Deixo um conto que fiz para a página Ficwriter Facts.
Informações:
- Título: Descoberta Macabra
Sinopse: Teresa era uma criança quando perdeu o bisavô. A vizinha dela, uma mulher de sessenta anos com fama de ser bruxa, via o futuro, lia as cartas e falava com os mortos. Teresa não acreditava em rituais, nem em bruxaria, mas queria reencontrar o ente querido. Mal sabia o passado do familiar dela e o problema que seria em voltar a ter o espírito dele na terra.
Género: Mistério, Terror.
Classificação etária: +14.
Número de palavras: 631.
Capa de "Descoberta Macabra" |
Tinha chegado a noite do dia 30 de Outubro. O vento batia nas árvores, violentamente. Teresa encaminhou-se para a casa da vizinha. A senhora de sessenta anos tinha a fama de falar com os que partiram. As más línguas falavam que ela era bruxa. A jovem não se importava com isso. Nunca acreditou nessas coisas do além, era certo, mas a vontade que tinha era maior do que isso.
Após saber que a vizinha conseguia conversar com os familiares falecidos, a rapariga de vinte anos decidiu experimentar. Não podia ser uma perda de tempo, pensava ela.
Entrar na casa da vizinha deu-lhe calafrios. Estava tudo cheio de velas, caveiras, bruxas em miniatura, cartas de tarô e mais umas quantas coisas estranhas. Respirou fundo e corou quando percebeu que a vizinha olhava para ela, séria.
– Difícil entrar aqui?
Teresa sorriu, envergonhada.
– Não. – Mentiu.
A mulher riu-se.
– Todos mentem quando entram aqui.
A vizinha pediu que entrasse e se sentasse numa cadeira em frente a uma mesa com uma vela acesa no centro. Teresa obedeceu. A mulher demorou uns segundos a sentar-se em frente a ela. Trazia um baralho de cartas e uns dados.
– Vens fazer uma leitura?
Teresa negou com a cabeça.
– Vim falar com o meu bisavô. Ele morreu há uns anos. Morreu de pneumonia. Eu gostava muito dele.
A mulher olhou Teresa, séria.
– Muito bem. Eras muito pequena quando o teu bisavô morreu. Tens alguma coisa dele?
Teresa afirmou com a cabeça e tirou um apito velho do bolso das calças.
– Coloca junto à vela, no centro da mesa. – Pediu a vizinha.
A jovem assim fez. A bruxa fechou os olhos. Silêncio fez-se sentir. Teresa assustou-se quando a vizinha abriu os olhos.
– Coloca as tuas mãos sobre as minhas com as palmas viradas para cima.
A Teresa obedeceu, novamente. A vizinha voltou a fechar os olhos. A vela acesa estremeceu. Teresa olhou para a janela da sala. Estava fechada. Nenhuma rajada de vento poderia fazer aquilo. Voltou a olhar para a vizinha. A bruxa abriu os olhos, novamente. Parecia amargurada com alguma coisa.
– Desculpa, querida, não posso!
A vizinha levantou-se da cadeira e pediu que a jovem se levantasse também.
– Vai para casa e não fiques sozinha amanhã.
A Teresa ficou incrédula.
– A vizinha não é nada disso que dizem, pois não?
– Sou, querida, mas não posso estragar-te as memórias. Tem cuidado contigo!
A mulher fechou a porta de casa, mostrando uma certa frieza. Teresa ficou de boca aberta do lado de fora da porta. O que tinha acabado de acontecer?
Teresa voltou para casa. Não conseguiu adormecer. Passou o dia 31 com os amigos. Chegou a casa às 19 horas. As luzes da estrada já estavam acesas. Jovens pediam doce ou travessura. O irmão mais novo de Teresa tinha saído com os amiguinhos. Teresa queria ir, mas as palavras da vizinha ecoavam na mente. Olhou para a casa. Estava tentada. Queria bater à porta. Desistiu e entrou em casa.
– Mãe?
A mãe saiu de casa. A mãe da Teresa não gostava do Halloween. A jovem estava sozinha em casa. Chegou à sala. A vela perto da chaminé estava acesa. A mãe deixou aquilo aceso? Aproximou-se da vela e assoprou-a. Não conseguiu apagar a chama. Olhou para a parede branca. O reflexo da luz da chama fazia sombra. Uma frase estava legível na parede. "Morte aos Judeus" – Flávio. Flávio era o nome do bisavô. Flávio tinha matado vários judeus na Segunda Guerra Mundial. Era um homem cruel. Teresa não podia pedir para falar com o bisavô. O espírito dele não era bom. Causava dor.
A vela acesa caiu ao chão. Começou a queimar o tapete da sala. Teresa assustou-se. Não houve tempo para responder. Teresa acabou por morrer na noite do dia 31.
O espírito maligno do bisavô continuou "vivo".
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