Capítulo 2 - Mulher - Animal!
Eu a pensar que ia casar com uma mulher linda, uma beleza americana e afinal fiz um contrato com uma Mulher-Animal! "Os animais podem ser melhores companheiros do que as pessoas". Concordo plenamente. Só de pensar que a conheci num restaurante riquérrimo com um garçom mal encarado. Mal eu sabia que a realidade daquele restaurante antipático iria ser a minha vida com ela dali para a frente. Aquele era o jantar de aniversário do meu amigo João Paulo e a cadeira ao lado da minha estava vazia há meia hora. Quando perguntei a alguém pela pessoa que devia sentar-se a meu lado e me responderam que o lugar era da Beatrice, a tia do João, imaginei uma viúva louca por sexo. Não estava preparado para ver uma loura de pernas longas, mas, realmente, agora vejo o quanto fui idiota! Já sabia o que me esperava. Ela sentou ao meu lado com a ligeireza de quem sobe em cima de um cavalo, de pernas abertas. Ao início pensei que ela não era virgem mas no final descobri que tinha a ver com o cavalo e não comigo. Ela devia me intimidar, mas isso não aconteceu.
– Ora seja bem aparecida, Beatrice Aguiar, é um prazer conhecê-la. A sua camisa é linda. Condiz com os seus olhos.
Ela retribuía os elogios parecendo uma atriz pornográfica, a olhar para os homens com um olhar intenso. Parecia saber bastante sobre mim, o que me agradou, tendo em conta quão pouco havia para saber naquele momento da minha vida. Acabei por admitir que estava à espera de uma pessoa bastante mais velha.
– O meu irmão Joaquim, pai do João, é quase vinte anos mais velho do que eu – Explicou ela – João adora tratar-me por "Tia Beatrice", o que era engraçado quando ele tinha dez anos e eu doze, mas agora que ele me seguiu para os Estados Unidos, estou a pensar em pagar-lhe para ele se deixar disso.
Depois contou-me sobre um almoço com um artista famoso. Ela achou-o bastante atraente e disse que estava a tentar namoriscar com ele mas descobriu que ele era homossexual e que estava à espera de "um" Beatrice e não de "uma" Beatrice. Ou seja, ele era cliente de um prostituto, pensei eu.
– Como podes imaginar, nunca mais pude entrar naquele restaurante chique por medo de o voltar a ver. – Disse ela.
Quando já era meia-noite ela afastou-se de mim, dizendo que queria me voltar a ver. Pois, e eu parvo fui tentar encontrá-la nos dias seguintes em festas e clubes.
Ela parecia ser uma "prostituta normal" mas depois é que percebi pelo sobrinho o facto de a Beatrice estar sempre a escorregar pelos dedos dos homens: ela nunca se casaria enquanto o pai fosse vivo. O pai é um homem muito influente na América. Foi o antigo presidente do país. Nunca conheci o homem pessoalmente mas a sua imagem não era muito bonita. Parecia autoritário. Para mim, a Beatrice era a típica acompanhante de luxo, mas que me deixava louco.
Uma noite, numa festa, fui para a rua fumar e vi-a com o seu cabelo louro a esvoaçar.
– Bem, não há dúvida que te saíste bem desde a última vez que te vi. – Disse ela.
Era verdade. A minha última peça de teatro tinha sido um sucesso e estava prestes a viajar pelo mundo. Talvez tenha sido esse comentário que me encorajou a convidá-la para sair, coisa que nunca tinha tido coragem para fazer. Não podia acreditar que no final do nosso terceiro encontro ela estava na minha cama e ainda a pedi em casamento. Não entendo porque aceitou, depois de ter recusado tantos outros. O pai dela tinha morrido um tempo atrás, mas acho que não foi esse o motivo. Talvez tenha aceitado por pena, ou para tentar se aventurar (ela nunca tinha experimentado casar-se). Naquela altura não me preocupava com isso mas hoje vejo o mal que eu fiz a mim próprio. Homens mais bonitos, com mais sucesso e mais ricos do que eu não tinham conseguido arrastá-la para o altar. Eu era um simples realizador, e ainda sou, infelizmente.
Certo dia, uma amiga da Beatrice teve uma saída connosco e na altura não prestei muita atenção. Disse que eu lhe fazia lembrar o falecido irmão mais velho da Beatrice. Perguntei-lhe quando estivemos juntos e ela mentiu, dizendo que não tinha pensado nisso. Enfim...
Depois de casarmos no registo civil, sem fazermos qualquer festa, passámos a dividir casa na cidade, perto do meu trabalho. Eu dava um workshop numa Universidade do país. Na época das férias, viajámos para o Tennesse a fim de descansarmos num mundo rural, numa quinta*. Cedo percebi que ela era mais feliz lá do que na cidade. As primeiras semanas até foram boas! Apenas me obrigou a comprar 7 gatos como as viúvas negras dos filmes de terror. Devo admitir que fiquei um pouco traumatizado pois quando acordava de manhã na cama, ao lado da Beatrice, estava todo arranhado e não eram das unhas dela. Mais tarde, um dos gatos (que não gostava de mim. Nenhum gostava, na verdade) matou um pássaro e acordei com o mesmo no meu peito. Não sei como não morri naquele instante.
– É uma prenda de boas vindas. – Disse ela – Devias sentir-te honrado.
Oh, sim! Senti-me muito honrado! Não durou muito tempo até ela começar a criar cabras, galinhas e vacas na quinta. Deixei de ser realizador e passei a ser agricultor/proprietário agrícola. A meio de um jantar, ela se levanta da cadeira, vai-se embora por minutos e regressa à mesa com a roupa cheia de sangue, dizendo que a vaca tinha acabado de parir. O que viria a seguir?
* Pessoal brasileiro, quinta no Brasil é fazenda.
Fim do Capítulo 2.
– O meu irmão Joaquim, pai do João, é quase vinte anos mais velho do que eu – Explicou ela – João adora tratar-me por "Tia Beatrice", o que era engraçado quando ele tinha dez anos e eu doze, mas agora que ele me seguiu para os Estados Unidos, estou a pensar em pagar-lhe para ele se deixar disso.
Depois contou-me sobre um almoço com um artista famoso. Ela achou-o bastante atraente e disse que estava a tentar namoriscar com ele mas descobriu que ele era homossexual e que estava à espera de "um" Beatrice e não de "uma" Beatrice. Ou seja, ele era cliente de um prostituto, pensei eu.
– Como podes imaginar, nunca mais pude entrar naquele restaurante chique por medo de o voltar a ver. – Disse ela.
Quando já era meia-noite ela afastou-se de mim, dizendo que queria me voltar a ver. Pois, e eu parvo fui tentar encontrá-la nos dias seguintes em festas e clubes.
Ela parecia ser uma "prostituta normal" mas depois é que percebi pelo sobrinho o facto de a Beatrice estar sempre a escorregar pelos dedos dos homens: ela nunca se casaria enquanto o pai fosse vivo. O pai é um homem muito influente na América. Foi o antigo presidente do país. Nunca conheci o homem pessoalmente mas a sua imagem não era muito bonita. Parecia autoritário. Para mim, a Beatrice era a típica acompanhante de luxo, mas que me deixava louco.
Uma noite, numa festa, fui para a rua fumar e vi-a com o seu cabelo louro a esvoaçar.
– Bem, não há dúvida que te saíste bem desde a última vez que te vi. – Disse ela.
Era verdade. A minha última peça de teatro tinha sido um sucesso e estava prestes a viajar pelo mundo. Talvez tenha sido esse comentário que me encorajou a convidá-la para sair, coisa que nunca tinha tido coragem para fazer. Não podia acreditar que no final do nosso terceiro encontro ela estava na minha cama e ainda a pedi em casamento. Não entendo porque aceitou, depois de ter recusado tantos outros. O pai dela tinha morrido um tempo atrás, mas acho que não foi esse o motivo. Talvez tenha aceitado por pena, ou para tentar se aventurar (ela nunca tinha experimentado casar-se). Naquela altura não me preocupava com isso mas hoje vejo o mal que eu fiz a mim próprio. Homens mais bonitos, com mais sucesso e mais ricos do que eu não tinham conseguido arrastá-la para o altar. Eu era um simples realizador, e ainda sou, infelizmente.
Certo dia, uma amiga da Beatrice teve uma saída connosco e na altura não prestei muita atenção. Disse que eu lhe fazia lembrar o falecido irmão mais velho da Beatrice. Perguntei-lhe quando estivemos juntos e ela mentiu, dizendo que não tinha pensado nisso. Enfim...
Depois de casarmos no registo civil, sem fazermos qualquer festa, passámos a dividir casa na cidade, perto do meu trabalho. Eu dava um workshop numa Universidade do país. Na época das férias, viajámos para o Tennesse a fim de descansarmos num mundo rural, numa quinta*. Cedo percebi que ela era mais feliz lá do que na cidade. As primeiras semanas até foram boas! Apenas me obrigou a comprar 7 gatos como as viúvas negras dos filmes de terror. Devo admitir que fiquei um pouco traumatizado pois quando acordava de manhã na cama, ao lado da Beatrice, estava todo arranhado e não eram das unhas dela. Mais tarde, um dos gatos (que não gostava de mim. Nenhum gostava, na verdade) matou um pássaro e acordei com o mesmo no meu peito. Não sei como não morri naquele instante.
– É uma prenda de boas vindas. – Disse ela – Devias sentir-te honrado.
Oh, sim! Senti-me muito honrado! Não durou muito tempo até ela começar a criar cabras, galinhas e vacas na quinta. Deixei de ser realizador e passei a ser agricultor/proprietário agrícola. A meio de um jantar, ela se levanta da cadeira, vai-se embora por minutos e regressa à mesa com a roupa cheia de sangue, dizendo que a vaca tinha acabado de parir. O que viria a seguir?
* Pessoal brasileiro, quinta no Brasil é fazenda.
Fim do Capítulo 2.
Muito bom!
ResponderEliminarParabéns!
Continua!
ResponderEliminartá lindo.
ResponderEliminarposta logo.
Beijos,
Natasha Alyosha.
adorei!
ResponderEliminarQue bom rever a comédia do Vasco...
ResponderEliminarQuero mais!
ResponderEliminarRi muito.
Que viúva negra! Adorei a parte dos gatos.
ResponderEliminarPosta logo.
Beijos,
Juh :)
Que comédia!
ResponderEliminarPosta logo.
Beijos :)
Objectivo conseguido.
ResponderEliminarEu ri-me.
Gostei do capítulo.
ResponderEliminarQuero ver o que isso vai dar.
gostei.
ResponderEliminarri com o capítulo.
adorei <3
ResponderEliminargostei muito.
ResponderEliminarNunca me ri tanto com um capítulo.
ResponderEliminarA parte dos gatos foi de quase morrer de tanto riso.
Posta logo.
Beijos.
fixe!
ResponderEliminarMuito bom!
ResponderEliminarFez-me relembrar o que lia.
Vou esperar o próximo capítulo.
adorámos!
ResponderEliminaro vasco é muito bom.
Parabéns! Eu gostei do capítulo.
ResponderEliminarSe não tivesse a tua autorização não haveria piada.
ResponderEliminarGostei do capítulo e ri-me.
O Vasco faz muito bem essa comédia! Posta logo.
ResponderEliminarMorri a rir com esse capítulo!
ResponderEliminarPosta logo.Beijos.
Comecei a acompanhar agora e já adorei! Morri de rir com este capítulo, muito boa a parceria.
ResponderEliminarPoste logo :)
Adorei o capítulo, ri muito ashuashua :D
ResponderEliminarA parceria está fluindo muito bem ♥
Posta mais :)
Beijos!