terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Até Sempre

 Olá, Pessoal!

 O texto de hoje é diferente. Gostaria de fazer uma breve apresentação sobre sonhos e depois falar sobre a realidade.



 Todos sabem que me chamo Diana e que sou da turma nascida na década de 90, mas talvez poucos saibam que ouço mais música da década de 80 do que a de 2000... ou que eu prefiro os clássicos aos contemporâneos... ou que eu não gosto da "geração do tik tok".

 O meu primeiro sonho irreal era ser atriz, ganhar dinheiro e com ele levar a minha mãe à DisneyLand Paris e oferecer um carro todo de gama ao meu pai. Esse sonho foi apagado após o início do secundário. Gostaria de ter ido para uma escola de atores, mas isso não aconteceu. Antes disso, tive uma professora de teatro a dizer que eu não seria "boa o suficiente" para seguir o ramo.

 O meu segundo sonho irreal era ser guionista/roteirista. Mas é um circulo tão fechado. Conseguir uma oportunidade é como conseguir encontrar uma agulha num palheiro, ou chover em Julho em Portugal. É raro, pode acontecer, mas é quase impossível. Sim, tive algumas oportunidades. Raras.
 Antes disso, quis criar uma revista literária. Isso aconteceu! Mas... não correu como eu esperava.
 Também quis publicar um livro, e isso realmente aconteceu. Eu era uma pré-adolescente profundamente perturbada e a escrita era um momento de refúgio. Mas com o tempo percebi alguns erros nos dois livros.

 Pouco depois, a ideia de criar uma editora surgiu. Comecei a perceber como funcionava o mercado editorial e vi que havia falta de alguma coisa. As ideias surgiram, uma atrás da outra, e percebi que deveria alargar a ideia além fronteiras, queria acrescentar os PALOP.
 Falei com algumas pessoas que iriam trabalhar comigo e comecei a construir essa ideia, comecei a torná-la "palpável".

 Porém, percebi em Setembro de 2024 que esse sonho não iria para a frente. Tive que abandonar mais um sonho. E desta vez seria mais triste, porque já tinha ido além. No entanto, pelo que sei, alguém com mais experiência pegou na ideia da leiga (ou seja, eu) e eu espero, com sinceridade, que a editora seja um sucesso, porque iria dar-me uma felicidade saber que uma ideia que começou por mim foi além e deu certo com alguém mais qualificado.

 Bem... Há sempre momentos em que temos que dizer adeus e há adeus mais difíceis do que outros. A verdade é que chega sempre aquele momento das nossas vidas em que mudamos de ar, ou de áreas. Queremos retardar o inevitável, porque temos formações e tentativas, mas ao mesmo tempo há dinheiro gasto, horas perdidas, negas e falta de apostas.

 O meu momento chegou agora, depois de toda esta explicação inicial. Sairei da área literária e do audiovisual.

 É uma área em que estamos constantemente a lutar connosco próprios, seja devido ao tempo, ao mercado de trabalho, ou à saúde mental. Dizem para seguirmos os nossos sonhos, mas romantizam demais o caminho para que ele se concretize. Nos dias que correm, infelizmente, a formação vira pó, se não tiveres experiência desde o berço. Mas o irónico na questão é como ter experiência se não temos ninguém a dar-nos essa oportunidade. Trabalhamos muitas vezes "pro bono", à borla, gratuitamente, com a desculpa do "vou ganhar experiência", mas mais tarde começas a perceber que ninguém aposta realmente em ti.

 Foi difícil tomar esta decisão, mas foi pensada com cuidado. Deixar um sonho é algo que já estou habituada. Formar-se em algo que não se vai exercer é chato e triste, caso seja um sonho. Quanto a mim, deixo esta área que me é querida, mas que não me dá conforto mental (além do financeiro). Levo comigo contactos e, acima de tudo, pessoas interessantes. Agradeço a cada autor que conheci nesta jornada, além de editores, leitores, revisores, designers e críticos literários e também ao pessoal do cinema.

 Aproveito para referir também que abandonarei a área do audiovisual. Onde Está Deus 2 não me terá como guionista, mas poderão ver o primeiro filme em breve. Agradeço ao António Guimarães pela loucura de aceitar uma portuguesa na produção. Foi um prazer trabalhar em Onde Está Deus. Considero que falar sobre Deus é um desafio enorme para um guionista. Agradeço pela confiança!

 Quanto à literatura, o blogue irá tornar-se privado, não podendo ser lido pelo público. Pretendo "apagar" de alguma forma o meu passado como escritora e isso envolve o blogue.
 O terceiro livro não será mais publicado e tenho ainda exemplares dos meus dois primeiros livros que posso oferecer (talvez faça um preço "simbólico" devido aos portes de envio, fiquem à vontade para me enviarem uma mensagem privada).

 As minhas críticas literárias serão apagadas da internet (claro, com o blogue privado não tem como estarem online).
 A Revista Rabisca vai permanecer parada. A minha conta de autora permanecerá aberta, porém terá mudanças. No entanto, permanecerei por aqui em contacto.

 Gostaria de finalizar dizendo que foi um percurso com altos e baixos. Sorri, ri, chorei, revoltei-me, mas, no fim, não sobrou muita coisa que me fizesse ficar e permanecer a lutar. Este meio é fechado demais para se conseguir qualquer coisa.
 Obrigada a todas as pessoas que me ajudaram, a leitores e autores que ajudei e a colegas. A vida é uma estrada cheia de curvas... ou melhor, terminarei com uma frase que eu própria escrevi acerca de uma personagem presente no primeiro livro (alguns irão reconhecer).

 "A vida é feita de escolhas, mas existe sempre uma terceira opção" - Capítulo 23, A Escola do Terror.

 (Eu não pensava que, em algum dia, me iria identificar com esta frase que tinha escrito precisamente a pensar numa personagem).

 Obrigada.


 7 de Janeiro de 2025.

3 comentários:

  1. Oi, Diana.
    Eu também já sonhei em ser atriz. Posso dizer, dos meus 7-9 anos (lá... no comecinho de 2000...) aos 22, quando eu comecei a querer seguir o caminho como escritora e que vi que escrever era e poderia ser melhor do que atuar ou tão bom quanto, que era melhor criar enredos que seriam interpretados por outros do que participar atuando das obras escritas por outras pessoas. E que eu poderia continuar contando histórias ao escrever se eu não fosse atriz.
    Fico triste pela sua saída do meio literário, que perderá muito com isso, mas se você decidiu assim... eu respeito e gostaria de dizer pra você seguir em frente, tranquila e em paz, no novo caminho que escolher ou que já escolheu seguir. Espero que você não suma completamente e que não percamos o contato. Por enquanto estarei por aqui e meus espaços de comunicação seguirão abertos. Gostaria de poder te dar ou estender a mão e servir de mais apoio, te trazer pra frente comigo junto com todas as suas obras, mas é difícil quando eu ainda não cheguei aonde eu almejo chegar e quando eu mesma me sinto e sei que estou sozinha nesse caminho e também não tenho tido boas oportunidades. O meio literário é difícil mesmo.
    Que pena que irá fechar o blog, pois há muita informação útil e necessária por aqui, que poderia continuar a ser partilhada, mas respeito.
    Desculpa pelas mágoas que eu possa em algum(ns) momento(s) ter causado. Pedir desculpas não vai corrigir e reparar erros do passado (eu mesma vivo me questionando sobre isso ultimamente por causa de pessoas que me magoaram), mas a gente pede para que possamos tentar demonstrar um sentimento de que reconhecemos os erros e tentar seguir em paz e ser feliz.
    Um grande e forte abraço e qualquer coisa estou aqui se precisar de algo. Por enquanto estou aqui. Não sei até quando eu vou suportar também. 🙂😊💝💐
    E se um dia quiser voltar também será bem-vinda de volta. Você sempre terá o seu lugar reservado para você no meio literário.

    Com afeto,
    ~Cartas da Gleize. 💌💕

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    1. Que pena mesmo que você vai deixar esse meio, porque eu até liberei os comentários no meu blog de passarem pela moderação antes de serem publicados nesse ano de 2025 só por sua causa. 🙂😊 Vou restringir de volta então. 😊😊😊

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  2. Que pena!
    Espero que seja só um intervalo e que dê para mais tarde poder regressar aqui
    Gábi

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