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Observação da autora no dia 06/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "História de uma Adolescente - Parte II". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).
Capítulo 2
O dia tinha chegado ao fim. A Carla chegou a casa sozinha e depressa começou a ensaiar para o grande concurso de música adolescente. O pai foi ter com ela.
– Estás a trabalhar? – Perguntou.
– É... Estou nervosa. Não sei se estarei a fazer bem ou o que vai acontecer.
– Pelo menos tentaste. É o que importa.
O pai sorriu e se afastou da filha. O pai e a empregada da Luísa estavam a viver os dois na casa onde António vivia com a filha. Carla estava feliz por ter uma mulher perto dela após a morte da mãe.
Ela estava sentada ao piano, na sala. Tocou algumas notas e cantou os versos de abertura da canção. Acabou por ser interrompida por Luísa e Patrícia, a sua melhor amiga e a irmã gémea da mesma tinham ido rever a Amélia. Carla respirou fundo e tentou voltar à sua canção. Cantou mais uns versos, tentando ignorar os gritos da Luísa… foi em vão. Os gritos interromperam-na mais uma vez.
– Vocês podem falar um pouco mais baixo? Estou a tentar ensaiar para o concurso de música adolescente.
– Não te preocupes, a música não me está a incomodar. – Disse a Luísa, não dando muita atenção à amiga.
– Luísa, estás a incomodar-me!
Luísa deu-se finalmente conta.
– Desculpa, miúda.
– Vamos falar lá dentro. – Disse a Amélia afastando-se com o pai de Carla e a Patrícia. Luísa aproximou-se da amiga. Reparou que ela não estava muito bem.
– O que se passa, Carla?
– Estou numa aflição! Não sei se isto estará bem.
– Claro que vai estar. És a Carla!
– Espero que tenhas razão.
– Anda, vamos ter com a minha irmã. Tu tens que descansar um pouco.
A Carla levantou-se do piano e acompanhou a amiga.
No dia seguinte de manhã, a Marta, o Ricardo, a Carla e o João estavam no supermercado.
– Experimenta este chapéu, Ricardo. – Disse a Marta, estendendo-lhe um chapéu de cor preto. O Ricardo pô-lo na cabeça. – Pareces o Charlie Chaplin.
– De certeza que não é algo que quero seguir para o meu futuro. – Disse ele, tirando o chapéu e colocando-o no sítio.
– Bem, pelo menos ele era um actor. – Disse a Carla ao namorado.
– Esse
gajo sabe bem o que vai vestir! – Exclamou o João.
Divertida, a Carla voltou-se para o amigo.
– Tu sabes o que o Ricardo vai levar vestido?
– Não. – Respondeu ele, enquanto se colocava a olhar para um cesto com bijutaria – E, mesmo que soubesse, não te podia dizer. A minha boca é um túmulo!
– Já falta pouco para ficarmos a saber – Rematou a Marta. Com um grito, travou a Carla – Podes-me explicar o que é que estás a fazer com esse vestido horroroso?!
A Carla tinha pegado num vestido branco e o colocava à sua frente. Era um vestido que chegava até ao joelho e um pouco “mal apresentado”.
– Nem sei – Confessou ela – Tenho andado a pensar vestir-me de cantora de ópera. Não te parece adequado?
– Não! Acho que consegues arranjar melhor. E já agora, cantora de ópera? É isso que pretendes ser no futuro? Ainda se fosse pop. Rende mais. – Disse a Marta num tom de voz firme – Continua a procurar! – E, enquanto a Carla tornava a pôr o vestido no lugar, a Marta pegou nuns calções curtos e num casaco – Estas peças aqui, pelo contrário, têm bastantes potencialidades!
O João abriu os olhos como que espantado.
– Estás doida?! Isso parece aquela roupa que a minha mãe usa quando está em casa.
– Nem mais! Na moda estando em casa! – Disse ela.
O Ricardo, a Carla e o João ficaram a olhar uns para os outros, confusos.
– Marta… – Começou o Ricardo – Não foste tu que disseste que querias uma roupa que fosse bonita? Não te chateies comigo, mas isso para mim parece-me uma roupa pouco aconselhável.
– Só precisa de algumas alterações, Ricardo – Respondeu ela, segurando as duas peças de roupa à sua frente para as analisar com melhor pormenor – Eu posso fazer estas duas peças de roupa renascerem das cinzas. Não são más de todo! – Sorriu para os amigos – Não adivinham de que é que eu vou vestida?
O João abanou a cabeça.
– Não faço a menor ideia. Fátima Lopes?
– Nada disso. – Respondeu ela com um ar emproado.
– Fátima Lopes? A apresentadora? – Perguntou o Ricardo.
– Não, a estilista. – Respondeu o amigo.
– Bem, se não é ela… não sei. Não conheço mais nenhuma estilista. – Continuou o Ricardo.
– Carolina Herrera? – Inquiriu a Carla.
– Boa tentativa. – Disse a Marta, a rir-se – Mas pensem numa pessoa ainda melhor. A estilista das estilistas!
Carolina Herrera era uma estilista muito bem sucedida, mas acho que parecia uma ambição um tanto limitada para alguém como a Marta. Os sonhos dela eram sempre enormes.
– Desistimos – Disse o João – Conta!
– Está bem. Vou vestida como… – Fez uma pausa teatral – A grande estilista, a maior, a mais perfeita das perfeitas, Coco Chanel!
Assim que ouviram dizer aquilo, os amigos riram-se. Era tão óbvio! Como não se lembraram?!
– Já devia ter adivinhado que a tua ídolo seria sempre a Coco Chanel. – Disse a Carla.
– Tu vais com roupa da Coco Chanel? – Inquiriu o João.
– Claro que não. Eu tenho lá dinheiro para isso! Vou tentar parecer semelhante à minha diva!
Algum tempo depois, a Marta já tinha encontrado os sapatos de salto alto para completar o seu conjunto. O João estava com um casaco de smoking vestido e fazia poses em frente a um espelho.
– O que acham? – Perguntou ele aos amigos.
– Agora a sério, João, que tipo de profissão é que achas que gostavas de ter? Quer dizer, é giro fazer de conta, mas a vestimenta não devia ser baseado naquilo que realmente estás a pensar fazer na vida? – Perguntou a Carla.
– Bom, e até é… – Disse ele, olhando de novo para o espelho.
– A sério?! – Exclamou a Marta. Percebeu que talvez não devesse ter feito um ar tão espantado, mas já era tarde para se corrigir – Queres seguir psicologia?
Ele encolheu os ombros.
– Bem sei que não tenho talento para isso. Não tenho grandes notas e pela minha personalidade acho que não vou conseguir. Mas sempre tive um certo gosto de ajudar as pessoas, mesmo tendo as atitudes de criança que tenho, mesmo não parecendo tão adulto assim.
– Tu vais conseguir, João. Olha para mim, segue o meu exemplo. Antes era uma rapariga idiota que só queria saber de magoar as pessoas para se sentir bem consigo mesma. A minha mãe casou pela segunda vez com o director da escola. Mudei. Vinguei-me no desenho. Agora pretendo ser uma grande estilista. Eu sei que tu vais conseguir ser um psicólogo. Um bom psicólogo. – Disse a Marta, colocando-lhe a mão no ombro.
O João agradeceu-lhe. Depois olhou para o amigo Ricardo.
– E tu? Ainda não nos contaste o que é que vais levar vestido.
– Esse vai nu. – Disse a Marta, a rir da sua própria piada.
– Nu? Porque iria? – Inquiriu ele.
– Tu não queres ser modelo? Existem modelos que fazem nu integral.
A Carla riu-se.
– Eu não preciso disso. Nem preciso de escolher nada. Há muito tempo que sei o que quero ser.
– E é o quê? – Perguntou a Carla.
– Ser modelo, depois quando não puder, talvez vá para uma faculdade de música. Vou aprender a tocar piano.
Os amigos olharam-se.
– Bom, acho que não vou conseguir aqui nada. – Disse a Carla, suspirando. Durante os minutos que esteve ali, tinha tirado montes de roupa, mas a Marta rejeitara-os a todos de uma maneira firme.
– Tive uma ideia! – Exclamou o João – Em vez de ires de cantora de ópera porque não de Lady Gaga?
A Carla e a Marta olharam uma para a outra.
– É uma festa, João! A ideia é ela ir gira, não com ar de cantora doida! Com todo o respeito à Lady Gaga, mas ela é muito extravagante! – Disse a Marta.
– Qual é o problema? Um fato de carne seria fantástico!
– Obrigada pela sugestão, João, mas acho que dispenso. – Falou a Carla, a sorrir.
Sabia que ele estava só a brincar com ela, mas a brincadeira tinha-a deixado receosa. Ia ser a pessoa mais mal vestida da festa! Mas, seria assim tão difícil ir vestida de cantora? Seja ela de que género for?
O Ricardo percebeu que a Carla estava preocupada e falou para ela.
– Vais ficar lindamente, vistas o que vestires. – Disse ele, baixinho.
A Carla sorriu parecendo reconfortada com as palavras do namorado. Devia de arranjar alguma roupa com certeza!
Fim do Capítulo 2.