sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Capítulo 5 - A próxima paragem: Nova Iorque

(Observação da autora no dia 05/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "Memórias Aterradoras". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Capítulo 5 - A próxima paragem: Nova Iorque

Monalisa foi ao funeral do marido e viu que Sara estava lá presente. A mulher de Luís aproximou-se da jovem loura.
– Não a conheço, era do trabalho do Luís?
– Não. – Respondeu a mulher, retirando os seus óculos escuros da cara – Era a amante dele.
Monalisa ficou sem reação. Amante? Era amante dele?
– Ele tinha amante? – Perguntou Monalisa, tentando não acreditar numa única palavra daquela jovem.
– Sim, ele não queria que nós estivéssemos juntos. Na verdade, ele procurou-me numa altura em que o vosso casamento não estava bem, depois que tudo melhorou, ele quis mandar-me embora.
– E não se foi embora?
– Não.
– Porquê?
– Ele é um homem com dinheiro.
– E a senhora é uma prostituta pobre! – Exclamou Monalisa, sendo rude com a jovem.
– Não. – Sara riu – Eu não sou acompanhante de luxo, nem prostituta. Eu sou secretária de um outro empresário amigo dele.
– Foi esse amigo dele que a apresentou ao Luís?
– Sim. – Fez uma pausa – Eu vou pedir que o dinheiro dele vá para mim. Preciso dele mais que a senhora. Ele foi mais feliz comigo do que consigo.
– Pode ficar com o dinheiro, duvido é que o dêem a si.
– Porquê?
– Porque eu é que era a mulher dele. Você sempre foi a outra.
– O que está no testamento?
Monalisa mostrou-se surpresa.
– Ele tem testamento?
Sara riu-se.
– Claro, ou achava que o dinheiro dele iria para onde? Para a primeira que aparecesse à frente dele?
Monalisa ficou calada.
– Fez chantagem com ele para estar o seu nome no testamento, acredito.
Sara negou com a cabeça.
– Não fiz nada disso!

Alguns dias se passaram desde o funeral, o dia da leitura do testamento tinha chegado.
"... Deixo todos os meus bens à minha querida mulher Monalisa que, mesmo com a nossa conturbada relação, sempre me fez feliz".
Monalisa olhou para Sara com um ar vitorioso. Sara começou por se afastar de Monalisa, mas a mulher de Luís a alcançou.
– Me diga uma coisa, Sara: Quem foi o amigo do Luís que vos apresentou?
– Chama-se João Paulo. Vive em Nova Iorque. Se quiser ter com ele – Tirou da mala um papel e uma caneta e escreveu – Aqui está a morada. Adeus! Espero nunca mais a ver.
– Espero o mesmo.
As duas despediram-se e Monalisa decidiu fazer as malas. A sua próxima paragem seria Nova Iorque. Já não tinha nada nem ninguém a travá-la em San Diego.


Fim do Capítulo 5.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Avaliação do Leitor (Resultados)

Olá, Pessoal!
Deixo aqui os resultados das perguntas que eu vos fiz.
Obrigada pelas vossas respostas. Fizeram-me perceber os vossos gostos quanto à minha escrita.

Avaliação do Leitor

32 pessoas responderam ao inquérito.

Sexo:
Feminino: 14.
Masculino: 18.

Idade:
Menos de 10 anos: 1.
Entre 10 a 15 anos: 2.
Entre 15 a 20 anos: 10.
Entre 20 a 25 anos: 14.
Entre 25 a 45 anos: 3.
Mais de 45 anos: 2.

País onde vives:
Portugal: 14.
Brasil: 17.
Outro: 1.

Com que frequência entras no blog:
Todos os dias: 1.
De 2 em 2 dias: 9.
Semanalmente: 6.
De mês a mês: 2.
Apenas quando vejo uma atualização na página do Facebook com capítulo novo: 11.
Raramente: 3.

Como conheceste o blog?
Por pesquisa no Google: 9.
Pela página do Facebook: 2.
Por amigos/família: 5.
Por outros blogs: 16.

Conheces a página de Facebook do blog?
Sim: 29.
Não: 3.

O que achas da minha escrita?
Gosto muito da tua forma de escrever: 28.
É razoável: 4.
Não gosto: 0.

O que achas da minha forma de tratar o leitor?
Já falei contigo e foste simpática: 22.
Já falei contigo mas não gostei da forma como me recebeste: 0.
Não falei contigo mas pareces simpática: 8.
Não falei contigo mas não me pareces boa pessoa: 2.

Querias mais interação no blog?
Sim: 26.
Não: 6.

Que história minha mais gostaste?
A Escola do Terror: 10. 
As Páginas de Margarida: 1.
Encontro com o 666: 13. 
História de uma Adolescente: 0.
Há Busca de um Sonho: 1.
Há Procura da Sobrevivência: 1.
Noiva do Irmão: 2.
O Colégio Interno: 2.
O que Espero Encontrar: 0.
Uma Vida de Sombra: 1.
Uma Vida Eterna: 1.

Que história minha menos gostaste?
A Escola do Terror: 1.
As Páginas de Margarida: 12.
Encontro com o 666: 2.
História de uma Adolescente: 0.
Há Busca de um Sonho: 1.
Há Procura da Sobrevivência: 0.
Noiva do Irmão: 1.
O Colégio Interno: 1.
O que Espero Encontrar: 1.
Uma Vida de Sombra: 12.
Uma Vida Eterna: 1.

Que género gostas mais de me ver escrever?
Mistério: 8.
Drama: 6.
Comédia: 1.
Romance: 0.
Sobrenatural: 8.
Policial: 9.

Que género gostas menos de me ver escrever?
Mistério: 0.
Drama: 0.
Romance: 9.
Comédia: 18.
Sobrenatural: 0.
Policial: 5.

Há algo que não gostes no blog ou de mim? O capítulo costuma ter erros? 
(Juntei as respostas semelhantes. Como algumas pessoas deram mais que uma sugestão o total é diferente).
Nenhuma sugestão: 7 pessoas.
Dimensão reduzida dos capítulos: 25 pessoas.
Responder aos comentários: 22 pessoas.
Erros ortográficos/sintaxe: 3 pessoas.
Eu ser uma pessoa reservada: 2 pessoas.
Eu parecer muito crítica: 10 pessoas.

Acho que vou apostar no sobrenatural depois disto pois acho que muitas pessoas gostaram de Há Procura da Sobrevivência, a minha única história de sobrenatural.

O que me deixou surpreendida:

Fiquei surpreendida por uma pessoa dizer que gosta mais de me ver escrever comédia, quando na verdade a única comédia que eu tentei fazer foi em Encontro com o 666 e essa mesma pessoa disse que não gostava de Encontro com o 666. Achei contraditório. Por favor, comente alguma coisa a respeito, para poder perceber.
Fiquei surpreendida com outra pessoa que disse que gosta mais de me ver a escrever género Drama mas disse que não gostava de Uma Vida Eterna que é a história mais dramática que escrevi.
E uma outra pessoa disse que não gostava de me ver a escrever policial mas a história que mais gostou foi Encontro com o 666 que é o mais policial que eu escrevi até agora.
Penso que são respostas contraditórias mas gostaria de ter os comentários dessas pessoas para puder entender.

E é isto.
Obrigada a quem respondeu. Irei ter em conta estas respostas.

Relembrando que o Capítulo 5 de Memórias Aterradoras vem na Sexta-Feira, 30 de Janeiro.

Beijos.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Capítulo 4 - O Terramoto

(Observação da autora no dia 05/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "Memórias Aterradoras". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Capítulo 4 - O Terramoto

Um terramoto tinha atingido San Diego, nos Estados Unidos. Um casal, Luís e Monalisa viviam numa casa ali perto. Luís e Monalisa estavam no trabalho. Uma amiga de Monalisa, Ana Luísa, tinha ligado para ela para saber se a sua amiga de longa data estava bem. A mulher ficou assustada e ligou a televisão no seu posto de trabalho. Em todos os canais passava a mesma notícia. Apressou-se a ligar para o escritório do marido, onde a sua assistente disse que ele tinha tido uma reunião marcada fora do escritório. Monalisa começou a tremer, receando o pior. Mas um toque fez com que a pobre mulher respirasse de alivio. Era Luís.
– Olá! – O seu tom de voz demonstrava que estava alegre.
– Luís! Finalmente! Estava preocupada!
– O que se passa?
– Pensava que estavas morto.
– Morto? Porquê?
– Não sabes o que aconteceu? Liga a televisão!

***

Luís estava com Monalisa antes de ambos irem para o trabalho. Os noticiários falavam que algo poderia estar prestes a chegar.
– Meu Deus, não acredito! E se acontecer alguma coisa quando sairmos os dois? – Perguntou ela.
– Não vai acontecer nada, confia em mim!
Luís saiu de casa e antes foi ter com a sua amante, Sara.
– Parece que vai haver um terramoto ou algo do género. – Disse ele, assim que ela lhe abriu a porta.
– Eu vi os noticiários. Mas... se tu morreres, eu vou pedir o teu dinheiro. Tu e a tua mulher já não estão bem e por isso vou reclamar o que é meu.
– Nada que já não me tivesse passado pela cabeça.
– Luís, connosco não há nada mais que sexo, tu sabes disso! – Disse Sara, e atirou os braços em redor dos ombros dele. Luís contorceu-se para se libertar. Sabia que era injusto o que estava a fazer à sua mulher. Podiam não ter um casamento cinco estrelas mas tentavam se dar bem.

***

Aquela manhã, foi o único momento em que Monalisa viu Luís. Ela não conseguiu ultrapassar verdadeiramente a sensação de que ele falecera no terramoto minutos depois de ter falado com ele pelo telemóvel.


Fim do Capítulo 4.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Surpresa de "Por Trás da Cena"

Olá, Pessoal!
Aqui temos uma nova surpresa sobre a história "Por Trás da Cena", parceria entre mim e a Letícia Alvares.

Vejam no blog: Por Trás da Cena

Esperemos que tenham gostado.

Não irei mais postar sobre esta história. Apenas irei avisar o dia de post surpresa (caso haja).

Beijos.

Capítulo 3 - A Viúva Negra

(Observação da autora no dia 05/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "Memórias Aterradoras". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Capítulo 3 - A Viúva Negra

Foi essa vaca que tinha acabado de sair da mãe que foi passar a dormir connosco, na cama. A razão? A mãe morreu no parto e o pai morreu passado uns dias. A vaca ficou órfã e a Beatrice quis levá-la para a nossa casa para tomarmos conta dela. 
Pensámos em ter filhos mas ela não engravidava. Acho que foi naquela altura que percebi porque é que ela não engravidava quando era "prostituta", imaginando eu que ela seria. Mas, por ordem de Deus, ela acabou por ficar grávida, exactamente numa altura em que era impossível cuidar de uma criança. A vaca já ocupava todo o nosso tempo. Comia as minhas meias, chegou a comer uma nota da minha carteira. E a Beatrice ainda ficava chateada comigo dizendo que ela iria ficar com dores de barriga. Eu é que ficaria com dores de cabeça por ela ter comido o meu dinheiro! E com isto, o nosso bebê veio num momento "grandioso" da nossa vida!
Quando o David nasceu, o nosso filho, ela bebia o leite dele. Depois passou a comer o almoço e o jantar dele. Foram dias complicados! Até se metia na nossa vida sexual, chegando mesmo a interromper o acto. Havia de ter paciência para aquela vaca!
Mas o pior veio depois, o David tinha que ir à escola e ali no Tennesse não existia nada. Tivemos que viajar de novo para a cidade e a Beatrice fez questão de levarmos a vaca connosco. Tentei convencê-la a não o fazer mas foi uma tarefa impossível! Ela levou a vaca consigo, passámos pelos guardas que não conseguiram lembrar-se de nenhuma proibição relativa a vacas e a mesma acabou por ir connosco.
Respirei de alivio sabendo que a minha antiga vida iria regressar! Em algumas semanas, estava a retomar a minha vida de realizador. A Beatrice tinha mudado imenso. Já não saía para nenhuma festa, não queria beber um copo, nada! Só vivia para a vaca que crescia cada vez mais na nossa casa. E enquanto ela vivia para a vaca, eu tinha a minha vaca! Acabei por desistir do nosso casamento. O caso que mantive com a Catarina foi de poucos meses. A Beatrice nem me perguntava sobre as minhas noites tardias e os meus desaparecimentos, acho que ela já sabia disso. Mas, de qualquer forma, eu sentia-me bem. A Catarina era divertida e parecia não se importar com o amante que tinha por breves momentos. Passámos algum tempo juntos até que a Beatrice decidiu falar comigo. Já tinha chegado tudo aquilo!
– As pessoas já estão todas a falar. Eu sou uma tola que finge que não vê o que andas a fazer.
– Eu sei. – Respondi. Deveria estar chateado, mas estava aliviado.
– Isto não pode continuar. Não aguento mais.
– Eu sei. – Repeti.
– Tens a noção de que o meu pai já te teria mandado matar? Não estou a brincar!
– Acho que apenas posso dizer que merecia.
– Agora estás a exagerar. Imagino que aquela tua amante foi a culpada! Sei que estou magoada mas não vou tentar matar-te nem nada do género. As pessoas queriam que eu o fizesse mas não o vou fazer. Não sou pessoa disso. Sei que tu tens o direito de querer outra pessoa.
– Não estás a perceber, eu ainda...
– Cala-te e ouve – Continuou ela – Tudo o que te peço é que me contes tudo. É o mínimo que me deves!
Contei-lhe. Da Catarina, de uma das actrizes da minha peça de teatro, da bibliotecária, da dona do supermercado e da nossa vizinha do 3º andar, onde fui descoberto pela última vez.
– Aquela prostituta! – Falou ela se referindo à nossa vizinha – Aquela sonsa! Eu bem vi ela a arquear-se toda debaixo do teu nariz no dia em que a convidámos para jantar cá em casa, mas nunca me passou pela cabeça que ela montasse a cavalo tão bem para vir comer o meu marido!
Ela culpava mais as mulheres do que eu! O que era, no mínimo, curioso.
– Não te preocupes, não te vou fazer nada! Eu própria estava mais perto da vaca do que de ti, depois do nosso casamento. – Falou ela, com uma expressão séria.
Separámo-nos e cada um foi à sua vida. Ela foi viver para o Tennesse com a sua vaca e eu fiquei a viver na cidade com a minha namorada. Visitava-a para estar com o David, o nosso filho, e parecia ter uma relação estável com a Beatrice. Soube que ela teve outra vaca e que nunca mais a vi com nenhum homem. Comprou mais uns 7 gatos, pois os outros tinham morrido. Estava mesmo desenhada como a minha cabeça visualizava: era uma viúva negra! Sem homem, cheia de gatos, vacas, cabras, galinhas. Passado uns meses, ela disse-me que tinha répteis em casa. Não fiquei surpreendido. A vida dela já eram os animais.

***

Umas semanas passaram e nunca mais vi a Beatrice. Também não via o David o que me deixava preocupado. Eles tinham fugido do Tennesse. Apenas vi os seus sete gatos dentro de casa. Acho que protegiam a casa pois assim que cheguei levei uma arranhadela de um deles. Nenhum gato gostava de mim! Pelo menos os dela, e nunca percebi porquê. Falei com a minha psiquiatra sobre isso e ela ficou preocupada, tal como eu.
Finalmente dias depois percebi, por uma amiga da Beatrice, porque ela não tinha nenhum homem: Ela matou todos os que se casaram com ela!
Não acreditei no que ela disse embora a minha cabeça já desenhasse uma Beatrice viúva negra, tal como estava farto de dizer...

Se eu pudesse ter previsto o futuro...

O dono deste diário foi morto no dia 23/12/2013 por envenenamento - Beatrice Aguiar.

João Paulo soube da morte do amigo pela própria tia, a Beatrice. João Paulo ficou em choque e decidiu interná-la numa psiquiatria. Beatrice acabou por morrer dentro do hospital psiquiátrico, as provas indicavam ser suicídio.


Fim do Capítulo 3.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Capítulo 2 - Mulher - Animal!

(Observação da autora no dia 05/10/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "Memórias Aterradoras". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).

Capítulo 2 - Mulher - Animal!

Eu a pensar que ia casar com uma mulher linda, uma beleza americana e afinal fiz um contrato com uma Mulher-Animal! "Os animais podem ser melhores companheiros do que as pessoas". Concordo plenamente. Só de pensar que a conheci num restaurante riquérrimo com um garçom mal encarado. Mal eu sabia que a realidade daquele restaurante antipático iria ser a minha vida com ela dali para a frente. Aquele era o jantar de aniversário do meu amigo João Paulo e a cadeira ao lado da minha estava vazia há meia hora. Quando perguntei a alguém pela pessoa que devia sentar-se a meu lado e me responderam que o lugar era da Beatrice, a tia do João, imaginei uma viúva louca por sexo. Não estava preparado para ver uma loura de pernas longas, mas, realmente, agora vejo o quanto fui idiota! Já sabia o que me esperava. Ela sentou ao meu lado com a ligeireza de quem sobe em cima de um cavalo, de pernas abertas. Ao início pensei que ela não era virgem mas no final descobri que tinha a ver com o cavalo e não comigo. Ela devia me intimidar, mas isso não aconteceu.
– Ora seja bem aparecida, Beatrice Aguiar, é um prazer conhecê-la. A sua camisa é linda. Condiz com os seus olhos.
Ela retribuía os elogios parecendo uma atriz pornográfica, a olhar para os homens com um olhar intenso. Parecia saber bastante sobre mim, o que me agradou, tendo em conta quão pouco havia para saber naquele momento da minha vida. Acabei por admitir que estava à espera de uma pessoa bastante mais velha.
– O meu irmão Joaquim, pai do João, é quase vinte anos mais velho do que eu – Explicou ela – João adora tratar-me por "Tia Beatrice", o que era engraçado quando ele tinha dez anos e eu doze, mas agora que ele me seguiu para os Estados Unidos, estou a pensar em pagar-lhe para ele se deixar disso.
Depois contou-me sobre um almoço com um artista famoso. Ela achou-o bastante atraente e disse que estava a tentar namoriscar com ele mas descobriu que ele era homossexual e que estava à espera de "um" Beatrice e não de "uma" Beatrice. Ou seja, ele era cliente de um prostituto, pensei eu.
– Como podes imaginar, nunca mais pude entrar naquele restaurante chique por medo de o voltar a ver. – Disse ela.
Quando já era meia-noite ela afastou-se de mim, dizendo que queria me voltar a ver. Pois, e eu parvo fui tentar encontrá-la nos dias seguintes em festas e clubes.
Ela parecia ser uma "prostituta normal" mas depois é que percebi pelo sobrinho o facto de a Beatrice estar sempre a escorregar pelos dedos dos homens: ela nunca se casaria enquanto o pai fosse vivo. O pai é um homem muito influente na América. Foi o antigo presidente do país. Nunca conheci o homem pessoalmente mas a sua imagem não era muito bonita. Parecia autoritário. Para mim, a Beatrice era a típica acompanhante de luxo, mas que me deixava louco.
Uma noite, numa festa, fui para a rua fumar e vi-a com o seu cabelo louro a esvoaçar.
– Bem, não há dúvida que te saíste bem desde a última vez que te vi. – Disse ela.
Era verdade. A minha última peça de teatro tinha sido um sucesso e estava prestes a viajar pelo mundo. Talvez tenha sido esse comentário que me encorajou a convidá-la para sair, coisa que nunca tinha tido coragem para fazer. Não podia acreditar que no final do nosso terceiro encontro ela estava na minha cama e ainda a pedi em casamento. Não entendo porque aceitou, depois de ter recusado tantos outros. O pai dela tinha morrido um tempo atrás, mas acho que não foi esse o motivo. Talvez tenha aceitado por pena, ou para tentar se aventurar (ela nunca tinha experimentado casar-se). Naquela altura não me preocupava com isso mas hoje vejo o mal que eu fiz a mim próprio. Homens mais bonitos, com mais sucesso e mais ricos do que eu não tinham conseguido arrastá-la para o altar. Eu era um simples realizador, e ainda sou, infelizmente.
Certo dia, uma amiga da Beatrice teve uma saída connosco e na altura não prestei muita atenção. Disse que eu lhe fazia lembrar o falecido irmão mais velho da Beatrice. Perguntei-lhe quando estivemos juntos e ela mentiu, dizendo que não tinha pensado nisso. Enfim...
Depois de casarmos no registo civil, sem fazermos qualquer festa, passámos a dividir casa na cidade, perto do meu trabalho. Eu dava um workshop numa Universidade do país. Na época das férias, viajámos para o Tennesse a fim de descansarmos num mundo rural, numa quinta*. Cedo percebi que ela era mais feliz lá do que na cidade. As primeiras semanas até foram boas! Apenas me obrigou a comprar 7 gatos como as viúvas negras dos filmes de terror. Devo admitir que fiquei um pouco traumatizado pois quando acordava de manhã na cama, ao lado da Beatrice, estava todo arranhado e não eram das unhas dela. Mais tarde, um dos gatos (que não gostava de mim. Nenhum gostava, na verdade) matou um pássaro e acordei com o mesmo no meu peito. Não sei como não morri naquele instante.
– É uma prenda de boas vindas. – Disse ela – Devias sentir-te honrado.
Oh, sim! Senti-me muito honrado! Não durou muito tempo até ela começar a criar cabras, galinhas e vacas na quinta. Deixei de ser realizador e passei a ser agricultor/proprietário agrícola. A meio de um jantar, ela se levanta da cadeira, vai-se embora por minutos e regressa à mesa com a roupa cheia de sangue, dizendo que a vaca tinha acabado de parir. O que viria a seguir?

* Pessoal brasileiro, quinta no Brasil é fazenda.


Fim do Capítulo 2.