terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Um texto apenas...

 Olá, Pessoal!

Como sabem, eu sou uma escritora que não costuma revelar muitos textos pessoais, porém hoje seria o aniversário do meu avô materno, se fosse vivo.

Escrevi este texto há algum tempo, nunca o tinha revelado, mas hoje decidi fazê-lo.




Não gosto de me despedir. Não gosto de ir a sepulturas. Sempre gosto de caminhar, pensando que tenho anjos a seguirem-me, ou seja, a vida terrena, a sepultura, o túmulo, para mim não me significam grande coisa. Talvez por isso eu tenha demorado a ir “ver” o meu avô onde ele tinha ficado. O que eu acredito faz com que eu não sinta necessidade de ir no dia de finados ao cemitério. Acredito que ninguém está lá dentro debaixo da terra e do caixão, mas sim algures nas nuvens, ou no sol que todo o dia amanhece (ou escurece).

Sei que houve momentos em que fui questionada por não ir ao cemitério e pensei: “Será que dizer uma coisa destas vai mudar alguma coisa?”. Não é algo que faça diferença para mim, mas também não disse nada. Até porque ninguém precisa de saber.

Fico-me pelas memórias. Fico-me com o tempo em que tentava ensiná-lo a escrever (embora não tendo conseguido fazer com que isso acontecesse), fico-me com o tempo em que via o programa Contra Informação com ele, fico-me com o tempo em que via Mr. Bean na televisão. Acho que foi o primeiro contacto que eu tive com a comédia, com algo mais “adulto”, sem ser desenhos animados.

Fico-me com o rádio antigo que ele me deu, é a maior lembrança que eu tenho dele, apesar de já não funcionar. Não toca absolutamente nada, mas ainda está intacto fisicamente. Às vezes, vejo-o. E gosto de o ver.

Ele percebeu que eu iria ser adepta do F.C. Porto, mas não chegou a tempo de me ver a gostar realmente de futebol.

Ele percebeu que era grande leitora, mas não chegou a perceber que eu escrevia. Se calhar... acho que ele chegou a perceber isso. Chegou a perceber que eu escrevia. Nem que fosse a poesia que eu escrevi um dia.

Ele era inteligente demais para perceber o que eu gostava, mesmo que eu não o dissesse.

Era neta dele, fui criada por ele e pela minha avó, mais do que os meus pais, os meus avós conseguiam perceber o que eu mais gostava.

Hoje, 23 de Fevereiro, era o dia dele. O aniversário dele. Não o festejo porque, pessoalmente, detesto aniversários. Mas este texto sai hoje.

Não costumo divulgar textos pessoais, mas este vai. E nem sei porquê.


Espero que tenham gostado!

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