Capitulo 1
Há 17 anos, numa guerra entre vampiros, lobisomens e humanos, Marco, o lorde, o chefe, estava a procurar humanos dignos para virarem vampiros.Encontrou três crianças com a sua mãe. Marco sabia que um deles tinha dons. Ele pressentia. Então pegou na criança mais forte.
– Matem-na! – Ordenou ele, com a sua voz fria, se referindo à mãe das crianças. Então, um pequeno golpe de um vampiro e a mulher estava morta.
“Vou transformar os três em vampiros e levo o mais forte comigo” – Pensou ele. Assim que fez isto, levou a criança, chamando-a de Joel. Três meses depois disto, aconteceu o esperado. Joel tinha um dom. Podia tirar os sentidos às pessoas e provocar a morte. Um ano depois, uma filha de Marco nasceu. Marco pensou que se tivesse uma filha com uma mãe poderosa, que a filha também seria. Elisabete, que era a mulher de Marco, demorou um pouco a concordar, mas acabou por ceder. Quando a filha nasceu, chamaram-na de Beatriz. Mas Beatriz não era poderosa, não tinha nenhum dom, o que deixou Marco furioso. Beatriz, sem poderes, quem passaria para o trono? É que a regra dos vampiros era que se houvesse um homem vampiro a comandar, o sucessor deveria ser uma filha e não um filho, como era suposto acontecer. O desejo de ter uma filha com Elisabete foi aumentando. Era a única solução. E assim aconteceu. Nasceu Rita, uma menina muito poderosa. Tinha dois dons.
Hoje, a família Ferreira estava a ter a sua reunião que ocorria sempre de semana a semana.
– Amanhã, como vocês sabem, os Borges chegam. – Começou Marco.
– E pela primeira vez vou vê-los! – Exclamou Rita, animada.
– Não vais te arrepender, irmã, são todos muito simpáticos. – Assegurou Joel, a sorrir.
Masco levanta-se da cadeira onde estava sentado.
– Não! – Exclamou ele, irritado – Eles são nossos inimigos, mesmo que aqui sejam convidados. Eles são nossos inimigos! E ela não é tua irmã, é tua noiva! Vocês vão se casar, querendo ou não, e ter filhos poderosos.
Rita levanta-se também.
– Não, pai! Eu amo o Joel, mas como irmão e não vou me casar com ele. – Disse ela, indo para o seu quarto.
– A minha resposta é a mesma. – Disse Joel, enquanto se dirigia para o seu quarto.
– Com licença. – Disse Beatriz e, logo de seguida, foi para o seu quarto.
Marco gritou.
– Calma, meu amor, vai ficar tudo bem. – Disse Elisabete, tentando acalmá-lo.
Mais tarde, a Rita estava na varanda no seu quarto olhando pela janela, quando ouviu um barulho na sua porta.
– Sou eu.
A Rita reconheceu a voz do Joel e mandou-o entrar sem sair do mesmo sítio.
– Olá! – Saudou ele.
– Olá.
– Rita, vai ficar tudo bem, não vamos casar. Vamos fazer alguma coisa.
– Eu sei...
– Se não tivermos ideias, podemos fugir. – Disse ele, tentando arrancar um sorriso da irmã.
Há algum tempo que não sorria. Desde que soube que tinha de casar com o seu irmão. Mas aquilo tinha funcionado. Ela sorriu.
– Claro! Mas temos de levar a Beatriz. – Disse ela, entrando na brincadeira.
– Óbvio! Vou fazer a minha mala. – Abraçou a sua irmã – Tudo vai voltar ao normal, vais ver.
– Eu sei...
Mas o que eles não sabiam era que a partir do dia seguinte tudo mudaria.
Capitulo 2
A família Borges estava toda no seu carro, na entrada para a casa onde os Ferreira moravam. O carro estava estacionado.– Este ano vai ser diferente. Provavelmente, iremos ver a Rita. A filha do Marco. – Disse Roberto.
– E? – Perguntou Leandro.
– Ela é especial. O Marco dá mais importância a ela que à própria vida.
O André encarou-o, curioso.
– Como assim?
– Bem, eu não quero que vocês olhem para os olhos dela. Dizem que dói muito, mas eu nunca os vi. – Explicou Roberto.
– Como é que olhar pode doer? – Perguntou Célia.
– Pois, parece que dói. Ela vai enfiar os dedos dela nos nossos olhos! – Riu Leandro – Roberto, sabes que nós somos rápidos.
– Nunca vi ninguém correr tão rápido quanto o Joel e a Beatriz. E pelo que sei, a Rita é mais rápida ainda. E luta melhor que eu.
“Luta melhor que o Roberto? Como assim? Ah, se ele pensa que nos assusta está muito enganado.” – Pensou André.
– De mim ela não ganha. – Riu o André.
– Não estou a brincar. – Disse o Roberto, sério – Ah, e não se apaixonem por ela.
– Ah? Por que razão eu me apaixonaria? – Perguntou o André.
– Primeiro, porque ela é noiva do Joel. – Disse Roberto.
– Noiva?! – Engasgou-se o Leandro.
– E segundo, porque ela é linda. Muito linda mesmo.
– Como sabes? – Perguntou a Célia.
– Boatos. – Respondeu o Roberto.
– Linda, o quê! Isso é tudo conversa! – Disse André.
– Quando a vires vais entender. – Disse Roberto.
Célia olhou séria para Roberto.
– Célia, ela é uma miúda para mim.
Célia sorriu. André olhou em frente.
– É essa a casa?
Roberto olhou.
– Sim. É.
Era uma grande casa. Muito bem construída. Parecia um palácio. Logo à entrada, havia um grande portão e ao lado um muro a proteger a casa. Eles saíram do carro e encaminharam-se para o portão. O portão abriu-se e eles avistaram Marco, que já estava à espera para recebê-los.
– Roberto, meu velho amigo. – Cumprimentou o Marco.
– Marco. – Disse Roberto.
– Célia, André, Leandro, como vocês estão? – Perguntou o Marco.
– Bem, obrigada. – Respondeu Célia.
O André não conseguia parar de fitar os olhos escuros de Marco. Como aquilo acontecia? Era tão estranho para ele.
– Vamos entrar? – Convidou Marco.
– Claro, só vou buscar as malas. – Disse o Roberto.
– Não seja tolo! Os servos pegam. – Disse o Marco.
– Está bem.
E eles entraram. A entrada estava coberta de árvores e flores. À frente, dois vampiros a lutar. Não dava para ver o rosto de nenhum dos dois. No banco, sentada, uma vampira ria. Era Beatriz. A vampira mais calma dos Ferreira. Os vampiros que lutavam, pararam subitamente.
Um deles, os Borges reconheceram. Era Joel. Mas a outra estava de costas para eles.
***
– Joel! Dá-me a visão. Estou a falar a sério. – Disse a vampira.
"Eles estavam a brincar?” – Pensavam os Borges.
Joel agarrou a vampira que estava com ele e abraçou-a.
– Então... como estás?
No meio do nada, ele caiu no chão. A vampira riu. O Joel estava com dor, deitado no chão, mas a divertir-se.
– Rita! Vai para o teu quarto! Vai te arranjar e pára de brincar com o teu noivo. – Disse Marco..
Rita não se virou. Foi até Joel, deu-lhe um beijo na testa e foi para o seu quarto.
– Ah, Leandro, André! – Cumprimentou Joel, se levantando do chão.
– Olá, Joel e Beatriz. – Cumprimentou o André.
Beatriz levantou-se suavemente.
– Como vão? – Perguntou ela.
– Bem, obrigada. – Respondeu o Leandro.
– Vamos comer? – Perguntou Marco.
“Sangue humano” – Pensaram os Borges.
Os Ferreira conduziram os Borges para a sala. Era uma sala grande. No centro tinha uma grande mesa com talheres postos à frente de 9 cadeiras. Só Elisabete é que estava sentada.
Marco indicou os lugares onde se sentariam e, de seguida, sentaram.
Marco bateu palmas e apareceram vários mordomos que colocaram à frente de cada lugar um copo com sangue. A bebida preferida dos vampiros.
– Sangue animal? – Perguntou Roberto, surpreso.
Ele tinha cheirado.
– Sou educado. – Disse Marco.
– E nós? – Perguntou Joel, com pouca esperança.
– Também sou educado com vocês, infelizmente. – Respondeu ele.
A porta abriu-se nesse momento. Uma vampira linda entrou. Os seus olhos quase que hipnotizavam. Estava vestida com uma blusa azul, uma saia e tinha calçado umas botas. Leandro e André olhavam para ela, boquiabertos. Ela era mesmo linda. A jovem sentou-se na ponta da mesa que era considerado o lugar mais importante e principal.
– Rita? – Perguntou o Marco.
Capitulo 3
O Marco tinha perguntado pela filha Rita.– Sim? – Respondeu ela.
A voz dela era suave.
– Cumprimenta o teu noivo e os convidados.
– Claro. – Disse ela, sorrindo.
Rita cumprimentou todos, quando chegou ao André, arrepiou-se. Ficou uns segundos a pensar.
– Rita? – Perguntou Marco, interrompendo os pensamentos da filha.
– Desculpa, pai. Eu só me assustei.
Ela virou-se de novo para o André e cumprimentou-o.
"Como é que olhar dela pode torturar alguém?” – Pensou o André.
Ele não sabia que ela podia ler os seus pensamentos. Ela riu, o que chamou a atenção de todos.
– Na verdade, podes testar. – Ela olhou para o André, respondendo à pergunta dele.
– Bem, a Rita também lê pensamentos. – Disse Marco, percebendo o que se estava a passar.
André ficou imóvel.
"Então quer dizer que ela ouviu tudo? Isto vai ser lindo, então" – Pensou o André.
– Na verdade sim e continuo a ouvir. – Disse ela, respondendo aos pensamentos dele, novamente.
– Rita, pára! – Ordenou Marco, irritado.
Rita pegou na taça com sangue e bebeu-a. Os Borges estavam assustados. Ela foi a primeira a pegar na taça e nem disse nada a ninguém. Estaria zangada com o pai naquele momento?
"Agora acredito por que é que ela tortura as pessoas com o olhar" – Pensou o André. Rita olhou para ele, esforçando-se por não o magoar.
– Sr. Marco! O senhor vai ter que se retirar durante um tempo. – Disse um servo.
– Sim, Elisabete – Disse, se virando para a mulher – Os vampiros estão com problemas.
A mulher afirmou com a cabeça.
– Joel, serás o dono desta casa no tempo em que estivermos fora. Partiremos amanhã bem cedo. E quando voltarmos, esperemos que esteja tudo pronto para o casamento.
– Eu não vou me casar com o meu irmão. Onde já se viu vampiras ficarem noivas do próprio irmão? – Gritou Rita, atravessando a sala e saindo de casa.
– Isto é tudo culpa tua, Beatriz! – Disse Elisabete.
– Minha? – Perguntou Beatriz.
– É claro! Tu influencias a Rita.
– Mãe, não sejas injusta com a Beatriz. Ela não fez nada. – Defendeu Joel.
– O Sr. Marco quer que eu vá atrás dela? – Perguntou o André.
Capitulo 4
Os Borges, excepto André, que esperava pela resposta de Marco, olhavam para a porta por onde ela tinha saído."Como assim, ela não quer se casar" – Era o pensamento de todos eles.
Joel e Beatriz olhavam para baixo, tristes. Marco estava irritado e Elisabete com vergonha.
– Gostaria, obrigado. – Disse Marco, respondendo à pergunta do André.
– Com licença. – Disse André.
Levantou-se da cadeira e foi atrás dela. Sentiu o cheiro dela e seguiu-a. Depois de um tempo, encontrou-a no bosque, encostada numa árvore. André aproximou-se com cuidado.
– Olá, André.
– Olá. – Respondeu ele, aproximando-se.
"Será que me encosto na árvore ao lado dela?” – Pensou ele.
– Sim, André, podes te encostar. – Disse ela, respondendo aos seus pensamentos.
André encostou-se na árvore ao lado dela.
– Por que é que não queres casar? – Perguntou André, com insegurança – Não gostas do Joel?
– Eu amo o Joel. Mas como irmão. Ele é meu irmão e meu melhor amigo.
– Mas tens de escolher alguém para governar contigo.
– Eu sei, mas eu não quero que seja com o Joel. Eu quero viajar. Eu sou aventureira. Talvez até me apaixone por um homem de negócios. Acho que, por viajar muito, ainda largo as questões do trabalho. – Ela sorriu – Mas enfim... e tu?
– Era mais fácil se lesses o meu pensamento.
– Diz, gosto do som da tua voz.
– Também nunca me apaixonei. Um dia irá aparecer o amor na minha vida.
– Talvez...
Ela sorriu.
"Como uma vampira pode ser tão bonita?” – Pensou André.
– Obrigada. – Agradeceu ela, sorrindo.
"Esqueci que ela lê pensamentos" – Pensou André.
– Desculpa. Eu sei que é invasão.
– Tudo bem, não há problema.
Eles ficaram uns segundos calados.
– O Marco quer que voltes. – Disse André.
– Claro que ele quer. – Disse ela, mal-humorada.
André se desencostou da árvore e perguntou:
– Queres ajuda?
– Não, não necessito. Na verdade, nunca necessito.
Ela se desencostou rapidamente da árvore.
– O que vais fazer quando voltares? – Perguntou o André.
– O meu pai age como se nada tivesse acontecido. Não é a primeira vez que fujo. Temos que ter mais conversas destas. Pareces interessante.
– Também acho.
Eles sorriram um para o outro.
– Bem... Tenta me alcançar! – E dito isso, ela começa a correr.
“O Roberto tinha razão. A Rita era realmente muito rápida.” – Pensou André. A Rita nem ouviu o pensamento dele.
Uns três segundos depois, a Rita já estava na porta de casa. Em seguida, André chegou.
– Cheguei antes, André. – Disse ela, a rir.
– É verdade. Querias apostar uma corrida amanhã, Rita?
– Claro, André. Amanhã as quatro da manhã?
– Não, mais tarde.
– Tens medo?
– Não!
– Então fica às quatro.
– Então está as quatro.
Um servo vai ter com Rita.
– O Sr. Marco está a sua espera no escritório dele.
– Obrigada. – Disse Rita e, em seguida, virou-se para André – Adeus, André.
E ela saiu.
– Adeus, Rita.