sexta-feira, 15 de setembro de 2023

O código Agatha Christie

 Olá, Pessoal!

 Para quem ainda não sabe eu sou grande leitora de Agatha Christie e esta autora é uma das minhas inspirações na hora de escrever. Mesmo quem não gosta do género policial já deve ter ouvido falar do detetive Hercule Poirot ou de Miss Marple, a simpática velhinha capaz de elucidar crimes.

 Tentando descobrir se por trás de tanto sucesso havia algum método infalível que a autora repetia, três linguistas ingleses das universidades de Warwick, Birmingham e Londres empreenderam uma pesquisa na estrutura dos seus romances. Os especialistas chegaram a levantar a hipótese de que haveria, inclusive, uma fórmula matemática para explicar o facto de que o fascínio exercido pelas suas obras permanece até hoje. O resultado do estudo, que ficou conhecido como “o código Agatha Christie”, foi divulgado num documentário da rede de televisão ITV1.

 Avisando que eu também já falei sobre isto num episódio do podcast Chá de Dezembro da Fábrica de Histórias, para quem quiser ouvir.

 O estudo demonstrou que a escritora usava técnicas literárias que espelhavam as utilizadas por psicólogos e profissionais da hipnose, cujo resultado era provocar efeitos psicoquímicos nos leitores, que sempre retornavam aos seus livros em busca de mais do mesmo. Se essa teoria representa o verdadeiro sucesso de Agatha Christie, é difícil dizer. Mas vale a pena observar o que foi tido em vista.

 – Linguagem com pouca variação: quase sempre Christie usava a palavra “disse” para acompanhar os diálogos.

 – Linguagem simples: usava a linguagem do dia a dia, do inglês médio, e não tentava introduzir novas palavras.

 – Foco na trama: não desafiava os seus leitores com um vocabulário rebuscado para que pudessem se concentrar na trama.

 – Associava as soluções dos crimes com os capítulos iniciais da história.

 – Se o livro tivesse menos de 55 mil palavras, quase sempre o assassino era uma mulher.

 – Se o livro tivesse mais de 71 mil palavras, quase sempre o assassino era um homem.

 – Costumava repetir uma ideia básica desenvolvida de forma criativa, de forma inovadora.

 – Usou técnicas que até então não eram usadas, mas que passaram a ser exaustivamente copiadas.

 – Ninguém estava livre de suspeita.

 – Os elementos familiares dão conforto aos leitores.

 – Utiliza nuvem de palavras muito próximas.

 – Repetição de conceitos chaves em sequência.

 – Vocabulário utilizado refere-se aos temas-chave e conceitos usados nos seus livros.

 – Introduz ideias complexas de forma simples e rápida.

 – Com frequência repete a mesma palavra ao menos três vezes no mesmo parágrafo.

 – É capaz de controlar a velocidade com que os leitores irão ler, por exemplo, com muita descrição no início, para uma leitura mais lenta, ao contrário da leitura rápida rumo ao final.

 – Trabalha a antecipação, provocando os leitores a tentarem descobrir o culpado.

 – Processos linguísticos previsíveis, repetitivos, causando deslumbramento, uma espécie de transe.

 – Apenas detalhes suficientes para não distrair o leitor, sem exageros.

 Agatha Christie começou a escrever por conta de um desafio feito pela sua irmã que já era escritora. A irmã disse que ela jamais seria capaz de escrever uma história de detetive. Enfim... Mas será que terá criado uma fórmula própria, um código capaz de revelar o segredo do seu sucesso?

 O que acham?

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