois a Mimi tomava sempre (agora era quase sempre) o pequeno almoço á pressa. A Micaela reparou que a cara da Mariana estava muito sorridente e a Mariana até tinha razões pois iria sair com o Carlos. A Micaela e a Teresa desejaram-lhe boa sorte. A Mariana agradeceu-lhes, sabendo que se calhar não correria o encontro. A Mariana foi a primeira a sair de casa, a correr, pois estava na hora de ir ter com o Carlos. A Teresa pegou no seu saco de praia e saiu também. A única que ficou ainda em casa foi a Mimi que depois de a Teresa ter saído, sentou-se no sofá da sala e ficou a olhar para a parede da cozinha com um olhar pensativo e sonhador. Mimi enquanto olhava para a parede pensava: “A Mariana vai resolver tudo com o Carlos, a Teresa vai falar calmamente com o Pedro e eles vão entender-se e eu como não quero falar com o Luís vou ficar a olhar para o silêncio”. O silêncio para ela significava que tinha de falar com o Luís mas não queria. Desde que veio para o Algarve que as decisões dela mudaram e já não podiam voltar ao que eram a não ser que fossem para Lisboa. Ela hoje, por incrível que pareça, não queria ir para a piscina nem queria sair do quarto, mas já não queria ficar no hotel. Então, fez um sacrifício e saiu. Ela não queria andar a pé mas como só tinha 16 anos teve de se contentar pois nem sequer tinha carta de condução para andar de moto. Estava ela muito entretida nos seus pensamentos que nem notou que o Luís estava a passar por ela.
– Olá! Tudo bem?
– Olá! Desculpa estava distraída.
– Não faz mal.
– Como vais? – Perguntou a Mimi.
– Vou bem, ah amanhã às 10:00 preciso de falar contigo.
– É sobre a banda? – Quis saber a Mimi.
– Não. – Negou ele.
– É sobre as férias?
– Também não. É sobre a nossa vida.
– A nossa? Bem, a Teresa tem uma boa vida é rica e tem 19 anos e tem um bom coração acima de tudo e a...
– Não estou a falar da vida de todos.
– Então estás a falar do quê? – Quis saber a Mimi sem perceber onde ele queria chegar.
– A nossa vida quer dizer a minha e a tua.
Mimi ficou admirada mas não baixou o tom da sua voz para ele não perceber.
– Bem, eu tenho 16 anos e sou boa pessoa penso eu.
– Espera, tens 16 anos? – Interrompeu ele.
– Tenho porquê? A ti parecia que tinha quantos anos?
– Para aí uns 14.
– Pois, nem devia ter perguntado.
– Porquê? - Perguntou o Luís.
– Em Lisboa as pessoas diziam que tinha 14 anos. As pessoas que não me conheciam claro.
– Pelos vistos não são só as de Lisboa.
– Pois. Ah, tenho de ir.
– Está bem. Amanhã vens ter comigo aqui na recepção às 10:00?
– Sim. Adeus.
Mimi avançou e enquanto avançava, pensava: “Fui tão burra, não devia ter aceitado o convite porque isto vai correr mal, muito mal”.

***

Entretanto a Mariana e o Carlos estavam a conversar na praia onde tinham combinado e pelos vistos a conversa estava a correr bem.
– Quantos anos tens? – Quis saber o Carlos.
– Tenho 17 e tu?
– Tenho 18 e sou o mais velho dos rapazes, faço em 15 de Março. O Pedro é o mais novo.
– O Pedro tem quantos anos? – Perguntou a Mariana.
– Tem 18 mas faz em Dezembro. – Respondeu o Carlos.
– E o Luís?
– O Luís faz anos em Julho. Andas em que ano? – Quis saber o Carlos.
– Acabei o 12º ano.
– Óptimo. Fazes anos em que mês?
– Em Agosto. 3 de Agosto.
– Faz sentido. Se fizesses em Janeiro 17 anos, nesta altura estarias a ir para o 12º.
– A Mimi vai para o 12º.
– Ela tem quantos anos? – Quis saber o Carlos.
– Tem 16. Faz anos a 14 de Setembro.
– Está bem. Quais são as tuas qualidades e defeitos?
– Sou teimosa, sou extrovertida e gosto de roupa!
– Boa! – Exclamou ele a rir-se.
– E quero tirar a carta de moto.
– O Pedro tem carta.
– Isso é bom, assim não andamos a pé.
– Exacto. - Disse o Carlos a rir-se – não deves gostar de fazer passeios.
– Só faço passeios naqueles em que me interessam. Se for uma ida às compras eu não perco por nada.
– Parece que sim! - Exclamou o Carlos deixando de rir e fazendo só um sorriso. - Qual é o teu sonho?
– É ser uma grande dançarina, ou melhor, ser uma dançarina profissional. Sabias que já pertenci a uma claque?
– Fixe! - Exclamou o Carlos.
– Andei de pompons.
– Fixe! – Repetiu-se o Carlos – Tenho uma coisa para te mostrar.
– O que é? - Perguntou ela.
– Vamos para o hotel e depois conto. - Disse ele com um sorriso.
Carlos pegou na mão da Mariana e conduziu-a para o hotel.

Capitulo 11 

O Carlos e a Mariana com passos largos, depressa regressaram ao hotel e o Carlos pôde logo mostrar aquilo que queria que ela visse. Quando chegaram ao quarto, este estava estranhamente arrumado, com todas as coisas no sítio. Estava tudo arrumado e até as almofadas que antes estavam no chão, agora estavam direitas. O Carlos reparou no olhar admirado da Mariana e explicou porque é que estava tudo arrumado. Depois de explicar, foi a uma gaveta e tirou de lá uns cadernos e folhas soltas. De seguida fechou a gaveta e foi ter com a Mariana e entregou-lhe os cadernos com as folhas soltas. Mariana olhou para um dos cadernos com um olhar estranho até que levantou o olhar para o Carlos e perguntou-lhe o que ela tinha a ver com as letras das músicas pois nem sequer era ela a escrever as músicas deles. O Carlos respondeu que tinha escrito uma música sobre ela e que o título chamava-se: “Quero conhecer-te”. A Mariana começou á procura da letra da música e facilmente a encontrou pois foi uma das últimas que ele escreveu. O Carlos perguntou-lhe se queria cantar com ele. A Mariana disse-lhe que não sabia cantar mas o Carlos pediu-lhe para o fazer pois era só uma música e se ela cantasse mal aquilo ficaria só entre eles. A Mariana acabou por aceitar e cantaram os dois. Enquanto eles cantavam, o Carlos pensava que a Mariana até nem era muito má a cantar e até podia cantar com a Teresa, foi então que se lembrou que as raparigas podiam todas cantar e assim passavam a ser as três as vocalistas e não só uma vocalista e duas no coro. Quando a música acabou, o Carlos disse á Mariana o que estava a pensar e a Mariana não achou bem porque ela queria ser dançarina, não queria ser cantora. O Carlos insistiu e tentou que a Mariana aceitasse. Tanto insistiu que ela acabou por aceitar e o Carlos prometeu que quando visse o Pedro e o Luís que lhes iria propor. Os dois ainda continuaram a conversar por algum tempo. Falaram dos sonhos do Algarve, de Lisboa, das qualidades e dos defeitos e dos amores. A Mariana disse que em Lisboa era muito disputada e que era muito famosa já o Carlos disse que era um rapaz muito solitário e que era um óptimo aluno. E disse também que era o músico da turma.

***

A Mini estava de volta ao hotel quando viu de novo o Luís. Ela queria recusar o encontro e foi ter com ele.
– Olá!
– Olá! Então? Que queres?
– Quero recusar o encontro.
– Porquê?
– Porque não quero falar da minha vida privada principalmente com alguém que mal conheço.
– Se for com um psicólogo que mal conheces contavas-lhe a vida?
– Isso é diferente, essa pessoa era um especialista agora tu não és.
– Mas sou uma pessoa, mas está bem, como querias.
– Adeus.
– Adeus.
Mimi virou-se de costas para ele e andou com um passo acelerado. O Luís permaneceu parado no seu lugar lançando o olhar para a direcção onde a Mimi seguiu. “Ela é desagradável quando tem alguma coisa na cabeça para fazer”-pensava ele. “Não era justo”- pensou o Luís. Virou-se de novo para o que estava a fazer, tentando “apagar” a raiva e o coração partido que tinha.
A Mimi também se sentia mal. Por trás da porta do quarto nº10 ela estava a chorar. Queria parar de chorar e fazer de conta que nada se tinha passado mas não conseguiu.

***

A Teresa estava num café sozinha. Bem, sozinha nem estava pois havia muitas pessoas no café mas eram pessoas desconhecidas para ela. Por sorte (ou por azar) apareceu o Pedro que foi ter com ela.
– Olá! – Exclamou ele enquanto se sentava.
– Olá! Que fazes aqui? – Perguntou a Teresa.
– Vim para beber ou achas que eu vinha para um café fazer o quê? Para dormir? – Gozou o Pedro.
– Que engraçadinho! – Disse a Teresa com uma cara de zangada.
– Não te zangues, estava a brincar.
– Ás vezes as tuas brincadeiras são de mau gosto. – Continuou ela ainda com cara zangada.
– Está bem. Desculpa. Mas estava à vossa procura.
– Nossa?
Teresa largou a cara de zangada e passou a uma cara confusa pois pensava que o Pedro estava à procura dela.
– Sim, à banda. Acho que nós esquecemos de uma coisa muito importante.
– Qual?
– Temos de escolher um nome para a banda.
Teresa pôs a mão na cabeça como se estivesse a lembrar.
– Pois é, Já nos íamos esquecendo.
– Eu tenho montes de nomes para a banda.
– Não me digas, espera que a banda esteja toda presente.
– Está bem, tens os números de telemóvel das raparigas?
– Tenho, lembra-te que nós somos amigas! E tu tens dos rapazes?
– Tenho. Também somos amigos.
– Assim está melhor.
E assim a Teresa e o Pedro mandaram mensagens aos seus amigos. A Mariana e o Carlos foram os primeiros a receber as mensagens.

“Reunião da banda daqui a 50 minutos no quarto nº 10, das raparigas. Podem ir?”

A Mariana e o Carlos responderam á pergunta, escrevendo numa mensagem que iriam.
O Luís foi o terceiro a receber e de seguida respondeu com uma mensagem que iria. A Mimi foi a última a receber a mensagem e foi a única que teve a pensar duas vezes antes de aceitar pois não queria ter de olhar para o Luís mas por incrível que pareça, arranjou coragem e aceitou.
Os 50 minutos passaram depressa e todos foram pontuais (a Mimi já lá estava).
– Então, o que vos levou a fazer esta reunião? – Perguntou o Luís.
– Nós esquecemo-nos de pensar num nome para a banda. – Relembrou o Pedro.
– Pois é – O Carlos olhou para cada um – Alguém tem uma ideia?
– Eu tenho montes. – Respondeu o Pedro.
– Diz. – Pediu o Carlos.
– Que tal os 6?
– Para uma banda é um bocado mau, não? – Perguntou a Mariana, olhando para cada um.
– Tens razão. – Concordou o Luís.
– Então tenho mais.
– Diz todas as ideias que tens Pedro. – Pediu o Luís.
– Tenho os cantores, os emplastros, os 3+3, os MCLPT, os super-heróis, as bonitas e os bonitos, os mireendiabrados, os pêra-doce, os Algarvios, os Algarvios e as Lisboetas, os guarda-músicas e já está tudo, acho eu. Acho que não falta nada.
– Vamos votar um de cada vez. – Sugeriu a Teresa com uma cara triste pois as ideias do Pedro eram horríveis e afinal não era só ela pois os outros também tinham tristeza estampados no rosto.
– Quem vota nos cantores?
Ninguém pôs o dedo no ar nem o próprio Pedro pois ele disse que também não gostou da sua ideia. Depois foi a vez de votar nos emplastros, o Carlos votou, a seguir votaram todos nos 3+3, eles só esperavam que não estivesse nenhum empatado com os 3+3 porque sendo assim não sabiam como desempatar. De seguida a Teresa e o Carlos votaram nos MCLPT, os super-heróis não teve votos embora a Teresa estivesse indecisa. As bonitas e os bonitos foi votado pela Mariana e pela Teresa. Os rapazes ficaram com caras de “miúdas, não é hora de maquilhagem”. Os mireendiabrados foi votado por todos, eles não queriam que isto acontecesse, pensaram que podiam pôr os dois nomes num papel e tirar á sorte. Os Pêra-doce foi votado pelo Carlos e pela Teresa. Os três últimos nomes não foram votados. Depois de acabar a votação, pegaram em 2 bocados de papel e meteram em cada um, os nomes 3+3 e mireendiabrados. Depois de muita volta abriram um dos papéis e viram o nome… 3+3.
3+3 seria o nome da banda.
– Que acham? – Perguntou a Teresa.
– Bem. – Responderam todos menos a Mimi.
– Que se passa Mimi? – Quis saber a Teresa.
– Nada. – Respondeu ela com cara triste.
– Está bem.
Mas não estava bem. A Teresa prometeu a si mesma que quando a reunião acabasse que ia falar com a Mimi.
– Eu tenho uma coisa para vos dizer.
– O que é? – Perguntou o Luís.
O Carlos olhou para a Mariana.
– Eu descobri que a Mariana é uma excelente cantora e pensei que se calhar pudéssemos, sei lá, pô-la a cantar com a Teresa.
– A sério? Ela é uma excelente cantora? – Perguntou a Teresa.
– Sim.
– Então ela pode cantar comigo.
A Mariana olhou para o Carlos e depois para a Teresa.
– Bem, na verdade, o que o Carlos está a dizer é que eu canto razoável não é que pareça um rouxinol a cantar mas… vocês percebem.
O Carlos cruzou os braços e fez um fingido olhar sério para a Mariana.
– Não, eu não percebi. A Mariana não fez um mínimo esforço para cantar bem e até saiu-lhe bem. Vais-me dizer que não é verdade?
– A mim saiu-me mal mas tudo bem. – Disse a Mariana a rir-se da postura do Carlos.
– A menina Mariana não sabe o que diz.
– Chega de brincadeiras e se não se importarem podemos começar a compor mais músicas. – Disse a Teresa.
– Já que falam em músicas eu vou vos mostrar uma que quero que digam o que acham dela. – Disse o Carlos dirigindo-se à sua guitarra.
A Teresa ia falando mas foi interrompida pela Mariana.
– Tocas guitarra? – Disse.
– Sim. Toco guitarra, piano e bateria.
– Fixe. A Mimi toca…
A Mimi ao reparar que a Mariana ia revelar o segredo de ela tocar guitarra, olhou para a Mariana.
– O que é que a Mimi toca? – Perguntou o Luís.
A Mariana começou a engasgar-se nas palavras e a Mimi deu uma mentira mais cedo.
– Eu toco nos instrumentos e não percebo nada.
– Ah? – Disse o Luís sem perceber nada.
– Eu tenho instrumentos mas quando os toco... não percebo nada de notas musicais de modo que não consigo o que estou a tocar e então a música sai má. – Explicou a Mimi.
– Já percebi. – Olhou para o Carlos – Toca lá a tua música.
E o Carlos começou a tocar...Era uma música mexida, a letra falava da paixão pela música e das tentativas falhadas de conseguir chegar ao seu sonho. Falava de como estava triste de tentar e nunca conseguir mas sabia que a esperança era a última a morrer e por isso tentou e tentou até que apareceu três raparigas (a Teresa, a Mimi e a Mariana) que mudaram o azar dele e os quatro com os seus dois amigos fizeram uma banda e que agora está feliz.
Enquanto a música tocava, os amigos sorriam. Estavam a gostar da música do Carlos. Quando a música acabou, eles felicitaram-no.
– Lindo! – Exclamou o Luís.
– Não nos vamos esquecer de pôr isto num CD quando formos editar. – Disse o Pedro.
– Lindo! – Repete a Mariana.
– Vamos a músicas? – Perguntou a Teresa.
– Vamos! – Exclamaram todos.
Começaram a compor...

Capitulo 12

Uma música foi feita em 6 horas. Eram 21:00 e era na hora do jantar. As raparigas tinham “a barriga a dar horas” e os rapazes tinham uma dor de estômago horrível. Eles preparavam-se para sair mas o Luís tinha coisas para falar com a Mimi. Os amigos saíram e os dois começaram a falar.
– Passa-se alguma coisa contigo. – Disse o Luís.
– Não se passa nada – Negou a Mimi.
O Luís pôs uma mão numa cadeira e olhou para a Mimi.
– Tu és muito transparente, Mimi. Qualquer pessoa é capaz de saber tudo o que sentes por dentro só num dia e sei que se passa alguma coisa contigo.
Mimi fez um olhar triste para o Luís.
– Está bem. Passa-se alguma coisa comigo.
– Tem a ver comigo? – Quis saber o Luís.
– Não. -respondeu ela com um olhar sombrio e baixando a cabeça.
O Luís tirou a mão da cadeira e pôs a mão no queixo da Mimi e fez com que ela levanta-se o rosto e que olhasse para ele.
– Tens a certeza que não tem nada a ver comigo?
– Tenho. – Respondeu ela desviando a cara da mão dele e saindo dali com passo apressado.
O Luís ficou a olhar para ela a sair e ao mesmo tempo pensava: “tem a ver comigo e se calhar é por ter recusado o convite”.
As raparigas jantaram e de seguida foram aos seus computadores verem mensagens das suas mães que há muito tempo que elas não tinham tempo por causa da banda. A Teresa tinha 5 mensagens no seu Messenger que diziam:

1- De: mãe
“Filha, como vão as férias aí?”

2- De: mãe
“Querida, tens tomado bem conta das meninas?”

3- De: mãe
“Querida, está tudo bem?”

4- De: mãe
“Filha, não mandas mensagens há uma semana, que se passa?”

Quando a Teresa abriu a última mensagem que pensava que era da mãe, na verdade não era, a mensagem era do seu ex namorado Ricardo que dizia:

5- De: Ricardo
“Olá Teresinha tudo bem? Como vão essas férias? Sei que não vais resistir-me. Tenho novidades: No dia 11 a 21 de Agosto estou aí. Achas bem?”

A Teresa olhou a data de hoje. Estava quase. Lindo! Agora tinha de levar com o seu ex namorado maníaco neste último mês. Decidiu mandar mensagens a ele.

Para: Ricardo
“ Olá, Ricardo. Não sei se sabes mas somos ex namorados e não é preciso vires cá proteger a tua ex namorada. Eu estou muito bem, Obrigada por perguntares e para tua informação o hotel está cheio de rapazes lindos portanto acabarias por ficar chateado porque não há nenhuma rapariga gira aqui. A não ser, claro, as minhas amigas. Agora adeus ah e não te esqueças, não venhas, eu estou bem. Um abraço (não há beijos).”

A Teresa suspirou e pensou: “Este rapaz é um chato, eu sei que sou irresistível mas não era preciso estar sempre atrás de mim”. Foi então que lembrou-se da mãe e mandou uma mensagem para ela:

Para: mãe
“Olá mãe, tudo bem? Aqui está tudo óptimo e tenho tomado bem conta das raparigas. Desculpa não ter mandado mensagens mas estive muito ocupada já deves saber do quê. Tenho apanhado banhos de sol. Beijinhos.”

A Teresa não iria contar que fez uma banda pois o pai da Mimi não quer isso e então elas decidiram que iria ser segredo por enquanto.

A Mariana tinha 3 mensagens que diziam:

De: mãe
“Olá filha, como vão as férias?”

De: mãe
“Filhota, está tudo bem? Não deixes esta velha falar para o boneco.”

De: mãe
“Filha passa-se alguma coisa?”

A Mariana digitou uma resposta rápida.

“ Mãe desculpa mas tenho estado ocupada, conheci uns rapazes engraçados e começámos a sair e além disso tenho estado a estudar. Beijos.”

A Mariana sabia que era mau mentir aos pais mas era melhor assim.

A Mimi tinha mensagens da sua mãe e de uma colega da escola que era óptima em ciências como ela:

De: mãe
“Olá querida está tudo bem aí em Vilamoura? Tem cuidado com os escaldões, sabes que aí o sol bate muito. Tens andado a estudar? Estou com saudades tuas querida. Até amanhã, adoro-te muito.”

De: Patrícia
“Olá Génio, está tudo bem aí no Algarve? Eu estou no Alentejo a passar férias com os meus avós e volto daqui a 3 dias a Lisboa. Ando a estudar ciências. Fixe não é? Xau e bons mergulhos.”

A Mimi apressou-se a escrever uma mensagem á mãe e á colega.

Para: mãe
“Olá mãe, está tudo bem aqui e com vocês? Eu tenho cuidado com os escaldões mãe, estou a pôr protector solar e para dizer a verdade não estou a estudar muito até porque sei que sou uma crânio nas disciplinas, menos a educação física é claro. Eu também tenho saudades tuas.”

Para: Patrícia
“Olá Géniazinha aqui está tudo bem e aí? Que eu saiba não sou a única génio, tu também és portanto não me chames de génio. Porque é que estás a estudar ciências? És óptima aluna. Eu não estou a estudar nada nem estou a fazer ginástica. Tenho de ir dar um mergulho, adeus.”

Quando as três acabaram de escrever, desligaram os computadores e foram entreter-se um bocadinho. A Mariana pôs um CD da Madonna a tocar no seu leitor e começou a dançar, a Teresa foi ver um pouco de televisão e a Mimi decidiu durante uma hora dedicar-se as leituras que não estivessem relacionadas com a escola. Mimi possuía uma pequena colecção de livros que trouxera para Lisboa. Decidiu ler um livro de policial. Pegou num e dirigiu-se á sala, sentando-se no sofá. Abriu o livro e começou a lê-lo. Quando ia começando a leitura do segundo capítulo reparou que o protagonista masculino daquela historia se chamava Luís. Muito zangada, fechou o livro e atirou-o para o outro lado do sofá. Foi então que decidiu guardar o livro onde estava e ir passear para fora do hotel. Assim que saiu do hotel e sentiu a aragem na cara, Mimi sentiu-se satisfeita.

Capitulo 13 

Para a Mimi, foi muito complicado de manhã aceitar a noite anterior como um sonho. Primeiro porque leu o nome Luís num livro policial o que não lhe agradou nada e depois quando foi para a cama sonhou com ele. Nada estava a favor da Mimi. Ela pensava que estava maluca. Por trás do cortinado e da janela podia-se ver um tempo horrível. Não estava sol o que era absolutamente anormal no verão. Ela sentiu-se bem por o tempo estar desagradável pois ela também se sentia assim. Levantou-se e vestiu uma camisola de cor verde com uns calções pois embora o tempo estivesse mau, o calor ainda estava presente. Quando Mimi foi ter com a Teresa e a Mariana deparou-se com um papel que estava na sua mesa-de-cabeceira. O papel dizia o seguinte:

“Mimi, eu e a Teresa fomos ter com os rapazes da banda para falarmos sobre as músicas. Não precisas de perguntar onde estamos porque contigo está tudo bem. Nós é que precisamos de conselhos para as músicas serem melhores. O pequeno-almoço está no microondas. Até já,
Mariana e Teresa”

Mimi depois de ler o recado, dobrou o papel e foi tomar o pequeno-almoço. Foi a segunda vez que tomou o pequeno-almoço à pressa. Depois de comer os seus cereais foi pegar na sua guitarra e começou a compor músicas. Lá fora, já caía umas gotinhas de água, um pequeno aguaceiro passageiro. Mimi começou a pensar de que assunto iria falar na sua música, foi então que se lembrou de falar do Luís e de como estava triste de ter recusado o seu convite.
Enquanto tocava guitarra e cantava, Mimi não se deu conta que a Teresa, a Mariana e os rapazes estavam a entrar no hotel e chegaram a ouvi-la cantar e tocar a música toda. Quando Mimi reparou que eles estavam lá ficou perturbada.
– O que vocês fazem aqui?
– Viemos falar contigo acerca do que nós estivemos a discutir mas quando chegámos vimos-te a tocar guitarra e a cantar algo triste. – Explicou o Luís.
– Então o que vocês discutiram?
O Carlos não resistiu.
– Tocas guitarra?
A cara da Mimi era de tristeza.
– Sim -respondeu ela -eu toco guitarra desde os meus 7 anos mas eu não queria que vocês soubessem.
– Porquê? Somos uma banda temos de dizer aos outros o que sabemos fazer. – Continuou o Carlos.
– Eu concordo com o Carlos. – Disse o Pedro.
– Eu sei que vocês concordam com o Carlos mas eu não. Eu sou tímida, se me pedissem para actuar no palco sozinha eu não conseguia.
– Foi por isso que quiseste fazer uma banda? – Perguntou a Teresa.
– Sim. – Respondeu a Mimi.
– Tu não nos disseste nada. – Disse a Mariana.
– Não tive coragem – Disse ela – Fiz uma música sobre o sonho que tenho. Querem ouvir?
Eles fizeram um sim com a cabeça. Então a Mimi pegou na guitarra, tocou e cantou. A música não era muito mexida mas a letra era engraçada...
Quando a música acabou, Mimi perguntou:
– O que acham?
O Carlos fez um sorriso.
– Lindo!
– Obrigada. – Agradeceu a Mimi.
– Concordo com o Carlos, é lindo! – Disse o Pedro.
– Lindo! – Disseram a Mariana e a Teresa em uníssono.
A Mimi olhou para o Luís.
– O que achas?
O Luís olhou para ela.
– Acho engraçado. – Disse ele com um sorriso.
– Obrigada de novo. – Disse ela deixando de olhar só para o Luís e começando a olhar para cada pessoa da banda.
O Pedro mudou de assunto.
– O que acham de irmos de noite para um bar que está aqui próximo?
– Bar? – Perguntou a Teresa.
– Sim – Respondeu o Pedro -não nos vamos embebedar nem nada dessas coisas, vamos só divertirmo-nos.
– Está bem. Hoje às 21:00, ok? – Perguntou a Mimi.
O Luís falou por todos.
– Combinado. – Respondeu ele esticando a mão para ela.
Mimi olhou para a cara dele e depois para a mão dele e apertou-lha. Estava combinado.
Como sempre (ou quase sempre), o dia foi dedicado à banda. O tempo ao 12:00 melhorou e veio um sol lindo. À noite estariam prontos para irem dançar.

Capitulo 14

Eram 20:00 e as raparigas estavam prontas para irem dançar. Esperaram pelos rapazes na recepção como estava combinado. Os rapazes chegaram dois minutos mais tarde e lá foram eles, depois de haver uma complicação pois eles não podiam ir a pé para lá porque ainda era um bocadinho longe e lá foi a Teresa pedir aos guarda-costas para os irem levar no descapotável. Chegaram ao bar e por azar da Mimi havia música ao vivo. Já devia ter duvidado que havia música no bar só esperava é que não a chamassem para cantar. Quando entraram, viram pessoas a cantar muito mal e havia pessoas a dançar. Dirigiram-se ao balcão e pediram umas bebidas. Depois de terem as bebidas foram dançar. Depois de umas tantas pessoas irem cantar, o Carlos teve a excelente ideia de levar os seus amigos para cantar. A Mariana e a Teresa foram logo para o palco, o luís e o Pedro foram atrás mas a Mimi continuou no mesmo sítio a olhar para o Carlos. O Carlos lá tentou convencer a Mimi a cantar e lá foram todos. Decidiram cantar a segunda música que fizeram...Enquanto eles cantavam, as pessoas iam dançando e conversando umas com as outras acerca da música que estavam a ouvir. Havia um homem muito estranho sentado num banco perto do balcão que ouvia com um olhar atento a forma como as três raparigas e os três rapazes cantavam. Quando finalmente a música acabou, as palmas começaram a surgir e os cantores agradeceram e foram para o balcão. O homem que estava no balcão foi para perto deles.
– Cantaram muito bem, parabéns.
Eles viraram-se para o homem e o Carlos respondeu:
– Desculpe mas não falamos com desconhecidos.
– E se for um representante de uma editora? – Perguntou o homem com um sorriso.
Os seis fizeram umas caras espantadas.
– O senhor é um representante de uma editora? – Perguntou o Pedro sem acreditar.
O homem fez um sim.
– Eu precisava de uma banda de jovens cantores e vim para aqui a ver se conseguia encontrar alguém. Quando vos ouvi cantar percebi que vocês eram as pessoas indicadas.
– Nós? Nós não, eu e as minhas amigas viemos só para o Algarve para nos divertirmos. – Disse a Mimi.
A Teresa olhou para a Mimi.
– Não é verdade – Virou-se para o homem – Nós até temos um nome para a banda.
O homem sorriu.
– Qual é o nome?
– 3+3. – Respondeu a Mariana.
– É um nome engraçado.
O Luís mudou de assunto.
– Mas como é que... ou melhor, como é que nos vai ajudar?
– Vão gravar um CD.
– O quê? Gravar? – Perguntou o Pedro, embasbacado.
– Sim, gravar. – Respondeu o homem a rir-se.
– Vamos... va... vamos... ser... ricos. – Disse o Pedro com um olhar sonhador.
– Espera... não vão ser ricos assim sem mais nem menos. – Avisou o homem levantando a mão como se estivesse a parar alguém.
– Mas vai mesmo pôr o CD à venda? – Perguntou a Mimi.
– Se a vossa voz estiver igual à que foi hoje, sim.
– Isso é fixe! – Exclamou a Teresa.
– Têm mais músicas para além desta que cantaram?
– Sim, mas há algumas que não são cantadas por todos. – Avisou o Luís.
– No dia 8 podem vir cá, à mesma hora?
– No dia 8? Hoje é que dia? – Perguntou a Mimi.
– Hoje é dia 4 Mimi. -relembrou o Carlos.
– Obrigada. Sim podemos ir. O que acham? – Perguntou a Mimi olhando para os amigos.
– Bem. -respondeu o Carlos por todos.
– Então fica combinado, dia 8 estão aqui às 21:00. – Disse o homem.
– Sim. Pode crer! – Exclamou a Teresa.
Depois de mais alguma conversa, despediram-se do homem e foram para o hotel com o descapotável da Teresa. A Teresa e os amigos contaram sobre o representante da editora e sobre a banda que estavam a fazer aos três guarda-costas que estavam no descapotável. Os três guarda-costas prometeram não contar nada aos pais das raparigas mas sabiam que deveriam contar. Quando regressaram ao hotel, os rapazes e as raparigas despediram-se e foram para os seus quartos. Quando as raparigas vestiram os pijamas e sentaram-se as três no sofá para ver televisão (na verdade nem sequer estavam a ver) é que começaram a comentar sobre a noite passada no bar.
– Mimi, tu não estás muito animada pois não? – Quis saber a Teresa.
– Pois Mimi, parece que não querias que nenhuma editora estivesse a falar connosco. – Concordou a Mariana.
– Não é isso – Continuou a Mimi – desde que viemos para cá que formámos uma banda e ficámos amigos uns dos outros e tudo o mais. Está tudo a acontecer muito rápido. Eu tenho pesadelos de noite que em Lisboa não tinha. Conheço três rapazes que se calhar não são meus amigos. E esta estúpida banda está a dar comigo em doida. Já não sou a mesma que em Lisboa e nisso tenho a certeza.
– Calma, estás a dizer que já não és a mesma? – Perguntou a Mariana.
– Sim, estou.
– Nisso até eu e a Teresa mudámos. Já não somos as mesmas. Desde que a banda apareceu que mudámos muito.
– Pois, mas se não fosse o meu sonho não estaríamos agora assim. – Disse a Mimi.
– Não, se não fosse o teu sonho estarias triste e eu seria uma parva em não aceitar o convite. – Emendou a Teresa.
– Cá para mim tu queres é desistir de tudo. – Disse a Mariana.
– Não meninas. Não quero. – Negou.
Mas a Mimi sabia que era mentira o que disse. Desde que a banda apareceu que ela sentia-se confusa e não sabia o que fazer. A Mariana e a Teresa sabiam muito bem o que ela sentia.
– Mimi, nós as duas e os rapazes compusemos uma música. – Explicou a Teresa.
– Vocês compuseram uma música?
– Sim, afinal também fazemos isso. – Disse a Mariana a rir-se.
– Acho que a música que nós compusemos é para ti. – Continuou a Teresa.
– Para mim?
– Sim para ti. Tem a ver com querer ir para casa. O título é: queres sempre encontrar o caminho para casa. – A Mariana concluiu.
A Teresa pegou numa guitarra que estava por baixo da sua cama e começou a pô-la debaixo do braço. A Mimi deitou um olhar surpreendido para a Teresa e para a sua guitarra.
– Tu tocas guitarra? – Perguntou-lhe a Mimi.
– Tocar de saber todas as notas não, só sei tocar esta música.
– Está bem.
A Mariana e a Teresa sentaram-se em dois bancos e começaram a cantar. A letra na verdade tinha tudo a ver com a Mimi.

Capitulo 15 

Os três rapazes estavam no seu quarto de hotel a festejar acerca do homem que apareceu no bar.
– Conseguimos! – Gritou o Pedro.
– Parece que caiu um anjo do céu. – Disse o Carlos.
– Mas acho estranho. Três raparigas vieram para cá de férias. Conhecemo-las e de um momento para o outro fizemos uma banda e agora conhecemos um homem num bar que é um representante de uma editora. Isto está a ir depressa. – Disse o Luís.
– Com isto tudo até me dá vontade de compor uma música e acho que é o que vou fazer. – Disse o Pedro.
– Força! – Exclamou o Carlos.
O Pedro pegou no seu piano e começou a tocar e a escrever num papel a letra que lhe ia saindo. A música ficou feita em 2 horas e foi mostrá-la aos seus amigos Luís e Carlos. O título era uma editora e a letra dizia que estava muito feliz por estar um representante de uma editora no bar onde se encontravam.

***

Três dias passaram: em Lisboa e no Algarve os pais das três raparigas e dos três rapazes acabam de receber uma carta do Algarve. A mensagem que estava na carta era igual para todos os pais e dizia o seguinte:

“ Ex. Mos senhores,
É com muito respeito que vos convido para irem a Vilamoura verem um autêntico concerto no bar KS3. Vai ser feito no dia 8 de Agosto de 2009 às 21:00. Espero que os senhores compareçam pois trata-se de alguém que é muito importante para vós.
Com os melhores cumprimentos.”

Os pais dos seis adolescentes decidiram ir ao bar e os três pais das raparigas ligaram para os guarda-costas da Teresa a ver se conseguiam três quartos de hotel onde os guarda-costas estavam. Por sorte, o hotel estava com 10 quartos vazios e foi fácil arranjarem. Os pais dos rapazes já viviam no Algarve portanto como não era uma estadia muito longa deixaram estar no seu quarto e esperaram pelo dia seguinte.

Capitulo 16 

A Mimi queria estar sozinha e disse à Teresa e à Mariana que tinha de ir ler o seu livro que estava muito interessante e que não queria comer nada. Elas não quiseram saber pois na televisão estava a dar um programa sobre moda que elas adoravam ver. A Mimi não fazia a menor ideia do que tinha em especial, era um programa como todos os outros que falava sobre roupa. Assim que chegou à sua cama, foi à sua estante de livros ver se encontrava um livro engraçado que não tivesse nomes nem situações parecidas com a banda. Por azar, os livros falavam de bandas, de nomes do grupo iguais aos deles e de raparigas tristes. Os únicos livros que ainda ficavam livres eram os de acção mas desse género ela não estava com disposição para ler. Foi então que decidiu ouvir música. Foi à secretária e pegou no seu leitor de CD (que já estavam com os auscultadores ligados nele). Meteu-o na sua cama e de seguida foi escolher o CD. Optou pelo CD que a Teresa lhe tinha dado quando fizeram três anos de amizade. O CD era da Britney Spears, uma cantora que ela adorava na altura. Foi ao seu leitor que estava na sua cama e meteu o CD. Deitou-se na cama e colocou os auscultadores. Premiu a tecla “Play” e começou a ouvir a música. Fechou os olhos e tentou concentrar-se na música, tentando não pensar naquilo que estava neste momento na memória: a banda. Estava a resultar. Enquanto ouvia a música, descobriu que afinal ainda gostava da cantora. No meio de novas cantoras era fácil ela esquecer-se da Britney pois eram novas músicas e novos duelos e havia novas cantoras na “boca do povo”. No meio de tanto pensamento acabou por adormecer. Quando acordou, reparou que não tinha sonhado dom a banda mas sim com ela. Sonhou de como se sentia infeliz de estar no Algarve. Quando olhou para o leitor de CD reparou que a música já não estava a tocar como tinha estado horas atrás. Tentou pôr o CD a tocar de novo até que reparou que as pilhas já não tinham potência. Meteu a mão na primeira gaveta da sua mesa-de-cabeceira e tirou de lá duas pilhas, de tamanho médio e trocou-as pelas outras sem potência. Levantou-se da cama e olhou para o relógio que estava no seu pulso. Eram 13:00, hora do almoço. Fez umas contas e reparou que tinha dormido das 10:30 até às 13:00. Mimi suspirou e deitou-se de novo na cama, tentando adormecer. Foi então que decidiu ir tomar banho. Levantou-se e foi ao WC. Pegou no shampoo e no sabonete e colocou na borda da banheira. De seguida, pegou na sua esponja e no seu pente e colocou-os também. O banho não durou o muito tempo que queria pois era a hora de almoço e ela estava com fome. Depois de ter ido embrulhada numa toalha ao seu quarto buscar roupa interior, umas calças e uma camisola, vestiu-se e foi à sala ver se encontrava as amigas. Em cima do sofá estava um papel. Mimi pegou nele e leu o seguinte:

“ Mimi,
Fomos almoçar no restaurante do hotel com os rapazes. Como estavas a dormir não te acordámos pois sabíamos que estavas cansada. Quando acordares vem ter connosco, estamos à tua espera. Beijinhos.
Mariana e Teresa”

Mimi quando leu “rapazes” não queria acreditar. Sempre que elas iam para algum lado tinham de andar sempre com os rapazes atrás. Isso chateava-a porque embora sejam uma banda nem sempre tinham de andar juntos. Ela quis não ir ao restaurante do hotel mas sabia que assim morria de fome. Foi então que fez um esforço e foi para o restaurante. Quando entrou, este não se encontrava cheio pelo que conseguiu ver os seus amigos. Dirigiu-se à mesa dos seus amigos e exclamou:
– Olá!
– Olá! – Responderam eles em uníssono.
– Como está a adormecida? – Perguntou a Teresa.
– Estou bem. – Respondeu ela com um sorriso.
– Senta-te. – Disse o Carlos puxando-lhe uma cadeira.
Mimi sentou-se.
– Já pediram? – Perguntou ela olhando para a mesa e não vendo prato.
– Não. Esperámos por ti. – Respondeu o Pedro.
– Está bem. – Disse ela com um sorriso – Passem-me a ementa por favor.
O Luís entregou à Mimi e distribuiu outras aos amigos. Eles escolheram e não tardou a aparecer a mulher que atendia os clientes. Era ruiva, com mais ou menos 1,70 de altura e devia ter uns 30 anos. Depressa disseram o que queriam e a mulher foi-se embora com as ementas.
– O que acham da ideia de irmos amanhã para o bar? – Perguntou o Luís para as raparigas.
– Acho espectacular. – Respondeu a Teresa.
– Eu concordo com a Teresa, vai ser lindíssimo. Vamos ser famosos. – Concordou a Mariana.
A Mimi não respondeu.
– Então Mimi não dizes nada? – Perguntou o Pedro.
– Vai ser engraçado. – Disse ela tentando disfarçar a tristeza.
A empregada de mesa trouxe os pratos e as bebidas e começaram a comer. Mimi esperava que eles não fizessem tantas perguntas. Comeram o prato principal sem falarem. O silêncio deles era um tédio para a Mimi. Ela não queria falar mas também não era preciso ficarem calados pois só não queria falar da banda porque de outros assuntos eles podiam falar. Acabaram depressa de comer o prato principal e pediram a sobremesa. Gulosos como são disseram todos que queriam gelados. Neste momento ainda estava a ser muito aborrecido. Depois de comerem os gelados é que finalmente começaram a falar.
– Porque é que vocês estão neste hotel que é para pessoas com muito dinheiro. Vocês são ricos? – Perguntou a Teresa.
– Bem, eu não sou bem rico, o meu pai ganhou o Euromilhões. – Explicou o Pedro.
– Então que vieste para cá por causa do Euromilhões? – Perguntou a Teresa.
– Sim e para não ficar sozinho trouxe os meus amigos.
– Mas vocês não moram cá? – Perguntou a mariana.
– Não, nós não moramos em Vilamoura, nós moramos na Quarteira. – Explicou o Carlos.
– É a mesma coisa é tudo Algarve. – Disse a Teresa.
– Mas porque é que vocês quiseram ir para cá se já estavam no sítio certo para irem para a praia? – Perguntou a Mimi.
– Como o meu pai ganhou o Euromilhões quisemos ir para um sítio mais chique e aqui fomos nós. – Explicou o Pedro.
– Está bem. – Disse a Mimi.
O Luís mudou de assunto.
– Podemos ir passear. O que acham?
A Mimi fez uma cara estranha.
– Eu não vou.
– Porquê? – Perguntou a Teresa virando-se para a Mimi.
– Tenho coisas para fazer. – Mentiu.
– Que coisas? – Perguntou a Mariana.
– Tenho de ler o meu livro que está muito interessante. Eu disse-vos ontem.
– Pois foi mas afinal ouviste música. – Disse a Teresa.
– Estava com saudades de ouvir a Britney Spears.
– Está bem. – Disse a Mariana que de seguida, virando-se para os rapazes – vão connosco?
– Sim. – Responderam eles.
– Vou só pagar. – Disse a Teresa levantando-se da cadeira.
– Eu vou andando. – Disse a Mimi levantando-se e saindo – Até logo.
– Até logo.
Mimi caminhava com passos largos para a porta enquanto olhava para o chão. Andou sempre assim até que chegou ao quarto de hotel. No quarto preparou-se para trocar de roupa e vestir um fato de treino. Depois de o vestir foi para a sua secretária e ligou o computador portátil. Enquanto o computador ligava, ela colocou o seu leitor de CD no sítio certo, ou seja, na sua secretária. O CD acabou por ficar esquecido dentro do leitor. Voltou-se para o computador e sentou-se na sua cadeira preta que estava encostada à sua secretária. Ligou a banda larga ao computador e depressa chegou ao Google. Chegado ao Google, ela escreveu a palavra bandas. Clicou na procura e depressa chegou às opções. Havia muita coisa para escolher, desde a definição de bandas há explicação de uma parte lateral de um objecto que também se chama banda e a exemplos de bandas. A Mimi queria sem dúvida ver a opção 1 e depois a opção 3. Quando clicou na primeira opção deparou-se com um texto enorme e decidiu ler só o primeiro parágrafo. Quando leu, a Mimi começou a pensar nos membros da banda. Voltou para a página principal e colocou “bandas pop rock”. Como se havia de se esperar, ainda não estava o nome da banda na internet. Voltou de novo à primeira página e colocou um nome de uma banda conhecida. Mimi queria saber como é que as bandas novas se conheceram. Depois de ter a informação que desejava, desligou a banda larga e de seguida o computador. Depois de desligar o computador, começou a pensar. O que se estava a passar com ela? Estava a pesquisar sobre bandas. Isto tudo da banda e do Luís estava a dar consigo em doida e sabia que tinha de acabar. Tinha de sair de casa e apanhar ar mas sabia que se não tivesse cuidado que veria as suas amigas com os rapazes e ela não queria vê-los por nada deste mundo. Mas por fim acabou por sair do hotel e foi a pé para a marina. Enquanto passeava pensava na banda e no Luís.

Capitulo 17 

Eram 17:30 quando a Mimi regressou ao hotel e encontrou a Mariana e a Teresa já no quarto.
– Olá! – Saudou a Mimi com uma cara triste mas a tentar escondê-la.
– Olá! – Cumprimentaram elas com umas caras alegres, o contraio da cara da Mimi.
– O que se passa? – Perguntou a Mimi reparando nas caras das amigas.
– Eu e a Mariana estamos a namorar com o Pedro e o Carlos. – Explicou a Teresa.
– Isso é bom. – Disse a Mimi esboçando um ligeiríssimo sorriso.
A Mariana e a Teresa notaram que a Mimi não estava bem e perguntaram.
– Que se passa, Mimi?
– Nada. – Respondeu ela tentando sorrir mas desta vez parece que o seu maxilar não deixou.
– Tem a ver com aquilo que nos contaste no outro dia? – Perguntou a Mariana.
– O que vos contei? – Quis saber ela que já se tinha esquecido do acontecimento.
– Depois de virmos do bar tu contaste-nos que estavas a ficar doida por causa da banda e que tinhas pesadelos cá que em Lisboa não tinhas. – Relembrou a Teresa.
A Mimi lembrou-se.
– É verdade já me lembro. – Disse ela sem mudar a expressão facial.
– Tem a ver com isso? – Continuou a Teresa.
– Sim meninas tem. Estou a ficar farta da banda e os pesadelos que tenho ainda me dão mais em doida. Não consigo. Não posso mais. Desisto do meu sonho se for para estar a ter pesadelos e a ficar cansada.
A Mariana e a Teresa estavam com umas caras de espanto. A Teresa arranjou coragem e falou com a Mimi.
– Tu estás passada da cabeça? Desistir do teu sonho? Essa foi a pior estupidez que já ouvi na minha vida.
– Eu também antes pensava que estava tudo bem, que conseguia agora concretizar o meu sonho mas isto está mal. – Disse a Mimi – Vocês não têm pesadelos óptimo, que bom, mas eu ainda tenho.
– Ter pesadelos é uma coisa normal. – Explicou a Mariana.
– E se eu disser que as personagens principais são sempre nós, ou seja, a banda? – Perguntou a Mimi virando-se para a Mariana.
A Mariana não conseguiu responder e a Teresa mudou de assunto.
– Podemos ver televisão?
– Sim. – Respondeu a Mariana virando-se para ela.
A Mimi negou.
– Não. Não me apetece.
Mimi, com passos largos e pesados dirigiu-se à sua cama. Deitou-se nela e colocou a almofada por cima da cabeça e começou a chorar. Só sairia da cama quando acabasse.

Capitulo 18 

Era dia 8 de Agosto, passou um dia. A Mimi acordou depois de ter adormecido enquanto chorava e as raparigas jantaram, viram televisão e acabaram por adormecer no sofá. Era dia 8, o dia que a Mariana, a Teresa, o Luís, o Pedro e o Carlos esperavam. A Mimi iria ficar terrivelmente mal a ir para aquele bar às 21:00 e tinha a impressão de que algo novo iria acontecer e não estava enganada. Os pais dos adolescentes iriam ao bar, ver os filhos ao que iria correr mal pois os pais da Mimi não queriam que a filha cantasse. A claridade acordou a Mimi e a Mimi levantou-se e foi à janela. Como quase sempre estava, o sol pareceu-lhe estar a dar-lhe os bons dias e a dizer que hoje não iria estar triste. Quando olhou para o sol, o seu sonho do dia anterior voltou para ser o seu pensamento.
– Oh não! Que estúpido sonho. Desaparece de uma vez.
Fechou a janela e foi à casa de banho. Olhou para o espelho que estava à frente do lavatório e viu...
Não se reconhecia. O rosto que o espelho estava a mostrar parecia de uma autêntica estranha que apenas foi para o Algarve e que começou a ter pesadelos. Foi ao quarto, abriu o roupeiro e arranjou uns calções verdes e uma camisola de alças. De seguida, voltou à casa de banho, vestiu-se, lavou a cara com água fria e voltou a olhar para o espelho. Tinha a certeza. Não era um sonho. Aquela rapariga não era ela. Depois de se vestir foi ver onde estavam as amigas.
– Bom-dia. – Disseram elas.
– Bom-dia. – Saudou a Mimi.
– Dormiste bem? – Perguntou-lhe a Mariana.
– Não.
– Pois. Os pesadelos, não é? – Perguntou a Teresa.
A Mimi fez um “sim” com a cabeça.
– Mas vais adorar a noite. Vamos para o bar e vamos cantar e arrasar. – Continuou a Teresa.
A Mariana levantou a sobrancelha direito e virou-se para a Teresa.
– Estás a repetir-te.
– Pois é. – Disse a Teresa não vendo qual era o problema mas a Mariana não percebeu.
– Eu não vou gostar da noite. – Admitiu a Mimi.
A Mariana e a Teresa arregalaram os olhos.
– Estás maluca!– Gritou a Mariana.
– Eu digo o mesmo. – Concordou a Teresa.
– Não, não estou maluca. Eu estou a ser sincera.
– Mimi, eu até compus uma música. – Disse a Teresa parecendo estar a queixar-se.
– Tu compuseste o quê? – Perguntaram a Mariana e a Mimi ao mesmo tempo não acreditando no que a Teresa disse.
– Compus uma música. Eu também ao princípio fiquei admirada mas depois correu bem. Afinal eu sei compor músicas, mas é só de coisas que eu gosto.
– É normal. – Disse a Mimi esboçando um ligeiro sorriso.
– Então queremos ouvir isso. – Disse a Mariana.
– Está bem. Tem como titulo: “Fama”.
Pegou na sua guitarra que estava por baixo da sua cama, sentou-se num banco e começou a tocar.
A letra falava de palcos, de fama, microfones, verão e dinheiro, ou seja, falava de tudo. A música era muito festiva...

***

Entretanto os rapazes estavam desejosos que chegassem as 21:00.
– Quando é que são 21:00? – Perguntou o Pedro aos amigos.
– Quantas horas faltam? – Perguntou o Carlos.
– Podem parar com as perguntas? – Pediu o Luís.
– Tu disseste perguntas? – Disse o Carlos – Tu também perguntaste ou não?
– Sim. Eu perguntei mas era para vocês se calarem com as perguntas. – Respondeu o Luís com cara de mau.
– Nós nunca te vimos com essa cara. De onde tiraste isso? Ah já sei nós temos namoradas e tu não. – Disse o Pedro.
– Não é nada disso. – Negou ele virando a cara.
– Como vai a tua relação com a Micaela? – Perguntou o Pedro.
– Ah? – Disse o Luís, espantado – Como é que vocês souberam que era por causa dela?
– Tu pensas que nós somos parvos, não? – Perguntou o Carlos.
– É, ele pensa que nós pertencemos à pré-história se calhar. – Concordou o Pedro.
– Ok. O que é que vocês querem? – Perguntou o Luís cruzando os braços.
– Nada... – O Carlos fez de conta que pensava – ou melhor, tenta ser feliz.
– Vocês sentem-se bem? – Quis saber o Luís descruzando os braços.
– Nós sim mas tu... acho que não.
– Está na hora do pequeno-almoço. – Disse o Luís desviando a conversa.

Capitulo 19 

Eram 20:50 e tinha chegado a hora de irem para o bar. Os guarda-costas ajudaram as raparigas a entrar no descapotável e depois de estarem todos dentro deste, os guarda-costas foram para os seus lugares estando um no lugar do condutor. Enquanto iam pela estrada fora, viam-se cinco adolescentes que estavam muito nervosos. A Mimi era a única que estava “normal” porque sabia que se calhar iria acontecer algo mas ela não se atreveu a contar às amigas.
– Será que vou desafinar? – Perguntou a Teresa aos amigos.
– Se desafinares estás feita. Metemos-te de castigo durante uma semana. Este é o melhor dia das nossas vidas, o dia em que vão conhecer o nosso talento. Tentem ser os melhores. – Disse o Pedro, primeiro olhando para a Teresa e depois virando-se para o grupo.
Nesse instante o telemóvel da Teresa tocou. Ela retirou o telemóvel de um bolso que tinha no casaco, olhou por cinco ou seis segundos o nome da pessoa que estava a ligar e atendeu.
– Estou? Quem fala?
Era número privado.
– Menina é o recepcionista do hotel onde está hospedada.
– Ah! O que se passa?
– Espero que corra bem o concerto.
– O quê? Como é que sabe? – Perguntou a Teresa com cara de espanto.
– Não queira saber como é que sei. Desculpe, tenho de atender um senhor. Adeus menina, com licença.
– Espere, como é que sabe?
O recepcionista desligou a chamada e a Teresa ficou sem resposta.
– O que se passou? – Perguntou-lhe o Pedro.
– Boa! Quem é que disse ao recepcionista que ia fazer uma banda? – Perguntou-lhes ela com cara séria.
Ninguém respondeu.
– Quem? – Perguntou ela de novo a falar mais alto.
– Ninguém. Desde o dia em que vocês disseram-nos para não contarmos aos nossos pais porque os pais da Mimi não querem que ela cante, nós não contámos a ninguém. – Explicou o Carlos.
– Nós ainda chegámos a contar aos nossos guarda-costas como viram mas não falámos com mais ninguém. – Disse a Mariana.
– Mesmo que os meninos não as perdoem, nós tínhamos de saber pois fomos nós que levámos os meninos. – Protegeu o guarda-costas que era o condutor.
– Pois. – Disse o Pedro de acordo com o condutor.
Um dos guarda-costas mudou de assunto.
– Os pais das meninas vêm hoje para cá.
– Ah? Não nos disseste isso. – Impressionou-se a Teresa.
– Acabámos por nos esquecer. – Contou o condutor.
– Ainda bem que eles não sabem nada do bar nem da banda. – Disse a Mimi.
Tinham acabado de chegar ao bar. Saíram do descapotável e andaram devagar até à porta do bar. Quando entraram viram no palco um papel enorme a dizer: “esta noite, um grupo muito especial vai juntar-se a nós para nos dar música”. Havia já montes de pessoas à espera do grupo. Viram o homem, o representante, e foram ter com ele.
– Olá! – Disseram eles.
– Olá! – Cumprimentou o homem.
– Isto já está cheio. – Disse o Carlos ao ver de novo a multidão.
– É tudo para vos ouvir cantar.
– Finalmente vamos ser conhecidos. – Alegrou-se a Mariana.
– É verdade. E quando terminarem o vosso pequeno concerto tenho uma coisa para vocês. Não é nada de importante vão só a um local fazer um presente.
– Uau! – Disse a Teresa.
– Estão preparados?
– Sim. – Disseram todos.
– Então vamos começar o concerto.
Depois de o homem ir chamar um empregado para começar o concerto, os seis adolescentes foram para o palco. Começaram a olhar para a multidão e, no meio dela estavam os pais da Mimi. Assim que a Teresa os viu, chamou a Mimi.
– Mimi, os teus pais estão cá.
– O quê? – Perguntou ela horrorizada.
– Estão ali. – Disse a Teresa apontando para onde eles se encontravam.
– Os nossos pais também estão. – Disse o Pedro apontando para os pais dele, do Luís e do Carlos.
– Os piores são os pais da Mimi. – Disse a Mariana.
– Pois, porque os nossos pais também estão. – Disse a Teresa apontando.
– Seja o que for que aconteça vamos cantar. Logo vemos o que acontece. – Sugeriu o Luís.
– Exacto. Estou de acordo. – Disse o Carlos.
– Vamos lá ver. – Disse a Mimi.
– Vamos cantar a nossa primeira música que fizemos, está bem? – Perguntou o Carlos.
– Qual foi a primeira música que fizemos? – Quis saber a Mimi.
– Foi o que chamámos de “férias”. – Relembrou o Pedro.
– Ah pois foi. – Disse ela chegando-se para perto do seu microfone.
Começaram a tocar e toda a gente dançou e tentou cantar a música mas no final da primeira música os pais da Mimi foram ao palco, pegaram no microfone que pertencia à filha e disseram:
– Esta rapariga normal que está aqui a cantar...é uma mentirosa. Nós sempre a educámos com carinho para que ela não fosse uma mal-educada, mas como acontece a quase todos os pais, os seus filhos querem ser rebeldes, até de mais e não sabem as consequências dos seus actos. Peço a todos os pais que tenham filhos rebeldes que os metam de castigo sempre que possam e é o que vou fazer...agora. -o pai virou-se para a filha -estás proibida de sai do hotel onde te encontras e vou pedir ao recepcionista que veja onde tu andas e como nós estamos hospedados no hotel ao teu lado é mais fácil saber onde andas e agora não vais fazer concerto nenhum e vais connosco porque precisamos de ter uma conversa.
– Mas senhor...  – Tentou ajudar a Teresa.
– Querida Teresa, tu não és muito responsável. Percebi isso hoje. Mas mais vale saber hoje do que saber mais tarde. Acreditei que tu pudesses cuidar delas, mas enganei-me.
– Oh senhores, a vossa filha quer cantar, não percebem isso? – Perguntou a Mariana a tentar ajudar a Mimi.
– Se depender de mim e da minha esposa, não, ela não vai cantar. Desculpem mas a minha filha não está disponível esta noite, excepto aos pais. Lamento quando à vossa noite. Adeus!
O pai pegou na mão da Mimi e arrastou-a para fora do bar com a ajuda da mulher. O bar ficou silencioso durante um momento.

Capitulo 20

A Mimi mantinha a cabeça baixa, enquanto se dirigia com os pais para fora do bar. Além disso, escutava com atenção os passos pesados e lentos dos seus pais. “Calma, isto não é um castigo muito mau, se eu tinha pesadelos por causa da banda, agora já não vou ter” – Pensava ela.
Foram ao carro dos pais da Mimi. O pai abriu a porta traseira à filha e ordenou-lhe que entrasse. Mimi sentou-se no banco e o pai fechou a porta, violentamente. Quando entrou no carro, Mimi sentiu uma sensação de saudade, pois há um mês que não entrava para o automóvel dos pais.
Os pais entraram no carro e o pai ordenou de novo à filha para colocar o cinto de segurança. Micaela obedeceu-lhe. O pai ligou o motor e avançou até ao hotel da filha. A Mimi olhou para a cara do pai através do retrovisor e reparou que tinha uma cara zangada.
– Está zangado, pai? – Perguntou.
– Sim. – Respondeu ele, com uma voz calma.
Ficou calada, pois se insistisse muito no assunto, o pai ficava chateado. Mas foi o pai que continuou a conversa.
– Micaela, o que fizeste foi uma tontice. – Disse ele, continuando com uma voz calma.
– Eu não diria que não gostava de ver a minha filha famosa, mas o que tu irias fazer em Setembro? Tinhas de ir para Lisboa. A banda não iria ter futuro. Além disso, irias passar vergonhas com essa voz de cana rachada. – Continuou o pai da Mimi, rindo da sua última frase.
– Diogo! – Repreendeu a mulher.
– Calma, Liliana, está tudo bem. Isto é só para aliviar este ambiente. Parece que estamos num enterro e isto não é um enterro.
A Mimi sabia que o pai, mais cedo ou mais tarde, iria concordar que ela fizesse uma banda. Com a mãe é que seria mais difícil.
Regressaram ao hotel e o pai estacionou o automóvel. Despediram-se e regressaram ao hotel. Quando Mimi regressou ao hotel, na recepção estava a ocorrer uma discussão entre os seus amigos da banda e o recepcionista. Pelos vistos, foi o recepcionista que enviou uma carta aos pais dos adolescentes para irem ao bar. A Teresa reparou que a Micaela tinha chegado e parou a discussão entre eles. Os amigos foram para o quarto dos rapazes e o recepcionista retomou o trabalho.
Quando chegaram ao quarto, os seis amigos sentaram-se e a Teresa perguntou o que tinha acontecido.
– O meu pai não deve estar muito chateado. Ele mudou de humor quando entrámos no carro. – Respondeu a Mimi.
– Agora que estou a pensar, os teus pais fazem 18 anos de casados no dia 10, certo? – Perguntou a Mariana à Mimi.
– Sim.
– Estava a pensar que podíamos fazer um bolo todos juntos.
– O quê? Nós não sabemos fazer bolos. – Revelou o Luís, apontando para os seus amigos.
– Nós ajudamos, quer dizer, ajudamo-nos uns aos outros. – Explicou a Mariana.
– Acho óptima ideia e assim pode ser que os pais da Mimi a deixem cantar. – Disse a Teresa.
– Grande ideia, Teresa, assim eles deixam-me cantar. Vamos fazer isso. – Disse a Mimi.
– Amanhã ligamos aos teus pais para ver o que eles dizem de virem aqui amanhã, ou seja, depois de amanhã. Quer dizer, ligamos amanhã a ver se eles vêm cá no dia seguinte, e assim já temos o bolo feito. Também amanhã de tarde podemos encontrarmo-nos aqui para fazermos o bolo. Está combinado? – Perguntou a Teresa.
– Combinado. – Responderam todos.
Os rapazes e as raparigas despediram-se e foram dormir.

Capitulo 21

A Mimi tinha acordado cedo, mais cedo que a Mariana e a Teresa e, por incrível que parecesse, não sonhou com a banda, nem com o Luís, mas sim com os seus pais. Mimi estava muito feliz. Levantou-se da cama e vestiu-se. Deu uma espreitadela à rua pela janela a ver como estava o tempo. Estava sol, mas ele não lhe disse nada. Tomou o pequeno-almoço e, de seguida, escovou os dentes. Depois esperou que a Mariana acordasse para que fossem as três amigas à piscina. A Mariana não tardou a acordar e tomou depressa o seu pequeno-almoço. Às 10:00 foram para a piscina.
– Olá, rapazes. – Cumprimentaram as raparigas.
– Olá! – Saudaram eles.
– Ainda não se esqueceram do plano, pois não? – Perguntou a Teresa, retirando uma espreguiçadeira e deitando-se ao lado do Pedro.
– Não, à tarde para aí às 15:30 estamos no vosso quarto. – Respondeu o Pedro.
– No nosso quarto? Está bem. – Disse a Teresa.
Tiveram os seis a tomar banhos de sol até às 12:00 e depois almoçaram todos no restaurante no hotel. Depois foram à marina para fazer tempo até chegarem as 15:30.

***

Tinha chegado as 15:30 e estavam os seis no quarto das raparigas, já com aventais postos e preparados para a “desgraça”.
– Não fiquem nervosos, eu preparei uma música com o Carlos para vos ajudar, andem. – Incentivou a Mariana.
– Está bem. – Disseram o Luís e o Pedro, mais contentes.
– Teresa, liga para os pais da Mimi. – Pediu a Mariana.
– Ok. – Respondeu a Teresa, pegando no telemóvel.
– Estou? Senhores Miranda? É a Teresa. Amanhã os senhores fazem 18 anos de casados, não é? Pois, então eu, a vossa filha e a Mariana decidimos que os senhores viessem amanhã às 15:00, podem? – A Teresa fez uma pausa para ouvir a resposta – Podem? Boa. Então fica combinado. Até amanhã.
– Eles podem – Disse a Teresa, virando-se para os amigos.
– Ainda bem. – Responderam eles.
Começaram a fazer o bolo...

Capitulo 22 

Eram 17:00 e o bolo estava no forno. Tinham-no feito bem. Esperaram que o bolo estivesse pronto. Quando ficou, tiraram-no do forno e puseram-no em cima da mesa. Foi então que se despediram.
– Ai, esta tarde foi cansativa. – Disse a Micaela.
– Pois foi. – Concordaram as amigas.
Foram as três para a cama.

***

Quando as três amigas acordaram, não se lembraram do sonho que tiveram. Levaram algum tempo a lembrarem-se. O sonho que tiveram foi dentro de um quarto que parecia não pertencer a um hotel, mas sim a uma vivenda. Havia candeeiros brancos em duas mesas-de-cabeceira, pois o quarto era para duas pessoas e um candeeiro prendido ao tecto. As paredes estavam pintadas de branco e havia cortinados pretos a cobrir a janela. Tentaram se lembrar de como tinham chegado àquele quarto e foi então que o cérebro das raparigas funcionou. Lembraram-se do descapotável, que era dos pais da Teresa, e do representante que os levou para lá. Também se lembraram do castigo que tinham levado, o que as levou a ir para aquele quarto. No fundo, o sonho tinha a ver com um castigo. Foram comer o jantar e, de seguida, regressaram à cama para dormirem.

***

Acordaram depois às 9:00, mas foi só porque os raios de sol entraram pelas aberturas do estore do quarto. Tomaram o pequeno-almoço e, por incrível que pareça, não foram à piscina. A Mimi foi ler um livro e as amigas foram ver televisão. Foi precisamente quando as raparigas iam fazer isto que batem à porta. A Teresa foi abrir a porta e ali estavam eles, os rapazes.
– Bom-dia! – Cumprimentaram eles, com um sorriso.
– Bom-dia.
– Podemos entrar? – Perguntou o Carlos.
– Sim, claro. – Respondeu a Teresa.
Os rapazes entraram.
– Vocês não vão à piscina? – Perguntou o Luís.
– Não nos apetece. – Respondeu a Mariana.
– Não querem, porque estão a preparar os últimos preparativos para quando os pais da Mimi chegarem, ou não vos apetece mesmo? – Perguntou o Carlos.
– Não nos apetece mesmo. – Respondeu a Mariana.
– Podemos fazer-vos companhia? – Quis saber o Pedro.
– Sim. – Responderam a Mariana e a Teresa.
– Não. – Negou a Mimi.
Todos olharam para ela.
– Quer dizer, sim podem fazer-nos companhia, mas não toquem em nada.
O Pedro mudou de assunto.
– Vocês tencionam ficar no quarto?
– Sim. Não nos apetece sair e não conseguimos dormir mesmo nada à noite. – Respondeu a Teresa.
– Tiveram pesadelos? – Perguntou o Luís.
– Pesadelos não, pesadelo. – Corrigiu a Teresa.
– Então, como é que foi? – Quis saber o Carlos.
Então as raparigas contaram aos rapazes...

***

Eram 14:50 e estava tudo preparado para a chegada dos pais da Mimi. Lá fora, os pais da Mimi tinham chegado ao hotel e estavam a dirigir-se para o quarto das raparigas. Quando bateram à porta, a Teresa apressou-se a abrir.
– Parabéns.
– Calma aí, nós não fazemos anos. – Disse o pai da Mimi.
– Claro que fazem. Hoje é o dia de fazerem 18 anos de casados. – Disse a Teresa.
– Está bem, nós sabemos, mas não se faz festa. – Explicou a mãe da Mimi.
– Claro que se faz. Na minha terra faz-se. – Disse a Mariana – Não fiquem aí espantalhos ao pé da porta, entrem.
– O que é que estes três rapazes estão aqui a fazer? – Perguntou a mãe da Mimi.
– Ajudaram-nos a fazer o bolo. – Explicou a Mariana.
– Qual bolo? – Perguntaram os pais da Mimi.
– Este. – Respondeu a Mariana, indo à mesa buscar o bolo para mostrar.
– Vocês fizeram um bolo? – Perguntou, espantada, a dona Liliana.
– Sim. – Respondeu a Mariana, sem perceber que a dona Liliana fez uma pergunta retórica.
– Se eu não visse, não acreditava. – Disse a dona Liliana.
– Vão comer ou nem por isso? – Perguntou a Mimi.
– Claro, vamos ver se é bom. – Responderam os pais dela.
Sentaram-se e começaram a cortar as fatias.
– Ah... se quiserem, podemos dar música. – Disse a Mariana
– Já estou a perceber tudo: vocês queriam fazer uma festa para verem se nós desculpávamos a Micaela, não era? – Quis saber a dona Liliana.
– Bem, por acaso sim. – Admitiu a Teresa.
– Eu sabia. – A dona Liliana virou-se para o marido – Diogo, não podemos desculpar nesta situação. A Micaela pensou que nós éramos parvos.
– É uma ideia genial. Esta é que é a minha filha. – Disse o senhor Diogo, sem ligar à mulher.
– Na realidade, quem teve a ideia foi a Mariana, pai. – Admitiu a filha.
– Não faz mal, é do modo que tem uma grande imaginação.
– O quê? Eu estou a ouvir bem? Diogo, tu vais desculpar a tua filha? – Perguntou-lhe a mulher.
– Sim, vou e tu?
– E eu? Tu antes disseste “além disso, irias passar vergonhas com essa cana rachada”.
– E? Ainda não a ouvi cantar, pois não? – Perguntou à mulher.
– Mas ela enganou-nos.
– Mas toda a gente tem uma segunda oportunidade, não sejas tão desagradável, Liliana.
– Eu não sou desagradável, só não admito mentiras.
– Ela não te mentiu...  – Disse o marido, ao ir ter com a sua filha – Ela só quer seguir o seu sonho.
– Achas que no meu tempo, toda a gente podia seguir o seu sonho sem estudos? – Perguntou a senhora Liliana ao marido.
– Ela estuda. Também quando chegar a Setembro, a banda vai acabar.
– Senhor Miranda, nós não tencionamos acabar com a banda. – Explicou o Carlos.
– Ai não? Então vão fazer o quê? – Perguntou o senhor Diogo.
– Estávamos a pensar ir para Lisboa. – Disse o Luís.
– Ai estávamos? – Perguntou a Mimi.
– Sim. Eu, o Carlos e o Pedro pensávamos nisso.
– Não nos disseram nada. – Disse a Teresa.
– Pois, porque ainda estávamos em Agosto. – Explicou o Pedro.
– É boa ideia. – Disse o senhor Diogo.
– Diogo. – Repreendeu a mulher.
– Liliana, se não quiseres aceitar, não aceites, mas eles vão continuar com a banda. – Disse o marido.
– Está bem.
– Mãe, eu sei que não gostas de mentiras, mas eu quero seguir o meu sonho. – Disse a Mimi.
– Só podes seguir o teu sonho quando fazeres 18 anos e teres os estudos acabados.
E dizendo isto a senhora Liliana saiu.
– Obrigada por confiares em mim, pai. – Agradeceu a filha.
O pai sorriu.
– De nada, filha. Agora só espero que não me desapontem. Falem lá com esse tal de representante e marquem um concerto. Quero ouvir essas músicas.
– Está bem. – Disseram eles.
– Vou levar o bolo.
– Só de pensar que não valeu de nada, mas divertimo-nos. Compomos uma música e cantámo-la até que o bolo estivesse acabado. – Disse a Mariana.
– Também quero ouvir essa música no concerto e não fiquem tristes, eu como o bolo todo. – Disse o pai da Mimi saindo.
– Obrigada. – Disseram eles, mas o senhor Diogo já não ouviu.
– Como é que vamos falar com o representante? – Perguntou a Mimi.
– Ainda não te contámos: quando tu saíste, o representante disse que se os teus pais não aceitassem que cantasses que ficaria tudo acabado e nós dissemos para esperar uns dias, então ele disse que à tarde das 15:00 às 16:00 de hoje que iria para a marina até que nós nos decidíssemos. E então? Podíamos ir agora. – Explicou a Teresa.
– Que horas são? – Perguntou a Mimi.
O Luís olhou para o relógio que tinha no bolso.
– São 15:20.
– Obrigada. – Agradeceu ela, tentando não olhar para o Luís.
– Vamos. – Disse o Carlos.
Lá foram eles...

Capitulo 23 

Foi fácil encontrarem o representante...
– Temos de falar contigo. – Disse a Teresa.
– O que têm para dizer? – Perguntou ele.
– Vamos continuar com a banda. – Respondeu o Pedro.
– A sério? Os vossos pais deixam-vos? – Quis saber o representante.
– O meu pai deixa-me, a minha mãe já não. – Respondeu a Mimi.
– Um pai basta para terem autorização, mas os teus pais estão chateados?
– Um bocadinho, mas aquilo passa.
– Espero bem que sim.
– Quando é o concerto? – Perguntou o Pedro.
– Dia 10 de Agosto, que acham? – Quis saber o representante.
– Pode ser. A que horas? – Perguntou o Carlos.
– À noite, às 11:00.
– Fica marcado. – Disseram eles.

Capitulo 24 

Tinham passado dois dias, era dia 10 de Agosto, o dia do concerto, o dia da concretização do sonho, o dia mais esperado da vida deles. Acordaram cedo, vestiram-se à pressa e tomaram o pequeno-almoço. Encontraram-se no quarto deles, como tinham combinado, cantaram e tocaram. Almoçaram juntos no restaurante do hotel e, de seguida, foram para a marina falar com o representante até às 16:00. Depois das 16:00 regressaram ao quarto dos rapazes e cantaram de novo. Digamos que o dia deles teve só a ver com música. Às 20:00 foram para o bar KS3. A porta para o público só foi aberto às 22:00, porque o bar tornou-se num concerto.
– Estão prontos? – Perguntou o representante.
– Sim. – Disseram todos.
– Agora deu-me uma ideia. – Disse a Mariana.
– Qual? – Perguntou o Carlos.
– Uma ideia para uma nova música. Anda comigo, Carlos.
– E quem canta a vossa música? É a primeira a ser cantada. – Perguntou a Mimi.
– A Mimi e o Luís podem cantar o “quero conhecer-te”. – Disse a Teresa, piscando o olho para a Mariana, o Carlos e o Pedro.
– Mas tu gostas tanto de cantar, Teresa. Podes cantar tu. – Disse a Mimi.
– Não, eu dou-vos a música.
– Não, podes cantar. – Insistiu a Mimi.
– Não. Cantam vocês.
A Mimi e o Luís olharam-se. A Mimi achou estranho que escolhessem a ela e ao Luís e ainda mais estranho era que a Teresa não queria cantar. A Mimi tinha a certeza que se passava alguma coisa.

Capitulo 25 

Entretanto, a Mariana e o Carlos estavam na conversa fora do bar.
– Foi uma boa ideia o que a Teresa teve, não foi? – Perguntou a Mariana ao Carlos.
– Sim, foi. – Respondeu o Carlos.
– A Mimi não vai gostar nada quando saber que inventámos isto tudo.
– Nem o Luís.
O Luís tinha os mesmos pesadelos que a Mimi tinha e também lhe tinha acontecido o problema do sol. Isto era muito estranho, duas pessoas têm o mesmo sonho (ou realidade) do sol. Ninguém sabia ao certo o que poderia ser, mas tinham algumas ideias, ou são almas gémeas, ou estão apaixonados, ou ainda têm o mesmo sonho de cantar.
No bar, a música “quero conhecer-te” estava a pôr toda a gente a dançar. A Mimi não iria desculpar a Teresa e a Teresa sabia disso. A Mariana e o Carlos voltaram com a música que tinham feito no dia anterior e depois de a Mimi e o Luís terem acabado de cantar, apareceu a música que foi escrita no dia anterior.
O concerto correu bem e até a Mimi conseguiu cantar uma música a solo. O pior veio depois do concerto, a mãe da Mimi estava no bar e depois de conhecer o representante disse-lhe que não iria deixar a filha fazer nenhuma banda. Claro que a banda tinha acabado. O representante deixou a banda e partiu.
O dia seguinte foi terrível. Não queriam admitir que a banda tinha acabado. Parecia ser um pesadelo.
– Parece que o nosso sonho foi-se. – Disse a Mariana – E eu até tinha feito uma música.
– Tudo por causa da minha mãe. – Admitiu a Mimi.
– Calma, isto vai mudar. – Tranquilizou-os o Luís.
– Como Luís? Acabou tudo. Vamos para Lisboa e só voltamos para o Algarve para o ano que vêm. – Disse a Teresa.
– Eu já sabia desde o princípio que a banda não iria funcionar. – Disse a Mimi.
– A ti já se havia de se esperar, primeiro, porque és pessimista e segundo, porque tens pesadelos acerca da banda. – Disse o Pedro.
– Como é que sabes isso? – Perguntou a Mimi.
– Nós contámos. – Disse a Mariana.
– A vocês já se havia de esperar, primeiro, porque pensam que os rapazes são nossos amigos e segundo, porque não conseguem guardar os meus segredos. – Disse ela, tirando a frase do Pedro.
– O quê? – Perguntou o Carlos – Nós não somos teus amigos?
– Não, foram só rapazes que tiveram a estragar-me o verão. – Disse a Mimi, chateada. – É verdade, já estou farta disto. Estas férias foram as piores que me aconteceram e só de pensar que tudo começou com três rapazes que conhecemos.
– Tu não podes dizer isso. – Disse a Teresa.
– É verdade.
– Não é. Agora estás a descarregar a fúria nos rapazes, porque andas a ter pesadelos. – Disse-lhe a Teresa.
A Mimi começou a chorar.
– Agora andas a chorar, mas quem deviam chorar eram os rapazes, mas como são rapazes, não podem chorar. Não sei o que é que te deu neste verão, Mimi, a sério que não. Tornaste-te como a tua mãe em relação à banda. Não esperava isso de ti. Desiludiste-me. – Disse a Teresa.
– Mas é como me sinto. – Gritou a Mimi.
– Não. Não é como te sentes. A Micaela que conheço não diria isso.
A Teresa virou-se para os amigos dela.
– Andem! Deixem a ex amiga chorar lágrimas de crocodilo.
Os cinco adolescentes saíram e deixaram a Mimi a chorar...

Capitulo 26 

Era de noite e a Mimi esperou que a Mariana e a Teresa estivessem a dormir para sair do hotel. Decidiu ir-se embora e nunca mais voltar para aquele hotel. De tarde, tinha ligado à Patrícia, a colega da escola, a ver se poderia ir dormir em casa dela. A Patrícia tinha-lhe dito que sim. A Mimi tinha escrito um papel às ex amigas que dizia:

“Ex amigas, eu fui-me embora do Algarve, porque já não me apetece ficar aí. Acreditem ou não é verdade o que disse de manhã. Fiquem bem e espero que consigam fazer a banda que tanto desejam. Um abraço,
Micaela (Mimi)”

A Mimi meteu o papel na mesa-de-cabeceira da Teresa e pegou nas malas dela que já estavam prontas e saiu do quarto. Quando ia para sair do hotel, o recepcionista chamou-a.
– Onde é que a menina vai?
–Vou-me embora, mas as minhas ex amigas ainda vão ficar.
– Está bem. Tenha uma boa viagem.
– Obrigada.
Quando saiu para a rua, o carro dos pais da Patrícia tinha chegado e foi a correr para o automóvel. Entrou e olhou com um olhar triste pelo vidro onde se encontrava no carro. Assim que o automóvel arrancou, a Mimi não olhou para trás e tentou conter as lágrimas durante o caminho.

Capitulo 27 

De manhã, quando a Teresa e a Mariana acordaram, viram na mesa-de-cabeceira da Teresa o papel de despedida que a Mimi tinha deixado. A Mimi tinha deixado tudo: a banda, o seu sonho e o Algarve. A Mariana admitiu que tinha feito asneira, mas a Teresa não quis saber de nada. A Teresa era muito orgulhosa. Os rapazes, quando chegaram ao quarto das raparigas, receberam a notícia.
– O quê? Como é que ela pode ter-se ido embora? – Perguntou o Pedro.
– Ela foi-se embora, porque quis. – Disse a Teresa.
– Tu foste má para ela. – Defendeu a Mariana.
– Eu não fui má, eu disse a verdade.
– Então ela também disse. – Defendeu, também, o Carlos.
– Temos de ir à procura dela. – Disse o Luís.
– O quê? Agora preocupas-te com ela? – Quis saber a Teresa.
– Lá por a minha relação com ela não for a melhor, isso não quer dizer que não me preocupe com ela.  – Respondeu o Luís.
– Não te importa o que ela pensa de ti? – Perguntou a Teresa.
– Não. – Respondeu ele.
– Então eu digo-te uma coisa meu amigo: metade das coisas que aconteceram para a Mimi se ir embora foi tua. – Informou a Teresa.
– Ai é?
– Sim. Ela tinha pesadelos da banda, mas também tinha pesadelos sobre ti.
– Então vou eu procurá-la.
– Mas ela não está cá. – Disse a Mariana.
– Como é que sabem? – Perguntou o Pedro.
– Ela escreveu-nos um papel a dizer: “eu fui-me embora do Algarve”. – Explicou a Mariana.
– Mas pode ser mentira. Podia ser só para nós não a procurarmos. – Disse o Carlos.
– Exactamente. Tens razão. – Concordou o Pedro.
– Eu não vou à procura dela. – Avisou a Teresa.
– Podem sair, amigos? Preciso de falar com a Teresa. – Pediu o Luís.
– Claro, nós vamos embora.
O Luís observou os amigos a saírem e foi sentar-se num banco.
– Tens a certeza que não queres ir à procura dela?
– Tenho a certeza.
– Teresa, tenta perceber. – Pediu o Luís – Ela precisa de ajuda e depois ontem deste-lhe uma facada nas costas. Eu não faria isso e acho que nem ela.
– Está bem. Tu tens razão.
– Agora vamos à procura dela.
Saíram do hotel e foram passear nas ruas do Algarve, a fim de tentarem encontrar a Mimi.

Capitulo 28 

Infelizmente, não encontraram a Mimi...
– Se nós não a encontrarmos, eu vou ser rotulada de irresponsável e eu não quero isso. – Disse a Teresa.
– O quê? – Perguntou o Pedro.
– Nós fomos para o Algarve com uma condição: eu tomava conta delas. Os meus pais não vão achar graça. – Explicou a Teresa.
Nesse momento batem à porta do quarto das raparigas e a Teresa vai abrir.
– O recepcionista já nos disse tudo.
Eram os pais da Teresa.
– O quê? – Perguntou a Teresa, nervosa.
– Tu és uma irresponsável. – Gritou o pai.
– Não sou, pai, ela fugiu porque quis. – Defendeu-se a Teresa.
– Mas tu podias obrigá-la a não sair do hotel. – Disse-lhe a mãe, não gritando tanto como o marido.
– O que vão fazer? – Perguntou a Teresa, com medo.
– Tu e a Mariana vão ser empregadas por um dia. – Disse a mãe.
– Como assim? – Perguntou a Mariana.
– Estão a ver aquelas mulheres que vêm ao vosso quarto fazer a vossa cama? – Perguntou a mãe da Teresa.
– Sim. – Respondeu a Mariana.
– Vão ajudar as mulheres, amanhã. – Disse o pai da Teresa.
– O quê? – Perguntou a Teresa.
– É o que estás a ouvir, amanhã vão trabalhar.
– Mas nós somos novas.
– Não são tão novas assim para não saberem qual é a diferença entre um lençol e um cobertor. – Disse o pai – Vamos para o nosso hotel e vamos ficar de olho em vocês as duas.
Os pais saíram e a Teresa virou-se para os amigos.
– Temos de encontrar a Mimi e depressa.

Capitulo 29 

Entretanto em Lisboa, na casa da Patrícia, a colega da Mimi.
– Diz obrigada ao teu pai, por mim. – Pediu a Mimi à Patrícia.
– Tenho mesmo de dizer obrigada, porque ele naquela hora já devia estar a dormir.
– Desculpa.
– Mas a sério o que é que aconteceu? – Quis saber a Patrícia.
– Fui eu que me zanguei com as minhas amigas por causa de uma banda. – Respondeu a Mimi.
– Por causa de uma banda?
– Sim. Nós fizemos uma banda.
– O quê? Fizeram uma banda? – Perguntou a Patrícia, sem acreditar.
– Sim.
A Mimi começou a contar toda a história, do princípio ao fim. A Patrícia ouvia tudo com muita atenção, mas sem acreditar. No final da história, a Patrícia falou.
– Não consigo acreditar em nada do que disseste.
– Mas acredita, é verdade.
– Está bem. Vou tentar acreditar. Mas os rapazes são girinhos?
– Sei lá eu. Não gosto de nenhum.
– Então podias, sei lá, trazê-los cá.
– Patrícia! Acabei de sair de lá, porque já não os queria ver e tu queres trazê-los?
– Podem ser génios.
– O quê?
– Podem ser uns crânios que sabem tudo.
– Não me parece. A única coisa que devem saber é acerca de música.
– Oh que pena!
– Mais vale sozinha do que mal acompanhada. Patrícia.
– Mas eu nunca fico mal acompanhada quando estou com rapazes.
– Faz-me um favor. Patrícia, não fales deles.
– Está bem.

Fim da Parte 1.

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