Deixo-vos aqui o meu sexto texto para o Desafio dos Sete Pecados Capitais: a Preguiça.
AVISO: Esta é a sexta parte de uma série de sete pequenos textos.
Vida de Luxo
As duas jovens foram até a uma enorme mesa na sala. Vitória sentou-se e indicou a cadeira à sua frente. Laura continuava surpreendida com toda aquela riqueza em casa da amiga.
– Não fiques muito entusiasmada. É por isso que eu nunca trago quase ninguém aqui. – Avisou Vitória.
– Quase.
Vitória começou a comer, sem responder à amiga. Laura mudou de assunto. E foi mudando durante o tempo do jantar. Vitória não tinha muita vontade de falar de certos assuntos, era óbvio no rosto dela, porém respondia à Laura e tentava manter-se satisfeita por ter a amiga ali com ela em sua casa.
No final do jantar, Laura espreguiçou-se, ainda sentada na cadeira.
– Se os meus pais estivessem aqui já te olhavam torto.
Laura parou de se espreguiçar.
– Porquê?
– Isso é falta de educação.
– Nunca te podes espreguiçar?
Vitória abanou com a cabeça. Laura mudou de assunto.
– Será que posso me levantar da cadeira?
– Enquanto estiver só aqui eu.
Laura olhou em redor da sala.
– Não está cá mais ninguém senão nós.
Vitória afirmou com a cabeça. Laura sorriu e levantou-se da cadeira. Vitória ainda jantava. Laura deu a volta à mesa e aproximou-se da amiga.
– Tu demoras sempre tanto tempo a jantar?
– Tenho sempre o cuidado de não deixar nada no prato. A empregada não gosta.
Laura olhou para o seu prato, de relance. Não tinha comido tudo.
– Eu não costumo comer muito ao jantar. – Laura tentou desculpar-se.
– Não precisas de dizer nada. És convidada. Podes deixar o prato tal como está.
Laura afirmou com a cabeça. Vitória terminou de comer, pousando os talheres sobre o prato.
– Até para levantar o prato tem que ser tudo requintado?
– És a convidada. Podes deixar o prato tal como está.
A rapariga encolheu os ombros. Vitória levantou-se da cadeira, puxando-a novamente para perto da mesa, arrumando-a. Laura via tudo com atenção.
– Então? O que queres fazer agora?
Laura respirou fundo.
– Se queres que te diga estou a ficar com sono.
Vitória riu-se.
– E ainda dizes que não comes muito ao jantar.
– E não como, mas tenho sono. Vim até aqui de transportes públicos, não tenho carro particular.
Vitória apenas afirmou com a cabeça.
– Eu levo-te até ao teu quarto.
A rapariga vai à frente de Laura, mostrando-lhe o caminho. Sobem as escadas para os quartos. Laura reclama enquanto sobe as escadas.
– Não sei como é que vocês sobem estas escadas até aos quartos quando estão a morrer de sono.
Vitória sorriu, mas não respondeu. Continuou a levar a amiga pelo corredor, parando na entrada de um quarto com a porta fechada. Abriu a porta e deu passagem para a Laura entrar. A jovem abriu a boca de espanto.
– Este quarto é só para mim esta noite?
Vitória confirmou.
– Sinceramente, nunca tive isto.
– Eu sei que não.
Vitória fez uma pausa, antes de prosseguir.
– Boa noite.
A rapariga fecha a porta do quarto, deixando a amiga sozinha. Laura atira-se para cima da cama, cansada.
– Se eu dormir aqui esta noite só acordo ao meio dia de amanhã. Que vida de luxo. – Fala ela para si mesma em voz alta.
Entretanto, Vitória desceu as escadas com um ar sério. A empregada aproxima-se da jovem.
– Já não precisa de mim, menina?
– Não, Maria, pode ir. Obrigada.
– Sabe se a sua amiga vai estar aqui mais tempo? É para preparar o almoço de amanhã para mais uma pessoa.
Vitória nega com a cabeça.
– Pode ter o dia de amanhã de folga. Eu também não irei almoçar aqui.
A empregada sorriu.
– Obrigada, menina. Boa noite.
– Boa noite.
A empregada afastou-se de Vitória. A rapariga respirou fundo antes de falar em voz alta para si mesma.
– De qualquer maneira, ela nem conseguiria ficar aqui mais um dia.
O próximo e último pecado capital será postado amanhã.
Espero que estejam a gostar.
O que vocês esperam que seja o final? Gostaria de comentários!
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