Devaneios

 Olá, Pessoal!

 Deixei este pequeno texto no meu Facebook e decidi partilhá-lo também por aqui.

   Duas semanas. Partiu há duas semanas. Vejo-o em todo o lado. Sinto-o algures sei lá onde. A sério que irei rir na cara de todas as pessoas que falarem que o falecimento de um animal de estimação dói menos do que se for o falecimento de uma pessoa. Ou até mesmo se acharem que não existe isso de luto quando um "patusco" nos deixa.

   O meu processo de luto nunca foi tão doloroso. Tenho escrito mais coisas dramáticas do que há um mês.

   Tenho um livro de 500 páginas para resenhar desde o início do mês passado e lê-lo com um olhar crítico tem sido uma dificuldade. A leitura não me entra, não importa o que faça. Sei que se me preocupar demasiado talvez torne tudo pior.

   A leitura por prazer deixou de ser prazerosa. A leitura... 10 livros livros no mês passado, mas não li nada desde o dia 24 de Maio. Críticas literárias nem vê-las com qualidade.

   Deveria preocupar-me? Deveria parar? Mas se parar lembrarei de tudo por 24 horas. Estar acordada às 2 da manhã, sabendo que ele estaria na sala ao lado, mas ele não está lá. Sinto-o quando todos vão dormir. Choro, talvez, mas não posso chorar quando se fazem duas semanas. Nada volta atrás.

   O meu processo de luto torna-se fácil quando o cheiro não se encontra presente. Tens uma pessoa querida no hospital por 3 meses e a casa parece despida, mas sabes que ela voltará. Se não volta, habituas-te, porque o cheiro passou e tu tens as memórias. Agora saber que ficaste as últimas horas com ele, sabendo que era a última noite, dói até no momento de dormir.

   Dormir? Acho que não durmo. Sonho. Encontro-me sempre levantada, a sonhar com ele, ou com sei lá quem que me lembre ele.

   Não sei quando passará, mas tentarei que passe...

   Apenas um devaneio...