sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Capítulo 16

(Observação da autora no dia 23/09/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "O Colégio Interno". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).


Capítulo 16

Uns dias passaram, o Duarte já tinha saído da escola e o Tomás tinha pedido desculpa pelo que o seu amigo tinha provocado. Lá fora, o vento estava a bater nas janelas dos dormitórios. Estava um dia de inverno. O céu estava escuro e prometia chuva. Estava tudo quieto. Até que um grito da Melissa despertou os sentidos de todos.
– Credo, estás pálida! – Exclamou, preocupada, a Estela.
– Eu vi a mulher de cabelos pretos. Vou contar à directora. – Disse a Melissa, encaminhando-se rapidamente para o gabinete.
– Como assim? Menina Melissa, está a dizer que viu a mulher?
– Sim.
Nesse momento, ouve-se um grito. A directora sai do seu gabinete, juntamente com a Melissa. A Estela mostrou um gravador.
– Olhem, isto começou a emitir uma voz meio rouca de mulher. – Explicou a Estela.
Ela apertou no botão de Play. “Pensaram que era fácil? Agora sofrerão as consequências?”
– No outro dia ouvimos isso. – Disse a Melissa.
– Sim, foi alguém que deixou o gravador aqui e nos quis assustar. – Disse a Estela.
– Dêem-me esse gravador.
A Estela deu o gravador à directora.
– Irei chamar a polícia. Quero que os meus alunos se sintam protegidos. – Disse ela às meninas, saindo do quarto.
Horas mais tarde, a polícia entra dentro do colégio e questiona a directora. Esta dá-lhes o gravador. As buscas iriam começar!


Fim do Capítulo 16.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Capítulo 15

(Observação da autora no dia 23/09/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "O Colégio Interno". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).


Capítulo 15

– Nelson – Disse a Melissa, de cabeça baixa – Desculpa. Desculpa, Vânia. E ainda bem que regressaste.
– Obrigada. – Disse a Vânia.
– Nelson. – Chamou a Melissa.
– Sim?
– Será que dá mais uma oportunidade?
Ele respirou fundo.
– Não, Melissa, não dá.
– Desculpa. – Disse ela, saindo do refeitório.
A Vânia olhava espantada para o Nelson.

***

Enquanto isso, a directora estava no gabinete com o Duarte.
– Menino Duarte, não tenho outra solução senão expulsá-lo deste colégio.
– Não, directora, não pode.
– É a única solução, os meus alunos não podem se relacionar dessa forma com as minhas alunas. Vai contra as regras do colégio.
O Duarte respirou fundo.
– Tudo bem, eu vou.
– E, pelo caminho, chame a Vânia para aqui, por favor.
O Duarte saiu do gabinete da directora. Encontrou a Vânia com o Nelson na saída do refeitório.
– A directora chama-te. – Informou ele.
– Foste expulso? – Perguntou o Nelson.
O Duarte apenas olhou para ele com um olhar cortante, depois saiu.
– Nelson, estou com medo. – Admitiu ela.
– Conta a verdade à directora. Já não adianta esperar. – Disse ele, abraçando-a.
Ela afirmou com a cabeça e foi ter com a directora. Chegando ao gabinete, bate à porta e é concedida a entrada. Ela entra calmamente, fecha a porta e senta-se na cadeira.
– O que queria de mim, directora?
– O que se passou consigo, menina Vânia? Desapareceu e só agora de noite é que voltou a aparecer. Por acaso não saiu do colégio, ou saiu?
– Não, directora. Eu estive trancada na cave do colégio.
A directora colocou a mão na boca, apavorada.
– Quem a meteu lá?
– Não me lembro muito bem, mas foi uma mulher de cabelo preto.
– Reconheceu?
– Não, directora. Há alguém que nos assusta. A mim e à Melissa. É a mesma mulher de cabelos pretos.
– Isso é muito estranho, mas quando houver mais alguma coisa estranha, avise-me.
– Ok, directora.
E a Vânia saiu do gabinete da directora. Caminhou por entre o corredor e viu o Nelson no quarto dele.
– Então... como correu? – Ele estava sentado na sua cama a ver um álbum de fotos.
– Contei sobre a rapariga de cabelos pretos. Contei a verdade.
Ele sorriu.
– Preciso de falar contigo. – Ela sentou-se na cama dele.
– Deixa-me adivinhar, é sobre nós?
Ela afirmou com a cabeça.
– Tu provaste que o Duarte não valia nada.
– Eu pensei e vi que ele não prestava. Tenho que agradecer à Fabiana pelo que fez.
– Tu mudaste, Vânia.
– Achas que sim?
Ele afirmou.
– Bem, tenho de ir. Tenho de falar com a Fabiana.
Ele agarrou-lhe o braço.
– Espera!
– Nelson. – Disse a Vânia, calmamente – Eu tenho de ir.
– Não, tens tempo. Nós precisamos de conversar.
– Eu mudei por causa de ti, mas o tempo não volta atrás. Os erros estão feitos.
– E eu faria um se dissesse sim à Melissa.
A Vânia olhou para ele.
– Acho que está na altura de te dar uma hipótese. – Disse ele, beijando-a.
Nesse momento, aparece a Fabiana com a Estela, a Melissa e os irmãos do Nelson.
– Ups. – Disse a Estela, desviando o olhar.
– Eu sei. – Sussurrou o Fábio para a Estela – Quase gostava mais dela quando estava sob o poder do Duarte. Mas acho que será melhor assim. O Nelson vai doer menos que o Duarte.
– Fabiana, amigos, peço desculpa, eu tinha ficado meio doente com o Duarte. – Disse a Vânia, levantando-se da cama do Nelson.
– Eu também, Vânia. Sejam felizes. – Disse a Melissa.
– O quê? – A Vânia não estava a perceber.
– Tu e o Nelson. Estou contente, aliás estamos todos contentes que vocês já fizeram as pazes.
– Obrigada.
O Nelson sorriu.
– Há alguém que precisa de conversar. – Disse a Fabiana, olhando para a Estela e para o seu ex namorado.
A Melissa empurra-os para fora do quarto.
– Falem no meu quarto. Até já.
Eles olharam um para o outro espantados e encaminharam-se para o quarto da Melissa e da Estela.
– Hum... então, diz-me lá, como é que lhe tentaste mandar o copo com água?
– Não sei, Estela. Na altura, pareceu-me boa ideia.
– Mas como é que sabias? – Perguntou ela – Isto é, como é que soubeste que eu não estava a fingir? Para ele ser apanhado desprevenido, sob um falso sentimento de segurança?
– Queres dizer, para além do facto de ele estar prestes a beijar-te? – O Fábio levantou a sobrancelha –Sem tu fazeres o mais pequeno gesto para o impedir? Sim, acho que compreendi o que estava a acontecer.
– Eu acabaria por me libertar. – Garantiu-lhe ela, com uma confiança falsa – mal sentisse os lábios dele.
– Não – Contestou o Fábio. Ele sorriu para ela – não o farias. Admite, Estela. Precisaste de mim naquele momento.
Os rostos dos dois estavam próximos. Em vez de ela se sentir meio estranha, o coração dela estava a vacilar.
– Pois. Acho que precisei.
– Fazemos uma boa equipa. – Observou o Fábio – Não achas? Quer dizer, temos que nos unir outra vez para descobrirmos quem é a mulher de cabelos pretos que nos atormenta.
Ela engasgou-se. Não conseguia evitar.
– É verdade. E desta vez não virá só atrás de nós, raparigas. Também, talvez, virá atrás de vocês. De ti e dos teus irmãos.
– Deve ser só uma engraçadinha!
– Fábio! – Protestou ela – Isto é a sério! Essa mulher pode estar a preparar-se para nos assustar a qualquer momento e estamos a perder tempo a celebrar a nossa vitória contra o Duarte. Temos de começar a prepararmo-nos! Temos de planear um contra-ataque ou algo para a desmascarar. Temos...
– Estela – Interrompe o Fábio – A mulher pode esperar.
– Mas...
– Estela – Voltou a cortar o Fábio – Cala-te.
E ela calou-se. Ela estava com ele. Além disso, ele tinha razão. A mulher assustadora de cabelos pretos podia esperar... ou talvez não.


Fim do Capítulo 15.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Capítulo 14

(Observação da autora no dia 23/09/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "O Colégio Interno". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).


Capítulo 14

O fim-de-semana passou. Segunda-feira chegou e a Vânia ainda não tinha aparecido. Estavam todos preocupados. De noite, a hora do jantar estava a chegar. A Estela estava sentada já com o jantar à sua frente. O Fábio foi ter com ela. Segurava dois copos de água, um em cada mão. Entregou-lhe um dos copos e depois disse:
– Esqueceste-te disto.
Ela verificou. Na verdade tinha-se esquecido do copo de água. Não disse nada a ele, limitou-se a dar um gole à água. Ela estava a cometer um erro, ela e a Fabiana, ao deixarem o Fábio fazer aquilo mas... ele tinha qualquer coisa que o distinguia do resto dos desportistas burros do colégio. Talvez tivesse sido a maneira como a salvou no refeitório no outro dia. Ou talvez seja só o aspecto dele quando apareceu no refeitório e teve a gentileza de lhe dar o copo com água que ela esqueceu. Enfim... a Fabiana não parava. Estava a agir pela primeira vez na vida como uma boa amiga. Uma boa amiga para a Estela. Olhava para ela, contava piadas e tentava enfiar notas de 10 euros no bolso das calças do Fábio para ele sair com a Estela algum dia. Enfim... a ex namorada dele a fazer isso era, no mínimo, estranho. Coisa que, francamente, lhe fez decidir que gosta mais da Fabiana quando ela não se tornava muito simpática, extremamente simpática. Ainda assim, ela sabia que estava a cometer um erro por não mandar o Fábio imediatamente embora. Aquilo não era trabalho para amadores.
– Então – Começou o Fábio, enquanto estavam sentados numa das mesas do refeitório sem tocar no jantar em silêncio, o que se tornava desconfortável – Como é que as coisas vão acontecer, já agora?
– Quando a Melissa chegar e eles se sentarem um ao lado do outro nós actuamos. – Informou a Fabiana – É simples e fácil.
– Está bem.
À Estela ocorreu-lhe pela primeira vez que o Fábio pode estar no refeitório com ela por razões diferentes e não por querer libertar a namorada do irmão (ou a ex namorada) do feitiço de um idiota. Só que... será possível uma coisa dessas? Isto é, ele é o Fábio e ela era a nova aluna. É certo que ele gosta dela, mas não gosta dela. Não podia. Não pode. Provavelmente ela só terá mais 20 minutos de vida. A não ser que qualquer coisa altere radicalmente aquilo que tinha quase a certeza que iria acontecer.
Corou.
– Talvez seja melhor manteres a Melissa ocupada – Recomendou a Estela para o Fábio, esperando que ele não reparasse nas suas bochechas vermelhas – enquanto tratamos do Duarte. Não queremos que ela se atravesse à nossa frente só para o tentar salvar.
– Foi por isso que o Nelson veio. – Observou o Fábio, olhando para o irmão que estava a olhar para o seu prato com um olhar triste. Tal como todos os outros amigos, ele só estava à espera que a Melissa e o seu acompanhante idiota chegassem.
– Mesmo assim – Insistiu a Estela – Não quero que estejas perto de mim quando... tu sabes.
– Eu ouvi-te nos primeiros 10 milhões de vezes que me disseste isso. – Murmura o Fábio – Eu decorei o que disseste. Foste extremamente clara.
Não conseguiu evitar estremecer. Ele não se estava a divertir. Via-se bem. Bem, e depois? Ele pediu para que ela não fugisse e ela não podia dizer que não agora.
– Eu não consigo ficar aqui, Raul, eu vou ter com a Zélia. – Disse a Camila, dando um beijo ao namorado.
– Dizem que a Zélia anda com o miúdo solitário da turma. – Disse a Fabiana.
– E andam de verdade, mas eu vou tentar ficar a sós com a minha melhor amiga e colega de quarto. – Disse ela, saindo.
– Fiquem descansados, ela não vai contar nada. – Tranquilizou o Raul.
A Estela colocou a mão na testa.
– Esqueci-me de uma coisa no meu quarto.
– Eu vou contigo. – Disse o Fábio.
– Posso ir com vocês? Preciso de saber se a Vânia está no colégio trancada em algum sítio. – Disse o Nelson.
Eles saíram do refeitório. O Fábio e a Estela entraram no quarto dela e o Nelson seguiu pelo corredor. Ela estava demasiado aturdida para ter dito ao Fábio que não podia ir com ela. Mas, à medida que o choque inicial ia passando, descobriu que não queria impedi-lo. Sentia-se atordoada quando se apercebia de que gostava da sensação de estar ao lado do Fábio. Sentia-se bem. Sentia-se segura. Sentia-se quente. Não se sentia a nova aluna. Apenas ela. A Estela. Era uma sensação à qual se podia habituar.
– Estela. – Disse o Fábio, devagar.
Ela olhou-o sonhadora. Não acreditava que nunca reparou em como ele era atraente, ou talvez tenha reparado, mas nunca ficou realmente registado, porque um tipo como ele iria alguma vez ver uma rapariga como ela? Nunca, nem mesmo um milhão de anos, ela imaginaria que chegaria perto do Fábio. E ele só podia sentir pena dela. Mas ainda assim.
– Hum. – Murmurou, sorrindo para ele.
– Eu – O Fábio, por alguma razão, parecia desconfortável – estava a pensar se, tu sabes, quando isto tiver acabado tudo e tiveres tirado a fama ao Duarte, e a Vânia e o Nelson estiverem novamente juntos, se gostarias de, hum...
O que estava a acontecer? Estará ele prestes a convidá-la para sair? Como um encontro a sério? Não, não estava a acontecer. Era um sonho, ou algo do género. Num minuto ia acordar e ia tudo desaparecer. Porque como é que uma coisa destas é sequer possível? Não conseguia respirar com a certeza absoluta de que ia destruir qualquer que seja o feitiço sob o qual ambos estavam se o fizer...
– Sim, Fábio?
– Bom – Ele era incapaz de manter o contacto visual por mais tempo – se gostarias de, tu sabes, talvez andarmos...
Enquanto eles estavam a falar, o Nelson tinha encontrado a Vânia. Ela estava fechada dentro da cave do colégio. Quando o Fábio disse aquilo à Estela, uma pessoa com voz familiar tinha aparecido no quarto dela.
– Com licença. Mas posso falar com a Estela?
A Estela fecha os olhos, irritada. Não acreditava no que estava a acontecer. Num momento tão importante da vida dela, alguém teve de interromper. Mas, para ela, tinha acabado.
– Olha – Reagiu, virando-se para encarar o Duarte – Como te atreves a aparecer assim sorrateiramente...
A voz dela apaga-se. Ele estava a tentar seduzi-la. A tentar? Ele estava a conseguir. É verdade que não era o Fábio. Mas olhava para ela de uma maneira que deixava bem claro que estava a querer algo. Ela, quando dá por si, o Duarte já estava a levá-la para fora do corredor de mão dada com ela. Chegou ao refeitório, com ela ainda de mão dada.
– Estou tão contente por finalmente termos oportunidade de nos conhecermos. – Disse-lhe o Duarte a fazer uma voz que parecia acariciar-lhe. Tinha deixado todos para trás: O Fábio, o Raul, o Nelson, a Melissa estava a olhar com olhos de ciumenta, a Fabiana, que olhava boquiaberta, a Camila e a Zélia e até o amigo do Duarte, o Tomás.
– Vês? – Continua o Duarte, enquanto se sentava com ela numa mesa do refeitório – Não sou assim tão aterrador, pois não? Na verdade, sou exactamente como tu, simpático.
Ela já estava embalada. Ele era um idiota. Ela não podia estar ali, mas era um perigo doce. De repente, sente a sua camisola molhar.
– Ai – Gritou e virou-se. Foi o Fábio que lhe tinha mandado um copo com água à blusa.
– Desculpa – Intervém o Fábio – Falhei.
Um grito recuperou os sentidos da Estela.
– Esse Duarte é um idiota. Brincou com todas as raparigas deste colégio. – Era a Vânia.
A directora olhou para ela, assustada, mas não disse nada, apenas ouvia a conversa dos alunos.
– Ele meteu-se em inúmeras confusões, por pouco não foi preso. – Disse a Fabiana, séria.
– Foi assim que teve fama. Uma cara bonita, desportista e já está. – Disse o Raul.
A directora interrompeu, dizendo simplesmente:
– Duarte, no meu gabinete agora. – Numa voz calma.
O Duarte mandou um olhar cortante para o Fábio e para a Vânia e saiu. A Estela respirou fundo.


Fim do Capítulo 14.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Capítulo 13

(Observação da autora no dia 23/09/2018 - Corrigi possíveis erros ortográficos deste projeto chamado "O Colégio Interno". Já é possível relê-lo de forma mais adequada. Não sei se será lançado em livro algum dia, mas não alterei qualquer palavra ou enredo, apenas erros).


Capítulo 13

O Nelson estava com a Vânia no quarto dela.
– Tu estás bem? – Perguntou ele, preocupado.
– Óptima. – Respondeu ela, a sorrir.
Houve silêncio. Era constrangedor. A Vânia encerrou-o com um assunto sério. Para ela.
– Foi verdade o que disseste?
Ele não sabia ao que ela se estava a referir.
– Que gostavas de mim e eu troquei-te pelo Duarte.
Ele afirmou com a cabeça. Estava com receio da reacção dela. A Vânia simplesmente sorriu.
– Achas que vou acreditar nisso? Tu estás com a Melissa, a minha inimiga.
– É tua inimiga e ela nem te fez mal.
– Ela fez-me mal! Quando me tentou pregar sustos.
O Nelson abanou a cabeça.
– Vânia, não foi ela. Há algo neste colégio que me assusta. – Admitiu ele – Há algo que não bate certo. A Melissa viu a mesma rapariga que tu e só as duas é que a viram. Parece que pregaram sustos uma à outra, mas aquilo que vi no teu espelho do quarto já não podia ser a Melissa. Há qualquer coisa neste colégio que nos manda embora.
– Não desvies a conversa.
– Eu não estou a desviar a conversa. Se queres mesmo saber, sim, gosto de ti, mas foste tu que mudaste por quereres ser a popular e não quereres saber dos outros com esse ar de miúda mandona. E desisti de ti sim, desisti da nossa relação. Eu era popular, mas acima disso estavam os meus amigos, os meus irmãos e, principalmente, tu. Mas tu decidiste mudar. E decepcionei-me.
A Vânia calou-o, abraçando-o. Desabou a chorar.
– Desculpa, eu não dei valor às coisas que estavam na minha vida, às pessoas importantes que estavam na minha vida. Agora é tarde e ninguém me vai ajudar a sair do poço sem fundo.
– Nunca é tarde para mudar e tu... – Deixou de a abraçar, agarrou nas mãos dela e olhou para os seus olhos – ... tu podes te ajudar. Só tu.
“Só eu me podia ajudar? Como assim?” – Pensou ela. Ele saiu do quarto dela sem lhe dizer nada. Ela adormeceu um tempo depois e não reparou que a Fabiana tinha entrado no quarto e se deitado.

***

Umas horas passaram, a Melissa estava na cama dela... com o Duarte. A Estela, ao acender a luz do abajur, assustou-se.
– O que ele está a fazer aqui contigo? – Gritou ela.
Os dois acordaram.
– Estela? Pára de olhar assim para mim! – Pediu a amiga.
– O que é que esse... Duarte está a fazer contigo?
– Acabámos por adormecer, desculpa se te incomodámos, Estela. – Respondeu ele.
– Não me dirijas a palavra, Duarte. – Disse a Estela, apontando o dedo para ele.
– Pára com isso, Estela. O Duarte é um amigo.
- Um amigo?
A Estela não acreditava no que estava a ouvir. Enquanto pensava nisso, os seus pensamentos foram cortados com um grito.
Eles levantaram-se e a Estela reparou que o grito tinha sido do quarto da Fabiana e da Vânia. A directora entrou no corredor a correr, com os seus passos rápidos e abriu a porta do quarto.
– O que se passa aqui? – Quis saber a directora, com um olhar preocupado.
– Tive só um pesadelo, directora. – Respondeu a Fabiana.
– Tenha calma, menina Fabiana. Foi só um pesadelo. – Olhou de relance para a cama da Vânia e não a viu lá deitada como devia – Onde está a menina Vânia?
Todos olharam para a cama dela. A Fabiana gritou.
– Acalme-se, menina Fabiana.
– Não pode ser! – Gritou ela.
– O que se passa? – Perguntou o Fábio.
– Directora, eu vou acalmar-me, fique descansada. – Disse a Fabiana.
– Tem a certeza, menina Fabiana?
A Fabiana afirmou com a cabeça.
– Então eu vou. Meninos, preparem-se! Têm de ir para casa dos vossos pais.
A directora saiu, seguida pelos outros alunos. Apenas ficaram o Nelson e os irmãos, a Estela, a Melissa e a Camila.
– O que se passou? – Perguntou o Fábio.
– Eu tive um pesadelo com uma rapariga de cabelo preto a levar a Vânia.
– De cabelo preto?
O Nelson lembrou-se do que a Vânia e a Melissa falaram.
– Tinha vestido branco? – Perguntou a Melissa.
– Sim.
– Então só pode ser a menina que eu tinha visto.
– E a Vânia. – Acrescentou o Nelson.
– A Vânia?
O Nelson contou tudo aos amigos. Era um mistério.
– Mas por que gritaste quando viste que a Vânia não estava na cama?
– Porque eu tive um pesadelo que ela saía do quarto completamente arrastada por essa rapariga de cabelo preto.
Os amigos olharam uns para os outros.
– Isso não tem cabimento. – Disse a Camila.
– Este colégio tem alguma coisa estranha. – Disse o Raul.
– Pois isto é tudo muito bonito, mas onde estará a Vânia? – Perguntou o Nelson.
Todos se olharam.
– Ela não podia ter desaparecido. – Disse o Nelson.
– Se calhar o meu pesadelo foi para a realidade.
– Mas que rapariga é essa? – Perguntou a Estela.
– Era o que eu queria saber. – Disse a Melissa.
– Era o que todos queriam saber. – Disse o Fábio, respirando fundo.
– Agora, o que fazemos com o Duarte? – Perguntou a Estela.
– Com o Duarte? Parem com isso! – Exclamou a Melissa.
– Melissa, tu podes ter ficado com o Duarte por uma noite, mas só isso.
– A Melissa, o quê? – Perguntou o Nelson, sem acreditar.
– Sim, Nelson, eu passei a noite com o Duarte e, se quiseres, acabamos já.
“O quê? Acabamos já? É assim?” – Pensou ele. Ele não conseguia acreditar no que estava a ouvir. A Melissa a fazer aquilo? Mas quem era ela verdadeiramente? Parecia a Vânia. Ou melhor, parecia pior que a Vânia. Era inacreditável.
– E acabamos mesmo. – Disse ele.
– Bem, na segunda-feira à hora do jantar vamos tentar fazer algo para o Duarte ser descoberto. – Disse a Fabiana.
– Eu estou fora disso. – Disse a Melissa, saindo do quarto da Fabiana.
Eles arrumaram as coisas para passarem o fim-de-semana em casa dos pais. A Vânia continuava desaparecida e a directora estava preocupada. A Vânia devia estar com ela, já que tinha ficado de castigo. Algo estava estranho.


Fim do Capítulo 13.