quinta-feira, 6 de abril de 2023

Opinião: O Homem Que Plantava Aves, de Gociante Patissa

 Olá, Pessoal!

 Hoje publico mais uma nova opinião a um livro.

 Aviso - Pode conter spoiler.

Capa da obra

Informações:

 Título: O Homem que Plantava Aves
 Autor: Gociante Patissa
 Tipo: Contos
 Editora: Editora Penalux
 Número de Páginas: 156

Opinião/Resenha:

 Recebi esta obra pelas mãos do próprio autor no dia 11 de Março, no lançamento da Colectânea de Poesia Lusófona "Mundo(s)" onde estive a representar o escritor angolano Lucas Cassule.

 Disse que faria uma resenha/opinião sobre este livro e aqui estou!

 "O Homem Que Plantava Aves", do autor angolano Gociante Patissa é um livro maioritariamente de contos, no entanto, contém ainda uma fábula.

 Todos os contos e a fábula tratam de temas diversos, que vão desde a desigualdade social até à natureza humana.

 "A ideia da publicação destes contos", conta o autor na sua nota, após a leitura do índice, nasceu "durante a minha presença na Feira Internacional do Livro de Frankfurt, Alemanha" em 2016, onde, em correspondência com os editores da Penalux, com a qual teve o prazer de publicar, no Brasil, a coletânea de poemas intitulada "Almas de Porcelana", foi sugerido o desafio de uma nova experiência em prosa.

 Indo com mais pormenor para o interior, é apresentado ao leitor temas como a guerra civil e a cultura Umbumdu, que contém notas de rodapé para o restante público lusófono, em contos como "Você não me chame querida", "Por que é que a cauda da lagartixa cai?" ou "Nossa Luta, Vossa Luta".

 Também retrata a burocracia, a desigualdade social e a natureza humana que estão presentes nos contos "A meia-viagem do Senhor Serviço", "O Homem Que Plantava Aves" (que é, aliás, o segundo conto que dá nome ao livro), "Consultório Número Quarenta" (posso confessar que este é o meu favorito) e "A Chefe e os Homens".

 O autor também usa e abusa do uso do humor para fazer as suas críticas, como em "Uma Prenda Demasiado Profissional", ou em "A Que Ponto Chegamos, Oh Minha Vida!".

 Existem muitas referências autobiográficas na ficção e os restantes leitores lusófonos que lerem este livro terão acesso à cultura angolana.

 O autor escreve esta obra numa forma de crítica humorística, o que se torna numa leitura pouco maçante e, na verdade, bastante interessante.

 Foi publicado em 2017 no Brasil, e posso acrescentar que muitas das notas de rodapé presentes são realmente focadas para o público brasileiro, tendo em conta que o público português também usa e abusa de várias expressões que o autor utiliza nos textos.

 Gostaria de terminar com um excerto/trecho (PT/BR) presente no conto "Nossa Luta, Vossa Luta":

"A luta continua. O meu nome? Não tem importância. A história que conta é dos grandes. Ainda não começamos a escrever sobre os pequenos. Talvez um dia..."

 Boa leitura a quem se aventurar nas páginas deste livro!

 Pontos Fortes:
 - Boa narração.
 - Boa descrição.
 - Leitura Rápida.

 Pontos Fracos:
 - ...

Nota (0 a 5 Estrelas):

⭐⭐⭐⭐⭐


 P.S - Esta opinião é apenas de uma leitora, assim como a nota de 0 a 5 estrelas que eu dou. Outros leitores poderão ter uma opinião diferente.

 Link para obter a obra: Editora.

Sobre o autor:

 Daniel Gociante Patissa, nasceu na província de Benguela, em 1978. Licenciado em Linguística/Inglês, pela Universidade Katyavala Bwila, é membro da União dos Escritores Angolanos. Descobriu a inclinação para o jornalismo e a literatura num programa infantil da Televisão Pública de Angola em 1996. Foi gestor de projetos, tradutor (Umbundu-Português-Inglês) e jornalista freelancer, tendo fundado a Associação Juvenil para a Solidariedade, ONG angolana. Serviu a Save The Children e a Handicap International. Publicou: Consulado do Vazio (poesia, 2008), A Última Ouvinte (contos, 2010), Não Tem Pernas o Tempo (novela, 2013), Guardanapo de Papel (poesia, 2014), Fátussengóla, O Homem do Rádio que Espalhava Dúvidas (contos, 2014).

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